Falamos a partir do coração da consciência Crística.
O despertar de uma nova consciência
parece estar muito distante, às vezes.
Parece haver tanta desarmonia e conflito
no nosso mundo e, na verdade, dentro de nós mesmos também.
No entanto, o despertar começou.
Uma nova dimensão de consciência está
nascendo na Terra neste instante, e depois de um longo estágio de preparação,
ela finalmente alcançará uma base segura e irradiará uma onda de iluminação por
toda a Terra.
Todos nós fazemos parte dessa onda de
consciência recém-desperta que está tomando conta da Terra neste instante.
Em muitos sentidos, nós somos essa onda
de energia.
“Entrega e controlo” é uma questão
importante nesse processo de despertar espiritual, tanto no nível individual,
quanto no colectivo.
No nível político, os líderes mundiais
com frequência se defrontam com essa questão.
Ainda é muito difícil ter uma
responsabilidade política e tomar decisões a partir do coração.
Parece que a política ainda não está
pronta para isto.
No entanto, entregar-se à sabedoria do
coração é o único meio de sair dos grandes conflitos neste momento; é a única
oportunidade para a solução pacífica desses conflitos.
A percepção de que é possível a conexão
e a unidade entre as pessoas de todas as diferentes raças, religiões e culturas
é a base para a paz mundial.
O reconhecimento uns dos outros como
seres humanos, apesar das diferenças externas, está crescendo entre a população
do mundo, e em parte é estimulado pela nossa informática moderna, que diminui
enormemente as distâncias de tempo e espaço.
Ao mesmo tempo, o crescimento em
direcção ao entendimento mútuo é ameaçado pelo velho conceito de “nós” e
“eles”, que é baseado no medo.
Pensar em termos de bom e mau, certo e
errado, “nós” e “eles”, perpetua as antiquíssimas hostilidades e alimenta uma
grande parte do caos emocional.
Estes conceitos decisivos ainda são
usados pelos políticos para sustentar o seu poder.
Entretanto, o que em última análise
determina a realidade no nível político somos nós, enquanto indivíduos.
A política reflecte a consciência da
maioria dos indivíduos juntos.
É através da conscientização de muitos
indivíduos juntos, que um novo nível de consciência toma vida.
Em vez de nos estendermos no nível
político, falamos sobre o nível individual, no qual todos nós estamos
trabalhando para integrar a energia do coração em nossas vidas e no qual
estamos lidando com a questão da entrega e controlo.
Todos nós ansiamos intensamente pela
sensação de libertação e confiança que é inerente à entrega, ao desapego.
Mas muitas vezes nós ainda não sabemos
como integrar essa energia na nossa vida diária.
Qual é a fonte do controlo na vida?
Por controlo, queremos dizer: a vontade
de exercer poder sobre a vida, forçando o fluxo de acordo com os nossos
desejos, com o que percebemos como certo e justo.
Por que queremos exercer controlo sobre
a nossa vida, vivendo continuamente em tensão e ansiedade por causa disso?
A fonte do controlo é o medo.
O medo está profundamente enraizado na
estrutura da nossa vida: na nossa educação e na sociedade.
Os mecanismos de controlo estão
presentes em todo lugar e nos são ensinados como bons hábitos.
Aparentemente, somos pessoas sensatas e
racionais, se queremos ter controlo sobre a nossa vida e, consequentemente,
organizá-la.
A entrega e a imprevisibilidade incutem
uma sensação de medo em nós.
Associamos entregar com desistir, não
saber o que fazer, sermos dominados pelo caos emocional ou crise.
Entretanto, esta é uma concepção muito
limitada de entrega.
É uma concepção nascida do medo, da
consciência baseada no medo.
Existe um conceito muito mais positivo
de entrega, que indica um estilo de vida, um modo de ser, no qual levamos a
nossa vida com confiança, sem a necessidade de controlar, forçar ou
manipulá-la.
O ego anseia por controlo porque ele tem
medo.
O ego se identifica com imagens que não
vêm da alma, mas são alimentadas pelo mundo exterior.
O ego está constantemente correndo para
preservar a sua auto-imagem, seja ela a de um homem de negócios bem-sucedido, de
uma dona de casa atenciosa, ou de um terapeuta capaz.
Ele quer manter essa imagem para ter
controlo sobre os pensamentos das outras pessoas sobre nós.
Entretanto, sempre existem momentos em
que o ego falha e perde.
Este pode ser o caso quando ficamos
stressados, doentes ou quando o nosso relacionamento fracassa.
O ego considera tais crises – que num
certo ponto forçam-nos a deixar ir e nos entregarmos – como golpes mortais.
Assim, o ego associa entrega com crise.
O ego vive numa contínua alternância
entre controlo e crise.
Com frequência, em momentos de
verdadeira crise em nossa vida, somos encorajados a olhar para o tesouro
escondido dentro de nós.
Existe sempre um elemento positivo
escondido nas crises, que nos dá um sinal para que cheguemos mais perto da
nossa essência.
Dessa forma, a vida está sempre nos
levando para mais perto de nós mesmos, do nosso conhecimento e sabedoria
internos, mesmo que vivamos de acordo com os ditames do ego.
Pois sempre haverá situações em nossa
vida que nos desafiarão a nos entregarmos mais cedo ou mais tarde.
A vida está sempre nos oferecendo
oportunidades para escolhermos a entrega como um estilo de vida.
Nós sabemos disso.
Todos nós conhecemos estes momentos de
entrega após uma crise, momentos preciosos de clareza e consciência, nos quais
percebemos que somos levados pelo fluxo de uma respiração divina invisível.
Nós percebemos que esse fluxo divino de
vida quer o melhor para nós, e que podemos confiar nele, mesmo que ele não nos
traga exactamente aquilo que esperávamos.
O que todos desejamos é viver mais
permanentemente de acordo com essa consciência superior; é incorporar esse modo
de vida no nosso dia-a-dia, sem termos que ser empurrados para ele por
profundas crises e desespero.
Todos nós ansiamos pela entrega como um
estilo de vida.
Todos nós somos guerreiros exaustos.
Nós vimos de uma longa jornada.
Algumas vezes sentimos-nos muito velhos e
cansados internamente, mas é melhor dizer que estamos é muito cansados do
velho…
Nós estamos buscando um modo de ser que
seja isento de esforço – que seja inspirador e, ao mesmo tempo, leve e fluido.
A chave é não nos esvaziarmos em nossos
relacionamentos, trabalho ou outras metas até “quebrarmos” e então sermos
forçados pela crise a nos entregarmos.
Demos um passo adiante, ou demos um
passo para trás, e focalizemos um estilo de vida que seja sempre marcado pelo desapego,
confiança e entrega.
Entregar-se significa: não lutar, não
resistir, mas seguir o fluxo da vida, confiando que a vida nos dará exactamente
o que precisamos.
Confiemos que as nossas necessidades são
conhecidas e serão satisfeitas.
Aceitemos o que está na nossa vida neste
momento e estejamos presentes nisso.
É sobre este modo de vida que falamos,
porque nosso anseio por ele é profundo e sincero.
É um anseio espiritual que vem da alma
de cada um de nós, do fluxo divino no interior de cada um de nós.
BLOQUEIOS NO CAMINHO DA ENTREGA: TRÊS FALSOS DEUSES
Por um lado, desejamos "tirar as nossas
máscaras" e viver abertamente de acordo com o plano original das nossas almas.
Nós ansiamos por sinceridade,
honestidade, amor e conexão.
Por outro lado, deixar cair essas
máscaras é algo muito difícil para nós.
Nós fomos educados com crenças e
estruturas que acabaram se enraizando em nossa psique e que nos impede de nos
conectarmos com a nossa própria alma.
Citamos, em especial, três ídolos ou
“falsos deuses” para os quais frequentemente nos dirigimos para pedir
orientação, mas que na verdade tiram-nos do nosso centro, do equilíbrio
necessário para que vivamos entregues a quem realmente somos.
O PRIMEIRO ÍDOLO: DEUS COMO UMA AUTORIDADE ACIMA DE NÓS.
O primeiro falso deus é o próprio Deus,
isto é, Deus concebido como o senhor e mestre da criação.
Esse tipo de Deus é uma construção
humana, uma imagem de Deus que tem influenciado profundamente a nossa cultura.
Muitos de nós pensamos que nos
desapegamos desta imagem tradicional de Deus.
Nós dizemos a nós mesmos que não
acreditamos mais em um Deus julgador, que castiga, que se coloca muito acima de
nós e mantém um registro dos nossos sucessos e falhas, como um professor na
escola.
Nós dizemos que acreditamos num Deus de
Amor, que nos perdoa o tempo todo e que cuida de nós e nos encoraja.
No entanto, na forma rígida e sem amor
com que frequentemente tratamos a nós mesmos, este velho Deus ainda está muito
vivo!
Nós não dizemos muitas vezes a nós
mesmos que falhamos, que não estamos certos, que deveríamos ter progredido mais,
seja na área dos relacionamentos, do trabalho, ou da espiritualidade?
Nós nos torturamos com ideias do tipo:
eu não correspondo às expectativas de Deus, eu estou a decepcionar os meus
guias espirituais ou o meu Eu-Superior, eu falhei na minha missão, eu não estou
contribuindo com nada de significativo para o mundo.
Muitos de nós acreditamos –
secretamente, por assim dizer – que existe uma ordem superior à qual nós
devemos atender ou obedecer.
Seja uma “missão da alma” ou um “caminho
de vida” que foi estabelecido para nós, ou uma hierarquia espiritual que nos
atribuiu um “dever”, ou um guia espiritual que nos diz o que fazer ou aonde ir…
em todos esses casos, nós acreditamos na existência de uma autoridade superior,
um nível espiritual acima de nós, ao qual é bom que ouçamos.
Mas, no momento em que acreditamos em
uma autoridade externa a nós mesmos, que tem a capacidade de nos oferecer
orientação sobre o que deveríamos fazer na vida, nós estamos de volta ao Deus
tradicional.
De acordo com essa imagem, existe um
nível da verdade, no qual as coisas são fixas e determinadas, e tudo o que
podemos fazer é viver de acordo ou não com isso.
Esta é uma falsa imagem.
Certamente, quando nascemos, existem
intenções na nossa alma para a vida à nossa frente.
Pode-se chamar isto de propósito elevado
para esta encarnação, mas isso não foi ordenado por ninguém externo a nós.
Fomos nós mesmos que o escolhemos e
nasceu dos nossos próprios desejos e anseios.
As coisas na nossa vida que são
“pré-determinadas” – no sentido de terem muita possibilidade de acontecer, pois
nada está completamente fixado – foram criadas e escolhidas por nós.
Nós podemos nos conectar com o nosso
propósito de vida ou inspiração mais elevada a qualquer momento, ouvindo os
nossos sentimentos, a voz do nosso coração, os nossos anseios mais profundos.
Aconselhamos a não ouvirmos demais as
doutrinas espirituais que estão cheias de regras sobre como devemos viver.
Ouçamos especialmente as nossas emoções
poderosas que se manifestam em nós no nosso dia-a-dia.
Através dessas emoções, a nossa alma
está tentando se conectar connosco e nos dizer alguma coisa.
Se quisermos saber o que a nossa alma
quer nos dizer neste momento, olhemos para as emoções que frequentemente se
repetem na nossa vida e que mais nos absorvem.
Olhemos para elas de um modo amável, mas
honesto.
Não acusemos ninguém mais pelas nossas
emoções, não prestemos atenção a causas externas a nós; vejamos-las como
resultado das nossas próprias escolhas.
Por exemplo, se estamos sempre zangados
e aborrecidos, de onde isso vem?
Existe algo que está-nos fazendo falta?
O que a raiva nos diz?
Qual é a mensagem escondida dentro dela?
É uma sensação de não sermos reconhecidos
ou valorizados pelos outros?
Estamos com medo de lhes mostrar quem somos?
Estamos com medo de defender a nossa
verdade?
Escondemos os nossos sentimentos com
muita frequência e nos é difícil estabelecer claramente os nossos limites?
Frequentemente, através da raiva, uma
mensagem autêntica está gritando para nós: um anseio de sermos quem somos, de
mostrar a energia original da nossa alma para o mundo.
Se reconhecemos o anseio da nossa alma
através da raiva, estamos percebendo o nosso eu angélico brilhando através da nossa
criança interior.
O anjo dentro de nós é o “Eu-Superior”
que quer conectar-se com a realidade física, encarnar e irradiar sua luz sobre
a realidade da Terra.
É a parte conhecedora.
A nossa criança interior é a paixão da
própria vida: é desejo, emoção e criatividade.
É a parte que experiência, a parte
experimentadora.
A nossa parte criança é o nosso “eu
inferior”.
A criança interior é uma fonte de
alegria e criatividade, quando ela vive em harmonia com o nosso anjo interno.
Mas se ela se desenvencilha dos cuidados
amorosos do anjo e sai à deriva, ela se torna a fonte de emoções
descontroladas.
A raiva transforma-se em ódio e
vingança.
O medo se degenera em defesa, neurose e
frustração.
A tristeza se deteriora em depressão e
amargura.
É essa criança que, através das emoções,
estende as mãos para o seu anjo interno.
As emoções expressam a experiência pura,
desconhecida.
Elas são uma expressão do mal
entendimento.
É através da conexão com o anjo que as
emoções podem ser tomadas como indicadores e compreendidas.
Desta forma, as emoções tornam-se
instrumentos de transformação e exploração: o “eu inferior” enriquece e realiza
o Eu-Superior, ao suprir a parte conhecedora com conteúdo sentido.
O nosso anjo interior se anima e experiência
uma alegria profunda, quando lhe é permitido iluminar a criança.
E quando o nosso Eu-Superior irradia sua
luz desta forma, o nosso corpo emocional se aquieta e adquire equilíbrio.
O fruto do fluxo conjunto do anjo e da
criança é um conhecimento intuitivo, interno, que pode permear a nossa vida com
luz e ausência de esforço.
Os nossos princípios superior e inferior
– o anjo e a criança – formam um todo orgânico e significativo.
Portanto, os conceitos de “superior” e
inferior” não são realmente correctos.
Na verdade, trata-se de um jogo alegre
entre “saber” e “experimentar”.
Esse inter-relacionamento, esse
exercício de influência recíproca, é que leva à sabedoria verdadeira e
encarnada (no sentido de oposta à teórica).
Para obter orientação sobre a nossa vida
no momento presente, podemos-nos dirigir, de preferência, à nossa criança
interior.
Ao lhe darmos a atenção que ela precisa,
preenchemos-la com a nossa consciência mais elevada, com o toque do anjo.
Para ilustrar esta situação, vamos falar
da raiva e irritação.
Uma vez que tenhamos nos conectado com
essas emoções e imaginando-as como uma criança, podemos convidar essa criança a
vir até nós.
Podemos-lhe perguntar com o que ela está
zangada ou aborrecida, e o que ela precisa de nós para se curar.
Deixemos que a criança nos responda e permitamos
que ela se expresse muito claramente.
Imaginemos-la conversando connosco de uma
forma muito viva, alegre, com uma expressão facial nítida e com uma clara
linguagem corporal.
Talvez ela nos dê respostas específicas,
do tipo “Quero que você largue o seu trabalho!” ou “Quero ter lições de
dança!”, ou talvez sejam respostas mais genéricas, como “Preciso brincar e
relaxar mais” ou “Não posso ser boazinha o tempo todo!”
Levemos a resposta a sério e vivamos de
acordo com ela, tanto quanto possível.
Talvez não possamos fazer
instantaneamente as coisas que a nossa criança interior deseja, mas podemos
começar devagar e passo a passo a realizar os seus anseios.
Se abraçamos com amor e aceitação a nossa
criança interior que está zangada, assustada ou triste, ela é tocada pelo nosso
anjo interior e o resultado é que a nossa alma fala connosco.
Comecemos com as emoções; descubramos os
verdadeiros desejos por trás dessas emoções, e encontremos um modo de realizá-los
passo a passo.
Na imagem que estamos descrevendo de um
anjo e uma criança internos, não há nenhum espaço para a figura de um Deus
autoritário.
O “superior” e o “inferior” complementam
um ao outro, em um relacionamento que evolui dinamicamente.
O anjo não impõe nenhuma regra à
criança, e a criança também não tem autoridade sobre o anjo.
É através da influência recíproca entre
ambos que descobrimos o que é certo para nós neste momento.
Nós encontraremos os objectivos da nossa
vida através dessa ligação íntima entre o anjo e a criança.
Nesta conexão, descobrimos o que
realmente mexe connosco e nos leva adiante.
Nenhuma autoridade externa pode
substituir essa conexão ou fazer essa conexão por nós.
Um professor só pode nos indicar essa
área interna sagrada, onde podemos permitir que a nossa criança interior seja
cuidada e inspirada pelo nosso anjo interior.
Nessa área, descobrimos quem somos e
qual é a nossa paixão.
Directrizes gerais sobre como viver uma
vida espiritual são quase sempre inadequadas, ou pelo menos não são de natureza
universal.
A verdade não tem forma.
Cada criatura tem sua própria forma, seu
próprio modo de viver a Verdade.
Este é o milagre da nossa essência de
alma única.
Os verdadeiros professores espirituais
não ensinam específicos “faças” ou “não faças”, tais como “não coma carne” ou
“medite duas horas por dia”.
Um verdadeiro professor sabe que tudo se
trata de cada um encontrar a sua própria verdade, em profunda comunhão consigo
mesmo.
Os professores podem indicar o que foi
útil a eles, no caminho deles, mas não transformarão isso numa regra ou dogma.
Se dermos uma olhada na forma em que
Deus foi retratado na maioria das nossas tradições religiosas, vamos perceber
que isso é exactamente o que acontece com elas.
A maior parte é constituída por
tradições de medo e abuso de poder.
A necessidade de regras e dogmas
claramente restritivos e a tendência a organizações hierárquicas sempre mostram
que o medo e o poder estão em jogo.
No entanto, a mesma coisa acontece com a
espiritualidade da nova era.
Tomem por exemplo as inúmeras predições
e teorias especulativas em circulação actualmente.
Se vamos atrás disso sem consultar nossos
próprios sentimentos básicos a respeito, podemos ficar inseguros e começarmos a
nos perguntar “será que estou fazendo as coisas direito?”, “será que o estado
dos meus chakras está suficientemente puro para eu entrar na 5a dimensão?”
Este tipo de perguntas com certeza não é
útil para o nosso crescimento interior.
Voltemos-nos para dentro de nós mesmos.
Não focalizemos o movimento dos planetas
e estrelas, as mudanças climáticas, ou o julgamento de um “mestre
ascensionado”, para determinar o nosso próprio nível de auto-realização.
Nós somos o centro do nosso universo, o
padrão e a pedra de toque do nosso mundo.
Não existe nenhum Deus externo a nós,
que sabe melhor ou que determina as coisas para nós.
O Deus, que antigamente projectamos fora
de nós, não só reside dentro de nós, como também não é omnisciente.
O princípio divino que existe em nós e
em toda a criação é uma força alegre, que cresce e evolui de forma aberta e
imprevisível.
Nesta imagem, o “inferior” tem uma razão
indubitável para existir; ele é o combustível para o crescimento e a
realização.
Luz e escuridão têm seus próprios
papéis, e é na aceitação de ambas que nos iluminamos.
A aspiração de alguns grupos espirituais
de alcançar a luz de um modo unilateral, ignorando ou lutando contra a
escuridão, cria desequilíbrio e uma resistência subtil (e desprezo) pela vida
na Terra.
Fazer coisas erradas, cometer enganos, é
correcto e pode até nos trazer um crescimento maior do que tentar evitar erros.
Nas “coisas ruins” existe uma semente de
luz adormecida.
Somente vivenciando o ruim do nosso
interior, é que podemos experimentar o bom como bonito, puro e verdadeiro.
Nós não podemos aprender a partir do
“não ter”.
Nós, Deus dentro de nós, mergulhou nas
profundezas (na realidade material) para se tornar conhecedor através da
experiência, não para aplicar o conhecimento à experiência.
Neste sentido, não existem muitas coisas
que são não-espirituais.
Toda experiência é sagrada e
significativa.
Não nos deixemos guiar por leis
externas, que determinam o que é saudável, certo e espiritualizado para fazermos.
A pedra de toque é o nosso próprio
coração: se ele sente que é certo para nós, então está bem.
O SEGUNDO ÍDOLO: OS PADRÕES E IDEAIS DA SOCIEDADE.
Outro falso deus que nos afasta da
energia original da nossa alma é a “sociedade”: os padrões e os valores que
controlam o nosso mundo social são-nos transmitidos através da nossa criação,
educação e do ambiente em que trabalhamos.
Muitos dos ideais da sociedade estão
enraizados no medo, na necessidade de controlar e estruturar a vida, para que
ela se transforme num “playground” perfeitamente organizado.
Muitas regras de comportamento não são
tão inspiradas no que as pessoas verdadeiramente sentem e experimentam, mas na
impressão que se tem de fora.
Tentar viver segundo tais padrões
externos de conduta pode nos causar uma grande pressão.
Pensemos no medo de “não nos ajustarmos”,
de não termos realizado o suficiente, de não sermos suficientemente bonitos, de
não termos nenhum relacionamento, etc, etc...
Quando nos comparamos com imagens
irreais de sucesso e felicidade, a nossa energia criativa fica emperrada e não
nos sentimos mais à vontade neste mundo.
Por causa desses “faças” e “não faças”,
que se tornaram como uma segunda pele, nós mal nos atrevemos a explorar a nossa
criatividade original.
Nós temos medo de dar um passo para fora
do trilho conhecido.
Mas é justamente esta energia original
da alma, a energia que quer fluir unicamente de nós, que é tão bem-vinda na
Terra!
É esta parte de nós que tem o propósito
de provocar a transformação da consciência na Terra, neste momento.
Conectarmos-nos com os nossos impulsos
criativos e expressá-los à nossa maneira única, exclusiva, muitas vezes exige
que nos desviemos dos objectivos e ideais da sociedade.
Pode ser, por exemplo, que o nosso ritmo
natural de explorar a nós mesmos e depois nos expressarmos no nível material
não se ajuste aos esquemas da sociedade relacionados a como e quando alcançar
certas coisas na vida.
Pode ser que primeiro passemos por um
longo processo de nos conhecermos profundamente, sem conseguirmos ou produzirmos
nada no nível externo.
Embora isto possa dar às pessoas a
impressão de ineficiência ou fracasso, nós podemos estar trabalhando muito duro
no nível interno, descobrindo várias coisas valiosas a respeito de nós mesmos.
Dêmos-mos um tempo para descobrirmos
quem somos, para onde a nossa energia natural nos conduz, e para integrá-la no nosso
ser físico e emocional.
Não dêmos atenção para o sucesso
externo.
Focalizemos aquilo que sentimos que é
bom e correcto para nós, aquilo que faz com que nos sintamos relaxados e
inspirados.
Se encontrarmos este modo de viver e de experimentar paz e quietude internas, vamos ter mais facilidade para entrar em contacto
com a energia natural da nossa alma.
As pessoas têm muito medo daquilo que a
sociedade determina e espera delas.
O estranho nisso é que a “sociedade”
como tal nem mesmo existe.
O que nós temos é uma grande quantidade
de pessoas juntas, cada uma com seus desejos sinceros e com seus medos
profundamente assentados.
Todos desejam ser livres, no sentido
mais profundo da palavra; simplesmente sermos quem somos, sem medo de sermos
julgados pelos “outros”.
Portanto pensemos de novo sempre que
estivermos dando muita atenção ao que os outros pensam de nós.
Nós também estamos sendo o pior inimigo
dos outros, pois, ao nos sujeitarmos às regras deles e temermos seus
julgamentos, mantemos vivos os falsos ideais e sufocamos ainda mais a nós mesmo
e aos outros.
Nós nos transformamos em “sociedade”
para alguém mais.
Especialmente nós, que somos os
pioneiros da Nova Era, podemos ser um exemplo para as pessoas que estão presas
no medo.
Nós somos um exemplo quando realmente
apoiamos a nós mesmos, ouvimos com atenção os nossos sentimentos, vivemos de
acordo com eles e nos libertamos dos julgamentos externos.
Estes julgamentos nascem do medo, não do
amor, e frequentemente baseiam-se em regras e códigos antigos dos quais ninguém
mais se lembra qual é a verdadeira origem.
Estes velhos padrões, que não têm mais
nenhuma conexão com o coração humano, esperam para ser transformados a partir
do interior, por pessoas que ousam abrir novas perspectivas.
A sociedade espera por nós, espera por
ideais e padrões inspirados que ajudem as pessoas a se conectar com seus
corações e com seus verdadeiros desejos.
Nós contribuímos para a transformação da
consciência colectiva sendo um exemplo de amor em vez de um seguidor do medo.
Atrevamos-nos a convidar a nossa parte
brincalhona, infantil para entrar.
Entremos em contacto com a nossa criança
interior com frequência, pois ela sabe muito o bem o que quer.
Muitas vezes quase não conseguimos
perceber o que o nosso coração deseja verdadeiramente e sentimos como se tivéssemos
perdido a nossa paixão.
Isto porque não deixamos a nossa criança
brincar, fantasiar nem sonhar mais.
Quando nos medimos por códigos externos
(o que é apropriado para a minha idade, para o meu género, para o meu status
social?) nos limitamos e não permitimos que a criança, o sonhador o visionário,
nos leve para fora dos limites e nos conectem com o nosso “código interno”.
Todos nós nascemos com uma inspiração,
um desejo de manifestar alguma coisa na Terra, tanto para nós mesmos quanto
para os outros (a “sociedade”).
Nós não viemos aqui para viver numa
torre de marfim.
Nós fazemos parte da consciência colectiva
da Terra e viemos aqui para sermos um líder e inspirador da mudança.
Isto vai fazer-nos felizes e realizados.
Quando nos conectamos com a nossa
criança interior e sentimos de novo a magia dessa paixão original, os limites
e fronteiras ilusórios desaparecerão e encontraremos o nosso caminho na vida,
de um modo muito mais fácil e leve.
Quanto mais nos libertarmos dos falsos
deuses que nos mantêm pequenos e melindrosos, mais viveremos com uma sensação de
liberdade e entrega ao coração, e mais o universo nos apoiará e nos fornecerá
os meios necessários para que a nossa paixão se realize.
O TERCEIRO ÍDOLO: TER PENA DOS OUTROS E CONCORDAR COM O SOFRIMENTO DELES.
Existe um terceiro falso deus que
mencionamos e que talvez seja o que mais nos preocupe na nossa vida quotidiana.
É sentir pena dos nossos companheiros,
compartilhar a carga dos nossos entes queridos, sofrendo junto com eles.
Agora, podemos perguntar: como isto pode
ser um ídolo?
Não nos devemos conectar com os outros,
especialmente com os nossos entes queridos, e ajudá-los se pudermos?
O que estamos querendo dizer é que todos
nós temos uma tendência de nos conectarmos tão profundamente com as pessoas à nossa
volta, que acabamos mergulhando na dor delas, nos problemas e emoções negativas
delas, e perdemos contacto com a nossa própria essência e paz interior.
Este tipo de piedade e co-sofrimento não
é nosso dever, não é benéfico para a outra pessoa e não é correcto do ponto de
vista espiritual.
Muito daquilo que chamamos de “alta
sensibilidade” é sermos tão abertos para a energia de outras pessoas que ela
acaba aniquilando a nossa própria.
Neste caso, a nossa empatia (isto é, a nossa
capacidade de sentirmos o humor e as emoções de outras pessoas) não está
suficientemente equilibrada, considerando que as energias negativas da outra
pessoa pertencem a ela e não a nós.
Não estamos percebendo, com clareza
suficiente, que essa negatividade desempenha um papel apropriado na vida da
outra pessoa e que nós não podemos iluminá-la através da nossa compaixão e
compreensão, mas que sofrermos junto com ela não serve ao propósito de ninguém.
Naturalmente gostaríamos de ver os nossos
entes queridos levarem uma vida feliz e satisfatória (seja o nosso cônjuge, nossos
filhos, nossos pais ou amigos).
Gostaríamos que eles se sentissem
melhor, que seus problemas fossem resolvidos.
No entanto, lembremos-nos sempre que os
problemas deles são criações deles mesmos.
Problemas de relacionamento, questões
financeiras, problemas de saúde, distúrbios psicológicos… tudo isso reflecte
conflitos internos profundamente estabelecidos na alma.
Em algum lugar bem no fundo, as pessoas
querem experimentar esses problemas, a fim de esclarecer alguma coisa.
Pode parecer que elas são vítimas,
principalmente quando ficam correndo em círculos muitas e muitas vezes.
Mas geralmente isto quer dizer que elas
ainda querem experimentar algum aspecto do problema mais meticulosamente e que
ainda não estão prontas para a nossa ajuda.
Se tentarmos ajudá-las assim mesmo, é
bem provável que nos tornemos insistentes e controladores e esgotemos as nossas
próprias fontes de energia.
Então desistimos da entrega como estilo
de vida.
Ao doar demais ou apropriadamente,
gastamos a nossa energia e nos prendemos emocionalmente à pessoa que estamos
ajudando.
Isto faz com que nos tornemos dependentes
da outra pessoa para nos sentirmos bem.
As nossas energias emocionais se
misturam e esta é uma das maiores causas da perda de força, vitalidade e
autoconsciência.
Poucas coisas podem derrubar a nossa
energia com tanta facilidade quanto uma sensação persistente de dever, culpa e
responsabilidade por outra pessoa.
Em tais “relacionamentos de ajuda”,
geralmente aparecem questões de poder, mesmo que ninguém tenha essa intenção.
Ao doar demais ou apropriadamente,
aquele que ajuda na verdade está tentando encobrir um vazio interno que passa
despercebido quando se está preocupado com outra pessoa.
Ajudar outra pessoa pode fazer com que nos
sintamos mais forte e mais auto-confiantes.
Para aquele que recebe toda a nossa
atenção, essa experiência parece boa e agradável, e ele logo percebe que pode
influenciar-nos com seu estado de espírito e emoções.
Ele sabe que, se as coisas piorarem para
ele, ele receberá mais atenção nossa (porque desejamos ardentemente que ele
fique bem).
Portanto, o “sofredor” sabe que tem
poder sobre nós e que vale a pena se manter no papel de vítima.
Em um relacionamento deste tipo ocorre
uma forte troca de energia que acabará drenando nós dois, porque não está
alinhada com o que as nossas almas realmente querem.
Não existe nenhuma verdade espiritual na
forma com que um está reduzindo o outro a papéis tão limitadores.
Aquele que ajuda vai acabar ficando
frustrado porque o sofredor não progredirá o suficiente: ele não tem interesse
em mudar, pois investiu no papel de vítima.
E o sofredor fica cada vez mais preso no
seu papel de vítima; ele se enterra cada vez mais profundamente nesse papel,
que poderá acabar paralisando-o.
Ambos vão ficar com raiva e culpar um ao
outro.
Nós facilmente simpatizamos com as
pessoas à nossa volta e sentimos pena delas.
Os trabalhadores da luz, que têm o
impulso de irradiar luz e consciência para a Terra, são especialmente sensíveis
ao sofrimento dos outros.
Para nós é difícil ver o sofrimento numa
escala global, como por exemplo, em regiões do mundo devastadas pela pobreza ou
pela guerra, ou a destruição e poluição do ambiente.
Mas quando se trata do sofrimento
próximo a nós, no nosso ambiente pessoal, nós somos afectados muito mais
profundamente.
E é principalmente aí que somos
desafiados a retirar o nosso poder.
É importante percebermos que não ajudamos
ninguém nos tornando menores.
Muitas vezes pensamos que, se absorvermos
e engolirmos parte das emoções das outras pessoas, nos conectaremos mais
profundamente com elas e assim iremos ajudá-las.
Como se tivéssemos dividindo o peso.
Mas, ao assumir os problemas dos outros,
nós apenas dobramos esse peso.
A sombra aumenta.
Ao concordarmos com o sofrimento de
outras pessoas, o nosso poder fica fragmentado e exaurido (arrasado) pela negatividade
delas.
Vamos pensar que nós mesmos não temos o
direito de sermos feliz, vivermos em paz e satisfeitos, enquanto elas estão
sofrendo.
Este é um grave engano.
Na verdade, o oposto é verdadeiro.
Sermos verdadeiramente úteis para alguém
significa colocarmos a nossa energia a serviço da solução do problema, não do
problema em si.
Para fazermos isto, precisamos nos fazer
maiores e não menores.
Quanto mais autoconsciência e
independência irradiamos, mais representamos a “energia da solução” e mais podemos
ser úteis para os outros sem nos esgotarmos.
Quando sofremos com eles, na realidade
estamos apenas confirmando o problema.
Se ficarmos centrados e calmos, sem
ressoarmos com as emoções negativas dos outros, abrimos uma nova perspectiva,
uma nova maneira de olharmos para o problema.
É exactamente não ressoando com a
energia do problema que lançamos uma nova luz nele.
A verdadeira orientação espiritual nunca
envolve solucionar o problema dos outros, mas significa ser um farol de luz e percepção
para eles, que reflecte seus problemas de volta para eles, de uma forma que os
capacita a lançar um novo olhar sobre esses problemas.
A verdadeira orientação espiritual
capacita-os a perceber o significado e o valor nos problemas; ela lhes devolve
o sentido de livre arbítrio e responsabilidade.
Alguma coisa no nosso interior toca o
coração deles e inspira-os: é a energia do amor; é a energia da aceitação.
Desta forma, nós lhes oferecemos a
“energia da solução”, não fazendo alguma coisa por eles, mas sendo essa
energia.
Isto é o trabalho da luz: ser o nosso eu
natural, estar em paz connosco mesmos e irradiar essa paz para os outros.
Não é carregar a carga dos outros nem
encontrar soluções para os problemas deles.
É levar a energia da solução no nosso
próprio ser e compartilhá-la abertamente com os outros.
Esta é a essência da nossa missão na
Terra, a essência do que significa “trazer luz”.
Ser fiel a nós mesmos, cuidar bem de nós
mesmos e ouvir a nossa intuição são pré-requisitos para ancorar a energia do
amor na Terra.
É isto que a nossa alma quer para nós.
Sempre que deixamos os outros fugirem
com a nossa energia, ou doamos demais de nós mesmos por medo ou necessidade de
controlo, uma parte da nossa luz se exaure (esgota) e temos que nos recuperar e nos
curar emocionalmente para restabelecermos o nosso equilíbrio natural e a nossa vitalidade.
Observemos como isto acontece no nosso dia-a-dia.
Quando estamos preocupados com outras
pessoas, com a forma com que elas nos percebam ou com um meio de ajudá-las, e
os nossos pensamentos ficam girando em círculos, e as mesmas emoções ficam se
repetindo, então é porque caímos na rotina do medo e do controlo.
Com frequência tendemos a desistir da nossa
energia porque pensamos que estamos melhorando as coisas ao ajudarmos as pessoas
ou ao resolvermos um problema delas.
Mas, prestemos atenção: a nossa
contribuição realmente é útil à solução do problema ou ela confirma e assim
perpetua o problema?
Perguntemos a nós mesmos se não estamos
realmente servindo a um ídolo, em vez de servirmos à nossa própria luz
interior.
Tentar controlar as coisas geralmente
parece correcto e sensato, mas em geral é apenas o medo que nos força a fazer
isso.
Com frequência sentimos-nos cansados e
exaustos devido às várias funções que exercemos nas diferentes áreas da nossa
vida, mas em geral nos prendemos a isso e sentimos que somos obrigados a
colocar mais energia ainda nisso.
Pensamos que devemos isso a alguém, a
alguma organização, à sociedade ou até mesmo a Deus.
Mas sempre que nos sentimos emocionalmente
exaustos, dando demais de nós mesmo, é porque realmente está na hora de nos libertarmos
e encontrarmos algum lugar quieto para nós mesmos.
Está na hora de nos desapegarmos do
mundo e nos voltarmos para dentro de nós mesmos.
Cortar os laços por alguns instantes e conectarmos-nos
com a nossa criança interior é extremamente importante para nos mantermos
centrados e equilibrados.
Ao nos conectarmos com a nossa criança,
também despertamos o nosso eu angélico, aquele que cuida da criança.
Nos conectamos com o nosso “eu
inferior” e com o nosso “Eu-Superior” e, sentindo-os internamente e ouvindo-os
cuidadosamente, começamos a perceber como eles podem brincar juntos alegremente
na nossa presença.
Fica claro o que precisamos fazer ou
buscar para nos tornarmos centrados e em paz outra vez.
ENCONTRANDO E SEGUINDO A NOSSA PAIXÃO
Todos nós nascemos com uma paixão.
Imaginemos que essa paixão é uma linda
rosa vermelha.
Imaginemos que, um pouquinho antes de
nascer, estamos de pé na beira do céu, segurando essa belíssima rosa vermelha
em nossa mão.
Embora possamos estar hesitando para dar
o salto para dentro do reino terrestre, inclusive nos perguntando tristemente
se realmente estamos à altura disso, percebemos um fogo nas profundezas do nosso
ser, uma paixão que se nos apresenta como a rosa vermelha.
Agora imaginemos que damos o salto,
encarnamos, e agora carregamos a rosa dentro de nós, no nosso abdome ou no nosso
coração.
Deixemos que a energia da rosa venha a nós
agora.
Permitamos que a nossa paixão original,
a nossa inspiração se apresente a nós neste momento.
Dêmos uma olhada na rosa. Como é que ela
está agora?
Tomemos a primeira imagem que surgir na nossa
mente.
A rosa parece um pouco triste ou murcha,
ou está brilhando vibrante-mente?
Vemos um botão de rosa ou uma flor
desabrochada?
Ela precisa de alguma coisa de nós neste
momento?
Talvez mais água ou luz solar, ou um
pouco mais de amor e atenção?
Ou ela quer ser removida para algum
outro lugar, para um ambiente mais acolhedor?
Imaginemos que lhe damos exactamente o
que ela precisa, e sintamos como isto nos afecta no nível interno.
Vermelho é a cor da Terra e do chakra
básico ou raiz.
Vermelho é a cor da paixão.
Geralmente temos medo da nossa própria
paixão.
Todos nós temos medo de deixar esse
fluxo original se expressar em nossas vidas, porque ele vai contra o que a
sociedade ou a tradição considera apropriado, correcto e sensato.
No entanto, em cada um de nós existe uma
paixão original e uma inspiração que são a própria fonte da nossa existência
aqui e agora.
Nós não podemos realmente nos realizar e
nos inspirar, enquanto não permitirmos que essa energia flua na nossa vida e
orientemos-la.
A essência da entrega como um estilo de
vida é a entrega a nós próprios, à paixão da nossa alma, à inspiração que criou
a nossa vida presente.
Existem algumas formas de reconhecermos
se estamos conectados com a paixão da nossa alma.
1. Sentirmos inspiração – onde quer que
ela flua, é lá que precisamos estar.
Entregarmos-nos como um estilo de vida
significa deixarmos-nos guiar pelo que verdadeiramente nos inspira.
A entrega não é uma energia passiva.
Entregando-nos àquilo que realmente nos
motiva e inspira, nós abrimos a porta para um fluxo de energia activo e animado
em nosso interior.
Para descobrir esse fluxo por nós mesmos,
precisamos descobrir com que tipo de actividades a nossa energia flui
naturalmente.
Que coisas nos fazem sentir feliz e em
paz?
Em que tipo de ocupação ou busca sentimos
que as coisas se movem sem esforço e graciosamente?
Qual é a essência dessas coisas ou actividades?
Sintamos a essência delas – e saibamos
que pode haver uma variedade de meios através dos quais a essência pode tomar
forma.
2. Sermos fiéis à nossa própria natureza
– aquilo que fazemos naturalmente é aquilo em que somos bons.
Para reconhecermos a nossa paixão,
precisamos entender que ela é sempre alguma coisa que é muito natural para nós.
É uma coisa, uma actividade ou ocupação,
ou uma forma de expressão para a qual somos atraídos, na qual nos sentimos interessados
e gostamos de procurar alcançar.
É alguma coisa íntima e natural para nós,
quase auto-evidente do nosso ponto de vista.
Para realizarmos o nosso dom natural,
pode ser que tenhamos que aprender algumas habilidades ou buscar alguma
educação formal, mas, para nós, fazermos isso será relativamente fácil e
alegre.
A nossa paixão é algo com que as nossas
capacidades e talentos estão sintonizados; ela envolve actividades nas quais somos
bons desde o começo.
3. Mantermos limites claros e ousarmos
dizer “não” – levemos-mos a sério.
Nós estamos no fluxo da entrega a nós
mesmos, se nos levarmos-mos a sério o suficiente para dizer não para coisas e
pessoas que inibem ou cortam esse fluxo.
Nós só podemos seguir a nossa paixão, se
ousarmos dizer não para aquilo que não se ajusta a nós ou não nos parece certo.
Entregarmos-mos a nós mesmos, à nossa inspiração
exclusiva, implica em sermos precoces e teimosos às vezes, em ficarmos separados
e confiarmos nas mensagens do nosso coração, mesmo se as pessoas digam que somos
bobos ou insensatos.
É uma questão de lealdade connosco mesmos.
Atrevamos-nos a sermos grandiosos, atrevamos-nos
a fazer uma diferença!
Realmente não há outra alternativa, nós
sabemos.
A alternativa seria o nosso fluxo
natural de inspiração ficar emperrado e secar e começarmos a nos sentirmos
frustrados, vazios, zangados e insatisfeitos.
Se não escolhemos a nós mesmos, escolhemos
contra nós.
Então a energia da rosa – a nossa paixão
– se recolhe e isto cria problemas psicológicos, como solidão, estranhamento e
finalmente depressão.
Portanto, atrevamos-mos a dizer não,
atrevamos-mos a ocupar espaço, a ocupar um espaço com limites claros.
Não temamos ser “egotistas”, de acordo
com os padrões dos falsos deuses.
4. Paciência e ritmo – façamos-lo passo a
passo.
Se estivermos conectados com a energia
da nossa alma, com a nossa inspiração, ela vai clarear o caminho para nós, na nossa
vida quotidiana.
As oportunidades (na forma de pessoas ou
situações que encontrarmos) vão chegar a nós num passo e ritmo que nos sejam
convenientes.
Se quisermos ficar sintonizados com esse
fluxo de manifestação, mantenhamos-mos no presente e tomemos-lo passo a passo.
Tentemos não correr na frente de todas
as coisas que precisam acontecer para que os nossos sonhos e a nossa paixão se
realizem.
A vida cuida de nós, nós não precisamos
tomar conta da vida.
Simplesmente sintamos a nossa paixão e
coloquemos-la nas mãos do nosso Deus interior.
Deixemos que o nosso anjo interno
sustente e tome conta dos desejos e anseios da nossa criança interior.
Entreguemos
e confiemos!
É a nossa própria energia que nos acena
e nos convida: atrevamos-mos a viver, atrevamos-mos a ser quem nós somos!
Gratidão,
Luís Barros