16 de maio de 2020

ENTREGA E CONTROLO

Encontrando e Seguindo a Nossa Paixão na Vida
Falamos a partir do coração da consciência Crística.
O despertar de uma nova consciência parece estar muito distante, às vezes.
Parece haver tanta desarmonia e conflito no nosso mundo e, na verdade, dentro de nós mesmos também.
No entanto, o despertar começou.
Uma nova dimensão de consciência está nascendo na Terra neste instante, e depois de um longo estágio de preparação, ela finalmente alcançará uma base segura e irradiará uma onda de iluminação por toda a Terra.
Todos nós fazemos parte dessa onda de consciência recém-desperta que está tomando conta da Terra neste instante.
Em muitos sentidos, nós somos essa onda de energia.
“Entrega e controlo” é uma questão importante nesse processo de despertar espiritual, tanto no nível individual, quanto no colectivo.
No nível político, os líderes mundiais com frequência se defrontam com essa questão.
Ainda é muito difícil ter uma responsabilidade política e tomar decisões a partir do coração.
Parece que a política ainda não está pronta para isto.
No entanto, entregar-se à sabedoria do coração é o único meio de sair dos grandes conflitos neste momento; é a única oportunidade para a solução pacífica desses conflitos.
A percepção de que é possível a conexão e a unidade entre as pessoas de todas as diferentes raças, religiões e culturas é a base para a paz mundial.
O reconhecimento uns dos outros como seres humanos, apesar das diferenças externas, está crescendo entre a população do mundo, e em parte é estimulado pela nossa informática moderna, que diminui enormemente as distâncias de tempo e espaço.
Ao mesmo tempo, o crescimento em direcção ao entendimento mútuo é ameaçado pelo velho conceito de “nós” e “eles”, que é baseado no medo.
Pensar em termos de bom e mau, certo e errado, “nós” e “eles”, perpetua as antiquíssimas hostilidades e alimenta uma grande parte do caos emocional.
Estes conceitos decisivos ainda são usados pelos políticos para sustentar o seu poder.
Entretanto, o que em última análise determina a realidade no nível político somos nós, enquanto indivíduos.
A política reflecte a consciência da maioria dos indivíduos juntos.
É através da conscientização de muitos indivíduos juntos, que um novo nível de consciência toma vida.
Em vez de nos estendermos no nível político, falamos sobre o nível individual, no qual todos nós estamos trabalhando para integrar a energia do coração em nossas vidas e no qual estamos lidando com a questão da entrega e controlo.
Todos nós ansiamos intensamente pela sensação de libertação e confiança que é inerente à entrega, ao desapego.
Mas muitas vezes nós ainda não sabemos como integrar essa energia na nossa vida diária.
Qual é a fonte do controlo na vida?
Por controlo, queremos dizer: a vontade de exercer poder sobre a vida, forçando o fluxo de acordo com os nossos desejos, com o que percebemos como certo e justo.
Por que queremos exercer controlo sobre a nossa vida, vivendo continuamente em tensão e ansiedade por causa disso?
A fonte do controlo é o medo.
O medo está profundamente enraizado na estrutura da nossa vida: na nossa educação e na sociedade.
Os mecanismos de controlo estão presentes em todo lugar e nos são ensinados como bons hábitos.
Aparentemente, somos pessoas sensatas e racionais, se queremos ter controlo sobre a nossa vida e, consequentemente, organizá-la.
A entrega e a imprevisibilidade incutem uma sensação de medo em nós.
Associamos entregar com desistir, não saber o que fazer, sermos dominados pelo caos emocional ou crise.
Entretanto, esta é uma concepção muito limitada de entrega.
É uma concepção nascida do medo, da consciência baseada no medo.
Existe um conceito muito mais positivo de entrega, que indica um estilo de vida, um modo de ser, no qual levamos a nossa vida com confiança, sem a necessidade de controlar, forçar ou manipulá-la. 
O ego anseia por controlo porque ele tem medo.
O ego se identifica com imagens que não vêm da alma, mas são alimentadas pelo mundo exterior.
O ego está constantemente correndo para preservar a sua auto-imagem, seja ela a de um homem de negócios bem-sucedido, de uma dona de casa atenciosa, ou de um terapeuta capaz.
Ele quer manter essa imagem para ter controlo sobre os pensamentos das outras pessoas sobre nós.
Entretanto, sempre existem momentos em que o ego falha e perde.
Este pode ser o caso quando ficamos stressados, doentes ou quando o nosso relacionamento fracassa.
O ego considera tais crises – que num certo ponto forçam-nos a deixar ir e nos entregarmos – como golpes mortais.
Assim, o ego associa entrega com crise.
O ego vive numa contínua alternância entre controlo e crise.
Com frequência, em momentos de verdadeira crise em nossa vida, somos encorajados a olhar para o tesouro escondido dentro de nós.
Existe sempre um elemento positivo escondido nas crises, que nos dá um sinal para que cheguemos mais perto da nossa essência.
Dessa forma, a vida está sempre nos levando para mais perto de nós mesmos, do nosso conhecimento e sabedoria internos, mesmo que vivamos de acordo com os ditames do ego.
Pois sempre haverá situações em nossa vida que nos desafiarão a nos entregarmos mais cedo ou mais tarde.
A vida está sempre nos oferecendo oportunidades para escolhermos a entrega como um estilo de vida. 
Nós sabemos disso.
Todos nós conhecemos estes momentos de entrega após uma crise, momentos preciosos de clareza e consciência, nos quais percebemos que somos levados pelo fluxo de uma respiração divina invisível.
Nós percebemos que esse fluxo divino de vida quer o melhor para nós, e que podemos confiar nele, mesmo que ele não nos traga exactamente aquilo que esperávamos.
O que todos desejamos é viver mais permanentemente de acordo com essa consciência superior; é incorporar esse modo de vida no nosso dia-a-dia, sem termos que ser empurrados para ele por profundas crises e desespero.
Todos nós ansiamos pela entrega como um estilo de vida. 
Todos nós somos guerreiros exaustos.
Nós vimos de uma longa jornada.
Algumas vezes sentimos-nos muito velhos e cansados internamente, mas é melhor dizer que estamos é muito cansados do velho…
Nós estamos buscando um modo de ser que seja isento de esforço – que seja inspirador e, ao mesmo tempo, leve e fluido.
A chave é não nos esvaziarmos em nossos relacionamentos, trabalho ou outras metas até “quebrarmos” e então sermos forçados pela crise a nos entregarmos.
Demos um passo adiante, ou demos um passo para trás, e focalizemos um estilo de vida que seja sempre marcado pelo desapego, confiança e entrega.
Entregar-se significa: não lutar, não resistir, mas seguir o fluxo da vida, confiando que a vida nos dará exactamente o que precisamos.
Confiemos que as nossas necessidades são conhecidas e serão satisfeitas.
Aceitemos o que está na nossa vida neste momento e estejamos presentes nisso.
É sobre este modo de vida que falamos, porque nosso anseio por ele é profundo e sincero.
É um anseio espiritual que vem da alma de cada um de nós, do fluxo divino no interior de cada um de nós.

BLOQUEIOS NO CAMINHO DA ENTREGA: TRÊS FALSOS DEUSES

Por um lado, desejamos "tirar as nossas máscaras" e viver abertamente de acordo com o plano original das nossas almas.
Nós ansiamos por sinceridade, honestidade, amor e conexão.
Por outro lado, deixar cair essas máscaras é algo muito difícil para nós.
Nós fomos educados com crenças e estruturas que acabaram se enraizando em nossa psique e que nos impede de nos conectarmos com a nossa própria alma.
Citamos, em especial, três ídolos ou “falsos deuses” para os quais frequentemente nos dirigimos para pedir orientação, mas que na verdade tiram-nos do nosso centro, do equilíbrio necessário para que vivamos entregues a quem realmente somos. 

O PRIMEIRO ÍDOLO: DEUS COMO UMA AUTORIDADE ACIMA DE NÓS.

O primeiro falso deus é o próprio Deus, isto é, Deus concebido como o senhor e mestre da criação.
Esse tipo de Deus é uma construção humana, uma imagem de Deus que tem influenciado profundamente a nossa cultura.
Muitos de nós pensamos que nos desapegamos desta imagem tradicional de Deus.
Nós dizemos a nós mesmos que não acreditamos mais em um Deus julgador, que castiga, que se coloca muito acima de nós e mantém um registro dos nossos sucessos e falhas, como um professor na escola.
Nós dizemos que acreditamos num Deus de Amor, que nos perdoa o tempo todo e que cuida de nós e nos encoraja.
No entanto, na forma rígida e sem amor com que frequentemente tratamos a nós mesmos, este velho Deus ainda está muito vivo!
Nós não dizemos muitas vezes a nós mesmos que falhamos, que não estamos certos, que deveríamos ter progredido mais, seja na área dos relacionamentos, do trabalho, ou da espiritualidade?
Nós nos torturamos com ideias do tipo: eu não correspondo às expectativas de Deus, eu estou a decepcionar os meus guias espirituais ou o meu Eu-Superior, eu falhei na minha missão, eu não estou contribuindo com nada de significativo para o mundo.
Muitos de nós acreditamos – secretamente, por assim dizer – que existe uma ordem superior à qual nós devemos atender ou obedecer.
Seja uma “missão da alma” ou um “caminho de vida” que foi estabelecido para nós, ou uma hierarquia espiritual que nos atribuiu um “dever”, ou um guia espiritual que nos diz o que fazer ou aonde ir… em todos esses casos, nós acreditamos na existência de uma autoridade superior, um nível espiritual acima de nós, ao qual é bom que ouçamos.
Mas, no momento em que acreditamos em uma autoridade externa a nós mesmos, que tem a capacidade de nos oferecer orientação sobre o que deveríamos fazer na vida, nós estamos de volta ao Deus tradicional.
De acordo com essa imagem, existe um nível da verdade, no qual as coisas são fixas e determinadas, e tudo o que podemos fazer é viver de acordo ou não com isso.
Esta é uma falsa imagem.
Certamente, quando nascemos, existem intenções na nossa alma para a vida à nossa frente.
Pode-se chamar isto de propósito elevado para esta encarnação, mas isso não foi ordenado por ninguém externo a nós.
Fomos nós mesmos que o escolhemos e nasceu dos nossos próprios desejos e anseios.
As coisas na nossa vida que são “pré-determinadas” – no sentido de terem muita possibilidade de acontecer, pois nada está completamente fixado – foram criadas e escolhidas por nós.
Nós podemos nos conectar com o nosso propósito de vida ou inspiração mais elevada a qualquer momento, ouvindo os nossos sentimentos, a voz do nosso coração, os nossos anseios mais profundos.
Aconselhamos a não ouvirmos demais as doutrinas espirituais que estão cheias de regras sobre como devemos viver.
Ouçamos especialmente as nossas emoções poderosas que se manifestam em nós no nosso dia-a-dia.
Através dessas emoções, a nossa alma está tentando se conectar connosco e nos dizer alguma coisa.
Se quisermos saber o que a nossa alma quer nos dizer neste momento, olhemos para as emoções que frequentemente se repetem na nossa vida e que mais nos absorvem.
Olhemos para elas de um modo amável, mas honesto.
Não acusemos ninguém mais pelas nossas emoções, não prestemos atenção a causas externas a nós; vejamos-las como resultado das nossas próprias escolhas.
Por exemplo, se estamos sempre zangados e aborrecidos, de onde isso vem? 
Existe algo que está-nos fazendo falta?
O que a raiva nos diz?
Qual é a mensagem escondida dentro dela?
É uma sensação de não sermos reconhecidos ou valorizados pelos outros?
Estamos com medo de lhes mostrar quem somos?
Estamos com medo de defender a nossa verdade?
Escondemos os nossos sentimentos com muita frequência e nos é difícil estabelecer claramente os nossos limites?
Frequentemente, através da raiva, uma mensagem autêntica está gritando para nós: um anseio de sermos quem somos, de mostrar a energia original da nossa alma para o mundo.
Se reconhecemos o anseio da nossa alma através da raiva, estamos percebendo o nosso eu angélico brilhando através da nossa criança interior. 
O anjo dentro de nós é o “Eu-Superior” que quer conectar-se com a realidade física, encarnar e irradiar sua luz sobre a realidade da Terra.
É a parte conhecedora.
A nossa criança interior é a paixão da própria vida: é desejo, emoção e criatividade.
É a parte que experiência, a parte experimentadora.
A nossa parte criança é o nosso “eu inferior”.
A criança interior é uma fonte de alegria e criatividade, quando ela vive em harmonia com o nosso anjo interno.
Mas se ela se desenvencilha dos cuidados amorosos do anjo e sai à deriva, ela se torna a fonte de emoções descontroladas.
A raiva transforma-se em ódio e vingança.
O medo se degenera em defesa, neurose e frustração.
A tristeza se deteriora em depressão e amargura.
É essa criança que, através das emoções, estende as mãos para o seu anjo interno.
As emoções expressam a experiência pura, desconhecida.
Elas são uma expressão do mal entendimento.
É através da conexão com o anjo que as emoções podem ser tomadas como indicadores e compreendidas.
Desta forma, as emoções tornam-se instrumentos de transformação e exploração: o “eu inferior” enriquece e realiza o Eu-Superior, ao suprir a parte conhecedora com conteúdo sentido.
O nosso anjo interior se anima e experiência uma alegria profunda, quando lhe é permitido iluminar a criança.
E quando o nosso Eu-Superior irradia sua luz desta forma, o nosso corpo emocional se aquieta e adquire equilíbrio.
O fruto do fluxo conjunto do anjo e da criança é um conhecimento intuitivo, interno, que pode permear a nossa vida com luz e ausência de esforço. 
Os nossos princípios superior e inferior – o anjo e a criança – formam um todo orgânico e significativo.
Portanto, os conceitos de “superior” e inferior” não são realmente correctos.
Na verdade, trata-se de um jogo alegre entre “saber” e “experimentar”.
Esse inter-relacionamento, esse exercício de influência recíproca, é que leva à sabedoria verdadeira e encarnada (no sentido de oposta à teórica).
Para obter orientação sobre a nossa vida no momento presente, podemos-nos dirigir, de preferência, à nossa criança interior.
Ao lhe darmos a atenção que ela precisa, preenchemos-la com a nossa consciência mais elevada, com o toque do anjo.
Para ilustrar esta situação, vamos falar da raiva e irritação.
Uma vez que tenhamos nos conectado com essas emoções e imaginando-as como uma criança, podemos convidar essa criança a vir até nós.
Podemos-lhe perguntar com o que ela está zangada ou aborrecida, e o que ela precisa de nós para se curar.
Deixemos que a criança nos responda e permitamos que ela se expresse muito claramente.
Imaginemos-la conversando connosco de uma forma muito viva, alegre, com uma expressão facial nítida e com uma clara linguagem corporal.
Talvez ela nos dê respostas específicas, do tipo “Quero que você largue o seu trabalho!” ou “Quero ter lições de dança!”, ou talvez sejam respostas mais genéricas, como “Preciso brincar e relaxar mais” ou “Não posso ser boazinha o tempo todo!”
Levemos a resposta a sério e vivamos de acordo com ela, tanto quanto possível.
Talvez não possamos fazer instantaneamente as coisas que a nossa criança interior deseja, mas podemos começar devagar e passo a passo a realizar os seus anseios.
Se abraçamos com amor e aceitação a nossa criança interior que está zangada, assustada ou triste, ela é tocada pelo nosso anjo interior e o resultado é que a nossa alma fala connosco.
Comecemos com as emoções; descubramos os verdadeiros desejos por trás dessas emoções, e encontremos um modo de realizá-los passo a passo.
Na imagem que estamos descrevendo de um anjo e uma criança internos, não há nenhum espaço para a figura de um Deus autoritário.
O “superior” e o “inferior” complementam um ao outro, em um relacionamento que evolui dinamicamente.
O anjo não impõe nenhuma regra à criança, e a criança também não tem autoridade sobre o anjo.
É através da influência recíproca entre ambos que descobrimos o que é certo para nós neste momento. 
Nós encontraremos os objectivos da nossa vida através dessa ligação íntima entre o anjo e a criança.
Nesta conexão, descobrimos o que realmente mexe connosco e nos leva adiante.
Nenhuma autoridade externa pode substituir essa conexão ou fazer essa conexão por nós.
Um professor só pode nos indicar essa área interna sagrada, onde podemos permitir que a nossa criança interior seja cuidada e inspirada pelo nosso anjo interior.
Nessa área, descobrimos quem somos e qual é a nossa paixão.
Directrizes gerais sobre como viver uma vida espiritual são quase sempre inadequadas, ou pelo menos não são de natureza universal.
A verdade não tem forma.
Cada criatura tem sua própria forma, seu próprio modo de viver a Verdade.
Este é o milagre da nossa essência de alma única.
Os verdadeiros professores espirituais não ensinam específicos “faças” ou “não faças”, tais como “não coma carne” ou “medite duas horas por dia”.
Um verdadeiro professor sabe que tudo se trata de cada um encontrar a sua própria verdade, em profunda comunhão consigo mesmo.
Os professores podem indicar o que foi útil a eles, no caminho deles, mas não transformarão isso numa regra ou dogma.
Se dermos uma olhada na forma em que Deus foi retratado na maioria das nossas tradições religiosas, vamos perceber que isso é exactamente o que acontece com elas.
A maior parte é constituída por tradições de medo e abuso de poder.
A necessidade de regras e dogmas claramente restritivos e a tendência a organizações hierárquicas sempre mostram que o medo e o poder estão em jogo.
No entanto, a mesma coisa acontece com a espiritualidade da nova era.
Tomem por exemplo as inúmeras predições e teorias especulativas em circulação actualmente.
Se vamos atrás disso sem consultar nossos próprios sentimentos básicos a respeito, podemos ficar inseguros e começarmos a nos perguntar “será que estou fazendo as coisas direito?”, “será que o estado dos meus chakras está suficientemente puro para eu entrar na 5a dimensão?”
Este tipo de perguntas com certeza não é útil para o nosso crescimento interior.
Voltemos-nos para dentro de nós mesmos.
Não focalizemos o movimento dos planetas e estrelas, as mudanças climáticas, ou o julgamento de um “mestre ascensionado”, para determinar o nosso próprio nível de auto-realização.
Nós somos o centro do nosso universo, o padrão e a pedra de toque do nosso mundo.
Não existe nenhum Deus externo a nós, que sabe melhor ou que determina as coisas para nós.
O Deus, que antigamente projectamos fora de nós, não só reside dentro de nós, como também não é omnisciente.
O princípio divino que existe em nós e em toda a criação é uma força alegre, que cresce e evolui de forma aberta e imprevisível. 
Nesta imagem, o “inferior” tem uma razão indubitável para existir; ele é o combustível para o crescimento e a realização.
Luz e escuridão têm seus próprios papéis, e é na aceitação de ambas que nos iluminamos.
A aspiração de alguns grupos espirituais de alcançar a luz de um modo unilateral, ignorando ou lutando contra a escuridão, cria desequilíbrio e uma resistência subtil (e desprezo) pela vida na Terra.
Fazer coisas erradas, cometer enganos, é correcto e pode até nos trazer um crescimento maior do que tentar evitar erros.
Nas “coisas ruins” existe uma semente de luz adormecida.
Somente vivenciando o ruim do nosso interior, é que podemos experimentar o bom como bonito, puro e verdadeiro.
Nós não podemos aprender a partir do “não ter”.
Nós, Deus dentro de nós, mergulhou nas profundezas (na realidade material) para se tornar conhecedor através da experiência, não para aplicar o conhecimento à experiência.
Neste sentido, não existem muitas coisas que são não-espirituais.
Toda experiência é sagrada e significativa.
Não nos deixemos guiar por leis externas, que determinam o que é saudável, certo e espiritualizado para fazermos.
A pedra de toque é o nosso próprio coração: se ele sente que é certo para nós, então está bem.

O SEGUNDO ÍDOLO: OS PADRÕES E IDEAIS DA SOCIEDADE.

Outro falso deus que nos afasta da energia original da nossa alma é a “sociedade”: os padrões e os valores que controlam o nosso mundo social são-nos transmitidos através da nossa criação, educação e do ambiente em que trabalhamos.
Muitos dos ideais da sociedade estão enraizados no medo, na necessidade de controlar e estruturar a vida, para que ela se transforme num “playground” perfeitamente organizado.
Muitas regras de comportamento não são tão inspiradas no que as pessoas verdadeiramente sentem e experimentam, mas na impressão que se tem de fora.
Tentar viver segundo tais padrões externos de conduta pode nos causar uma grande pressão.
Pensemos no medo de “não nos ajustarmos”, de não termos realizado o suficiente, de não sermos suficientemente bonitos, de não termos nenhum relacionamento, etc, etc...
Quando nos comparamos com imagens irreais de sucesso e felicidade, a nossa energia criativa fica emperrada e não nos sentimos mais à vontade neste mundo. 
Por causa desses “faças” e “não faças”, que se tornaram como uma segunda pele, nós mal nos atrevemos a explorar a nossa criatividade original.
Nós temos medo de dar um passo para fora do trilho conhecido.
Mas é justamente esta energia original da alma, a energia que quer fluir unicamente de nós, que é tão bem-vinda na Terra!
É esta parte de nós que tem o propósito de provocar a transformação da consciência na Terra, neste momento.
Conectarmos-nos com os nossos impulsos criativos e expressá-los à nossa maneira única, exclusiva, muitas vezes exige que nos desviemos dos objectivos e ideais da sociedade.
Pode ser, por exemplo, que o nosso ritmo natural de explorar a nós mesmos e depois nos expressarmos no nível material não se ajuste aos esquemas da sociedade relacionados a como e quando alcançar certas coisas na vida.
Pode ser que primeiro passemos por um longo processo de nos conhecermos profundamente, sem conseguirmos ou produzirmos nada no nível externo.
Embora isto possa dar às pessoas a impressão de ineficiência ou fracasso, nós podemos estar trabalhando muito duro no nível interno, descobrindo várias coisas valiosas a respeito de nós mesmos.
Dêmos-mos um tempo para descobrirmos quem somos, para onde a nossa energia natural nos conduz, e para integrá-la no nosso ser físico e emocional.
Não dêmos atenção para o sucesso externo.
Focalizemos aquilo que sentimos que é bom e correcto para nós, aquilo que faz com que nos sintamos relaxados e inspirados.
Se encontrarmos este modo de viver e de experimentar paz e quietude internas, vamos ter mais facilidade para entrar em contacto com a energia natural da nossa alma.
As pessoas têm muito medo daquilo que a sociedade determina e espera delas.
O estranho nisso é que a “sociedade” como tal nem mesmo existe.
O que nós temos é uma grande quantidade de pessoas juntas, cada uma com seus desejos sinceros e com seus medos profundamente assentados.
Todos desejam ser livres, no sentido mais profundo da palavra; simplesmente sermos quem somos, sem medo de sermos julgados pelos “outros”.
Portanto pensemos de novo sempre que estivermos dando muita atenção ao que os outros pensam de nós.
Nós também estamos sendo o pior inimigo dos outros, pois, ao nos sujeitarmos às regras deles e temermos seus julgamentos, mantemos vivos os falsos ideais e sufocamos ainda mais a nós mesmo e aos outros.
Nós nos transformamos em “sociedade” para alguém mais. 
Especialmente nós, que somos os pioneiros da Nova Era, podemos ser um exemplo para as pessoas que estão presas no medo.
Nós somos um exemplo quando realmente apoiamos a nós mesmos, ouvimos com atenção os nossos sentimentos, vivemos de acordo com eles e nos libertamos dos julgamentos externos.
Estes julgamentos nascem do medo, não do amor, e frequentemente baseiam-se em regras e códigos antigos dos quais ninguém mais se lembra qual é a verdadeira origem.
Estes velhos padrões, que não têm mais nenhuma conexão com o coração humano, esperam para ser transformados a partir do interior, por pessoas que ousam abrir novas perspectivas.
A sociedade espera por nós, espera por ideais e padrões inspirados que ajudem as pessoas a se conectar com seus corações e com seus verdadeiros desejos.
Nós contribuímos para a transformação da consciência colectiva sendo um exemplo de amor em vez de um seguidor do medo.
Atrevamos-nos a convidar a nossa parte brincalhona, infantil para entrar.
Entremos em contacto com a nossa criança interior com frequência, pois ela sabe muito o bem o que quer.
Muitas vezes quase não conseguimos perceber o que o nosso coração deseja verdadeiramente e sentimos como se tivéssemos perdido a nossa paixão.
Isto porque não deixamos a nossa criança brincar, fantasiar nem sonhar mais.
Quando nos medimos por códigos externos (o que é apropriado para a minha idade, para o meu género, para o meu status social?) nos limitamos e não permitimos que a criança, o sonhador o visionário, nos leve para fora dos limites e nos conectem com o nosso “código interno”.
Todos nós nascemos com uma inspiração, um desejo de manifestar alguma coisa na Terra, tanto para nós mesmos quanto para os outros (a “sociedade”).
Nós não viemos aqui para viver numa torre de marfim.
Nós fazemos parte da consciência colectiva da Terra e viemos aqui para sermos um líder e inspirador da mudança.
Isto vai fazer-nos felizes e realizados.
Quando nos conectamos com a nossa criança interior e sentimos de novo a magia dessa paixão original, os limites e fronteiras ilusórios desaparecerão e encontraremos o nosso caminho na vida, de um modo muito mais fácil e leve.
Quanto mais nos libertarmos dos falsos deuses que nos mantêm pequenos e melindrosos, mais viveremos com uma sensação de liberdade e entrega ao coração, e mais o universo nos apoiará e nos fornecerá os meios necessários para que a nossa paixão se realize.

O TERCEIRO ÍDOLO: TER PENA DOS OUTROS E CONCORDAR COM O SOFRIMENTO DELES.

Existe um terceiro falso deus que mencionamos e que talvez seja o que mais nos preocupe na nossa vida quotidiana.
É sentir pena dos nossos companheiros, compartilhar a carga dos nossos entes queridos, sofrendo junto com eles.
Agora, podemos perguntar: como isto pode ser um ídolo?
Não nos devemos conectar com os outros, especialmente com os nossos entes queridos, e ajudá-los se pudermos?
O que estamos querendo dizer é que todos nós temos uma tendência de nos conectarmos tão profundamente com as pessoas à nossa volta, que acabamos mergulhando na dor delas, nos problemas e emoções negativas delas, e perdemos contacto com a nossa própria essência e paz interior.
Este tipo de piedade e co-sofrimento não é nosso dever, não é benéfico para a outra pessoa e não é correcto do ponto de vista espiritual.
Muito daquilo que chamamos de “alta sensibilidade” é sermos tão abertos para a energia de outras pessoas que ela acaba aniquilando a nossa própria.
Neste caso, a nossa empatia (isto é, a nossa capacidade de sentirmos o humor e as emoções de outras pessoas) não está suficientemente equilibrada, considerando que as energias negativas da outra pessoa pertencem a ela e não a nós.
Não estamos percebendo, com clareza suficiente, que essa negatividade desempenha um papel apropriado na vida da outra pessoa e que nós não podemos iluminá-la através da nossa compaixão e compreensão, mas que sofrermos junto com ela não serve ao propósito de ninguém.
Naturalmente gostaríamos de ver os nossos entes queridos levarem uma vida feliz e satisfatória (seja o nosso cônjuge, nossos filhos, nossos pais ou amigos).
Gostaríamos que eles se sentissem melhor, que seus problemas fossem resolvidos.
No entanto, lembremos-nos sempre que os problemas deles são criações deles mesmos.
Problemas de relacionamento, questões financeiras, problemas de saúde, distúrbios psicológicos… tudo isso reflecte conflitos internos profundamente estabelecidos na alma.
Em algum lugar bem no fundo, as pessoas querem experimentar esses problemas, a fim de esclarecer alguma coisa.
Pode parecer que elas são vítimas, principalmente quando ficam correndo em círculos muitas e muitas vezes.
Mas geralmente isto quer dizer que elas ainda querem experimentar algum aspecto do problema mais meticulosamente e que ainda não estão prontas para a nossa ajuda.
Se tentarmos ajudá-las assim mesmo, é bem provável que nos tornemos insistentes e controladores e esgotemos as nossas próprias fontes de energia.
Então desistimos da entrega como estilo de vida.
Ao doar demais ou apropriadamente, gastamos a nossa energia e nos prendemos emocionalmente à pessoa que estamos ajudando.
Isto faz com que nos tornemos dependentes da outra pessoa para nos sentirmos bem.
As nossas energias emocionais se misturam e esta é uma das maiores causas da perda de força, vitalidade e autoconsciência.
Poucas coisas podem derrubar a nossa energia com tanta facilidade quanto uma sensação persistente de dever, culpa e responsabilidade por outra pessoa.
Em tais “relacionamentos de ajuda”, geralmente aparecem questões de poder, mesmo que ninguém tenha essa intenção.
Ao doar demais ou apropriadamente, aquele que ajuda na verdade está tentando encobrir um vazio interno que passa despercebido quando se está preocupado com outra pessoa.
Ajudar outra pessoa pode fazer com que nos sintamos mais forte e mais auto-confiantes.
Para aquele que recebe toda a nossa atenção, essa experiência parece boa e agradável, e ele logo percebe que pode influenciar-nos com seu estado de espírito e emoções.
Ele sabe que, se as coisas piorarem para ele, ele receberá mais atenção nossa (porque desejamos ardentemente que ele fique bem).
Portanto, o “sofredor” sabe que tem poder sobre nós e que vale a pena se manter no papel de vítima.
Em um relacionamento deste tipo ocorre uma forte troca de energia que acabará drenando nós dois, porque não está alinhada com o que as nossas almas realmente querem.
Não existe nenhuma verdade espiritual na forma com que um está reduzindo o outro a papéis tão limitadores.
Aquele que ajuda vai acabar ficando frustrado porque o sofredor não progredirá o suficiente: ele não tem interesse em mudar, pois investiu no papel de vítima.
E o sofredor fica cada vez mais preso no seu papel de vítima; ele se enterra cada vez mais profundamente nesse papel, que poderá acabar paralisando-o.
Ambos vão ficar com raiva e culpar um ao outro.
Nós facilmente simpatizamos com as pessoas à nossa volta e sentimos pena delas.
Os trabalhadores da luz, que têm o impulso de irradiar luz e consciência para a Terra, são especialmente sensíveis ao sofrimento dos outros.
Para nós é difícil ver o sofrimento numa escala global, como por exemplo, em regiões do mundo devastadas pela pobreza ou pela guerra, ou a destruição e poluição do ambiente.
Mas quando se trata do sofrimento próximo a nós, no nosso ambiente pessoal, nós somos afectados muito mais profundamente.
E é principalmente aí que somos desafiados a retirar o nosso poder. 
É importante percebermos que não ajudamos ninguém nos tornando menores.
Muitas vezes pensamos que, se absorvermos e engolirmos parte das emoções das outras pessoas, nos conectaremos mais profundamente com elas e assim iremos ajudá-las.
Como se tivéssemos dividindo o peso.
Mas, ao assumir os problemas dos outros, nós apenas dobramos esse peso.
A sombra aumenta.
Ao concordarmos com o sofrimento de outras pessoas, o nosso poder fica fragmentado e exaurido (arrasado) pela negatividade delas.
Vamos pensar que nós mesmos não temos o direito de sermos feliz, vivermos em paz e satisfeitos, enquanto elas estão sofrendo.
Este é um grave engano.
Na verdade, o oposto é verdadeiro. 
Sermos verdadeiramente úteis para alguém significa colocarmos a nossa energia a serviço da solução do problema, não do problema em si.
Para fazermos isto, precisamos nos fazer maiores e não menores.
Quanto mais autoconsciência e independência irradiamos, mais representamos a “energia da solução” e mais podemos ser úteis para os outros sem nos esgotarmos.
Quando sofremos com eles, na realidade estamos apenas confirmando o problema.
Se ficarmos centrados e calmos, sem ressoarmos com as emoções negativas dos outros, abrimos uma nova perspectiva, uma nova maneira de olharmos para o problema.
É exactamente não ressoando com a energia do problema que lançamos uma nova luz nele. 
A verdadeira orientação espiritual nunca envolve solucionar o problema dos outros, mas significa ser um farol de luz e percepção para eles, que reflecte seus problemas de volta para eles, de uma forma que os capacita a lançar um novo olhar sobre esses problemas.
A verdadeira orientação espiritual capacita-os a perceber o significado e o valor nos problemas; ela lhes devolve o sentido de livre arbítrio e responsabilidade.
Alguma coisa no nosso interior toca o coração deles e inspira-os: é a energia do amor; é a energia da aceitação.
Desta forma, nós lhes oferecemos a “energia da solução”, não fazendo alguma coisa por eles, mas sendo essa energia.
Isto é o trabalho da luz: ser o nosso eu natural, estar em paz connosco mesmos e irradiar essa paz para os outros.
Não é carregar a carga dos outros nem encontrar soluções para os problemas deles.
É levar a energia da solução no nosso próprio ser e compartilhá-la abertamente com os outros.
Esta é a essência da nossa missão na Terra, a essência do que significa “trazer luz”.
Ser fiel a nós mesmos, cuidar bem de nós mesmos e ouvir a nossa intuição são pré-requisitos para ancorar a energia do amor na Terra.
É isto que a nossa alma quer para nós.
Sempre que deixamos os outros fugirem com a nossa energia, ou doamos demais de nós mesmos por medo ou necessidade de controlo, uma parte da nossa luz se exaure (esgota) e temos que nos recuperar e nos curar emocionalmente para restabelecermos o nosso equilíbrio natural e a nossa vitalidade.
Observemos como isto acontece no nosso dia-a-dia.
Quando estamos preocupados com outras pessoas, com a forma com que elas nos percebam ou com um meio de ajudá-las, e os nossos pensamentos ficam girando em círculos, e as mesmas emoções ficam se repetindo, então é porque caímos na rotina do medo e do controlo.
Com frequência tendemos a desistir da nossa energia porque pensamos que estamos melhorando as coisas ao ajudarmos as pessoas ou ao resolvermos um problema delas.
Mas, prestemos atenção: a nossa contribuição realmente é útil à solução do problema ou ela confirma e assim perpetua o problema?
Perguntemos a nós mesmos se não estamos realmente servindo a um ídolo, em vez de servirmos à nossa própria luz interior.
Tentar controlar as coisas geralmente parece correcto e sensato, mas em geral é apenas o medo que nos força a fazer isso.
Com frequência sentimos-nos cansados e exaustos devido às várias funções que exercemos nas diferentes áreas da nossa vida, mas em geral nos prendemos a isso e sentimos que somos obrigados a colocar mais energia ainda nisso.
Pensamos que devemos isso a alguém, a alguma organização, à sociedade ou até mesmo a Deus.
Mas sempre que nos sentimos emocionalmente exaustos, dando demais de nós mesmo, é porque realmente está na hora de nos libertarmos e encontrarmos algum lugar quieto para nós mesmos.
Está na hora de nos desapegarmos do mundo e nos voltarmos para dentro de nós mesmos.
Cortar os laços por alguns instantes e conectarmos-nos com a nossa criança interior é extremamente importante para nos mantermos centrados e equilibrados.
Ao nos conectarmos com a nossa criança, também despertamos o nosso eu angélico, aquele que cuida da criança.
Nos conectamos com o nosso “eu inferior” e com o nosso “Eu-Superior” e, sentindo-os internamente e ouvindo-os cuidadosamente, começamos a perceber como eles podem brincar juntos alegremente na nossa presença.
Fica claro o que precisamos fazer ou buscar para nos tornarmos centrados e em paz outra vez.

ENCONTRANDO E SEGUINDO A NOSSA PAIXÃO

Todos nós nascemos com uma paixão.
Imaginemos que essa paixão é uma linda rosa vermelha.
Imaginemos que, um pouquinho antes de nascer, estamos de pé na beira do céu, segurando essa belíssima rosa vermelha em nossa mão.
Embora possamos estar hesitando para dar o salto para dentro do reino terrestre, inclusive nos perguntando tristemente se realmente estamos à altura disso, percebemos um fogo nas profundezas do nosso ser, uma paixão que se nos apresenta como a rosa vermelha.
Agora imaginemos que damos o salto, encarnamos, e agora carregamos a rosa dentro de nós, no nosso abdome ou no nosso coração.
Deixemos que a energia da rosa venha a nós agora.
Permitamos que a nossa paixão original, a nossa inspiração se apresente a nós neste momento.
Dêmos uma olhada na rosa. Como é que ela está agora?
Tomemos a primeira imagem que surgir na nossa mente.
A rosa parece um pouco triste ou murcha, ou está brilhando vibrante-mente?
Vemos um botão de rosa ou uma flor desabrochada?
Ela precisa de alguma coisa de nós neste momento?
Talvez mais água ou luz solar, ou um pouco mais de amor e atenção?
Ou ela quer ser removida para algum outro lugar, para um ambiente mais acolhedor?
Imaginemos que lhe damos exactamente o que ela precisa, e sintamos como isto nos afecta no nível interno. 
Vermelho é a cor da Terra e do chakra básico ou raiz.
Vermelho é a cor da paixão.
Geralmente temos medo da nossa própria paixão.
Todos nós temos medo de deixar esse fluxo original se expressar em nossas vidas, porque ele vai contra o que a sociedade ou a tradição considera apropriado, correcto e sensato.
No entanto, em cada um de nós existe uma paixão original e uma inspiração que são a própria fonte da nossa existência aqui e agora.
Nós não podemos realmente nos realizar e nos inspirar, enquanto não permitirmos que essa energia flua na nossa vida e orientemos-la.
A essência da entrega como um estilo de vida é a entrega a nós próprios, à paixão da nossa alma, à inspiração que criou a nossa vida presente.
Existem algumas formas de reconhecermos se estamos conectados com a paixão da nossa alma.
1. Sentirmos inspiração – onde quer que ela flua, é lá que precisamos estar. 
Entregarmos-nos como um estilo de vida significa deixarmos-nos guiar pelo que verdadeiramente nos inspira.
A entrega não é uma energia passiva.
Entregando-nos àquilo que realmente nos motiva e inspira, nós abrimos a porta para um fluxo de energia activo e animado em nosso interior.
Para descobrir esse fluxo por nós mesmos, precisamos descobrir com que tipo de actividades a nossa energia flui naturalmente.
Que coisas nos fazem sentir feliz e em paz?
Em que tipo de ocupação ou busca sentimos que as coisas se movem sem esforço e graciosamente?
Qual é a essência dessas coisas ou actividades?
Sintamos a essência delas – e saibamos que pode haver uma variedade de meios através dos quais a essência pode tomar forma. 
2. Sermos fiéis à nossa própria natureza – aquilo que fazemos naturalmente é aquilo em que somos bons.
Para reconhecermos a nossa paixão, precisamos entender que ela é sempre alguma coisa que é muito natural para nós.
É uma coisa, uma actividade ou ocupação, ou uma forma de expressão para a qual somos atraídos, na qual nos sentimos interessados e gostamos de procurar alcançar.
É alguma coisa íntima e natural para nós, quase auto-evidente do nosso ponto de vista.
Para realizarmos o nosso dom natural, pode ser que tenhamos que aprender algumas habilidades ou buscar alguma educação formal, mas, para nós, fazermos isso será relativamente fácil e alegre.
A nossa paixão é algo com que as nossas capacidades e talentos estão sintonizados; ela envolve actividades nas quais somos bons desde o começo. 
3. Mantermos limites claros e ousarmos dizer “não” – levemos-mos a sério. 
Nós estamos no fluxo da entrega a nós mesmos, se nos levarmos-mos a sério o suficiente para dizer não para coisas e pessoas que inibem ou cortam esse fluxo.
Nós só podemos seguir a nossa paixão, se ousarmos dizer não para aquilo que não se ajusta a nós ou não nos parece certo.
Entregarmos-mos a nós mesmos, à nossa inspiração exclusiva, implica em sermos precoces e teimosos às vezes, em ficarmos separados e confiarmos nas mensagens do nosso coração, mesmo se as pessoas digam que somos bobos ou insensatos.
É uma questão de lealdade connosco mesmos.
Atrevamos-nos a sermos grandiosos, atrevamos-nos a fazer uma diferença!
Realmente não há outra alternativa, nós sabemos.
A alternativa seria o nosso fluxo natural de inspiração ficar emperrado e secar e começarmos a nos sentirmos frustrados, vazios, zangados e insatisfeitos.
Se não escolhemos a nós mesmos, escolhemos contra nós.
Então a energia da rosa – a nossa paixão – se recolhe e isto cria problemas psicológicos, como solidão, estranhamento e finalmente depressão.
Portanto, atrevamos-mos a dizer não, atrevamos-mos a ocupar espaço, a ocupar um espaço com limites claros.
Não temamos ser “egotistas”, de acordo com os padrões dos falsos deuses. 
4. Paciência e ritmo – façamos-lo passo a passo.
Se estivermos conectados com a energia da nossa alma, com a nossa inspiração, ela vai clarear o caminho para nós, na nossa vida quotidiana.
As oportunidades (na forma de pessoas ou situações que encontrarmos) vão chegar a nós num passo e ritmo que nos sejam convenientes.
Se quisermos ficar sintonizados com esse fluxo de manifestação, mantenhamos-mos no presente e tomemos-lo passo a passo.
Tentemos não correr na frente de todas as coisas que precisam acontecer para que os nossos sonhos e a nossa paixão se realizem.
A vida cuida de nós, nós não precisamos tomar conta da vida.
Simplesmente sintamos a nossa paixão e coloquemos-la nas mãos do nosso Deus interior.
Deixemos que o nosso anjo interno sustente e tome conta dos desejos e anseios da nossa criança interior. 
Entreguemos e confiemos!
É a nossa própria energia que nos acena e nos convida: atrevamos-mos a viver, atrevamos-mos a ser quem nós somos!

Gratidão,
Luís Barros