De uns quatro meses para cá, está
havendo um enorme influxo de energia feminina nos domínios da Terra.
Esta onda de energia ajuda a criar um
novo nascimento, um renascimento, tanto de nós quanto da Terra.
Falamos um pouco mais sobre o desenrolar
dos acontecimentos actuais, que frequentemente criam resistência, desarmonia e
insegurança em nós.
Todos nós estamos envolvidos em uma
profunda transformação interior. Esta foi uma escolha consciente que fizemos.
Havia um desejo em nossos corações,
mesmo antes de nascermos, de limpar o passado e abrir espaço para o nascimento
de uma nova realidade energética na Terra.
Sabíamos de antemão que esta encarnação nos
ofereceria as maiores oportunidades de crescimento e cura.
Sentimos, antes de começar esta
encarnação, que a Terra estava chegando ao final de um longo ciclo de abuso de
poder e de destruição.
Nós fizemos parte deste ciclo, em muitas
vidas passadas na Terra, e agora tanto nós quanto a Terra atingimos um ponto de
saída, uma oportunidade para fechar o ciclo e seguir adiante.
Foi por isto que quisemos nascer nesta
era e neste momento, porque a oportunidade só poderia ser aproveitada
vivendo-se na Terra.
O ciclo só poderia chegar a um final, se
encarnássemos mais uma vez e integrássemos as energias de todo este ciclo nesta
encarnação.
Nós ainda nos perguntamos por que esta
vida é pesada às vezes?!
Antes mesmo de assumirmos esta missão de
um modo minimamente consciente, nós temos primeiro que nascer num corpo humano,
numa personalidade que é parcialmente moldada por influências externas, tais
como nossos pais, nossa comunidade e a sociedade em que vivemos.
Durante a infância, ao seremos
influenciados e praticamente hipnotizados pelas convicções e ansiedades
daqueles que nos criam, geralmente nos esquecemos quem somos.
Em geral somos rodeados de energias
antigas e severas, provenientes de uma tradição de medo e inconsciência.
A energia original de nossas almas se
apequena e geralmente se oculta por algum tempo.
Agora, a nossa intenção para esta
encarnação foi nos elevarmos acima destas restrições e nos libertarmos dela.
E isto não apenas para nós mesmos, mas
também para seremos uma ponte viva para um novo nível de consciência na Terra.
Cada um de nós está aqui para si mesmo,
mas enquanto cresce e evolui, está ajudando a elevar a consciência da
humanidade.
Nós estamos sustentando o movimento da
Terra, como o ser de luz que ela é, e estamos contribuindo para os
acontecimentos que afectam todo o nosso sistema solar e mais além.
Mas, para fazermos parte desta
transformação e contribuirmos com ela, nós tivemos primeiro que encarnar em uma
personalidade terrena, com todo o peso da tradição sobre nossos ombros, para
que lidássemos com isso.
Nós realmente somos bravos guerreiros!
E agora atingimos um ponto em que
desejamos verdadeira e profundamente nos libertarmos do antigo.
Nós não podemos mais suportar a energia
do passado.
Cada um de nós está no meio de um
trabalho de parto; está nascendo outra vez neste mesmo corpo em que vive há
décadas, mas agora como um novo Eu.
Na verdade, estamos em um processo de
reencarnar enquanto ainda estamos neste corpo, mas agora como o Eu mais
elevado, o Eu expansivo que queria conscientemente estar aqui para aproveitar a
oportunidade de terminar o ciclo.
O nosso desejo agora é permitir que o nosso
conhecimento interior mais profundo, o nosso Eu verdadeiro, nasça na Terra e se
manifeste com alegria e criatividade.
Este desejo radical, mas
“predeterminado”, trouxe-nos ao lugar onde estamos agora. E sabemos que é
difícil.
Nós estamos nos virando de cabeça para
baixo, sem deixarmos de virar nenhuma “pedra” da nossa vida, e para os outros,
pode parecer que estamos caminhando ao ritmo de um tambor intangível.
Dentro de cada um de nós está havendo
uma enorme batalha entre o antigo e o novo.
Nós estamos levando o antigo para o
túmulo, mas antes que consigamos fazer isto, precisaremos olhar o antigo nos
olhos e fazer as pazes com ele.
Do contrário, ele não descansará em paz.
Então, precisamos aceitar a escuridão
que existe em nós mesmos e no mundo, antes de podermos nos elevar sobre ela e
sermos livres.
Na realidade, não existe tal coisa como
a escuridão, mas como nos sentimos amarrados pelas emoções pesadas de tristeza,
medo e raiva, parece-nos que estamos lidando com os demónios das trevas.
No entanto, em geral estamos lidando com
a nossa própria resistência a encarar esses demónios, a fitá-los nos olhos e
aceitá-los como uma presença viável.
Eles são uma parte de nós, a parte que
foi ferida, frustrada e mal orientada.
Eles estão chamando-nos, para que os
reconheçamos e compreendamos!
Nós somos os guias deles, não seus
inimigos! Enquanto resistirmos a eles, eles continuarão batendo cada vez mais
forte na nossa porta.
Só quando os abraçarmos com a nossa
amorosa compaixão, é que eles poderão encontrar a paz e nós poderemos colocá-los
para descansar.
Enquanto estamos passando por este
intenso processo purificador de encarar nossos demónios internos e criar espaço
para o novo, nossos corpos são afectados pelos movimentos da nossa consciência.
Eles podem reagir de maneiras estranhas,
provocando-nos desconforto e dor, mas, em geral, tudo é passageiro.
Tudo é parte do processo purificador.
Emocionalmente, passamos por altos e
baixos e nos defrontamos com profundos medos e dúvidas, enquanto tudo que nos
era familiar parece escorregar das nossas mãos em algum ponto.
Nós temos que nos desapegar de tudo
isso.
Não há como equilibrar o velho e o novo.
Este é verdadeiramente um novo começo.
A única bússola pela qual podemos nos orientar
é a nossa própria alma.
Os trabalhadores da luz, principalmente,
que são os pioneiros, encontrarão pouco ou nenhum apoio e reconhecimento do
ambiente ao seu redor.
Cada um de nós tem que contar consigo
mesmo.
No fundo, nós sabemos para onde estamos
nos dirigindo, pois planeamos isto antes de nascer.
Nossos instintos e conhecimentos inatos
nesta área nos levarão ao lar.
Como seres humanos vivendo na Terra, nós
fomos hipnotizados pelo padrão de crença colectivo e pela energia traumatizada
que envolve a Terra.
O conceito humano colectivo a respeito
da vida cultiva a ideia de que a vida se relaciona com esforço e sofrimento:
“Você tem que lutar para sobreviver; você não pode confiar no seu colega; você
precisa estar atento o tempo todo.”
Todas estas crenças e estruturas
emocionais estão vindo à tona, principalmente agora que queremos nos libertar
delas.
À medida que desejamos confiar e nos
entregar, todos os nossos hábitos de desconfiança e controlo começam a levantar
as nossas cabeças em protesto.
À medida que desejamos nos abrir e
expressar a nossa inspiração mais íntima, o medo e a rejeição parecem bloquear-nos
e calar-nos.
Estão ocorrendo muitos conflitos
internos, causando caos nas nossas mentes e corações.
Os velhos padrões de pensamento não
morrem com tanta facilidade, pois estão incrustados no nosso modo de ser.
Este é um processo gradual e nós estamos
nos movendo para a frente.
A chave da qual devemos nos lembrar é
que não se pode superar o antigo através do esforço ou da luta.
Libertando o esforço nós passaremos por
muitas vidas na Terra, nas quais a luta foi nossa marca registada.
Muitas vezes tentamos acender a luz da
consciência na Terra e muitos de nós fomos inspirados pela energia Crística de
alguma forma, sendo profundamente tocados pela visão de um mundo melhor,
baseado na igualdade, paz e harmonia.
Ao mesmo tempo, estávamos profundamente
envolvidos na luta: geralmente sentíamos que éramos diferentes e tínhamos que
encontrar o nosso próprio modo de vida.
Tínhamos que nos esforçar para entendermos
a nós mesmos, e depois nos expressarmos num mundo que parecia seguir um ritmo
totalmente diferente.
Nós éramos “estranhos”, por assim dizer;
vivíamos à frente do nosso tempo e, em muitas encarnações, fomos perseguidos ou
rejeitados violentamente devido ao nosso modo diferente de ver as coisas.
Assim, para nós, a espiritualidade e a
luta parecem andar de mãos dadas.
O que é pedido a cada um de nós agora, é
que libertemos esse esforço.
Esta é uma época diferente. Esta é a nossa
época.
Nós não estamos aqui para lutar ou nos
defendermos, nem para convencer ninguém.
Estamos aqui para nos libertarmos e nos
entregarmos ao nascimento do Eu, do nosso Eu-Superior, que estava esperando que
isto acontecesse.
Muitos de nós sentimos muito esforço e
resistência em nossas vidas, como se as coisas não estivessem fluindo
facilmente.
Se este é o nosso caso, precisamos nos
aprofundar ainda mais em nós mesmos e relaxar dentro desse Ser Interior ilimitado,
que não é deste mundo.
A energia da nossa alma está à nossa
disposição e pode ajudar-nos a lembrar por que estamos aqui agora.
Lembremos-mos como sabíamos claramente,
antes de mergulharmos nesta encarnação, que esta seria uma encarnação profunda
e significativa, incluindo as frustrações e dificuldades.
Lembremos-mos que nós não viemos aqui
para lutar, mas para libertar a luta e o esforço e voltar para o Lar.
O Lar é aqui e agora, onde a nossa
consciência se encontra.
Onde quer que estejamos, existe a
possibilidade de nos libertarmos e libertar o esforço e a luta.
Nós podemos aceitar o espaço onde nos
encontramos neste momento e nos desapegarmos das expectativas. Este é quem somos
agora.
Coloquemos-mos atrás de nós mesmos e
confortemos-mos com o conhecimento de que estamos muito próximos daquilo que viemos
fazer aqui.
Para chegar lá, nós só precisamos
desistir da nossa resistência, da ideia de que precisamos chegar em algum lugar
através do esforço.
Nós estamos tão amarrados ao conceito do
crescimento através da dor, que realmente pensamos que estamos fazendo um bom
trabalho quando estamos sofrendo, dando duro ou nos esforçando, no nosso
processo de crescimento espiritual.
No entanto, principalmente quando nos
confrontamos com energias pesadas e densas do passado, a solução é encontrar o
ponto de quietude dentro de nós mesmos.
Não é “não fazer nada”, mas recolhermos-mos
num ponto de neutralidade, de consciência neutra, “apenas sendo”.
A partir desse ponto, olharemos para nós
mesmos e não tentaremos mudar nada. Simplesmente nos permitiremos ser.
Uma das coisas que fazem parte do nosso último
ciclo de encarnações e que ainda estão agarradas em nós é uma energia forte,
masculina, de “fazer”.
Muitas vezes nós fomos “guerreiros da
luz” que desejávamos mudar as coisas para melhor, com muito entusiasmo e
paixão.
E nisso também fomos um tanto
autoritários.
Agora é pedido a essa energia masculina,
voltada para a acção, que nos aquietemos e entremos em um novo equilíbrio com o
lado feminino.
O aspecto feminino, neste contexto, é o
portador da leveza, calma e alegria.
Ele nos diz para seguirmos o fluxo dos nossos
sentimentos, para não focarmos demais os resultados, mas sim aquilo que nos
parece certo no momento.
Ao permitirmos que a energia feminina
entre, nós vamos nos perguntar como os fluxos de doar e de receber se
relacionam entre si, em nossas vidas.
Podemos nós fazer o que nos parece
certo, sem nos preocuparmos com as expectativas das outras pessoas ou as nossas
próprias exigências internas a respeito de nós mesmos?
Podemos realmente cuidar de nós mesmos e
nos oferecer tudo aquilo que verdadeiramente desejamos em nossas vidas?
Estas não são perguntas típicas de um
trabalhador da luz.
Nós temos nos concentrado demais no
mundo exterior, desejando mudá-lo, melhorá-lo, etc. “Qual é a minha missão na
Terra?” e “Como posso contribuir para um mundo melhor?” – estas são as nossas
perguntas favoritas.
E geralmente abordamos estas questões
com uma atitude guerreira, que já se tornou parte da nossa natureza.
Para a maioria de nós, a ideia de que
também estamos aqui para cuidar de nós mesmos, aproveitar e seguir o fluxo da
vida, é difícil de engolir!
Se nos reconhecemos nisto, quer dizer
que realmente existe um desequilíbrio entre dar e receber na nossa vida. Nós
estamos doando demais.
Se estivermos doando muito, trabalhando
pelo bem dos outros e sentindo-nos muito responsáveis pelas necessidades deles,
então estamos frequentemente nos esforçando e “fazendo” demais.
Nós temos dificuldade para receber e estamos
perdendo de vista a nossa própria condição de ser humano.
Provavelmente vamos acabar frustrados e
vazios.
Para equilibrar as energias masculina e
feminina, precisamos alcançar aquele fluxo de vida em que nos sentimos
inspirados e felizes com o que fazemos, sem nos sentirmos pressionados a
fazê-lo.
A pressão indica que não somos livres,
que estamos presos aos resultados.
Sempre que sentirmos pressão, retiremos-nos
e vamos para a quietude interna.
Especialmente nestes meses – na verdade
durante toda a segunda metade de 2020 - muitas coisas estão mudando no nível
interno dos trabalhadores da luz e nós podemos achar difícil encontrar o modo
correcto de nos expressarmos ou de nos manifestarmos neste momento.
Em tempos como este, é mais fácil, leve
e sábio permanecer calmo e não fazer demais.
Simplesmente sintamos o que está se
passando no nosso interior.
Este novo nascimento que estamos
vivenciando pede muito de nós em todos os níveis – emocionalmente, mentalmente
e fisicamente – então talvez este não seja o momento de nos expressarmos
abundantemente no mundo exterior.
Aqui, a chave é entregarmos-mos, e isto
é o que a energia feminina realmente é.
Nós estamos no caminho certo e sabemos que
as mudanças pelas quais estamos passando não podem acontecer mais rápido do que
já estão acontecendo.
Isto quer dizer que está havendo grandes
transformações no nível interno.
Confiemos nisto e, pelo menos uma vez,
paremos de nos analisar constantemente! Vamos com o fluxo e confiemos.
Pensemos no nascimento físico de uma
criança. Forças primárias da natureza guiam este processo.
Nós não podemos controlar estas forças,
não podemos decidir quando vamos ter uma contracção, mas podemos resistir ou
fluir com elas.
Fluir com elas significa permitir que a
dor da contracção passe por nós, confiando que daqui a pouco ela vai amainar e
vamos poder tomar fôlego.
O que podemos fazer é nos alinharmos com
o fluxo interno dos nossos sentimentos e assim tornar todo o processo mais
fácil e suave.
Então, em vez de nos julgarmos de um
ponto de vista externo, medindo-nos com base em todo tipo de expectativas e
exigências, sintamos o que realmente está acontecendo no nosso interior.
Sintamos a verdade disto e vejamos como
a nossa realidade externa reflecte isto de um modo adequado.
Dediquemos-mos a um dia de cada vez e
ousemos ser verdadeiramente doces e gentis connosco mesmos.
Toda vez que nos tornamos duros connosco
mesmos, sendo impacientes e críticos a respeito de nós próprios, nós escorregamos
de volta para a antiga energia e para o esforço.
Nós podemos libertá-lo agora; o momento
é propício para gentileza e bondade para connosco mesmo.
Sejamos a face da compaixão por nós
próprios, e a nossa radiância abençoará os outros também.
Sejamos o anjo que somos e tudo o mais
se encaixará no seu devido lugar.
Gratidão,
Luís Barros