A cada dia nós tentamos incorporar mais da nossa luz e do nosso ser interior na Terra.
Com frequência sentimos um peso em nossas vidas e às vezes nos parece que estamos aprisionados em nossos corpos ou em emoções e estados de humor que nos sufocam.
Confiemos em nós próprios e nos respeitemos por tudo o que passamos e realizamos em nossas vidas.
Nós somos amados do jeito que somos e temos de ter mais respeito por nós mesmos e por tudo o que já fizemos em nossas vidas até agora.
Quando nos mantemos confiantes, acalentando os nossos sonhos e metas, mesmo quando a luz ao redor de nós se apaga temporariamente e temos que enfrentar alguns contratempos, nós mostramos a nossa grandeza e enorme força.
Nós estamos plantando sementes de luz na Terra e estas vão dar frutos.
Graças ao nosso trabalho interior, nós criamos uma ponte para uma geração de almas que acaba de encarnar e que deseja irradiar sua luz na Terra.
É sobre estas almas que iremos falar.
Antes de falarmos directamente sobre elas, voltemos no tempo e sintamos quem éramos quando entramos no reino da Terra como um recém-nascido.
Sintamos a inocência e a beleza da nossa energia.
Percebamos a sinceridade das nossas intenções e a delicadeza da nossa energia.
Ah, nós estamos conectados com a Terra há tanto tempo!
Quantas vezes mergulhamos fundo aqui como um bebé!
Agora sintamos qual era a nossa intenção desta vez.
Provavelmente trazíamos alguma bagagem pessoal que desejávamos resolver nesta vida.
Talvez houvesse ferimentos profundos na nossa alma que desejávamos curar e vencer.
Mas, fora isto, também éramos guiados por um ideal mais amplo e universal, que era o de intensificar a consciência e o crescimento espiritual na Terra.
Nós sabíamos que íamos nascer numa era de transição, uma era de crise e também de oportunidades.
Sabíamos que havia “muito trabalho a ser feito”, um trabalho no nível interno que abriria novos caminhos nas formas de pensar e sentir.
Sentimos a conexão com esta grande transformação global na Terra e estávamos preparados para mergulhar fundo mais uma vez, para ajudar a tornar realidade a velha visão de uma Terra pacífica, de uma nova consciência de unidade entre os seres humanos e do restabelecimento da harmonia entre todos os seres deste planeta.
Várias e várias vezes nós abrimos caminho através dos velhos limites de pensamentos e sentimentos.
Todas as vezes que nos sentimos sufocados por estruturas e regras tradicionais, sabendo intimamente que a nossa alma não poderia florescer em um ambiente ou relacionamento dominado pelo medo, sentimos necessidade de nos libertarmos.
Muitas vezes foi doloroso dizer adeus e viajar por novas estradas.
Sim, foi difícil e muito pesado, mas nós tínhamos que nos mantermos fiéis à nossa sensação de que alguma coisa não estava certa, que não fazia sentido para nós, ou que algo estava faltando.
Esta sensação persistente nos recordava as intenções e objectivos originais da nossa alma.
Nós não éramos capazes de nos ajustarmos às exigências e padrões da sociedade, porque eles não correspondiam àquilo que nós, como alma, queríamos vivenciar na Terra.
Nós estávamos destinados a sermos “diferentes”, não porque Deus ou alguma outra autoridade externa tivesse planeado isto para nós, mas porque nós somos quem somos.
Em algum momento da história da nossa alma, fomos inspirados por uma nova consciência, que podemos chamar de consciência Crística, percepção do coração, ou amor.
Não é tão importante como a chamamos.
O que importa é que fomos tocados por ela, fomos atingidos por uma centelha de inspiração que, desde então, nos impulsionou a continuar buscando, sonhando e expandindo a nossa consciência.
Agora a centelha que está iluminando uma nova consciência na Terra está atingindo muitas pessoas.
Por esta razão, as “crianças da nova era” sentiram-se chamadas a vir para cá.
Por esta razão, elas vêm encarnando na Terra há várias décadas, em número cada vez maior.
Elas estão aqui para completar o que nós começamos.
Nós que pertencemos à geração anterior de trabalhadores da luz, em geral nascidos antes de 1980, estamos entre os precursores e desbravadores de caminho.
Nós fomos inspirados pelo mesmo ideal que inspira as “novas crianças” de hoje; recebemos o mesmo chamado da alma.
Mas os terrenos que foram abertos por nós, especialmente nos anos 60 e 70 do século XX, eram muito mais marcados por crenças convencionais e medos profundamente arraigados a respeito da liberdade da auto-expressão, das emoções, criatividade e sexualidade.
Se voltarmos quarenta ou cinquenta anos no tempo, veremos que o campo de energia colectiva da Terra era muito diferente do de hoje.
Era menos transparente, mais denso e nublado e, portanto, menos acessível às energias claras e amorosas que agora estão encontrando seu caminho para a Terra.
Uma das coisas que intensificou este aumento de amor e clareza foi a ascensão da igualdade de direitos para as mulheres (que começou no início do século XX) ou, em outras palavras, a conscientização crescente da igualdade e das qualidades únicas da energia feminina.
A reabilitação tão necessária da energia feminina sustentou uma crescente consciência e validação da dimensão do sentimento na vida.
Durante os anos sessenta e setenta do último século, muitas coisas se abriram na área da emoção, intuição e criatividade.
Muito trabalho foi feito pela geração mais velha de trabalhadores da luz e isto lhes custou muito, pois eles atravessaram os vales internos de auto-dúvida e solidão, antes de conseguirem abrir um novo horizonte para as gerações que viriam.
Nós que fazemos parte dessa geração mais velha, saibamos que estabelecemos um farol de luz para aqueles que vêm atrás de nós.
Agora estamos passando a tocha para a nova geração.
E, ao passá-la adiante, nós podemos-lhes fornecer apoio e incentivo, enquanto eles podem inspirar-nos com sua paixão e com a pureza de seus corações.
Eles são mais “diferentes” ainda do que nós fomos.
Enquanto nós conseguíamos nos adaptar temporária ou parcialmente a um ambiente que realmente não ressoava connosco, eles não têm capacidade para fazer isto, nem mesmo no nível de comportamento externo.
Em outras palavras, eles não conseguem nem sequer fingir isto um pouquinho.
Suas emoções e seus corpos físicos protestam, em um nível profundo, quando são confrontados com as energias limitadoras de muitos sistemas tradicionais de educação ou métodos de criação de filhos.
A adaptação não é uma opção para essas crianças.
Principalmente as mais sensíveis entre elas entrarão em colapso físico e emocional em um ambiente da velha energia, e seu comportamento tornar-se-á tão problemático, que o ambiente ao seu redor terá que reagir e mudar.
Não é mais possível reprimir ou ignorar os problemas.
As crianças que estão chegando agora forçarão a sociedade a reflectir profundamente sobre suas próprias suposições a respeito das crianças e da vida em geral.
As crianças que estão nascendo agora (e que vêm encarnado na Terra há algumas décadas) trazem uma parte bem maior da consciência total de suas almas do que a que nós trouxemos.
Quando entramos no campo da Terra, atravessamos um “véu de ignorância” que nos mantém separados da dimensão de onde viemos.
Este véu é como um par de óculos que, uma vez colocado, faz com que acreditemos que somos um Eu separado, trancado dentro de um corpo.
Na verdade, o véu da ignorância nos capacita a vivenciar a dualidade na Terra, portanto tem seu valor, mas o momento actual está propício para que o véu se torne mais transparente e permita uma comunicação maior entre os dois lados.
Existem cada vez mais pessoas que buscam o outro lado do véu e que percebem que são unas com algo maior do que simplesmente “este corpo” e “esta personalidade”.
Quanto mais pessoas fazem isto, mais se forma um canal por onde a energia cósmica amorosa se derrama na dimensão da Terra.
É nesta onda de energia cósmica que as novas crianças viajam.
Tentemos sentir a energia dessas crianças por uns instantes.
Sintamos a onda de energia cósmica na qual elas viajam.
Não pensemos nisto, apenas abrimos o nosso coração e permitamos que as sensações o atravessem.
Essas crianças vibram em um nível mais elevado.
A energia delas pode parecer brincalhona, alegre, leve como a de uma borboleta e, ao mesmo tempo, de uma sabedoria e profundidade incomuns.
Elas escolhem, muito conscientemente, personificar uma grande parte de suas almas, de seus seres divinos, na Terra.
Fazem isto porque desejam contribuir para a transformação da consciência na Terra e têm total consciência de que isto pode-lhes trazer muitos problemas.
No nível do Eu Superior, da parte mais consciente delas, elas fizeram esta escolha conscientemente.
Mas no nível do ser emocional (ou “criança interior”), podem ficar traumatizadas ao se confrontarem com a realidade da Terra.
Elas correm o perigo muito real de se perderem e se perturbarem no campo da Terra, já que não podem desligar sua sensibilidade e vibração elevada quando estão em um ambiente menos desenvolvido.
Assim, ou elas terão que encontrar um espaço na Terra para expressar sua energia com segurança e liberdade, ou terão que lidar com intensas frustrações e dúvidas internas.
Então, vejamos como essas almas são corajosas e amorosas, ao correrem os riscos que correm!
Essa mesma coragem e poder de amor foram demonstrados por nós, quando encarnamos na Terra.
Agora falamos sobre algumas características desta nova geração de crianças.
É lógico que nem todas as crianças são iguais, e algumas apresentam estas características mais do que outras.
Há uma condição na qual todas as crianças de hoje são “diferentes”.
Elas entram através de um véu diferente (mais fino) e com a intenção de expressar muito mais da sua alma na matéria do que jamais foi expresso.
Mas cada alma tem seu próprio desenvolvimento e, dentro desta nova geração de crianças, existem as extremamente sensíveis, que são mais diferentes do que o resto e que geralmente são chamadas de “crianças da nova era” ou simplesmente “novas crianças”.
Agora vamos enumerar algumas das características mais importantes deste grupo específico de crianças, mas tenhamos em mente que estas características também se aplicam, em menor grau, a todas as crianças de hoje.
Na verdade, através do desenvolvimento da consciência em uma escala colectiva, está surgindo um “novo ser humano” na Terra.
A espécie humana está evoluindo para um ser humano mais inteligente, social e espiritualmente, capaz de viver em harmonia com a natureza e conectado com seus companheiros humanos através de um senso de unidade e respeito.
Estas crianças prenunciam este desenvolvimento em direcção a um “novo ser humano”.
Características das novas crianças
- As novas crianças são cada vez mais clarisencientes, empáticas e telepáticas.
Elas absorvem facilmente os estados de humor e emoções de outras pessoas.
A fronteira entre o mundo percebido pelos cinco sentidos e o mundo invisível dos sentimentos e energias é muito fluida para elas.
Geralmente elas percebem o lado interno das coisas com tanta facilidade com que percebem o lado externo (físico).
Elas não são enganadas por comportamentos externos que não reflectem verdadeiramente o que está se passando internamente.
Sua percepção interna é perspicaz.
- As novas crianças são pacificadoras.
Elas sentem um impulso para unir grupos opostos e apaziguar conflitos.
Junto com suas capacidades intuitivas, isto geralmente significa que elas amadurecem cedo e são muito sábias para sua idade.
Com frequência elas compreendem seus pais em um nível mais profundo do que eles entendem a si próprios ou um ao outro.
Elas tentam ajudá-los ou construir uma ponte de compreensão entre eles.
Elas facilmente tornam-se “pais dos seus pais” e isto pode-lhes roubar sua parte infantil, espontânea e desinibida.
Quando se identificam intensamente com o papel de ajudante, elas podem carregar um fardo muito grande de responsabilidade.
- As novas crianças são idealistas.
São espiritualizadas, filosóficas e imaginativas.
São inspiradas por ideais de igualdade, fraternidade e respeito pela natureza.
Geralmente é possível notar, na aura delas, que os dois chacras superiores estão bem abertos.
Através destes dois centros energéticos superiores, elas recebem frequentemente muita inspiração, insight e entusiasmo.
Mas, por outro lado, elas podem facilmente tornar-se irrequietas, excessivamente sonhadoras e irrealistas, devido à grande abertura destes chacras superiores.
A energia dessas crianças ainda não está totalmente assentada na Terra; ela ainda precisa conectar-se completamente com o corpo e com o plano da realidade terrena.
- As novas crianças são mais sensíveis do que pensadoras.
Elas têm dificuldade para se ajustar a estruturas pré-estabelecidas que deixam pouco espaço para a intuição, a imprevisibilidade e a individualidade.
Elas realmente estão aqui para nos ensinar a nos libertarmos de uma tradição que enfatizava excessivamente o pensamento e a análise.
Todas as crianças são, até certo ponto, mais sensíveis do que pensadoras.
Mas, o que distingue as crianças mais sensitivas das outras é que, tanto física quanto emocionalmente, lhes é impossível adaptar-se a um ambiente rígido e exageradamente estruturado.
E acabam ficando doentes ou apresentando graves distúrbios comportamentais.
Elas já se encontram tão ancoradas em uma consciência baseada no coração, que não podem mais voltar atrás.
- Devido à sua percepção altamente intuitiva e à sua incapacidade de se adaptar, estas crianças podem ser vistas como obstinadas, rebeldes e “diferentes”.
Na verdade, elas não têm a intenção de ser rebelde.
Simplesmente querem ser elas mesmas.
Mas, quando sentem que não há espaço para isto, podem se tornar solitárias e até mesmo marginais, vivendo à margem da sociedade.
Por serem menos dirigidas pelo medo e a necessidade de auto-preservação, são menos receptivas à disciplina e à autoridade.
No entanto, podem sofrer intensamente e ficar confusas com a falta de compreensão que encontram.
Podem se sentir alienadas e solitárias por causa disso e se perguntarem qual é a razão de suas presenças na Terra.
Mas, quando uma criança dessas encontra seu caminho na vida e começa a expressar sua energia criativa e espiritual na forma material, ela desabrocha, e muitas pessoas são tocadas pela profundidade de suas ideias e pela sua maneira gentil e não-competitiva de lidar com as pessoas.
Problemas enfrentados pelas novas crianças
Resumindo, estas características já mostram os problemas nos quais as novas crianças podem esbarrar.
O maior problema é que sua energia específica não é reconhecida nem compreendida pelas pessoas que as cercam.
Quando não lhes são oferecidos os meios e oportunidades para expressar seus sentimentos e existe uma falta de comunicação verdadeira, podem surgir muitos “distúrbios comportamentais”.
As crianças podem se tornar rebeldes, geniosas e difíceis de lidar.
Elas se sentem incompreendidas e maltratadas, e realmente querem dizer “não” para isto, mas não sabem como, pois, ainda não possuem a habilidade de se expressar e comunicar correctamente.
O que acaba acontecendo é que elas mesmas não conseguem mais entender o que se passa no interior de si mesmas.
Quando a vida interior dessas crianças não é reflectida de volta para elas através de pais ou professores compreensíveis, que dão nomes aos seus sentimentos e ouvem-nas com o coração aberto, elas podem se fechar em si mesmas e agir de um modo que parece irracional e impossível de se lidar.
Neste ponto, é necessária muita atenção e uma percepção profundamente sintonizada, para entender o que está mexendo com essas crianças, já que elas mesmas perderam contacto com seus sentimentos.
Inclusive pode acontecer que essas crianças, por se sentirem mal recebidas e mal compreendidas, se afastem e se desconectem do seu ambiente.
Elas não descarregam suas emoções através de comportamentos agressivos e fora da lei, mas se trancam no seu próprio mundinho, ficando difícil chegar a elas.
Geralmente essas crianças são extremamente sensíveis, reagindo intensamente às energias discordantes ao seu redor.
Como é difícil de se imaginar como é ser tão sensível, seus limites são facilmente ultrapassados, e então, para sobreviver emocionalmente, elas fecham seu centro do sentimento.
Este mecanismo de sobrevivência geralmente é chamado de “autismo”.
As crianças que tentam resolver seus problemas de uma forma extrovertida (rebeldia, agitação, falta de concentração), bem como aquelas que procuram uma solução introvertida (afastando-se ou fechando-se emocionalmente) compartilham uma série de características em comum.
- Sentem que não são bem recebidas, que não são reconhecidas nem verdadeiramente apreciadas pelo que são.
- Não estão firmemente enraizadas ou assentadas em seus corpos físicos.
Isto pode ser literalmente percebido em suas auras que frequentemente não se conectam completamente com a Terra na parte inferior.
Na prática isto quer dizer que elas carecem de uma base emocional ou âncora de segurança que lhes possibilite explorar o mundo de uma forma relaxada e aberta.
Existe uma sensação básica de “não estar à vontade”, que faz com que lhes seja difícil “simplesmente ser” de um modo despreocupado.
- Como resultado, elas podem apresentar sintomas físicos e distúrbios e/ou reagir intensamente a certos alimentos ou substâncias.
- Quando crescem e se tornam adolescentes, podem ter dificuldade para encontrar seu lugar na sociedade (encontrar a forma correcta de educação ou um trabalho que lhes sirva).
Falamos um pouco mais sobre como se pode oferecer apoio a estas crianças e adolescentes, para que se sintam acolhidas e encontrem formas apropriadas de auto-expressão.
Mas, em primeiro lugar, enfatizamos que é muito importante não pensar em termos de culpa, quando falamos sobre as causas dos problemas que as novas crianças vivenciam.
Os pais dessas crianças geralmente fazem o máximo para apoiá-las e cuidar delas com carinho.
Vários pais estão muito conscientes das qualidades especiais dos seus filhos e estão ficando cada vez mais sintonizados intuitivamente com eles.
São estes pais que, junto com seus filhos, vão abrir caminho na sociedade e prepará-la para novas formas de se lidar com as crianças.
O confronto um tanto doloroso, que as novas crianças experimentam com a realidade da Terra, foi escolhido conscientemente.
Elas vêm para trazer algo de novo, e sabem disto no fundo de seus corações.
Isto coloca suas dificuldades dentro de uma perspectiva diferente.
No nível da alma, elas assumem a responsabilidade por tudo o que encontram em sua vida; elas aceitam os contratempos e obstáculos.
A sociedade não está “contra elas”.
A sociedade está dormindo, em muitos aspectos.
É o sono dos velhos hábitos, e a chegada das novas crianças é um chamado para despertar.
Sim, elas são um pouco como nós; podemos sentir isto?
A geração anterior de trabalhadores da luz passou pelos mesmos dilemas pelos quais estas crianças estão passando; com a diferença que, na época actual, as coisas estão tomando impulso e chegando a um ponto decisivo.
As novas crianças são tanto a causa quanto o efeito desta aceleração.
Orientando as novas crianças
Ao orientar as novas crianças, como pai, professor ou terapeuta, o ponto de partida é sempre nos conectarmos internamente com a realidade individual de cada criança em particular.
A base da verdadeira ajuda é a disposição para nos abrirmos para o modo da criança experimentar a vida e se sintonizar com aquilo que ela nos comunica verbal ou não verbalmente.
A qualidade mais importante que se possui, quando se deseja lidar com essas crianças, é a capacidade de ouvir e estar aberto para algo novo.
É menos relevante ter conhecimentos ou habilidades específicas.
Isto pode até atrapalhar.
As teorias sobre crianças da nova era frequentemente partem de classificações gerais do comportamento externo.
Síndromes e diagnósticos baseiam-se em sintomas observáveis externamente.
Mas o que falta aí, e o que é vital para se conseguir tocar essas crianças com sucesso, é uma conexão interna com aquilo que a criança está experimentando: os sentimentos e emoções que provocam o comportamento exterior.
Para se olhar para alguém de uma forma aberta e sem preconceitos, é preciso abandonar conceitos e expectativas pré-concebidos.
Nós só conseguimos nos conectar genuinamente com alguém (seja quem for), se em primeiro lugar nos desapegarmos de tudo o que pensamos que sabemos a respeito dessa pessoa.
Só então haverá espaço para estarmos presentes no agora, de um modo verdadeiramente sensível e intuitivo.
Esta também é uma forma maravilhosa de darmos as boas-vindas a alguém, pois assim estamos nos permitindo ser tocados pela energia da alma dessa pessoa.
A partir de uma atitude tão fundamentalmente aberta – que é sentir a natureza do outro em vez de pensar – conseguimos entrar em uma comunicação com a outra pessoa, que se torna benéfica e enriquecedora para ambos.
A interacção com uma criança nunca é unilateral.
No relacionamento, nós dois somos professores em alguns pontos e alunos em outros.
Isto é o que caracteriza todos os relacionamentos espirituais significativos.
Quando o relacionamento entre orientador e criança é definido de maneira tão clara e transparente, existem muitas possibilidades de amparar a criança em seu desenvolvimento.
Indicamos uma espécie de direcção geral.
- Avaliação positiva das suas qualidades únicas (que tornam a criança “diferente”).
Ajudemos-la a se lembrar de quem ela é.
Ajudemos-la a perceber que sua alta sensibilidade e idealismo fazem parte das qualidades mais bonitas que ela possui.
Permitamos que ela mesma se expresse a respeito dos aspectos em que se sente “diferente” e encorajemos-la a descobrir como essas qualidades enriquecem e contribuem positivamente com o mundo.
Encontremos formas criativas em que ela possa expressar sua alta sensibilidade, de modo que isto lhe traga alegria.
Juntemos-la com outras dessas crianças e deixemos que elas compartilhem suas energias.
- Desenvolvimento intuitivo.
Treinar suas capacidades intuitivas de forma divertida, ajudando-a a se conectar com seu corpo e suas emoções, reforça a autoconsciência.
Conectar-se com a Terra, conhecer seus próprios limites e usar sua própria intuição para descobrir o que é bom para si mesmo, são habilidades que estas crianças sensíveis conseguem aprender facilmente, enquanto são jovens e descontraídas, ainda livres de auto-controlo.
Quando já são um pouco mais velhas, podem se sentir mais inibidas em relação à sua tendência natural a sentir, imaginar e fantasiar.
Se for este o caso, é importante, em primeiro lugar, ajudarmos a criança ou adolescente a se consciencializar das emoções ou crenças limitadoras que bloqueiam o fluxo da sua intuição.
Quando há problemas a este respeito, na maioria das vezes o fluxo de energia nos três chacras inferiores está bloqueado.
Existem medos, frustrações e decepções nessas crianças que provocam sensação de insegurança, depressão e até vontade de morrer.
- Respeitemos a maturidade dessa criança enquanto alma.
Saibamos que a grande sensibilidade e o fato de “ser diferente” foi uma escolha consciente dela e confiemos em sua capacidade inerente de resolver seus problemas. Não a tratemos como vítima.
Apelemos para seus dons e talentos e, sempre que possível, permitamos que ela encontre suas próprias respostas e soluções.
Encorajemos-la a entrar em contacto com sua paixão e inspiração, e ajudemos-la a descobrir como expressar e manifestar a sua energia inspiradora na Terra de um modo prático.
- Abrimos espaço para a auto-expressão.
A energia das novas crianças e adolescentes pode ser tão etérea e idealista que pode parecer intangível.
É importante que elas se expressem na forma material.
Pode ser de um modo criativo, como pintando ou compondo música, ou pode ser através de desportos ou jogos.
O importante é que elas saibam como “aterrar” sua energia e torná-la visível para os outros.
Desta forma, elas canalizam sua energia para a Terra.
Em todas esta coisas, o ponto de partida deveria ser que elas gostem de se expressar na forma material.
Quando são incentivadas a explorar e experimentar livremente, elas encontram, por si mesmas, as formas mais convenientes para elas.
- Medicina alternativa
Formas de tratamento suaves, holísticas, como leitura de aura, tratamentos e remédios alternativos, podem ser muito úteis para se lidar com os sintomas físicos destas crianças, que se relacionem com seu excesso de energia e sua condição psicológica.
Por serem muito sensíveis à energia, estas crianças reagem facilmente a formas de tratamento focadas principalmente no nível energético (na psique) e apenas de modo secundário no corpo.
No entanto, também é importante que não se escolha um tratamento ou remédio baseado somente nos sintomas externos, mas que se faça uma conexão interna com a situação exclusiva daquela criança em particular.
Como pais ou terapeuta, pode-se perguntar à criança, no nível interno, se tal tratamento é benéfico para ela.
E uma vez que ela já tenha idade suficiente, a própria criança pode ser envolvida nessa escolha.
- Educação.
Formas iluminadas de educação tomam como ponto de partida a criança e seu mundo interior.
No passado, o conhecimento geralmente era “despejado” na criança num estilo “de cima para baixo”.
Ela era considerada um recipiente vazio que precisava ser preenchido com habilidades e conhecimentos úteis.
No entanto, quando se vê a criança como uma alma madura com seus próprios interesses e metas, a educação passa a ter uma forma muito diferente.
O desafio não é tanto transformar o nada em alguma coisa, mas despertar e libertar algo que já está presente dentro da criança: a energia natural da sua alma que deseja se manifestar e se expressar no mundo material.
A criança tem uma tendência natural a querer aprender, explorar e descobrir muitas coisas sobre o mundo.
Só quando ela é sistematicamente forçada a receber um conhecimento que não se relaciona com o modo com que ela experiência as coisas, é que a criança se torna relutante e sem vontade de aprender.
A base da nova educação é preservar e trabalhar com a ânsia natural que a criança tem de aprender.
Neste tipo de abordagem, o papel do professor é bem diferente.
O que lhe é pedido, em primeiro lugar e principalmente, é que esteja presente com a criança de um modo aberto e intuitivo.
O professor parte da suposição de que se pode confiar nas capacidades naturais e únicas de cada criança.
Ele permite que a criança mostre o caminho, dando-lhe suporte através do fornecimento do conhecimento e dos materiais que ela precisa para atingir suas metas.
Lidando com o sofrimento dos nossos filhos
Se somos pai ou mãe de uma criança sensível e percebemos as dificuldades que ela tem que passar ao lidar com o mundo, desejamos de todo o coração protegê-la e salvá-la do mal.
Sem perceber, vamos poder começar a ver o mundo exterior como inimigo e o nosso filho como a vítima vulnerável.
Podemos ficar com medo e imaginar se algum dia o nosso filho vai conseguir enfrentar a vida sem nós.
Ao observarmos o sofrimento do nosso filho, podemos ser levados de volta aos nossos próprios medos, tristezas e desilusões mais profundos.
No entanto, a presença desta criança em especial na nossa vida sempre tem uma lógica oculta.
Existe um significado mais profundo, que tem uma intenção positiva.
Uma forma de desvendar essa lógica e esse significado é olharmos a criança de um modo diferente; é entende-la, não como um pequeno ser indefeso, mas como um professor – um anjo, se preferirmos – que veio nos trazer uma mensagem.
Com frequência, aquilo que a criança mais precisa de nós é algo que também nos ajuda.
O traço de personalidade ou energia, que é mais necessária para amparar a criança, geralmente é o traço de personalidade ou energia que nós, no nível da alma, desejamos desenvolver e dominar para nós mesmos.
Digamos que temos um filho introvertido que esconde seus sentimentos e com o qual é difícil nos comunicar.
O que isto nos está pedindo é que aprendamos a nos sintonizarmos intuitivamente com ele, sejamos pacientes, e tenhamos vontade de olhar para os seus próprios sentimentos em profundidade.
Isto ajudará esta criança.
Muito frequentemente é óptimo para os pais que eles desenvolvam exactamente as mesmas qualidades que são úteis ao seu filho.
Talvez sejamos uma pessoa que tem crenças muito fortes a respeito de várias coisas, ou talvez sejamos muito práticos e eficientes e nunca tenhamos explorado muito os campos da emoção e dos sentimentos.
Nosso filho convida-nos a restabelecer esse equilíbrio.
Então, embora superficialmente pareça que a criança nos apresenta apenas um problema, existe um significado mais profundo escondido dentro desse problema: o desafio para que desenvolvamos certas qualidades que cabem muito bem no nosso próprio caminho específico de crescimento interior.
Outra possibilidade é que tenhamos um filho muito vivo e decidido, que ultrapassa facilmente os seus limites, forçando-nos a falar alto e deixar claro o que aceitamos e não aceitamos.
Esta criança pode aborrecer-nos frequentemente e às vezes podemos nos sentir oprimidos pela presença dela.
O que esta criança nos pede é que esclareçamos, para nós mesmos, quais são os nossos próprios limites, para que consigamos comunicar as nossas necessidades e vontades de um modo firme e consciente.
Se houver muito conflito entre nós, isto geralmente indica que ainda não nos decidimos sobre o que toleramos e não toleramos.
Nosso filho encoraja-nos a definir claramente o nosso próprio espaço e a determinarmos o que pensamos sobre o nosso relacionamento com ele – e isto geralmente projecta luz sobre todos os nossos outros relacionamentos.
O comportamento da criança (e nossa reacção a ele) amplia um problema que já existia.
Muito provavelmente, nós já tínhamos um problema de auto-afirmação antes do nosso filho nascer.
Agora esta criança nos pede para nos tornarmos verdadeiramente conscientes de quem somos e para defendermos a nós mesmos, e isto é exactamente o que precisamos no nosso próprio caminho de desenvolvimento interior.
Ao desenvolvermos as qualidades que apoiam a criança, nós estamos ajudando a ambos.
E se acrescentarmos a isto a nossa compreensão, amor, independência e autoconsciência, podemos-mos tornar um modelo de comportamento para o nosso filho, um farol de luz.
Deste modo, através de um processo inspirador de crescimento e cura, uma nova energia está nascendo na Terra.
Uma tocha de luz está sendo passada de uma geração para outra, e está brilhando cada vez mais intensamente.
Gratidão,
Luís Barros