Somos profundamente ligados e existe um
nível no qual somos um.
A consciência unificada que nos une,
pode ser sentida como uma energia de liberdade, criatividade, bondade e
alegria.
Esta é a nossa verdadeira origem e o nosso
verdadeiro lar.
Agora nós estamos manifestados na forma
física, localizado no tempo e no espaço, mas é muito mais do que isso.
Sintamos a energia de Deus no nosso
interior e percebamos como essa energia é simples.
Deus não está no topo de uma hierarquia,
olhando para nós de cima para baixo.
Deus é o fluxo de energia que flui
através de tudo: através de nós, através de todos os seres vivos da Terra, e
até através das coisas que parecem inanimadas no nosso ambiente material.
Deus está em todos os lugares.
Deus não é limitado por formas.
Deus é a consciência criativa pura,
conectando-se com formas materiais, no tempo e no espaço, para experimentar a
vida de inúmeras maneiras diferentes.
Agora sintamos quem somos nesse imenso
fluxo divino: uma centelha de luz dentro de um oceano de consciência viva, mas
uma centelha indestrutível que oferece uma contribuição única ao todo.
Sintamos a força indestrutível no nosso
interior; ela está aí para sempre.
Nós fazemos parte de Deus.
Nossa consciência é divinamente
criativa.
Nós escolhemos o nosso caminho de vida e
as nossas experiências.
Embora geralmente isto não nos pareça
verdadeiro, nas profundezas do nosso ser existe uma força criativa que
programa certos acontecimentos importantes na nossa vida e atrai as
experiências que desejamos ter para entendermos, crescermos e nos expandirmos.
Essencialmente, nós nunca somos uma
vítima neste mundo.
No âmago do nosso ser, nós nunca somos verdadeiramente
impotentes nem arruinados. Porque, nesse âmago, está a centelha de Deus que diz
“sim” às experiências pelas quais passamos na forma física, e que sabe que somos
capazes de aprender com elas, para que a nossa consciência se torne ainda mais
ampla e compassiva.
Acolhamos esse poder criativo interior,
que atraí para nós a vida que experienciamos agora. Acolhamos a nossa vida com
todos seus altos e baixos.
Nós temos o poder de vivê-la bem.
A maior satisfação que encontraremos
será lembrarmos-nos quem somos enquanto estivermos na forma física, presos nas
exigências e nos desafios da vida na Terra.
A recordação de quem somos é que permite
que a centelha de luz divina se conecte totalmente com o nosso eu humano.
Entregarmos-nos a essa centelha de luz criativa, ilimitada, no nosso interior,
mudará a nossa vida e mudará também a vida de outras pessoas.
Nós que estamos lendo isto e que nos sentimos
atraídos pela energia Crística, somos alguém que deseja irradiar a nossa luz
interior para o mundo.
Nós desejamos nos manifestar como um
trabalhador da luz, isto é, nós sentimos o desejo de difundirmos a luz e elevarmos
a consciência na Terra.
Nossa paixão é pura e real; ela vem do
âmago de quem somos, da nossa alma.
É a centelha de Deus no nosso interior
que nos conduz a esse desejo, pois, para Deus, é natural querermos compartilhar
alegria, luz e compaixão.
Sempre que nos sentimos felizes por
expressarmos aquilo que realmente somos, estamos sentindo a alegria de Deus
também, pois nós e Deus somos um só coração!
Muitas vezes nós nos perguntamos o que o
trabalho de luz realmente é.
O que significa difundir a luz ou
oferecer a cura para outras pessoas?
Esta é a questão que abordamos.
Antes de mais nada, precisamos olhar
mais de perto para o relacionamento entre as pessoas, quando uma está ajudando
a outra.
Salientamos que está acontecendo uma
coisa estranha na distinção que a nossa sociedade faz entre saudável e doente,
ou inteiro de fragmentado.
Quando vamos ao médico com um problema
de saúde, somos uma “pessoa doente necessitando tratamento”.
Os médicos devem saber alguma coisa que nós
não sabemos.
Eles são os especialistas e
nós facilmente temos a sensação de que a nossa saúde está nas mãos deles.
Isto não é muito diferente quando sofremos
de problemas mentais ou emocionais.
Se uma pessoa vai a um terapeuta, a um
psicólogo ou a um médico, ela silenciosamente pressupõe que estes especialistas
possuem algum conhecimento ou capacidade superior que pode ajudá-la a resolver
suas questões.
O próprio modo em que o relacionamento
entre paciente e médico ou terapeuta se define faz com que algo aconteça com a
auto-percepção de ambas as partes envolvidas.
Se este relacionamento for enquadrado em
termos de um ter maior conhecimento e percepção que o outro, fica subentendido
que o paciente precisa do terapeuta/médico para receber alguma coisa que ele
mesmo não possui e não pode dar a si próprio.
Supõe-se que o terapeuta seja integro, e
que esteja oferecendo luz e cura a uma pessoa que está doente e/ou despedaçada.
Deste ponto de vista, o terapeuta ou
médico está à frente do paciente e de posse de algo que ele oferece àquele que
carece desse conhecimento ou capacidade.
De uma perspectiva espiritual, este
ponto de vista é falso e distorcido.
Ele faz com que já comecemos com o pé
errado.
Entretanto, ele está profundamente
arraigado na nossa sociedade, nos cuidados com a saúde física e mental.
Observemos como é fácil sentirmos-nos
menor do que a pessoa que nos está consultando para conselho médico ou
espiritual.
Nós é que temos o problema; ela é a que
tem a solução.
Uma armadilha comum para as pessoas que
ajudam outras diariamente é identificar-se tanto com o papel de auxiliador a
ponto de não conseguir se desapegar dele.
Elas se definem através desse papel e
isto as torna dependentes dos seus pacientes, do mesmo modo que os pacientes se
tornam dependentes delas.
O paciente pode sentir que precisa do
terapeuta para curá-lo, mas o terapeuta também precisa do paciente para
sustentar sua imagem de auxiliador – aquela pessoa entendida, grandiosa, que
está disposta a compartilhar suas conquistas com os necessitados.
Neste ponto é fácil nascer um
relacionamento desequilibrado, centrado em poder e dependência.
O trabalho de luz é algo muito
diferente.
Para entender o que verdadeiramente é o
trabalho de luz ou cura espiritual, precisamos abandonar a imagem tradicional
de “terapeuta ajudando paciente” ou “médico curando paciente”.
Precisamos abandonar a própria ideia de
que ajudar quer dizer dar alguma coisa a outra pessoa.
A própria ideia de que falta alguma
coisa à outra pessoa é prejudicial ao nosso processo de cura.
A verdade é que a única maneira de
ajudar alguém é consciencializá-lo do seu próprio poder e capacidade de curar a si
mesmo.
A marca de um bom professor é que ele se
faz menor em vez de maior.
Os verdadeiros professores encorajam-nos
a reassumirmos o nosso poder interior e não aceitam a sugestão de que somos
pequenos, necessitados e dependentes de alguém mais.
Os verdadeiros professores nunca se
apresentam como autoridades.
Isto é uma coisa tola de se fazer.
O verdadeiro presente de um curador é
consciencializar a pessoa da sua própria autoridade interna, do facto de que ela é
uma centelha de Deus e tem à sua disposição todo o conhecimento do qual
precisa.
A cura verdadeira é muito simples.
Ela
não requer métodos elaborados nem conhecimentos.
Estamos falando da cura para a
alma.
Naturalmente, problemas físicos podem
precisar da ajuda de médicos especialistas que possuem conhecimentos e
capacidades específicos.
Entretanto, a cura que afecta a alma é
muito simples.
Se formos até a raiz dos problemas
mentais e físicos de uma pessoa, de alguma forma encontraremos a crença de que
ela é impotente, desprezível, indigna de ser amada e está condenada.
A causa mais profunda é que a pessoa se
sente desconectada do seu verdadeiro ser, da centelha de luz divina que ela
realmente é.
Oferecer cura a uma pessoa é abrir sua
lembrança do Lar, é relembrá-la da sua beleza perfeita, da sua força e
inocência.
Como se faz isso?
Em primeiro lugar, não
existe nenhum método nem remédio fixos.
Não é um procedimento mecânico.
É uma transmissão de energia que pode
acontecer de várias maneiras.
Em segundo lugar, ninguém se cura a
menos que decida se abrir para a cura.
Não se pode forçar a cura a ninguém.
Ela
é uma decisão da pessoa.
Na verdade, a cura real é uma espécie de
milagre: é o nascimento de uma nova consciência na alma.
É uma criação do
indivíduo e não pode ser prevista de antemão.
Na vida de toda e qualquer pessoa existe
um momento em que ela se defronta com a escolha entre a sombra e a luz.
A sombra representa a entrega ao
auto-julgamento, ao ódio de si mesmo, a pensamentos negativos e ao medo.
A luz representa a abertura para a
bondade, o perdão, a alegria e a abundância que são verdadeiramente a marca da
divindade.
A escolha depende de cada um.
Mesmo que o mais lindo anjo nos acene,
convidando-nos a libertarmos o passado e entrarmos no reino de Deus, fundindo-nos
novamente com a centelha de Luz que somos, a decisão depende de nós.
Se estivermos imersos em imagens
profundamente negativas de nós mesmos ou de outra pessoa, se estivermos sob o
domínio do medo e da raiva, talvez nem reparemos no anjo.
Na verdade, o anjo da cura sempre está
perto de nós.
Ele é o nosso Eu-Superior ou Eu Verdadeiro, nossa divindade
tentando relembrar-nos de quem somos.
Algumas vezes na nossa vida, encontramos
pessoas que fazem o papel do anjo da cura por algum tempo.
Pode ser que nem estejamos conscientes
disso, mas elas nos ajudam a se lembrar de quem realmente somos.
O modo com que elas nos escutam ou falam
connosco permite que uma centelha do nosso Eu Verdadeiro repentinamente penetre
a nossa consciência e nos sintamos alegres e inspirados depois de estarmos com
elas.
Isto pode inspirar-nos a escolher a luz,
e tomar decisões na nossa vida que sirvam ao nosso Eu-Superior, à nossa paixão
e amor pela vida.
A presença do anjo pode servir como um
lembrete, e pode ser a chave para a mudança na nossa vida, mas mesmo assim, a
decisão de confiar e dar um salto de fé é nossa.
Só nós podemos fazer o milagre
acontecer!
Nós devemos ter encontrado anjos de cura
na nossa vida, e provavelmente devemos ter sido um anjo de cura para os outros
em diversas ocasiões, mesmo que não soubéssemos disso.
O ponto importante aqui é que isto é o
trabalho de luz.
Não se trata de curar ou consertar as
pessoas, não se trata de lhes oferecer soluções para os seus problemas, não se
trata de lhes ensinar certas habilidades ou conhecimentos ou regras de ética.
Todas essas acções pressupõem que lhes
falta alguma coisa, que elas são pequenas e indefesas.
A cura espiritual vira esse quadro de
cabeça para baixo.
Se nós temos a intenção de oferecer cura
espiritual para uma pessoa, o que lhe oferecemos é realmente uma mudança de
percepção.
Em vez de nos concentrarmos nos
problemas dela, nas suas questões e nos seus sentimentos de impotência, nós nos
concentramos na essência da pessoa, na sua inteireza, na sua beleza radiante.
Se existe alguma coisa que um curador
espiritual pode oferecer, esta é a dádiva da verdadeira visão.
Se formos capazes de olhar através da
dor, da raiva, do medo e do comportamento auto-destrutivo de uma pessoa e
enxergarmos o anjo de luz em nosso rosto, nós lhe oferecemos algo muito
precioso.
Ao vermos a essência verdadeira da
pessoa, invocamos essa essência e a convidamos a se apresentar.
O que Jeshua fez, quando realizou as
supostas curas milagrosas, durante a sua vida na Terra como Jesus, foi entrar
em contacto com a essência divina das pessoas.
Quando Ele via e sentia a centelha
divina em alguém, essa essência despertava e era ela que realizava a cura, não Ele.
A recordação da própria divindade é que
restaurava a saúde mental e até mesmo física daquelas
pessoas.
Esses encontros nem sempre resultavam em
cura, porque sempre dependiam de o indivíduo abrir-se ou não para a cura.
O milagre estava nas mãos do
interessado, e isto é importante lembrar sempre que trabalhamos com pessoas com
o propósito de cura.
Toda cura espiritual vem de dentro.
Nós
não curamos ninguém como trabalhador da luz.
Nós criamos um espaço de abertura,
de não-julgamento, que convida o outro a olhar para si mesmo de uma forma
aberta e compassiva.
Em vez de tentarmos resolver qualquer
problema externo, contactamos a alma do outro e mantemos uma visão de confiança
e clareza para ele.
Esta é a forma de ser do trabalhador da luz.
Nós tentamos devolver ao outro a nossa própria
grandeza, em vez de nos concentrarmos na sua pequenez.
Trabalhar com uma pessoa no nível da
alma significa mostrar-lhe a responsabilidade que ela tem por sua própria vida.
Se fizermos isto amorosamente e sem
julgamento, a pessoa não vai sentir que essa responsabilidade seja um fardo;
vai sentir que assumir a responsabilidade é libertador e que a ajuda a
reassumir o seu poder pessoal.
Ao acreditar realmente nos poderes
criativos do outro, nós espelhamos a própria força dele através dos nossos
olhos e palavras.
Concentrando-nos no que é inteiro e puro no outro, reforçamos
isso nele.
Nós só podemos fazer isso se acreditarmos
verdadeiramente que é possível.
Se, em algum nível, duvidarmos que o
outro seja capaz disso, confirmaremos o sentimento de fraqueza da pessoa, em
vez de invocarmos a sua força.
Nós somos mais poderosos como curadores
quando confiamos plenamente na capacidade do outro de resolver seus próprios
problemas e abandonamos qualquer ideia de que ele seja dependente de nós.
Talvez sintamos que devolver a
responsabilidade para o outro desta forma significa abandoná-lo ou dizer-lhe
que resolva suas questões por si mesmo.
Entretanto, desfazer os laços de
dependência não quer dizer que não estejamos mais à disposição do outro para
ajudá-lo.
Nós continuamos lá, mantendo a nossa fé na verdadeira força e poder
interior dele, encorajando-o a ultrapassar suas limitações auto-impostas e ser
tudo que ele pode ser.
Mas ele é que vai decidir o que fazer com o espaço de
cura que nós lhe oferecemos.
Sabemos que muitas vezes é difícil ver
outras pessoas sofrerem, especialmente quando são nossos entes queridos.
Pode-nos parecer impossível parar de
“ajudá-los”, nos desapegarmos-nos deles e pormos a nossa energia em outro lugar.
Mas, por favor, paremos por um instante
e pensemos se nós estamos realmente ajudando-os desse modo.
Se eles dependem da nossa energia de
bondade e apoio para se sentirem bem, como poderão algum dia enfrentar a falta
de bondade e apoio deles mesmos em relação a si próprios?
No nível da alma, nós podemos estar
reforçando a fraqueza deles em vez de despertar seu verdadeiro poder interior.
Isto afecta a ambos negativamente.
Ser um trabalhador da luz ou curador
espiritual significa procurar se conectar com os outros de alma para alma.
No nível da alma, todos os seres humanos
são iguais e ninguém está à frente de ninguém.
Todos são centelhas da existência que nós
chamamos de Deus.
No nível humano, pode parecer que uma
pessoa seja mais entendida, evoluída ou sábia do que outra.
Mas, da perspectiva da alma, este tipo
de julgamento torna-se obsoleto.
Todas as almas estão viajando através do
universo infinito e passam por vários ciclos de experiência e crescimento.
Pode ser que nós estejamos ajudando
alguém que está sofrendo de grave desequilíbrio emocional, devido às
circunstâncias muito difíceis que encontrou na vida.
Pode ser que, neste ponto do tempo, sejamos
aquele que está oferecendo ajuda.
Mais tarde, porém, quando esse ser
sofredor tiver recuperado sua força, ele pode se tornar nosso professor e nos
mostrar sabedoria e compaixão tão profundas, que nos surpreenderão.
Para oferecer cura espiritual ou sermos
um trabalhador da luz, é importante termos sempre em mente que somos iguais aos
outros no nível da alma.
É essencial que reconheçamos a nossa
própria humanidade e que nós estamos realmente no mesmo barco que os outros.
Nós podemos estar mantendo um espaço de
luz e compaixão para alguém, mas isto não nos torna diferentes dele, no sentido
de “sermos superior” ou “estarmos acima” dele.
Não nos identifiquemos com “ser um
trabalhador da luz”.
Se nos sentimos atraídos para ajudar as
pessoas a descobrirem o verdadeiro poder que existe dentro delas, sigamos a
nossa paixão e façamos o que amamos fazer.
O trabalho de luz pode tomar todos os
tipos de formas; ele certamente não se limita a oferecer terapia.
Geralmente, se fizermos o que realmente
amamos fazer, veremos que inspiraremos os outros a fazer o mesmo.
Sermos unos com a centelha de Deus no nosso
coração nos conduzirá naturalmente para o tipo certo de trabalho ou de
relacionamento ou de lugar para morar.
Viver a partir do coração é realmente
muito simples.
É nos conectarmos com o desejo dos nossos corações, nossa alegria
verdadeira, e ousarmos agir de acordo com isso.
É isto que nos torna um trabalhador da
luz, e não necessariamente o fato de “ajudar outras pessoas”.
Porque, ao trazermos para o mundo a
canção exclusiva da nossa alma, nós inspiramos outras pessoas a também
acreditarem em si mesmas e a trazerem o melhor de si para o planeta.
A luz se irradia naturalmente para fora.
Nós não precisamos nos preocupar sobre
como difundir a luz no mundo.
Não tentemos ser bons e úteis.
Tentemos viver de acordo com a nossa
natureza divina e única, e o mundo será um lugar melhor por causa disso.
Gratidão,
Luís Barros