Do que se trata realmente o jogo entre a
luz e as trevas?
Qual é o propósito da resistência e das
trevas que nós vimos experimentando?
Estar na Luz significa estarmos num
estado de consciência no qual compreendemos a nossa unidade com tudo o que
existe.
Se estivermos na Luz, se formos a Luz, nos
sentimos totalmente ilimitados e livres; nós sabemos que fazemos parte de um
todo maior e sentimos que somos profundamente valorizados dentro dessa teia
infinita de consciência viva.
A Luz é a nossa conexão com o Um.
A Luz é informe por natureza; ela não
depende da forma material; é livre das restrições de tempo e espaço.
Nós não somos a forma material na qual a
nossa consciência habita neste momento; nós não somos o nosso corpo, não somos a
carne e nem o sangue dos quais nosso corpo é feito, nem o género, nem as
características que pertencem à nossa personalidade actual.
Eles fazem parte de nós, mas nós somos
muito mais; nós somos a origem de tudo isso, nós somos divinos criadores de
tudo isso.
Nossa alma infinita tem habitado muitas
formas diferentes de vida e tem vivenciado um grande número de encarnações por
todo o universo.
Estas experiências têm-nos enriquecido
de modos que nós ainda não reconhecemos.
Nossa jornada através das encarnações,
muitas vezes árduas, na verdade é o modo de Deus expandir a si mesmo.
Nossa jornada através da forma é
importante, pois permite que toda a criação se expanda e prolifere de formas
novas e enriquecedoras.
Nem sempre sentimos que isto é verdade.
Podemos-mos sentir oprimidos pela falta
de luz e conexão na Terra, sabemos.
Mas Jeshua está aqui para acender uma
centelha de lembrança na nossa alma.
Se nos lembrarmos quem realmente somos,
compreenderemos que a nossa essência divina ainda está inteira e incólume,
apesar de tudo que o que já passamos.
A percepção da nossa totalidade pode nos
dar uma sensação de alívio ou até um sentimento de êxtase.
Isto acontece quando sabemos que estamos
tocando a realidade.
Nós nos lembramos da verdade de quem
somos: uma alma divina com infinitas possibilidades.
Jeshua está aqui para nos recordar quem nós
somos e para nos inspirar a trazermos essa consciência para o nosso dia-a-dia.
Não existe nenhum abismo real entre o nosso
eu humano e o nosso eu divino.
Nosso eu divino não está em algum outro
lugar.
Para começar, ele não está localizado no
tempo e no espaço.
Se quisermos nos conectar com ele neste
instante, podemos fazer isto, afastando-nos por uns instantes dos problemas que
pressionam a nossa mente e emoções.
Imaginemos que a nossa consciência se
torna mais ampla e se distancia dessas questões, entrando num espaço de
percepção aberta.
Dentro desse espaço, não existe
necessitar nem querer, apenas ser.
Pode parecer que isto não nos ajudará a
solucionar nenhum problema da nossa vida, mas somos convidados a tentar
simplesmente.
Nós podemos mudar a nossa percepção e
apenas observar a nós mesmos de um modo sereno e desprendido?
Podemos estar connosco mesmos sem julgar
nem interferir?
Vamos perceber que isto fará com que
fiquemos calmos e mais relaxados.
Se as nossas emoções, pensamentos e
sensações físicas nos levarem para fora desse espaço calmo, não nos preocupemos.
Deixemos estar.
Observemos o que acontece.
Com o tempo, perceberemos que entrar
nesse espaço de consciência serena é uma ferramenta poderosa para nos lembrarmos
de quem somos.
Esta ferramenta está sempre à nossa
disposição.
Nós podemos estar em contacto com a
nossa totalidade, com o espaço de liberdade interior, mantendo sempre certa
distância das coisas que nos preocupam, ou até nos entusiasmam de um modo
positivo.
Ao mantermos certa distância, mantemos
viva a consciência de que essas coisas nunca nos definem completamente, embora
sejam realmente importantes na nossa vida.
Nós somos mais do que emoções e eventos
que passam pela nossa vida.
No nosso interior há uma presença que,
silenciosa, mas intensamente, observa todos esses acontecimentos e experiências
virem e irem embora.
Essa presença é indestrutível. Ela é a
própria fonte da vida.
Nós escolhemos conectar temporariamente
a nossa consciência com um corpo, com uma forma, na nossa vida na Terra.
Existe uma razão para esta escolha. O
corpo é muito precioso.
É maravilhoso que possamos focalizar a
nossa consciência de tal modo que ela se identifique parcialmente com um corpo,
com a pessoa que somos agora, homem ou mulher, com todos os talentos e
características que nos pertencem.
Entretanto, por favor, não cometamos o
erro de pensar que somos esse pacote de características.
Nós somos a consciência que as experimenta.
Esta percepção pode libertar-nos!
Nosso eu divino, nosso ser em essência,
é como um espaço aberto, amplo, vazio e, ao mesmo tempo, cheio de vitalidade e
potencial.
Esta é a parte de nós que é Deus. Isto é
o Lar.
Ao nos conectarmos a esta nossa parte,
sentimos alívio, alegria e liberdade. Sentimos-mos seguros.
Estar no escuro significa sentirmos-mos
separados da nossa essência, da nossa conexão com o todo.
Nós nos sentimos expulsos do amplo
espaço interior que, por si só, nos traz a paz e alegria que estamos
procurando.
Todos os sofrimentos se originam deste
sentimento de desconexão.
É a pior dor que a nossa alma pode
vivenciar.
ENTENDENDO O PROPÓSITO DAS TREVAS
Por que as almas escolheram vivenciar a
separação?
No momento em que escolhemos encarnar e
viver dentro de uma forma material, nossa luz se torna limitada e restrita; nossa
consciência fica reduzida e perdemos a sensação de infinidade.
Nós tendemos a perder a conexão com o nosso
eu real, que é informe, livre e ilimitado.
Principalmente para as almas jovens, que
estão no estágio inicial da sua jornada da encarnação, é fácil esquecer e se
identificar com a forma que elas habitam.
É um sinal de maturidade quando uma alma
é capaz de habitar totalmente um corpo humano e, ao mesmo tempo, perceber que
ela não é o corpo, mas aquilo que a experiência e dá vida a ele.
À medida que a alma evolui, nasce a
percepção de que há algo que transcende o corpo, a forma material focada no
tempo e no espaço.
Uma alma madura se abre para a dimensão
da ausência de forma e começa a reconhecer que sua essência verdadeira reside
lá.
Ao fazer isso, a alma evoluída será
capaz de trazer a consciência da unidade para o reino da forma material.
Por que uma alma haveria de embarcar
numa jornada de encarnações?
Por que escolhemos estar confinados em
uma forma material, no ciclo de nascimento e morte e tudo que faz parte disso?
Não seria muito mais agradável
permanecermos num estado de unidade ilimitada o tempo todo? Perguntemos isto a nós
mesmos.
Talvez respondamos que, se fosse
possível, nunca mais encarnaríamos.
Diríamos que a vida na Terra é muito
dura, muito sombria e que desejamos desesperadamente voltar para o Lar e
permanecer lá para sempre.
Apesar disso, estamos dizendo que a nossa
alma escolheu experimentar esta vida que estamos vivendo na Terra, como
escolheu experimentar todas as outras vidas que vivemos aqui.
Existe uma parte da nossa alma que ama
dançar com a matéria, e estamos dizendo que esta é a parte mais divina, sagrada
e criativa de nós mesmos.
Deus deseja trazer a Luz para a forma
material.
O Espírito (que usamos como um sinónimo
de Deus) criou a matéria para que a Luz tomasse forma e fosse experimentada por
si mesma.
A criação da matéria deu origem à dança
entre a consciência e a matéria: a dança entre o espírito e o corpo.
A interacção entre o espírito e o corpo
é o jeito de Deus criar.
Nós – como um espírito habitando um
corpo – somos a criação de Deus se desdobrando.
À medida que a nossa alma evolui e
amadurece, ela vai se tornando mais capaz de manter a luz do Espírito e
expressá-la através do corpo.
A arte de viver num corpo é manifestar a
liberdade do Espírito dentro da dimensão material.
Qualquer coisa, na dimensão material,
que seja iluminada a partir de dentro pela consciência do Espírito, irradia
beleza e vitalidade e acrescenta alguma coisa importante à vida.
A luz encarnada é a luz mais preciosa
que existe.
Ao encarnarmos a luz da nossa alma na
Terra, numa forma material, nós estamos expandindo a criação de Deus; estamos
criando algo novo e contribuindo com o todo, com alguma coisa que não teria
existido sem a nossa presença única.
A abundância de formas de vida que
existem na Terra, nos reinos animal, vegetal e mineral, reflecte o desejo do
Espírito de se manifestar numa variedade de formas.
A beleza e variedade de vida na Terra
têm evoluído de uma dança entre o espírito e a matéria, entre a consciência e a
forma.
Deus deseja se expressar de formas
diferentes, porque isto enriquece a criação e porque permite que todos os seres
experimentem a beleza, a alegria e aventura nos seus ciclos de vida.
Todos os seres são centelhas do
Espírito.
Viajarmos através de formas diferentes e
nos familiarizarmos com a vida a partir de muitas perspectivas diferentes traz
profundidade e sabedoria para a nossa alma.
Até mesmo a experiência da separação,
das trevas, pode ajudar-nos a enriquecer a criação.
Nós somos Deus.
Uma vez nós fizemos a escolha de descermos
à matéria e irradiarmos a nossa luz enquanto morávamos numa forma limitada.
Isto não é nenhum castigo que nós temos
que suportar.
É o resultado de uma escolha sagrada que
nós fizemos, como parte de Deus.
Nós somos verdadeiramente um Criador.
Por trás da resistência que possamos
sentir perante a nossa vida na Terra neste momento, existe um profundo e
duradouro desejo na nossa alma de trazer luz à densa realidade deste planeta.
Irradiar a nossa luz sobre as partes
escuras da realidade terrena, dentro e fora, é verdadeiramente a missão da nossa
alma.
Ao fazermos isto, nós experienciamos uma
espécie de satisfação que toca o nosso coração mais profundamente do que
qualquer outra coisa.
Até mesmo a visão de estarmos lá em cima
no Céu, em eterna bem-aventurança e paz, torna-se pálida em comparação com
isso.
Isto porque a nossa natureza, como seres
divinos, é dançarmos entre o espírito e o corpo.
É esta dança que constitui a essência da
criatividade.
Nós, que às vezes nos sentimos
desencorajados por vivermos num corpo humano na Terra, nos sentiremos felizes
novamente, não descartando totalmente a dança, mas sabendo como trazer a nossa
luz para dentro da escuridão.
Escuridão e densidade fazem parte da
vida na Terra.
Quando vivenciamos as trevas ou densidade
na nossa vida, sentimos que a energia é pesada, lenta ou presa.
Sentimos uma falta de movimento, de
liberdade e de fluxo.
Sempre, quando há este tipo de
densidade, existem pensamentos e emoções, que revelam uma sensação de
desconexão e separação.
Falamos anteriormente que sentirmos-nos
desconectados do Espírito – o que significa sentirmos-nos separados da nossa
própria essência – é a pior dor que uma alma pode experimentar.
Como podemos curar essa sensação de
separação, que nos faz sentirmos-nos feridos emocionalmente e inseguros quanto
ao sentido da vida?
LEVANDO A NOSSA LUZ PARA DENTRO DA ESCURIDÃO
Convidamos-mos a nos encontrarmos com a nossa
parte interna mais densa e acolhê-la com o coração aberto.
No nosso dia-a-dia, experienciamos a nossa
parte mais densa nas áreas da vida em que a nossa energia flui com dificuldade.
Isto pode ser no trabalho, em
relacionamentos, na saúde ou em qualquer outro aspecto da nossa vida.
Nesta área, nós temos mais dificuldade
para nos aceitarmos ou para aceitarmos o que a vida nos oferece.
Nós experienciamos esse aspecto da vida
como um estorvo, como algo que nunca deveria ter existido. Nós nos sentimos
bloqueados, presos.
Convidamos-mos a visualizarmos essa
densidade como uma pedra que carregamos, como a proverbial “pedra pendurada no
pescoço”.
Nós podemos sentir que a densidade que
experienciamos se deve a circunstâncias externas.
Podemos sentir que foi causada pela
rejeição, traição ou violência de outra pessoa.
Ou talvez digamos: “Não me adapto à vida
num lugar tão escuro e denso como a Terra.”
É compreensível que uma parte de nós
reaja desta maneira.
Essa é a nossa parte desnorteada e
chocada que se esqueceu do verdadeiro poder que reside no interior do nosso
ser.
É uma criança interior traumatizada que
fala connosco através desses pensamentos negativos.
Esta criança sente-se vítima, sente-se
rejeitada e desconectada.
Convidamos-mos a reconhecer a nossa
parte mais sábia e luminosa, cujo único propósito é trazer essa criança para
casa.
Nós temos uma escolha a fazer, nós nos identificamos
com a criança interior traumatizada, ou com a nossa parte luminosa e inteira
que é capaz de curar essa criança?
A origem do nosso sofrimento não se
encontra na densidade ou escuridão da realidade externa.
Encontra-se na incapacidade que sentimos
de nos elevarmos acima da nossa parte interior mais densa e abraçá-la com a nossa
luz e brilho verdadeiro.
Sentindo-nos vitimados pela nossa parte
mais densa, nós ficamos ressentidos com ela e queremos nos livrar dela.
Jogar fora uma parte de nós mesmos faz
com que nos sintamos despedaçados internamente.
A nossa alma não estará em paz enquanto
a criança perdida não voltar para casa.
Imaginemos que estamos carregando uma
pedra no nosso pescoço, de verdade.
Observemos-la e vejamos o quanto ela é
pesada e grande.
Libertemos a nossa imaginação.
A pedra contém todas as emoções com as
quais nós temos dificuldade e todas as crenças negativas sobre viver na Terra,
do tipo “Não sou bem-vindo aqui”, “As pessoas não me compreendem”, e assim por
diante.
A pedra carrega o nosso medo assim como
a nossa resistência à vida.
Ela simboliza aquilo que ficou preso e
bloqueado dentro de nós.
Portanto, a pedra também indica a nossa missão
na vida.
A missão da nossa alma é levar luz às
partes mais densas de nós mesmos.
É nosso propósito de vida irradiar a
nossa luz nas partes endurecidas e petrificadas de nós mesmos.
Difundir a nossa luz na Terra é, em
primeiro lugar e mais importante de tudo, dirigirmos-nos à nossa escuridão
interior.
Logo que empreendermos esta viagem
interior, a nossa luz automaticamente se irradiará para fora, para outras
pessoas, inspirando-as a fazer o mesmo.
Nós não precisamos nos concentrar no que
precisa ser remediado no mundo. Concentremos-mos na nossa própria pedra.
Conseguimos ver uma imagem dela? Que cor
ela tem? O que sentimos quando a tomamos em nossas mãos? Cumprimentemos a nossa
pedra e seguremos-la gentilmente.
Permitamos que a nossa consciência flua
para dentro da pedra e sintamos a energia no nosso interior. Sentimos raiva,
tristeza ou medo?
Permitamos que a pedra nos conte a nossa
história.
Lembremos-nos que nós, que estamos
segurando a pedra, somos um ser de luz vivente.
Nós estamos inteiros, mantidos em
segurança nas mãos de Deus.
Agora observemos o que acontece com a
pedra só pelo fato de a segurarmos e voltarmos a nossa atenção para ela de um
modo aberto e acolhedor.
Ela vai se transformar.
Ao nos conectarmos com ela a partir da nossa
própria essência divina, envolvendo-a com aceitação e compreensão serena, a
borrifamos com faíscas de luz.
A pedra se acende a partir de dentro.
Nossa consciência leva luz e movimento
para dentro da pedra.
Ela não é mais fria e dura.
Gradualmente ela se transforma numa
pedra preciosa.
A estrutura da pedra mudou graças à nossa
atenção amorosa.
Dêmos uma boa olhada e vejamos que cor e
forma ela toma.
Agora perguntemos à pedra: “Qual é o seu
presente para mim?”
Que tipo de qualidade sentimos que está
presente na nossa pedra preciosa? Sintamos no nosso interior. É compaixão? É
tolerância? É a capacidade de nos entregarmos e confiar? É tranquilidade,
coragem e alegria? Recebamos o presente.
Antes a pedra continha energia presa e
escura.
Depois que a envolvemos com o poder
sereno da nossa natureza verdadeira, ela se transformou num tesouro.
Ela não foi simplesmente neutralizada;
ela se transformou numa pedra preciosa, reflectindo a nossa beleza e sabedoria
internas.
Aquilo que antes era uma pedra pendurada
no nosso pescoço, transformou-se numa jóia valiosa.
Peguemos a pedra e vejamos como ela
brilha e faísca numa cor e forma que reflectem a nossa energia única.
Permitamos que a pedra entre no nosso
corpo e vejamos para onde ela vai naturalmente.
Para que parte do nosso corpo a pedra
vai espontaneamente?
Que efeito ela tem sobre nós?
Ela terá um efeito curador no nosso
corpo e no nosso espírito.
A vida constantemente nos convida a
voltarmos-nos para as nossas próprias partes densas, escuras e bloqueadas.
A dança entre espírito e corpo é como
uma dança entre luz e trevas.
Assim que reconhecemos a nossa natureza
verdadeira, a dança torna-se menos estressante.
Ela se torna uma alegria.
Quando nos consciencializamos do poder
transformador do nosso eu divino e convidamos a escuridão a vir para o
exterior, a dança entre a luz e as trevas produz jóias preciosas que mostram
como a luz pode viajar para dentro das partes mais densas da realidade.
A pedra preciosa é o resultado da
integração da consciência com a matéria, o fruto da dança entre o espírito e o
corpo.
A vida nos convida a realizar esta dança
vezes sem conta.
Sempre que sentirmos negatividade ou
trevas na nossa vida, por favor, não julguemos.
Tragamos a pedra à nossa imaginação.
Acolhamos-la e conectemos-nos à parte de nós
que ainda não está iluminada pela nossa percepção divina. Tomemos conta da
pedra.
A nossa atenção amorosa é a chave para
acender a pedra de dentro para fora.
Ao irradiarmos a nossa luz sobre as
partes densas e escuras no nosso interior, nós abraçamos a dança da criação e
Deus nasce na Terra através de nós.
Gratidão,
Luís Barros