29 de maio de 2020

ACOLHENDO A DANÇA ENTRE O ESPÍRITO E O CORPO

Nós viemos à Terra para difundir a nossa luz mas, ao fazermos isso, encontramos resistência, somos confrontados com a escuridão.
Do que se trata realmente o jogo entre a luz e as trevas?
Qual é o propósito da resistência e das trevas que nós vimos experimentando?
Estar na Luz significa estarmos num estado de consciência no qual compreendemos a nossa unidade com tudo o que existe.
Se estivermos na Luz, se formos a Luz, nos sentimos totalmente ilimitados e livres; nós sabemos que fazemos parte de um todo maior e sentimos que somos profundamente valorizados dentro dessa teia infinita de consciência viva.
A Luz é a nossa conexão com o Um.
A Luz é informe por natureza; ela não depende da forma material; é livre das restrições de tempo e espaço.
Nós não somos a forma material na qual a nossa consciência habita neste momento; nós não somos o nosso corpo, não somos a carne e nem o sangue dos quais nosso corpo é feito, nem o género, nem as características que pertencem à nossa personalidade actual.
Eles fazem parte de nós, mas nós somos muito mais; nós somos a origem de tudo isso, nós somos divinos criadores de tudo isso.
Nossa alma infinita tem habitado muitas formas diferentes de vida e tem vivenciado um grande número de encarnações por todo o universo.
Estas experiências têm-nos enriquecido de modos que nós ainda não reconhecemos.
Nossa jornada através das encarnações, muitas vezes árduas, na verdade é o modo de Deus expandir a si mesmo.
Nossa jornada através da forma é importante, pois permite que toda a criação se expanda e prolifere de formas novas e enriquecedoras.
Nem sempre sentimos que isto é verdade.
Podemos-mos sentir oprimidos pela falta de luz e conexão na Terra, sabemos.
Mas Jeshua está aqui para acender uma centelha de lembrança na nossa alma.
Se nos lembrarmos quem realmente somos, compreenderemos que a nossa essência divina ainda está inteira e incólume, apesar de tudo que o que já passamos.
A percepção da nossa totalidade pode nos dar uma sensação de alívio ou até um sentimento de êxtase.
Isto acontece quando sabemos que estamos tocando a realidade.
Nós nos lembramos da verdade de quem somos: uma alma divina com infinitas possibilidades.
Jeshua está aqui para nos recordar quem nós somos e para nos inspirar a trazermos essa consciência para o nosso dia-a-dia.
Não existe nenhum abismo real entre o nosso eu humano e o nosso eu divino.
Nosso eu divino não está em algum outro lugar.
Para começar, ele não está localizado no tempo e no espaço.
Se quisermos nos conectar com ele neste instante, podemos fazer isto, afastando-nos por uns instantes dos problemas que pressionam a nossa mente e emoções.
Imaginemos que a nossa consciência se torna mais ampla e se distancia dessas questões, entrando num espaço de percepção aberta.
Dentro desse espaço, não existe necessitar nem querer, apenas ser.
Pode parecer que isto não nos ajudará a solucionar nenhum problema da nossa vida, mas somos convidados a tentar simplesmente.
Nós podemos mudar a nossa percepção e apenas observar a nós mesmos de um modo sereno e desprendido?
Podemos estar connosco mesmos sem julgar nem interferir?
Vamos perceber que isto fará com que fiquemos calmos e mais relaxados.
Se as nossas emoções, pensamentos e sensações físicas nos levarem para fora desse espaço calmo, não nos preocupemos. Deixemos estar.
Observemos o que acontece.
Com o tempo, perceberemos que entrar nesse espaço de consciência serena é uma ferramenta poderosa para nos lembrarmos de quem somos.
Esta ferramenta está sempre à nossa disposição.
Nós podemos estar em contacto com a nossa totalidade, com o espaço de liberdade interior, mantendo sempre certa distância das coisas que nos preocupam, ou até nos entusiasmam de um modo positivo.
Ao mantermos certa distância, mantemos viva a consciência de que essas coisas nunca nos definem completamente, embora sejam realmente importantes na nossa vida.
Nós somos mais do que emoções e eventos que passam pela nossa vida.
No nosso interior há uma presença que, silenciosa, mas intensamente, observa todos esses acontecimentos e experiências virem e irem embora.
Essa presença é indestrutível. Ela é a própria fonte da vida.
Nós escolhemos conectar temporariamente a nossa consciência com um corpo, com uma forma, na nossa vida na Terra.
Existe uma razão para esta escolha. O corpo é muito precioso.
É maravilhoso que possamos focalizar a nossa consciência de tal modo que ela se identifique parcialmente com um corpo, com a pessoa que somos agora, homem ou mulher, com todos os talentos e características que nos pertencem.
Entretanto, por favor, não cometamos o erro de pensar que somos esse pacote de características.
Nós somos a consciência que as experimenta.
Esta percepção pode libertar-nos!
Nosso eu divino, nosso ser em essência, é como um espaço aberto, amplo, vazio e, ao mesmo tempo, cheio de vitalidade e potencial.
Esta é a parte de nós que é Deus. Isto é o Lar.
Ao nos conectarmos a esta nossa parte, sentimos alívio, alegria e liberdade. Sentimos-mos seguros.
Estar no escuro significa sentirmos-mos separados da nossa essência, da nossa conexão com o todo.
Nós nos sentimos expulsos do amplo espaço interior que, por si só, nos traz a paz e alegria que estamos procurando.
Todos os sofrimentos se originam deste sentimento de desconexão.
É a pior dor que a nossa alma pode vivenciar. 

ENTENDENDO O PROPÓSITO DAS TREVAS

Por que as almas escolheram vivenciar a separação?
No momento em que escolhemos encarnar e viver dentro de uma forma material, nossa luz se torna limitada e restrita; nossa consciência fica reduzida e perdemos a sensação de infinidade.
Nós tendemos a perder a conexão com o nosso eu real, que é informe, livre e ilimitado.
Principalmente para as almas jovens, que estão no estágio inicial da sua jornada da encarnação, é fácil esquecer e se identificar com a forma que elas habitam.
É um sinal de maturidade quando uma alma é capaz de habitar totalmente um corpo humano e, ao mesmo tempo, perceber que ela não é o corpo, mas aquilo que a experiência e dá vida a ele.
À medida que a alma evolui, nasce a percepção de que há algo que transcende o corpo, a forma material focada no tempo e no espaço.
Uma alma madura se abre para a dimensão da ausência de forma e começa a reconhecer que sua essência verdadeira reside lá.
Ao fazer isso, a alma evoluída será capaz de trazer a consciência da unidade para o reino da forma material.
Por que uma alma haveria de embarcar numa jornada de encarnações?
Por que escolhemos estar confinados em uma forma material, no ciclo de nascimento e morte e tudo que faz parte disso?
Não seria muito mais agradável permanecermos num estado de unidade ilimitada o tempo todo? Perguntemos isto a nós mesmos.
Talvez respondamos que, se fosse possível, nunca mais encarnaríamos.
Diríamos que a vida na Terra é muito dura, muito sombria e que desejamos desesperadamente voltar para o Lar e permanecer lá para sempre.
Apesar disso, estamos dizendo que a nossa alma escolheu experimentar esta vida que estamos vivendo na Terra, como escolheu experimentar todas as outras vidas que vivemos aqui.
Existe uma parte da nossa alma que ama dançar com a matéria, e estamos dizendo que esta é a parte mais divina, sagrada e criativa de nós mesmos.
Deus deseja trazer a Luz para a forma material.
O Espírito (que usamos como um sinónimo de Deus) criou a matéria para que a Luz tomasse forma e fosse experimentada por si mesma.
A criação da matéria deu origem à dança entre a consciência e a matéria: a dança entre o espírito e o corpo.
A interacção entre o espírito e o corpo é o jeito de Deus criar.
Nós – como um espírito habitando um corpo – somos a criação de Deus se desdobrando.
À medida que a nossa alma evolui e amadurece, ela vai se tornando mais capaz de manter a luz do Espírito e expressá-la através do corpo.
A arte de viver num corpo é manifestar a liberdade do Espírito dentro da dimensão material.
Qualquer coisa, na dimensão material, que seja iluminada a partir de dentro pela consciência do Espírito, irradia beleza e vitalidade e acrescenta alguma coisa importante à vida.
A luz encarnada é a luz mais preciosa que existe.
Ao encarnarmos a luz da nossa alma na Terra, numa forma material, nós estamos expandindo a criação de Deus; estamos criando algo novo e contribuindo com o todo, com alguma coisa que não teria existido sem a nossa presença única.
A abundância de formas de vida que existem na Terra, nos reinos animal, vegetal e mineral, reflecte o desejo do Espírito de se manifestar numa variedade de formas.
A beleza e variedade de vida na Terra têm evoluído de uma dança entre o espírito e a matéria, entre a consciência e a forma.
Deus deseja se expressar de formas diferentes, porque isto enriquece a criação e porque permite que todos os seres experimentem a beleza, a alegria e aventura nos seus ciclos de vida.
Todos os seres são centelhas do Espírito.
Viajarmos através de formas diferentes e nos familiarizarmos com a vida a partir de muitas perspectivas diferentes traz profundidade e sabedoria para a nossa alma.
Até mesmo a experiência da separação, das trevas, pode ajudar-nos a enriquecer a criação.
Nós somos Deus.
Uma vez nós fizemos a escolha de descermos à matéria e irradiarmos a nossa luz enquanto morávamos numa forma limitada.
Isto não é nenhum castigo que nós temos que suportar.
É o resultado de uma escolha sagrada que nós fizemos, como parte de Deus.
Nós somos verdadeiramente um Criador.
Por trás da resistência que possamos sentir perante a nossa vida na Terra neste momento, existe um profundo e duradouro desejo na nossa alma de trazer luz à densa realidade deste planeta.
Irradiar a nossa luz sobre as partes escuras da realidade terrena, dentro e fora, é verdadeiramente a missão da nossa alma.
Ao fazermos isto, nós experienciamos uma espécie de satisfação que toca o nosso coração mais profundamente do que qualquer outra coisa.
Até mesmo a visão de estarmos lá em cima no Céu, em eterna bem-aventurança e paz, torna-se pálida em comparação com isso.
Isto porque a nossa natureza, como seres divinos, é dançarmos entre o espírito e o corpo.
É esta dança que constitui a essência da criatividade.
Nós, que às vezes nos sentimos desencorajados por vivermos num corpo humano na Terra, nos sentiremos felizes novamente, não descartando totalmente a dança, mas sabendo como trazer a nossa luz para dentro da escuridão.
Escuridão e densidade fazem parte da vida na Terra.
Quando vivenciamos as trevas ou densidade na nossa vida, sentimos que a energia é pesada, lenta ou presa.
Sentimos uma falta de movimento, de liberdade e de fluxo.
Sempre, quando há este tipo de densidade, existem pensamentos e emoções, que revelam uma sensação de desconexão e separação.
Falamos anteriormente que sentirmos-nos desconectados do Espírito – o que significa sentirmos-nos separados da nossa própria essência – é a pior dor que uma alma pode experimentar.
Como podemos curar essa sensação de separação, que nos faz sentirmos-nos feridos emocionalmente e inseguros quanto ao sentido da vida?

LEVANDO A NOSSA LUZ PARA DENTRO DA ESCURIDÃO

Convidamos-mos a nos encontrarmos com a nossa parte interna mais densa e acolhê-la com o coração aberto.
No nosso dia-a-dia, experienciamos a nossa parte mais densa nas áreas da vida em que a nossa energia flui com dificuldade.
Isto pode ser no trabalho, em relacionamentos, na saúde ou em qualquer outro aspecto da nossa vida.
Nesta área, nós temos mais dificuldade para nos aceitarmos ou para aceitarmos o que a vida nos oferece.
Nós experienciamos esse aspecto da vida como um estorvo, como algo que nunca deveria ter existido. Nós nos sentimos bloqueados, presos.
Convidamos-mos a visualizarmos essa densidade como uma pedra que carregamos, como a proverbial “pedra pendurada no pescoço”.
Nós podemos sentir que a densidade que experienciamos se deve a circunstâncias externas.
Podemos sentir que foi causada pela rejeição, traição ou violência de outra pessoa.
Ou talvez digamos: “Não me adapto à vida num lugar tão escuro e denso como a Terra.”
É compreensível que uma parte de nós reaja desta maneira.
Essa é a nossa parte desnorteada e chocada que se esqueceu do verdadeiro poder que reside no interior do nosso ser.
É uma criança interior traumatizada que fala connosco através desses pensamentos negativos.
Esta criança sente-se vítima, sente-se rejeitada e desconectada.
Convidamos-mos a reconhecer a nossa parte mais sábia e luminosa, cujo único propósito é trazer essa criança para casa.
Nós temos uma escolha a fazer, nós nos identificamos com a criança interior traumatizada, ou com a nossa parte luminosa e inteira que é capaz de curar essa criança?
A origem do nosso sofrimento não se encontra na densidade ou escuridão da realidade externa.
Encontra-se na incapacidade que sentimos de nos elevarmos acima da nossa parte interior mais densa e abraçá-la com a nossa luz e brilho verdadeiro.
Sentindo-nos vitimados pela nossa parte mais densa, nós ficamos ressentidos com ela e queremos nos livrar dela.
Jogar fora uma parte de nós mesmos faz com que nos sintamos despedaçados internamente.
A nossa alma não estará em paz enquanto a criança perdida não voltar para casa.
Imaginemos que estamos carregando uma pedra no nosso pescoço, de verdade.
Observemos-la e vejamos o quanto ela é pesada e grande.
Libertemos a nossa imaginação.
A pedra contém todas as emoções com as quais nós temos dificuldade e todas as crenças negativas sobre viver na Terra, do tipo “Não sou bem-vindo aqui”, “As pessoas não me compreendem”, e assim por diante.
A pedra carrega o nosso medo assim como a nossa resistência à vida.
Ela simboliza aquilo que ficou preso e bloqueado dentro de nós.
Portanto, a pedra também indica a nossa missão na vida.
A missão da nossa alma é levar luz às partes mais densas de nós mesmos.
É nosso propósito de vida irradiar a nossa luz nas partes endurecidas e petrificadas de nós mesmos.
Difundir a nossa luz na Terra é, em primeiro lugar e mais importante de tudo, dirigirmos-nos à nossa escuridão interior.
Logo que empreendermos esta viagem interior, a nossa luz automaticamente se irradiará para fora, para outras pessoas, inspirando-as a fazer o mesmo.
Nós não precisamos nos concentrar no que precisa ser remediado no mundo. Concentremos-mos na nossa própria pedra.
Conseguimos ver uma imagem dela? Que cor ela tem? O que sentimos quando a tomamos em nossas mãos? Cumprimentemos a nossa pedra e seguremos-la gentilmente.
Permitamos que a nossa consciência flua para dentro da pedra e sintamos a energia no nosso interior. Sentimos raiva, tristeza ou medo?
Permitamos que a pedra nos conte a nossa história.
Lembremos-nos que nós, que estamos segurando a pedra, somos um ser de luz vivente.
Nós estamos inteiros, mantidos em segurança nas mãos de Deus.
Agora observemos o que acontece com a pedra só pelo fato de a segurarmos e voltarmos a nossa atenção para ela de um modo aberto e acolhedor.
Ela vai se transformar.
Ao nos conectarmos com ela a partir da nossa própria essência divina, envolvendo-a com aceitação e compreensão serena, a borrifamos com faíscas de luz.
A pedra se acende a partir de dentro.
Nossa consciência leva luz e movimento para dentro da pedra.
Ela não é mais fria e dura.
Gradualmente ela se transforma numa pedra preciosa.
A estrutura da pedra mudou graças à nossa atenção amorosa.
Dêmos uma boa olhada e vejamos que cor e forma ela toma.
Agora perguntemos à pedra: “Qual é o seu presente para mim?”
Que tipo de qualidade sentimos que está presente na nossa pedra preciosa? Sintamos no nosso interior. É compaixão? É tolerância? É a capacidade de nos entregarmos e confiar? É tranquilidade, coragem e alegria? Recebamos o presente.
Antes a pedra continha energia presa e escura.
Depois que a envolvemos com o poder sereno da nossa natureza verdadeira, ela se transformou num tesouro.
Ela não foi simplesmente neutralizada; ela se transformou numa pedra preciosa, reflectindo a nossa beleza e sabedoria internas.
Aquilo que antes era uma pedra pendurada no nosso pescoço, transformou-se numa jóia valiosa.
Peguemos a pedra e vejamos como ela brilha e faísca numa cor e forma que reflectem a nossa energia única.
Permitamos que a pedra entre no nosso corpo e vejamos para onde ela vai naturalmente.
Para que parte do nosso corpo a pedra vai espontaneamente?
Que efeito ela tem sobre nós?
Ela terá um efeito curador no nosso corpo e no nosso espírito.
A vida constantemente nos convida a voltarmos-nos para as nossas próprias partes densas, escuras e bloqueadas.
A dança entre espírito e corpo é como uma dança entre luz e trevas.
Assim que reconhecemos a nossa natureza verdadeira, a dança torna-se menos estressante.
Ela se torna uma alegria.
Quando nos consciencializamos do poder transformador do nosso eu divino e convidamos a escuridão a vir para o exterior, a dança entre a luz e as trevas produz jóias preciosas que mostram como a luz pode viajar para dentro das partes mais densas da realidade.
A pedra preciosa é o resultado da integração da consciência com a matéria, o fruto da dança entre o espírito e o corpo.
A vida nos convida a realizar esta dança vezes sem conta.
Sempre que sentirmos negatividade ou trevas na nossa vida, por favor, não julguemos.
Tragamos a pedra à nossa imaginação.
Acolhamos-la e conectemos-nos à parte de nós que ainda não está iluminada pela nossa percepção divina. Tomemos conta da pedra.
A nossa atenção amorosa é a chave para acender a pedra de dentro para fora.
Ao irradiarmos a nossa luz sobre as partes densas e escuras no nosso interior, nós abraçamos a dança da criação e Deus nasce na Terra através de nós. 

Gratidão, 
Luís Barros