13 de maio de 2020

RELACIONAMENTOS NA NOVA ERA

Falamos brevemente alguma coisa sobre o fenómeno da “canalização”, que se tornou tão popular ultimamente.
Todos conhecemos o conceito de “prana”, que é empregado na ioga e na filosofia oriental.
Prana é uma energia espiritual que levamos para dentro de nós a cada inspiração.
A ideia é que nós não respiramos simplesmente oxigénio quando inspiramos, mas também uma energia de força vital, uma energia cósmica que ultrapassa o físico e que nos capacita a viver.
Agora, o que queremos pontuar é o seguinte: assim como toda a gente inala prana junto com o oxigénio ao respirar, toda a gente canaliza continuamente a seu próprio modo.
A canalização não é reservada para poucas pessoas com dons especiais.
A canalização é a coisa mais natural do mundo.
Vejam, nós não podemos viver sem a energia cósmica.
Nós não podemos existir, viver e desenvolver sem inspirar a energia cósmica.
Assim como nós não podemos viver apenas com oxigénio, nós também não podemos funcionar – nem mesmo de uma forma básica – sem alguma conexão com a energia cósmica, que é o nosso lar.
Terra e Cosmos, Oxigénio e Prana, ambos são necessários para que nos possamos manifestar completamente como seres humanos na realidade terrena.
Nós não somos apenas os porteiros, aqueles que abrem a porta para que mais Luz entre na Terra.
Mas nós também somos os construtores de pontes, aqueles que fazem a intermediação entre os reinos cósmico e terreno, aqueles que canalizam a energia cósmica para a Terra.
Isto é uma coisa que nós realmente fazemos e que precisamos fazer para nos sentirmos felizes, úteis e saudáveis.
Nós estamos canalizando sempre que usamos a nossa intuição, sempre que nos aprofundamos em nós mesmos e percebemos como as coisas são para nós e como gostaríamos de modificá-las.
Nesses momentos, nós formamos um canal com o nosso Eu Superior, e conectamos-nos com a sabedoria dos reinos não terrenos, cósmicos, que poderão amparar-nos para que alcancemos os nossos objectivos aqui na Terra.
Todos nós canalizamos de alguma forma para nos realinharmos com o nosso Eu Superior que está fora do espaço e do tempo.
A Nova Era não é mais uma visão do futuro.
Ela já está se manifestando na vida diária de inúmeros indivíduos.
Se lermos os jornais e observarmos as notícias, poderá parecer que o momento ainda não está maduro.
Mas o despertar proporcionado pela Nova Era começa no nível individual, não no nível dos governos, instituições e organizações.
É no dia-a-dia de cada um que um novo fluxo de energia se apresenta.
É o fluxo do nosso coração que nos convida e nos pede que vivamos e ajamos de acordo com a nossa luminosidade e sabedoria.
É assim que se dá o nascimento da Nova Era, através de indivíduos comuns que prestam atenção aos sussurros do seu coração.
Espiritualmente, as fundações de qualquer mudança ou transformação são sempre construídas no nível individual.
A energia que é despertada em nossos corações gradualmente encontrará seu caminho para as instituições e organizações que ainda conservam o velho paradigma da consciência baseada no ego.
Velhas fortalezas de poder ruirão, não pela violência, mas pela suave energia do coração.
Se o coração tomar o comando, haverá um colapso do velho, não sob a pressão do poder e da violência, mas sob a pressão do amor.

RELACIONAMENTOS NA NOVA ERA

Nesta Nova Era, os relacionamentos passam por uma grande transformação.
Os relacionamentos quase sempre são a fonte das nossas emoções mais profundas, indo desde a maior alegria até a profunda agonia.
Nos relacionamentos, nós podemos nos consciencializar de uma dor interna que é essencialmente muito mais antiga do que o próprio relacionamento, mais antiga até que a nossa existência humana.
Nesta era, nós somos convidados, e muitas vezes desafiados, a chegar a uma auto-cura na área dos relacionamentos.
Graças à nova energia que agora se apresenta, é possível transformar os elementos destrutivos de um relacionamento em um fluxo de energia positivo, equilibrado, entre nós e a outra pessoa.
No entanto, cura e transformação pessoal também podem significar que teremos que abandonar relacionamentos nos quais não possamos nos expressar apropriadamente.
Com frequência isto significa que, mesmo que amemos muito uma pessoa, teremos que lhe dizer adeus, porque o caminho interior de cada um leva-o para um lugar diferente.
Quer isso leve à renovação ou à dissolução de um relacionamento, todos nós somos desafiados a encarar as questões mais profundas na área das ligações pessoais.
O chamado do coração, da energia baseada no coração que caracteriza a Nova Era, entrou no nosso dia-a-dia e não podemos mais evitar a nova energia.
Para explicar porque os relacionamentos podem machucar-nos tanto e virar-nos a vida de cabeça para baixo, falamos algumas coisas a respeito de uma dor antiga que carregamos dentro da nossa alma.
É uma dor muito antiga, muito mais antiga do que esta vida, mais antiga ainda do que as nossas vidas anteriores na Terra.
Vamos de volta à dor original do nosso nascimento como alma.
Houve um tempo em que tudo era inteiro e indiviso.
Podemos imaginar isto?
Permitamos que a nossa imaginação viaje livremente por uns instantes.
Simplesmente imaginemos: nós não estamos num corpo, nós somos pura consciência e fazemos parte de um vasto campo energético que nos envolve de um modo confortável.
Nós sentimos que somos parte desta unidade e somos tratados carinhosa e incondicionalmente.
Sintamos como este campo de energia nos envolve como um manto imensamente confortável, como uma energia abundantemente amorosa, que nos permite explorar e nos desenvolver livremente, sem jamais duvidarmos de nós nem do nosso direito intrínseco de sermos quem somos.
Nenhuma ansiedade, nenhum medo.
Esta sensação de conforto e segurança constituiu as condições pré-natais, das quais nós emergimos como almas individuais.
Era um útero cósmico.
Mesmo que isto esteja remotamente longe do nosso actual estado, nossos corações ainda anseiam por esta sensação de completude e inteireza, pelo sentimento de absoluta segurança que vivenciamos sob aquele manto de amor e benevolência.
A sensação de unidade da qual nos lembramos era Deus.
Juntos, naquele manto de amor, nós constituíamos Deus.
Num determinado momento, dentro dessa consciência divina ou “manto de amor”, decidiu-se criar uma nova situação.
É muito difícil colocar isto em palavras, mas talvez possamos imaginar que em Deus, essa consciência una, havia um desejo de “algo diferente”, algo além da unidade.
Havia, por assim dizer, um desejo de experiência.
Quando se está completamente assimilado pela totalidade do puro ser, não se experiência nada… simplesmente se é.
Devido ao êxtase e à total segurança desse estado de ser, havia uma parte de Deus, uma parte dessa consciência cósmica, que queria explorar e evoluir.
Esta parte “separou-se de si mesma”.
Nós somos uma parte de Deus.
Certa vez a nossa consciência concordou com esta experiência de sair da unidade e tornar-se um “eu”, uma entidade em si mesma, uma consciência individual definida.
Este foi um grande passo.
Do fundo do nosso ser, sentimos que isto era uma coisa boa.
Sentimos que o anseio por criatividade e renovação era uma aspiração positiva e valiosa.
No entanto, no momento em que realmente nos separáramos do campo da unidade, houve muita dor.
Pela primeira vez na nossa lembrança, pela primeira vez na nossa vida, nós sentimos uma dor profunda.
Nós fomos arrancados de um reino de amor e segurança que tinha sido completamente incontestável para nós.
Esta é a dor do nascimento, à qual nos referimos.
Mesmo nas primeiras experiências intensas de desolação, alguma coisa nas profundezas de nós mesmos, nos dizia que “tudo estava bem”, que esta era a nossa própria escolha.
Mas a dor era tão profunda, que nas camadas mais externas do nosso ser, nós ficamos confusos e desorientados.
E ficou difícil mantermos-mos em contacto com o nosso conhecimento interior mais profundo, com o nível interno no qual nós somos Deus e sabemos que “tudo está bem”.
Chamamos essa parte atormentada, que surgiu nesse momento, de criança interior.
A nossa alma, a nossa individualidade única, carrega dentro de nós os dois extremos – de um lado, o puro conhecimento divino e, de outro lado, uma criança cósmica traumatizada.
Esta união de Deus e Criança, de conhecimento e experiência, começou uma longa jornada.
Nós começamos como almas individuais.
Nós começamos a investigar e experimentar como é ser um “eu”, um indivíduo definido.
Deus tinha transformado uma parte dele mesmo em Alma.
A alma precisa de experiência para reencontrar as suas origens divinas.
A alma precisa estar viva, experimentar, descobrir e recriar… sentir quem ela verdadeiramente é, ou seja, Deus.
A manifestação como um ser uno e completo tinha se despedaçado e precisava ser reconquistada pela experiência.
Isto, por si mesmo, era uma grande proeza de criatividade.
O nascimento da consciência do Eu foi uma espécie de milagre!
Ela nunca tinha existido antes.
Com frequência nós procuramos transcender os limites da individualidade do Eu, para experimentar a integridade e a profunda unidade outra vez.
Pode-se dizer que este é o verdadeiro objectivo da nossa jornada espiritual.
Mas, pensemos um pouco: do ponto de vista de Deus, a individualidade do Eu, a separação, é que constitui o milagre!
O estado de ser UM era a situação normal, “como sempre tinha sido”.
No milagre de ser uma alma individual, oculta-se uma grande beleza, alegria e poder espiritual.
O motivo de nós não experimentarmos isto desta forma, é que nós ainda estamos lutando com a dor do nosso nascimento como almas.
Em algum lugar nas profundezas do nosso ser, ainda ressoa o grito primordial de angústia e sentimento de traição; é a lembrança de termos sido arrancados da nossa Mãe/Pai, do omnipresente manto de amor e segurança.
Na jornada através do tempo e da experiência, nós passamos por muitas coisas.
Nós experimentamos todos os tipos de formas.
Houve várias encarnações nas quais nós não tínhamos a forma de um corpo humano, mas isto não é relevante agora.
O que importa, neste contexto, é que, através de toda essa longa história, nós fomos guiados por dois motivos diferentes.
Por um lado, havia o prazer da exploração, criação e renovação, e, por outro, havia a saudade, a sensação de termos sido expulsos do paraíso, e uma solidão insuportável.
Através da nossa parte aventureira e progressiva, da energia que nos empurrou para fora do útero cósmico, nós vivenciamos e criamos muitas coisas.
Mas, devido à saudade e à dor do nascimento que carregamos dentro de nós, também tivemos que lidar com muito trauma e desilusão.
Assim, as nossas criações nem sempre foram benevolentes.
Durante a nossa jornada através do tempo e do espaço, nós fizemos coisas das quais nos arrependemos mais tarde.
Coisas que poderíamos chamar de “ruins” (entre aspas).
Da nossa perspectiva, estas acções foram simplesmente o resultado da nossa determinação de mergulhar na experiência e de nos aventurarmos no desconhecido.
Vejamos, a partir do momento em que decidimos tornarmos-mos um indivíduo, separarmos-nos da unidade incontestável, nós não podemos experimentar apenas a luz.
Nós temos que descobrir tudo de novo.
Então, nós vamos experimentar inclusive a escuridão.
Nós vamos experimentar tudo que existe, em todos os extremos.
No ponto de evolução em que nos encontramos actualmente, começamos a entender que tudo se mantém ou cai com o poder que adquirimos ao abraçarmos verdadeiramente o nosso Eu.
É uma questão de abraçar verdadeiramente a nossa própria divindade e, a partir dessa autoconsciência, vivenciar alegria e abundância.
No instante do nosso nascimento cósmico, no momento em que fomos envolvidos pela desolação e a dor, começamos a nos sentirmos pequeninos e insignificantes.
A partir desse momento, começamos a procurar alguma coisa que pudesse salvar-nos – um poder ou força fora de nós, um Deus, um líder, um parceiro, um filho, etc…
No processo de despertar que estamos vivenciando agora, nós compreendemos que a segurança essencial que estamos buscando não vai ser encontrada em nada que esteja fora de nós, seja num dos pais, num amante, ou em um Deus.
Por maior que seja a intensidade com que esse desejo ou saudades seja disparado em um determinado relacionamento, nós não encontraremos esta segurança básica nele, nem mesmo no nosso relacionamento com Deus.
Pois o Deus no qual acreditamos – o Deus que nos foi legado pela nossa tradição e que ainda influencia intensamente a nossa percepção – é um Deus que está fora de nós.
É um Deus que programa as coisas por nós, que traça o caminho para nós.
Mas este Deus não existe.
Nós somos Deus, nós somos a parte criativa de Deus que decidiu seguir o seu próprio caminho e experimentar as coisas de uma forma totalmente diferente.
Nós tínhamos certeza que conseguiríamos curarmos-nos da nossa ferida primordial do nascimento.
Pode-se dizer que essa energia expansiva de exploração e renovação é uma energia masculina, enquanto a energia da unificação, da união, a energia do Lar, é feminina.
Estas duas energias pertencem à essência de quem somos.
Como almas, nós não somos nem masculinos nem femininos.
Essencialmente, somos ambos – masculino e feminino.
Nós começamos a nossa jornada com esses dois ingredientes.
E agora chegou o momento de permitir que eles trabalhem juntos em harmonia, o que significa vivenciar verdadeiramente a totalidade no nosso ser.
Depois de termos negado a nossa própria grandeza por tanto tempo, finalmente vamos começar a tomar consciência de que não há outra alternativa senão a de sermos o Deus que nós estamos procurando.
Este é o último passo que temos que dar em direcção à iluminação: compreender que nós somos o Deus pelo qual imploramos.
Não existe nada fora de nós que possa levar-nos ao âmago do nosso próprio poder, à nossa totalidade.
Só nós mesmos podemos fazer isso; nós somos Deus e sempre fomos!
Nós sempre estivemos esperando por nós mesmos.
Acender esta chama de autoconsciência dentro de nós traz-nos tanta alegria, uma sensação tão profunda de volta ao lar, que põe todos os nossos relacionamentos dentro de uma nova perspectiva.
Por exemplo, preocupamos-nos menos com o que as outras pessoas nos dizem.
Se alguém nos critica ou duvida de nós, não consideramos isso como algo pessoal.
Sentimos-nos menos atingidos ou ansiosos para reagir.
Deixamos isso passar com mais facilidade, e desaparece a necessidade de nos defendermos – tanto para nós mesmos quanto para a outra pessoa.
Se somos facilmente abalados emocionalmente pelo que outra pessoa pensa de nós, isso indica que existe uma desconsideração por nós mesmos, que faz com que dêmos crédito às opiniões negativas dos outros.
Esta falta de apreço por nós mesmos não se resolve procurando um conflito com os outros, mas só nos voltando para o nosso próprio interior e entrando em contacto com as nossas feridas emocionais internas, pois elas são muito mais antigas do que esse momento específico de rejeição.
De facto, todas as dores de rejeição, todas as dores de relacionamentos, têm origem na dor primordial, na dor ainda não curada do nascimento.
Existem vários tipos de situações complexas nos relacionamentos, que parecem indicar que a causa está mais próxima.
Pode-nos parecer que a nossa dor é causada por algo que o nosso parceiro/a fez ou não fez.
Pode-nos parecer que alguma coisa externa a nós está causando a dor.
Mas saibamos que, basicamente, nós estamos trabalhando na cura de uma dor antiga que está dentro de nós mesmos.
Se não estivermos conscientes disto, podemos facilmente nos enredar em problemas de relacionamentos, que podem ser extremamente dolorosos.
Especialmente em relacionamentos entre homem e mulher (relacionamentos amorosos), frequentemente tentamos forjar uma espécie de unidade e segurança entre ambos, que lembra o estado primordial de unidade do qual nós temos uma vaga lembrança.
Sub-conscientemente, tentamos recriar a sensação de estarmos confortavelmente envolvidos em um manto de amor e aceitação incondicionais.
Existe uma criança dentro de cada um de nós, que está chorando por essa aceitação incondicional.
No entanto, se essa criança coloca os seus braços ao redor da (parte) criança do nosso parceiro/a, isto muito frequentemente resulta num controlo sufocador, que bloqueia a auto-expressão genuína de ambos os parceiros.
O que acontece é que nos tornamos emocionalmente dependentes e sempre vamos precisar do amor ou da aprovação de outra pessoa para o nosso bem-estar.
Dependência sempre acaba se transformando em questões de poder e controlo, pois precisar de uma pessoa é o mesmo que querer controlar o comportamento dela.
Este é o começo de um relacionamento destrutivo.
Desistir da nossa própria individualidade num relacionamento, guiados por um anseio subconsciente pela unidade absoluta, é destrutivo tanto para nós mesmos quanto para a outra pessoa.
O verdadeiro amor entre duas pessoas mostra dois campos de energia que podem funcionar em completa independência um do outro.
Cada um deles é uma unidade em si mesmo e se conecta com o outro na base da unidade.
Em relacionamentos nos quais os parceiros dependem um do outro, encontramos um esforço não coordenado por uma “totalidade orgânica”: um não querendo ou não sendo capaz de funcionar sem o outro.
Isto leva a um entrelaçamento de energias que pode ser observado no campo áurico de ambos como cordões, através dos quais os parceiros alimentam um ao outro.
Eles se alimentam com as energias adicionais de dependência e controlo.
Este tipo de entrelaçamento de energia indica que nós não nos responsabilizamos por nós mesmos, que nós não encaramos a antiga ferida da alma que só nós mesmos podemos curar.
Se simplesmente nos voltássemos para essa dor mais profunda e assumíssemos a responsabilidade por nós mesmos, veríamos que não precisamos de ninguém mais para sermos completos, e nos libertaríamos do aspecto destrutivo do relacionamento.

RELAÇÕES CÁRMICAS

Neste contexto, dizemos alguma coisa sobre “relacionamentos cármicos”.
Com isso, referimos-mos a relacionamentos entre pessoas que se conheceram em outras vidas e que experimentaram emoções intensas, um em relação ao outro.
A característica de um relacionamento cármico é que os parceiros carregam emoções não resolvidas dentro de si, tais como culpa, medo, dependência, ciúme, raiva ou algo do tipo.
Devido a essa “carga” de emoções não resolvidas, eles se sentem atraídos um ao outro em uma outra encarnação.
O objectivo do reencontro é proporcionar uma oportunidade para se resolver o problema em questão.
Isto acontece recriando-se o mesmo problema em um curto espaço de tempo.
Quando eles se conhecem, os “jogadores” cármicos sentem uma compulsão de estar mais perto um do outro, e depois de algum tempo, eles começam a repetir os padrões emocionais dos seus antigos papéis.
Então, o palco está armado para que ambos enfrentem um antigo problema de novo e talvez lidem com ele de uma forma mais iluminada.
O propósito espiritual do reencontro, para ambos os parceiros, é que eles façam escolhas diferentes das que fizeram naquela vida passada.
Um encontro cármico pode ser reconhecido pelo facto de que a outra pessoa imediatamente nos parece estranhamente familiar.
Com muita frequência há também uma atracção mútua, uma urgência “no ar”, que nos impulsiona a estarmos juntos e descobrir um ao outro.
Se a oportunidade estiver disponível, essa forte atracção poderá se transformar num relacionamento amoroso ou numa intensa paixão.
As emoções que experimentamos podem ser tão avassaladoras, que pensamos que encontramos a nossa alma gémea.
No entanto, as coisas não são o que parecem.
Sempre haverá problemas em uma relação como essa, que virão à tona mais cedo ou mais tarde.
Geralmente os parceiros acabam se envolvendo num conflito psicológico, cujos ingredientes principais são poder, controlo e dependência.
Desta forma, eles repetem uma tragédia que o seu subconsciente reconhece de uma vida anterior.
Numa vida passada, eles podem ter sido amantes, pai e filho, patrão e funcionário, ou algum outro tipo de relacionamento.
Mas sempre eles tocaram uma ferida interna profunda do outro, através de actos de infidelidade, abuso de poder ou, de um outro lado, uma afeição muito forte.
Houve um encontro emocional profundo entre eles, que provocou cicatrizes profundas e trauma emocional.
É por isso que as forças de atracção, assim como as de repulsão, podem ser tão violentas quando eles se encontram novamente em uma outra encarnação. 
O convite espiritual para todas as almas que estão enredadas desta forma é que cada um deixe o outro ir e se torne uma “entidade em si mesma”, livre e independente.
Relacionamentos cármicos, como os que acabamos de mencionar, quase nunca são duradouros, estáveis e amorosos.
São relacionamentos muito mais destrutivos do que curadores.
Com muita frequência, o propósito básico do encontro é que ambos consigam se desapegar do outro.
Isto é algo que não pôde ser feito em uma ou mais vidas passadas, mas agora existe uma nova oportunidade para que cada um liberte o outro com amor.
Se nos encontramos em um relacionamento caracterizado por emoções intensas e que evoca muita dor e tristeza, mas do qual não conseguimos nos libertar, percebamos que é muito mais frequente que as emoções intensas estejam relacionadas com dor profunda do que com amor mútuo.
A energia do amor é essencialmente calma e pacífica, alegre e inspiradora.
Não é pesada, cansativa nem trágica.
Se um relacionamento adquire estas características, é hora de abandoná-lo, ao invés de tentar “trabalhar nele” mais uma vez.
Algumas vezes, convencemos-nos de que precisamos ficar juntos porque “compartilham o mesmo carma” e precisamos “resolver algumas questões juntos”.
Utilizamos a “natureza do carma” como um argumento para prolongar o relacionamento, enquanto estamos sofrendo imensamente.
Na verdade, estamos distorcendo o conceito de carma, nesse caso.
Nós não resolvemos um carma juntos: o carma é uma coisa individual.
O carma que está em jogo em relacionamentos, como os mencionados anteriormente, geralmente requer que nos desapeguemos completamente um do outro, que nos afastemos de tais relacionamentos, para que possamos experimentar que somos completos em nós mesmos.
Repetimos: resolver um carma é algo que cada um faz sozinho.
Uma outra pessoa pode tocar ou disparar algo em nós que cria bastante drama entre ambos.
Mas a tarefa e o desafio exclusivos de cada um continua sendo lidar com a nossa própria ferida interna e não com as questões da outra pessoa.
Cada um tem responsabilidade apenas por si mesmo.
É importante entender isto, porque esta é uma das principais armadilhas nos relacionamentos.
Nós não somos responsáveis pelo nosso parceiro e ele não é responsável por nós.
A solução dos nossos problemas não está no comportamento da outra pessoa.
Muitas vezes, nós ficamos tão ligados à criança interior do nosso parceiro – à parte emocionalmente ferida de dentro dele – que sentimos que nós é que temos que resgatá-la.
Ou o nosso parceiro pode estar tentando fazer o mesmo connosco.
Mas isto não vai funcionar, porque estaremos reforçando a sensação de impotência e o sentimento de vítima da outra pessoa, quando, em última análise, seria mais proveitoso se fixássemos os limites e cada um se mantivesse por si mesmo.
Esta é a condição mais importante para um relacionamento verdadeiramente satisfatório.

RELACIONAMENTOS CURADORES

Existem relacionamentos curadores e destrutivos.
Uma característica dos relacionamentos curadores é que os parceiros respeitam um ao outro como ele é, sem que um tente mudar o outro.
Eles sentem muito prazer na companhia do outro, mas não se sentem inquietos, desesperados ou sós quando o outro não está por perto.
Neste tipo de relacionamento, cada um oferece compreensão, amparo e encorajamento ao seu ente querido, sem tentar resolver os problemas dele.
Existe liberdade e paz nesse relacionamento.
É lógico que pode haver desentendimentos, de vez em quando, mas as emoções que eles provocam têm vida curta.
Os dois parceiros estão preparados para perdoar.
Existe uma conexão entre seus corações e, como resultado disso, eles não tomam as emoções e os erros do outro como algo pessoal.
Como isso não atinge uma camada mais profunda de dor, eles não lhe dão tanta importância.
Emocionalmente, ambos os parceiros são independentes.
Eles não retiram sua força e bem-estar da aprovação ou da presença do seu parceiro.
Um não preenche um vazio na vida do outro, mas lhe acrescenta algo novo e vital.
Em um relacionamento curador, os parceiros podem inclusive se conhecer de uma ou mais vidas passadas.
Mas, nestes casos, raramente existe uma carga emocional cármica como a descrita acima.
Essas duas almas podem ter se conhecido numa vida passada de uma forma essencialmente encorajadora e sustentadora.
Como amigos, parceiros ou como pai e filho, eles reconheceram um ao outro como companheiros de alma.
Isso cria um laço indissolúvel entre ambos através de várias vidas.

ALMAS GÉMEAS

Neste ponto, falamos alguma coisa sobre o conceito de almas gémeas, que provavelmente é familiar para nós.
A ideia de almas gémeas exerce uma profunda atracção sobre nós.
No entanto, ele é potencialmente muito perigoso, porque pode ser interpretado de forma a reforçar a dor do nascimento e a dependência emocional em cada um de nós, em vez de solucioná-las.
Isto acontece quando concebemos o conceito de almas gémeas de forma que exista uma outra pessoa que se adapte perfeitamente a nós e que nos torne “completos”.
Esta ideia concebe a alma gémea como a nossa “outra metade”.
Então assumimos que a unidade e a segurança, que tanto desejamos, serão encontradas em outra pessoa que combina perfeitamente connosco.
De acordo com esta noção “imatura” de almas gémeas, as almas são consideradas como duas metades que, juntas, formam uma unidade.
Geralmente, as duas metades são respectivamente masculina e feminina.
Então, esta ideia sugere, não só que somos incompletos em nós mesmos, mas que também somos essencialmente “masculinos” ou “femininos”.
Provavelmente podemos perceber que esta noção de almas gémeas não é saudável nem curadora, do ponto de vista espiritual.
Ela torna-nos dependentes de algo fora de nós.
Ela nega a nossa origem divina, que pressupõe que nós somos TUDO, masculino e feminino, e que nós somos inteiros e completos em nós mesmos.
Ela cria todo tipo de ilusão que nos leva para muito longe do Lar.
E por “Lar”, queremos dizer o nosso próprio ser, a divindade do nosso Eu.
Nenhuma alma é a metade de qualquer outra pessoa.
Almas gémeas realmente existem, e elas são literalmente o que essa palavra sugere: elas são gémeas.
Elas são almas com a mesma “tonalidade de sentimento” ou vibração, ou – pode-se dizer – com o mesmo momento de nascimento, como é o caso dos gémeos biológicos.
O momento particular de nascimento, esse momento único no tempo e no espaço, contribui para uma carga única de tonalidade de sentimento dentro das almas que nascem.
Elas não dependem uma da outra de nenhum modo.
Elas não são nem masculinas nem femininas.
Mas elas certamente estão sintonizadas uma com a outra, como espíritos aparentados.
Qual é o motivo para a criação de almas gémeas? Por que elas existem?
Ah… geralmente pensamos que a razão de ser de alguma coisa é o processo de aprendizado e seus efeitos.
Mas este não é o caso das almas gémeas.
O motivo da existência de almas gémeas não é aprender alguma coisa.
O propósito é simplesmente alegria e criatividade.
As almas gémeas não têm nenhuma função na dualidade.
Encontraremos as nossas almas gémeas quando estivermos transcendendo a dualidade, quando nos identificarmos novamente com o Deus dentro de nós, que é inteiro e indivisível e que é capaz de tomar qualquer forma ou aparência.
As almas gémeas se reencontram na sua jornada de volta ao Lar.
Vamos voltar um pouco ao começo da jornada.
No momento em que abandonamos o estado de unidade e nos tornamos indivíduos, entramos na dualidade.
De repente passa a existir escuridão e luz, grande e pequeno, doente e saudável, etc… a realidade se dissocia.
Nós não temos mais ponto de referência para o que realmente somos.
No começo, nos identificávamos como “uma parte do todo”.
Agora, somos uma parte isolada do todo.
Mas, sem o nosso conhecimento consciente, somos acompanhados por alguém que é igual a nós, que se parece connosco tão exactamente como nada mais poderia parecer.
Nós ocupávamos o “mesmo lugar” no manto da unidade, tão próximos um do outro, que não sabíamos que éramos dois, até que nascemos.
O que nos conecta é algo além da dualidade, algo que antecede a história da dualidade.
Isto é difícil de se expressar apropriadamente em palavras, porque desafia a nossa definição corrente de identidade, segundo a qual nós ou somos um ou somos dois e não podemos ser ambos ao mesmo tempo.
Então, os dois empreendemos uma viagem, uma longa viagem, através de muitas experiências.
Ambos experienciamos os extremos da dualidade, para descobrir gradualmente que a nossa essência não se encontra na dualidade, mas fora dela, em algo que é subjacente a ela.
Logo que nos tornamos profundamente conscientes dessa unidade implícita, a nossa jornada de volta começa.
Pouco a pouco, nos tornamos menos ligados a coisas externas, como poder, fama, dinheiro ou prestígio.
Cada vez mais, compreendemos que a chave não é o que experienciamos, mas como o experienciamos.
Nós criamos a nossa própria felicidade ou infelicidade através do nosso estado de consciência.
Nós descobrimos o poder da nossa própria consciência.
Depois de passarmos por todos os altos e baixos da dualidade, há um momento em que encontramos a nossa alma gémea.
Na energia e aparência da nossa alma gémea, reconhecemos uma parte muito profunda de nós mesmos, nossa essência além da dualidade e, através desse mesmo reconhecimento, começamos a entender melhor a nós mesmos e tornamos-nos conscientes de quem realmente somos.
O nosso gémeo é um ponto de referência para nós, que nos leva para fora das crenças limitadoras com as quais fomos alimentados e que assumimos nesta vida e em outras vidas passadas.
Nós nos libertamos ao percebermos esse reflexo de nós mesmos no nosso gémeo.
Isto é como um lembrete e não tem nada a ver com dependência emocional.
O encontro entre nós dois ajuda cada um de nós a se tornar um indivíduo mais forte e auto-conscientes, expressando a sua criatividade e amor na Terra.
Esse encontro acelera a nossa jornada de volta, já que nos ajuda a nos elevarmos a um nível superior de unidade, enquanto conservamos e expressamos completamente o nosso eu, a nossa individualidade única.
Em última instância, todos nós somos um.
Somos sustentados por uma energia que é universal e está em todos nós.
Mas, ao mesmo tempo, existe individualidade em todos nós.
A alma gémea é a ligação entre a individualidade e a unidade.
É como um degrau para a unidade.
Se nos conectamos com as nossas almas gémeas, consciente e materialmente, provocamos a criação de uma coisa nova: - uma terceira energia é gerada a partir da combinação das nossas acções.
Essa energia sempre ajuda a ampliar a consciência da unidade, numa escala maior do que se fossem somente as duas.
Como as almas gémeas estão no seu caminho de volta ao Lar, elas sentem-se inspiradas a ancorar as energias de amor e unidade na Terra, e fazem isso de uma forma que está de acordo com seus talentos e habilidades únicas.
Deste modo, as almas gémeas adoram construir degraus entre “ser um” e “ser Um”.
Existe uma ligação profunda entre almas gémeas, mas isto não altera o fato de que elas são unidades completas em si mesmas.
A sua união gera amor e alegria e o seu encontro aumenta a criatividade e a auto-realização.
Elas apoiam uma à outra, sem cair na armadilha da dependência emocional ou do hábito.
O amor entre almas gémeas não é para que um complete o outro, mas para criar algo novo: em vez de os dois se tornarem um, os dois devem se tornar três.

CURA DA DOR DO NASCIMENTO CÓSMICO

Em algum momento, encontraremos a nossa alma gémea.
Por favor, permitamos que este conhecimento seja o suficiente para nós.
Tentemos não nos envolvermos com esperanças e expectativas que poderiam tirar-nos do aqui e agora.
O que importa, neste preciso momento, é que compreendamos completamente que o amor e a segurança, que tanto desejamos, está presente dentro de nós mesmos.
A chave é compreender que esta absoluta auto-aceitação nunca nos poderá ser dada por mais ninguém, nem mesmo por nossa alma gémea.
Não apenas nos relacionamentos amorosos, mas também nos relacionamentos entre pais e filhos, existe a tentação de encontrar a unidade absoluta ou a segurança um no outro.
Pensemos num pai que secretamente deseja que o seu filho realize todos os sonhos que ele mesmo não conseguiu concretizar; ou num filho que, já adulto, ainda se prende aos seus pais e os considera como seu porto absolutamente seguro.
É importante que nos consciencializemos das dinâmicas e motivos por trás dos nossos relacionamentos, e curá-los à luz da nossa consciência.
As nossas saudades cósmicas não serão curadas por um relacionamento nem em um relacionamento.
Isto será feito apenas por nós mesmos, através da completa conscientização de quem somos, através da percepção da nossa própria luz, beleza e divindade.
Este é o destino da nossa jornada.
Inclusive, nós não retornaremos ao estado de unidade do qual viemos.
O “manto de amor” do qual nascemos constituiu o nosso estágio embrionário.
Agora, estamos-nos tornando deuses amadurecidos.
Nós criaremos campos de absoluta segurança e amor a partir dos nossos próprios corações e permitiremos que outros participem disto, sem nenhuma condição.
Esta é a essência de Deus: amor incondicional que irradia, cria e cuida sem nenhuma programação, nem nenhum cálculo.
Agora fiquemos em silêncio por alguns instantes e sintamos verdadeiramente o nosso Eu, o nosso ser único em nós mesmos.
Se estivermos rodeados de pessoas, então sintamos mais intensamente o nosso “Eu”.
Incondicionalmente, nós somos essa parte de Deus.
Não é algo que possa ser tirado de nós, mas uma presença inegável que É.
E agora sintamos como o facto inegável da presença do nosso Eu pode ser uma fonte de alegria e força para nós.
Digamos sim para o milagre do nosso próprio ser e abracemos-lo.
“Sim, Eu sou Eu. Eu sou separado e único, meu próprio ser. Eu posso me conectar profundamente com outros, mas também me conservar sempre um ‘Eu’.”
Podemos pensar que há solidão e desolação, por trás deste facto, mas por favor vamos além destes pensamentos e sintamos o poder e vitalidade dentro de nós.
Se realmente dissermos “sim” para a nossa individualidade, experimentaremos confiança e fé em nós mesmos.
Com base nisto, criaremos relacionamentos amorosos, e a solidão e a desolação se dissolverão.
Quando sentimentos de solidão e desolação tomarem conta de nós, peguemos a nossa criança interior no colo. 
Observemos a dor dessa criança.
Ela anseia pela total segurança que ela conheceu um dia, como um embrião.
Ela quer ver essa segurança reflectida no rosto do nosso parceiro, no rosto do nosso filho, no rosto da nossa mãe ou do nosso pai, no rosto do nosso terapeuta… então, mostremos a essa criança o nosso rosto.
Para essa criança, nós temos o rosto de um anjo.
Nós temos o poder de curar essa criança da forma mais absoluta que podemos sonhar.
Nenhum “mestre” é capaz de fazer isto por nós.
Só nos poderá mostrar a direcção.
Nós mesmos somos o nosso próprio salvador.

Gratidão,
Luís Barros