20 de maio de 2020

MATERNIDADE ESPIRITUAL

Maria, a mãe de Jeshua, representa o aspecto feminino da energia Crística, que agora está nascendo na Terra em quantidade cada vez maior.
A energia feminina foi reprimida durante muito tempo na nossa sociedade, e também nos nossos corações.
A energia feminina é a força primordial da criação, uma parte fundamental de Tudo Que É.
Ela dá origem à vida e flui através de todo mundo.
Sem ela, nós não existiríamos, nem como almas nem como seres humanos.
O fluxo feminino de energia também carrega a magia, nesta época, e deseja clarear a escuridão nestes tempos, bem como os nossos conflitos internos e humores mais pesados.
Às vezes nos perguntamos para que serve esta nossa vida no planeta Terra.
Dizemos que ela é valiosa e serve a um propósito.
Nós estamos fazendo um trabalho importante aqui.
A presença de cada um de nós influencia toda a vida ao nosso redor; nós estamos trazendo mudanças para o mundo.
No entanto, isto não precisa ser o foco da nossa atenção.
Nós não precisamos focalizar os outros para fazermos a diferença.
O segredo é que cada um precisa se focalizar apenas em si mesmo e na integridade do seu ser.
Ao nos preenchermos com uma consciência amorosa, uma aceitação de quem somos em todas as nossas facetas, nós criamos o canal através do qual a luz vem facilmente para nós e flui automaticamente para os outros também.
Nós realmente só precisamos prestar atenção a nós mesmos, para cumprirmos a nossa missão aqui na Terra.
Neste contexto, falamos sobre como podemos ser uma mãe espiritual para nós mesmos.
Maria, representa a energia da mãe na tradição Cristã.
Mas o que isto realmente significa?
A maternidade é um aspecto crucial da energia feminina: a mãe é vista como o aspecto da natureza que doa, nutre e cuida com carinho.
A época em que Jeshua nasceu.
Como qualquer outra mãe, Maria adorava o seu filho e queria protegê-lo contra o mal.
No começo não percebeu completamente que havia algo especial com Jeshua.
O que Maria sabia – durante toda a sua vida – é que existe uma mão invisível guiando as nossas vidas.
Ela sentia que algo maior trabalhava através de nossas vidas, algo que não podemos dobrar à nossa vontade, às nossas necessidades e desejos humanos.
Também sabia que este poder maior era benigno e sábio – ele tem uma sabedoria que geralmente não conseguimos captar com nossas mentes humanas.
Só depois é que percebemos que a vida nos traz exactamente aquilo de que precisamos.
No momento em que as coisas acontecem, elas podem parecer cruéis e injustas. 
Era assim que lhe parecia, enquanto criava Jeshua.
Quando ele cresceu, logo se tornou claro para Maria que havia algo especial com Jeshua – Ele tinha dons e talentos notáveis e era decidido.
Por um lado, Maria reconhecia muito bem essa energia especial nele, mas por outro lado, achava isto muito difícil.
Como mãe e pai, desejamos proteger os nossos filhos contra os poderes maus do mundo.
Mas seu filho não queria ser protegido, ele queria falar e irradiar sua luz abertamente no mundo.
Ele era impulsionado por uma missão interior, um grande poder que o orientava a seguir seu próprio caminho de trazer mudanças para o mundo.
Maria levou muitos anos e passou por muita angústia até aceitar isto, pois o aparecimento de Jeshua criava desconfiança na ordem estabelecida e ele estava correndo riscos.
Ele violava certas regras e limites e, por conseguinte, era desafiado e até ameaçado.
Gradualmente, Maria teve que abandonar seu medo e a necessidade de controlá-lo, e dar espaço para a Luz única que Jeshua veio trazer aqui. 
Nos nossos termos terrenos, pode-se dizer que Maria teve que se desapegar da sua maternidade – teve que libertar a parte de si que tendia a ser ansiosa, dominadora e controladora. Teve que libertar.
Até que finalmente percebeu que ele tinha nascido de si, através do seu corpo, mas Jeshua era uma alma madura por si só, querendo moldar e criar sua vida a seu próprio modo, e, além disto, era apoiado por poderes divinos que sustentavam um caminho especial para ele. 
Mas isto não é verdadeiro para todos nós?
Para cada criança que vem ao mundo, existe um caminho especial, o caminho dele ou dela, escolhido por essa alma.
Nós temos que compreender isto, como mãe e como pai, e respeitá-lo.
No momento em que uma criança sai do ventre da mãe, é preciso aprender a deixá-la ser quem ela é e confiar na sua força inata e nas suas capacidades de resolver as questões que ela encontrará durante sua vida.
Finalmente, morrer na cruz foi escolha de Jeshua.
Ele permitiu que isto acontecesse.
Maria teve que deixar claro para ela mesma que isto foi uma decisão dele, que pertencia ao caminho da sua alma e que, portanto, era apropriado.
Chorou lágrimas amargas e seu coração se encheu de escuridão e desespero enquanto o via morrer.
Não pensem que Maria conseguiu transcender seu sofrimento com facilidade e ficar em paz com o que aconteceu.
Ela ficou arrasada com isso e, realmente, essa foi a sua “noite escura da alma”.
Ao mesmo tempo, esta experiência ensinou-lhe uma grande verdade e finalmente lhe trouxe uma enorme libertação.
A presença de Jeshua na sua vida a elevou e, no final, Ela se permitiu ser elevada; este foi seu acto de maior coragem naquela encarnação.
A energia Crística que veio através de Jeshua desafiou-a a vê-lo morrer nas mãos de assassinos cruéis e, ainda assim, confiar naquele grande poder, naquela sabedoria superior que guia a todos nós. 
A entrega de si mesma e da sua dor a esta fonte superior de sabedoria despertou-a em níveis profundos.
Ela despertou seu ser superior e fez com que ele se manifestasse durante aquela sua encarnação terrena.
Então começou a compreender verdadeiramente que a paz e a liberdade interiores, que todos nós desejamos tanto, nunca podem ser alcançadas querendo assumir o controlo da vida.
No entanto, na nossa cultura, a maternidade acabou sendo associada a agarrar e controlar.
Dizem que uma boa mãe atravessa o fogo e a água por seus filhos e nunca para de lutar por eles.
Embora algumas vezes o amor incondicional tome a forma de perseverança e implacabilidade, para Maria a maternidade significou desapegar-se dos seus medos e expectativas em relação a Jeshua.
A sua maior conquista foi ter libertado Jeshua e permitido que ele fosse quem ele era – só então pode sentir a beleza e pureza irresistível de quem ele era e do que ele representava.
Só então pode estar verdadeiramente presente para ele, como uma igual, como uma companheira de alma, como mãe, no sentido espiritual da palavra.
Esta foi a sua tarefa mais pesada: aprender a ser uma mãe espiritual e se desapegar das emoções de uma mãe terrena.
Quando Maria morreu, naquela encarnação, e passou para o outro reino, por um lado, Ela estava cansada e desgastada – Ela tinha vivenciado tantas coisas, passado por tantos altos e baixos emocionais; Mas, por outro lado, Ela se sentia profundamente enriquecida.
A grande Luz havia-a tocado e, através dela, seu ser superior era capaz de se manifestar na Terra.
Ela havia libertado e aceite finalmente que as coisas são como são.
Ela se desapegou da sua maternidade terrena (no sentido de uma maternidade preocupada e controladora) e tornou-se uma mãe no sentido espiritual. 
Todos nós estamos convidados a nos tornarmos uma mãe espiritual para nós mesmos.
Cada um de nós está lutando intensamente contra certas partes de si próprio, que são bloqueios emocionais ou crenças negativas a respeito de nós mesmos.
Tentemos olhar para eles com os olhos de uma mãe espiritual: não uma mãe que quer solucionar todos eles, mas uma mãe que nos percebe, que reconhece a nossa energia única; uma mãe que não quer mudar-nos, mas que nos respeita por quem somos.
Sintamos este tipo de energia materna por uns instantes.
Nós podemos sentir esta energia como algo que se irradia de nós, mas que não é nosso. Nós não a possuímos.
É mais como uma vibração ou nível de consciência ao qual temos que nos elevar para nos libertar. É universal e acessível a todos nós.
É nossa herança, pois todos nós deveremos nos tornar mães espirituais para a criança Crística em nosso interior.
Nós podemos aceder esta energia da maternidade espiritual ao pararmos de tentar resolver os nossos problemas por alguns instantes e apenas olharmos para eles, deixando que eles estejam aí por algum tempo.
Nós conseguimos obter uma sensação de amor e apreço por nós mesmos, enquanto estamos tendo este problema? Isto é o começo.
Lembremos-nos de como uma mãe olha para o seu bebé recém-nascido.
Por um lado, existe a intimidade de estar fisicamente tão perto dele, mas por outro lado, é como se ela olhasse seu bebé de uma grande distância, porque está cheia de reverência e deslumbramento diante do milagre daquele ser.
Uma criatura tão pequenina e, ao mesmo tempo, inteira e completa, não só fisicamente, mas espiritualmente também.
Uma alma madura que está aqui para seguir seu próprio caminho na vida. Que milagre!
Agora atrevamos-nos a olhar para nós mesmos desta forma.
Criemos uma certa distância de nós próprios e percebamos como temos percorrido o nosso caminho exclusivo durante toda a nossa vida, e como temos tentado construir uma realidade satisfatória para nós.
Mesmo quando cometemos erros estamos fazendo o melhor possível para criar felicidade e encontrar um jeito de sairmos da dor e do desespero.
Demos-nos um tempo e generosamente deixemos-nos cometer estes erros.
Nós não estamos aqui para sermos perfeitos. Na verdade, isto seria muito chato.
Nós estamos aqui para viver, para experimentar e passar pelas nossas experiências com uma sensação de admiração, mesmo que elas sejam negativas.
A pior coisa que pode nos acontecer, como ser humano, é pararmos de mudar, é deixarmos de nos abrir para novas experiências.
Isto acontece quando ficamos completamente presos dentro de um problema ou de um sistema de crenças.
Quando nos sentimos completamente presos, emperrados, e parece não termos nenhuma outra escolha que não seja a de suportarmos o sofrimento na nossa vida… sempre que isto acontece, nós estamos espiritualmente mortos.
Não há mais nenhum espaço, não há mais ar para se respirar, não há mais encantamento e admiração na nossa vida.
Se este é o nosso caso, tentemos e criemos uma certa distância da situação ou problema.
Tentemos respirar em volta dele.
Imaginemos que o problema tem um lugar no nosso corpo – por exemplo, no ponto em que sentimos o nosso corpo mais tenso ou dolorido – e deixemos que a nossa respiração flua calmamente para esse lugar e o envolvamos com espaço.
Sintamos a brisa suave do ar envolvendo a energia tensa e contraída, e reconheçamos nela a centelha original da nossa alma.
É pura consciência e uma sensação de encantamento.
Lembremos-mos que a nossa estadia aqui é apenas temporária; nós não temos que levá-la tão a sério!
É um jogo, um grande jogo, e num piscar de olhos estamos de volta ao outro lado e nos lembramos.
Não precisamos tornar isto tão pesado, isto é apenas um instante no tempo; respiremos no espaço outra vez e ampliemos-mos, abrimos-mos e elevemos-mos acima daquele problema em particular.
Nós somos muito mais grandiosos do que isso.
Sintamos como as coisas conseguem começar a se movimentar outra vez, no espaço que criamos com a nossa respiração. 
Se nos parecer totalmente impossível encontrar um espaço dentro de nós, tentemos-nos mover fisicamente.
Façamos qualquer coisa, menos pensar no problema.
Vamos lá fora, dêmos uma caminhada, focalizemos a nossa atenção em alguma outra coisa, só para fazer a energia se movimentar, para nos conectarmos novamente com o fluxo da respiração, com a sensação de encantamento, com a Luz que somos.
O facto de afastarmos a nossa mente do problema nos trará novas respostas, novas perspectivas.
As respostas nunca vêm da nossa vontade ou da nossa mente.
Se insistimos que “eu preciso descobrir agora o que eu tenho que fazer”, pressionamos a nós mesmos e ficamos “empacados”.
A resposta sempre vem quando ampliamos e abrimos mais a nossa consciência, não quando a reduzimos e nos concentramos demais.
E se a nossa mente for obsessiva e irrequieta e sentirmos que não conseguimos nos soltar, mexemos-nos fisicamente – corremos, andemos ou nademos, tanto faz.
Movimentos físicos acalmam a energia que está na nossa cabeça. 
Ao nos conectarmos com a nossa mãe espiritual interna, podemos nos dar algum espaço de novo.
Damos um passo para trás, desapegamos-nos do julgamento e criamos um novo espaço para Ser.
As coisas negativas também ganham espaço, pois a mãe em nós compreende que elas existem por alguma razão e têm uma causa definida no passado.
Quando nos sentirmos muito tristes e desiludidos, imaginemos a mão de uma mãe em nossos ombros. Sintamos o seu toque leve, mas confortador.
Uma mãe verdadeira só tem que olhar para nós e ver através de nós num relance, para consolar-nos.
Permitamos que esta consolação esteja connosco, descendo do Céu e ascendendo das profundidades do nosso ser.
Tranquilizemos-nos, saibamos que está tudo bem: nós estamos fazendo o melhor que podemos, está tudo bem se cometermos erros.
Os erros fazem parte deste jogo.
Damos-mos uma certa margem para vivermos: fazer escolhas, cometer erros, depois fazer novas escolhas.
Isto é que é realmente viver – movimento, crescimento e descobertas contínuas, e um encantamento que acompanha tudo isto.
A arte de viver está em achar espaço para a escolha em tudo o que acontece connosco.
Se encontrarmos esse espaço onde temos liberdade de escolher o modo como vivenciamos alguma coisa, seremos um mestre da vida na Terra.
As coisas se afrouxarão, mesmo em circunstâncias calamitosas, e nos virão respostas que a nossa mente jamais esperaria.
Nós deixaremos a magia da vida assumir o comando.
Agora estamos vivendo num reino de liberdade e felicidade criativa.
A liberdade está à disposição de todos nós, se ousarmos nos desapegarmos e confiarmos na mão do Amor que nos guia.
Agora é o momento de celebrarmos a vida.
Que cada um de nós permita que a luz, o ar e o espaço estejam em nossa vida, para que ela possa fluir novamente de acordo com o ritmo da nossa alma divina. 

Gratidão,
Luís Barros