O EGO JÁ NÃO SATISFAZ
A transição da consciência apoiada no ego para a
apoiada no coração começa com a experiência de um vazio interno.
Quando o ego é o centro de nosso ser, nossa
consciência e nossa vida emocional estão em “estado de cãibra”.
As pessoas têm horror de enfrentar o vazio interno
com plena consciência.
A estratégia do ego sempre é tratar o problema na
periferia, em lugar de fazê-lo no centro.
O ego procura resolver o problema voltando a
consciência para o exterior, para fora.
Todos anseiam pelo amor incondicional e o abraço da
Energia que chamamos Deus.
Nossa própria divindade é a nossa entrada para o
amor incondicional.
Nós só podemos encontrá-lo enfrentando o medo e a
escuridão que nos rodeia e voltando-nos para o nosso interior.
Isso fazemos empregando a nossa consciência como
uma luz que afugenta as sombras.
A consciência é luz e ela não precisa lutar com a
escuridão; sua simples presença a dissolve.
Voltando nossa consciência para o interior, os
milagres realmente acontecerão para nós.
O que percebemos como “mau” em nosso mundo sempre é
o resultado do apego ao poder pessoal - a recusa a entregar o controlo e
aceitar o medo e a escuridão internos.
O primeiro passo para a iluminação é a rendição a
“o que é”.
Iluminação significa permitir que todos os aspectos
de nosso ser sejam levados à luz da nossa consciência.
Iluminação é igual a amor.
Amor significa: aceitar-nos a nós mesmos tal como
somos.
A escuridão interior ‒ essa sensação de abandono no
mais profundo de nossa alma, que todos tememos tanto ‒ é temporária.
O estágio do ego é apenas um passo no longo
desenvolvimento e desdobramento da consciência.
Neste estágio, é dado o primeiro salto em direcção
a uma consciência divina individualizada.
A alma é essencialmente independente de qualquer
forma (material).
Quando nos atrevermos a viver sob a inspiração
interna e só fizermos o que nos trouxer alegria, será criada uma ordem natural
e verdadeira em nossa vida.
Isto é viver sem medo, é viver com plena confiança
no que a vida nos trará.
Podemos fazer isso?
Muito frequentemente, a chave para a verdadeira
felicidade em nossa vida consiste nisto: entendamos que nós somos Deus, não uma
de suas pequenas ovelhas perdidas.
Esta é a compreensão que nos levará de volta ao
lar.
Esta é a compreensão que nos levará ao âmago de
quem somos ‒ que é amor e poder divino.
Quando começamos a duvidar dos padrões de
pensamento e acção baseados no ego, uma nova parte de nós penetra nossa
consciência.
É a parte de nós que ama a verdade ao invés do
poder.
Uma vez que a alma experimenta o vazio e a dúvida,
tão característicos do final do estágio do ego, é possível encontrar e
enfrentar todos os sentimentos e emoções que antes estavam escondidos na
escuridão.
Estes sentimentos e emoções contidos são a porta de
entrada para o nosso Eu Superior.
Ao explorar o que realmente sentimos, em vez
daquilo que se supõe que devamos sentir, recuperamos nossa espontaneidade e
integridade, essa parte de nós que frequentemente é chamada de nossa “criança
interior”.
EXPLORANDO NOSSAS FERIDAS INTERNAS
Quando paramos de nos identificarmos com o ego,
primeiro entramos num estado de confusão sobre “quem Sou Eu?” e começamos a
fazer perguntas sobre o significado da vida, sobre o bem e o mal, sobre o que
realmente sentimos e pensamos, em oposição àquilo que os outros nos ensinaram a
sentir e pensar.
Nós tornamos-mos conscientes de partes mais
profundas de nós mesmos, partes que estão menos condicionadas por nossa
educação e por nossa sociedade e recebemos alguns vislumbres de quem
verdadeiramente somos: nossa singularidade, nossa individualidade.
Lembramos-mos que existe uma parte de nós que não é
dependente de nada que nos rodeia: nem dos nossos pais, nem do nosso trabalho,
nem dos nossos relacionamentos e nem sequer do nosso corpo.
É nesse momento que sentimos ‒ vagamente ‒ a nossa
divindade, a parte de nós que é completamente ilimitada e eterna.
Na realidade, todos nós somos seres
multidimensionais: nós podemos (e assim o fazemos) manifestarmos-mos em várias
realidades diferentes ao mesmo tempo.
Nós não estamos ligados a um padrão de tempo
linear.
Nossa actual personalidade é apenas um aspecto da
entidade multidimensional que somos.
Quando nos dermos conta de que a nossa expressão
actual como um ser humano físico é simplesmente um aspecto de nós, iremos além
dela e poderemos entrar em contacto com o Ser Superior que somos.
Mas antes de conseguirmos isto, precisamos curar as
partes feridas dentro de nós.
Ao nos desapegarmos da consciência baseada no ego,
vamos querer desenvolver uma forma completamente nova de ver as coisas, que pode
ser melhor descrita como neutra, querendo dizer que simplesmente observamos o
que é, sem interesse em como as coisas “deveriam ser”.
Quando entramos no estágio do processo de
transformação do ego ao coração, confrontamos-nos com a nossa dor interna, com nossos
medos, e somos convidados a olhá-los com compreensão e aceitação.
O ponto decisivo ocorre quando deixamos de nos julgar
e ‒ só quando estivermos preparados para olhar para nós mesmos com uma atitude
de interesse e abertura, é que penetramos na realidade da consciência baseada
no coração.
O coração está interessado em tudo o que existe, em
cada expressão real de nós, as destrutivas e as construtivas.
Se nos abrimos para a realidade do amor, a
realidade do coração, desapegamos-nos do julgamento e aceitamos quem somos neste
momento, ou seja, percebemos que somos o que somos em virtude de uma
multiplicidade de razões, as quais iremos agora investigar e explorar.
Quando este momento chega, é uma grande bênção para
a alma e então seremos capazes de curar a nós mesmos.
Nós não somos os papéis psicológicos ou identidades
que assumimos.
Nós apenas utilizamos estes papéis por uma
necessidade de experiência sentida pela alma.
A alma se deleita com todas essas experiências,
porque elas são partes do processo de aprendizagem com o qual ela se
comprometeu.
Considerando desta forma, todas as experiências são
úteis e valiosas.
Quando olhamos mais de perto para os nossos
próprios papéis ou identidades, logo percebemos que existiram experiências
dolorosas, inclusive traumáticas, no nosso passado, que ainda “grudam” em nós,
e ao nos identificarmos tanto com estas partes, pensamos que somos elas.
Por causa disto, sentimos que somos uma vítima e
daí tiramos uma conclusão negativa sobre a vida.
Mas estas conclusões não se referem à vida como
tal, elas só se referem às partes traumatizadas da consciência da nossa alma.
São estas partes que precisam de cura agora.
Nós faremos isto, entrando no passado outra vez,
mas com uma consciência muito mais amorosa e sábia do que jamais tivemos.
Neste estágio do processo de transformação do ego
ao coração, curamos episódios do passado, envolvendo-os com a nossa consciência
do presente.
Ao reexperimentar esses acontecimentos no presente,
a partir de um foco centrado no coração, libertamos as partes traumáticas do nosso
passado.
Quando voltamos ao acontecimento traumático
original, através da imaginação, e o envolvemos com a consciência do coração,
mudamos a nossa reacção original a esse acontecimento – mudamos a reacção de
horror e incredulidade, para uma simples observação do que acontece.
Na regressão, nós simplesmente observamos o que
aconteceu, e este simples acto cria espaço para a compreensão, espaço para a
compreensão espiritual do que realmente aconteceu nesse evento.
Quando este espaço se faz presente, tornamos-nos
mestres da nossa realidade outra vez.
Então somos capazes de chegar a uma aceitação do
fato completo, já que compreendemos, a partir do coração, que há significado e
propósito em cada coisa que acontece.
Nós podemos sentir, a partir do coração, que há um
elemento de livre escolha presente em tudo o que ocorre, e então desenvolvemos
uma aceitação da nossa própria responsabilidade pelo acontecimento.
Quando aceitamos a nossa própria responsabilidade, estamos
livres para seguir em frente.
É somente quando nos relacionamos com as nossas
identidades passadas, como um actor se relaciona com seus papéis, que nos tornamos
livres para irmos aonde quer que desejemos ir.
Então, estamos livres para entrar na consciência
baseada no coração.
Nós não mais nos apegamos a nenhum aspecto do que fomos
no passado: vítima ou agressor, homem ou mulher, branco ou negro, pobre ou
rico, etc.
Quando pudermos brincar com os aspectos da
dualidade, e simplesmente usá-los quando eles nos trouxerem alegria e
criatividade, teremos alcançado o significado da vida na Terra.
Experimentaremos muita felicidade e uma espécie de
regresso ao Lar.
Isto porque estaremos entrando em contacto com a
consciência subjacente aos diferentes papéis e identidades.
Estaremos tocando a base com a nossa própria
consciência divina outra vez... a percepção de que tudo é Unidade... em resumo:
a realidade do amor.
LIBERTANDO O VELHO
Cada caminho espiritual de alma é único e
individual.
O que acontece energeticamente, quando nos movemos
da dominação do ego para a consciência baseada no coração, é que o chakra
cardíaco passa a ter precedência sobre a vontade do terceiro chakra.
Os chakras são rodas giratórias de energia,
localizadas ao longo de nossa coluna vertebral.
Estes centros de energia estão todos relacionados
com um tema particular da vida.
Por exemplo: “espiritualidade” (chakra da coroa),
“comunicação” (chakra da garganta) ou “emoções” (chakra do umbigo).
Os chakras, até certo ponto, fazem parte da
realidade material, já que estão relacionados com lugares específicos do nosso
corpo.
Mas eles não são visíveis aos olhos físicos,
portanto poderíamos dizer que eles subsistem entre o espírito e a matéria; eles
fazem a ponte entre o vazio.
Eles formam o ponto de entrada do espírito (nossa
consciência da alma), permitindo que ele tome a forma física e crie as coisas
que estão acontecendo na nossa vida.
O chakra do coração, localizado no centro de nosso
peito, é a sede da energia do amor e da unidade.
O coração leva as energias que unificam e
harmonizam.
O chakra abaixo do coração é chamado de “plexo
solar” e está localizado próximo ao nosso estômago.
É a sede do desejo.
É o centro que focaliza nossa energia na realidade
física.
Portanto, é o chakra que está conectado com
questões de criatividade, vitalidade, ambição e poder pessoal.
O ego e a vontade estão intimamente relacionados.
A faculdade da vontade permite-nos colocar o foco
em algo, seja interno ou externo.
Nossas percepções da realidade, tanto de nós mesmos
quanto dos outros, estão muito influenciadas pelo que queremos, por nossos
desejos.
Nossos desejos, frequentemente, estão misturados
com o medo.
Muitas vezes queremos alguma coisa porque sentimos
que temos necessidade disso; por trás da nossa vontade, existe um sentimento de
falta ou de necessidade.
Devido ao medo que está presente em muitos dos nossos
desejos, o plexo solar é frequentemente dirigido pela energia do ego.
O ego se expressa especialmente através do plexo
solar.
Através da faculdade da vontade, o ego literalmente
pressiona a realidade.
A realidade tem que ser forçada para aquilo em que
o ego quer que acreditemos.
O ego trabalha a partir de um conjunto de
presunções básicas a respeito de como a realidade funciona, as quais são todas
baseadas no medo.
Quando vivemos a partir do coração, não existe um
conjunto fixo de crenças a partir das quais interpretamos ou damos valor aos
fatos.
Já não mais sustentamos fortes convicções sobre
nada.
Passamos a viver mais como um observador.
Adiamos os julgamentos morais sobre qualquer
questão, já que sentimos que podemos não ter compreendido tudo o que existe
para compreender sobre a situação.
Os julgamentos sempre têm algo de definitivo; mas o
coração não está interessado em definições.
Ele sempre procura ir mais além daquilo que parece
definitivo ou definido.
O coração é aberto, explorador e disposto a
reexaminar, disposto a perdoar.
Quando agimos a partir do coração, seguimos o fluxo
das coisas tal como ele se apresenta; não estamos pressionando nem forçando.
Muitas vezes tentamos realizar certas metas, sem
termos ido verdadeiramente para dentro de nós mesmos e verificado com o nosso coração
se isso realmente nos serve, no nosso caminho interior para a sabedoria e a
criatividade.
Além disso, mesmo que as nossas metas realmente
representem nossos desejos mais profundos, sentidos a partir do coração,
podemos estar numa linha de tempo que não é a do coração, mas da vontade
pessoal.
Existe um ritmo natural para todas as coisas, que
não tem, necessariamente, a velocidade que pensamos que é desejável.
O tempo que leva para conseguir as nossas metas é o
tempo que leva para mudar a nossa consciência, de tal modo que a realidade
desejada possa entrar na nossa realidade actual.
Portanto, se quisermos acelerar as coisas, coloquemos
o foco em nós mesmos, e não tanto na realidade.
A menos que abracemos a nossa realidade actual e
aceitemos-la como nossa criação, ela não poderá deixar-nos, porque estamos
negando uma parte de nós mesmos.
Nós não podemos criar uma realidade mais amorosa a
partir do ódio por nós mesmos.
O poder da vontade não nos serve nesta situação.
O que nós precisamos é entrar em contacto com o nosso
coração.
As energias da compreensão e a aceitação são os
verdadeiros blocos da construção de uma realidade nova e mais satisfatória.
Quando interagimos com a realidade a partir do
coração, permitimos que a realidade seja.
Não procuramos modificá-la; simplesmente e
cuidadosamente observamos o que ela é.
Quando o coração se torna o administrador do nosso
ser, o centro da vontade (o plexo solar) segue-o.
O ego (ou a faculdade da vontade) não é eliminado,
uma vez que ele cumpre naturalmente o papel de traduzir a energia do nível da
consciência para o nível da realidade física.
Quando esta tradução ou manifestação é guiada pelo
coração, a energia da vontade cria e flui sem esforço.
Nenhuma pressão ou esforço está envolvida.
É neste momento que ocorre a sincronicidade: uma
importante coincidência de fatos, que favorecem a realização de nossas metas.
Parece-nos milagroso, quando as coisas trabalham
juntas desta forma.
Mas, na verdade, isto é o que acontece o tempo
todo, quando criamos a partir do coração.
A ausência de esforço é a “marca registada” da
criação a partir do coração.
CRIANDO A NOSSA REALIDADE A PARTIR DO CORAÇÃO
A verdadeira criatividade não está baseada na
determinação e numa vontade forte, mas num coração aberto.
Estar aberto e receptivo ao novo, ao desconhecido é
vital para ser um verdadeiro criador.
Então, uma chave para a verdadeira criatividade é a
capacidade de não fazer nada: abster-se de fazer, fixar, focalizar.
É a habilidade de colocar a nossa consciência em um
modo puramente receptivo, mas alerta.
É somente através de não saber, de deixar as coisas
abertas, que podemos criar um espaço para que algo novo entre em nossa
realidade.
Isto vai contra aquilo que muita literatura da nova
era fala sobre “criar a sua própria realidade”.
É verdade que criamos a nossa realidade o tempo
todo.
Sua consciência é criativa, quer estejamos
conscientes disso ou não.
Mas quando queremos criar nossa realidade
conscientemente, como muitos livros e terapias ensinam, é essencial compreender
que a forma mais poderosa de criar não está baseada na vontade (sendo activo),
mas na autoconsciência (sendo receptivo).
Toda mudança no mundo material ‒ por exemplo, na
área de trabalho, das relações ou do nosso ambiente material ‒ é um reflexo de
mudanças no nível interno.
É somente quando os processos de transformação
interna terminam, que a realidade material pode responder, reflectindo essa
transformação de volta para nós, mudando as circunstâncias em nossa vida.
Quando tentamos criar a partir da vontade ‒ por
exemplo, focalizando-nos ou visualizando nossas metas o tempo todo ‒ ignoramos
a transformação interna, que é o verdadeiro pré-requisito para a mudança.
Nós temos que criar a partir da profundidade da nossa
alma.
A alma fala connosco nos momentos de silêncio.
Nós podemos ficar quietos, receptivos e abertos ao
que ela nos diz, sem precisarmos nos decepcionar primeiro.
Enquanto “sabemos exactamente o que queremos”,
geralmente estamos limitando as possibilidades que estão disponíveis
energeticamente para nós.
Esta nova realidade que estamos procurando, seja um
trabalho, um relacionamento ou melhor saúde, contém muitos elementos que
desconhecemos.
Realmente, para criar a realidade mais desejável
para nós, a auto-aceitação é muito mais importante do que focalizar os nossos
pensamentos ou a nossa vontade.
Nós não podemos criar algo que não somos.
Nós podemos recitar mantras milhares de vezes e
criar muitas imagens positivas em nossa mente, mas enquanto elas não
reflectirem o que realmente sentimos (por exemplo: raiva, depressão,
intranquilidade), elas não criarão nada além de dúvida e confusão (“Estou
trabalhando duro, mas nada acontece”).
A auto-aceitação é uma forma de amor.
O amor é o maior imã para as mudanças positivas em nossa
vida.
Se nos amarmos-mos e nos aceitarmos pelo que somos,
atrairemos circunstâncias e pessoas que reflectirão o nosso amor-próprio.
É simples assim.
Sintamos nossa própria energia, todos os nossos
sentimentos.
E essa é a única consciencialização que conta.
A perfeição não é uma opção que conhecemos.
É apenas uma ilusão.
Criar a nossa realidade a partir do coração é
reconhecer a nossa Luz, aqui e agora.
Ao reconhecê-la, ao nos tornarmos conscientes dela,
estamos semeando uma semente que crescerá e tomará forma no nível físico.
Quando Deus nos criou como almas individuais, começou
a experimentar a vida através de nós.
Como tudo isto aconteceu ‒ os detalhes do processo
da criação ‒ Deus realmente não se preocupou com isso.
Ela simplesmente amou a Si Mesmo e ficou aberto à
mudança.
ADAPTANDO-SE A VIVER A PARTIR DO CORAÇÃO
Criar a partir do coração é mais poderoso e requer
menos esforço do que criar a partir do ego.
Não precisamos preocupar-nos com detalhes;
necessitamos apenas estar abertos a tudo o que existe, tanto interna como
externamente.
Com esta abertura, podemos, de vez em quando,
sentir um certo puxão – atraídos para determinadas coisas – mas este puxão é,
na verdade, o silencioso sussurro de nosso coração; é a nossa intuição.
Quando agimos a partir da intuição, estamos sendo
puxados, em vez de estarmos impulsionando.
A mudança requer uma tremenda “desaceleração”.
Para realmente entrar em contacto com o fluxo da nossa
intuição, temos que fazer um esforço consciente para “não fazer”, para deixar
que tudo seja.
Isto se opõe a muito daquilo que nos ensinaram e a
que estamos acostumados. Estamos muito mais habituados a basear as nossas
acções nos pensamentos e na força de vontade.
Isto é totalmente o oposto da criação a partir do
coração.
Quando vivemos a partir do coração, nós escutamos o
nosso coração e depois agimos de acordo com ele.
Nós não pensamos; nós escutamos, com uma
consciência alerta e aberta, o que o nosso coração nos diz.
O coração fala através dos nossos sentimentos, não
através da nossa mente.
A voz de nosso coração pode ser ouvida melhor,
quando nos sentimos tranquilos, relaxados e assentados.
O coração mostra-nos o caminho para a realidade
mais amorosa e alegre para nós neste momento.
Viver a partir do coração não significa que nos
tornemos passivos ou letárgicos.
Deixar que as coisas sejam, sem rotulá-las de
certas ou erradas, sem empurrá-las para um lado ao invés de para o outro,
requer muita força.
É a força de estar totalmente presente, de
enfrentar tudo o que existe e apenas observar.
Tudo o que fazemos é envolvê-las com a nossa
consciência.
Nós não compreendemos o verdadeiro poder da nossa
consciência.
A nossa consciência é feita de Luz.
Quando sustentamos algo na nossa consciência, há
uma mudança por causa disso.
Nossa consciência é uma força curadora, se não a
limitarmos com nosso pensamento e nosso vício de “fazer”.
Não deixemos que a nossa vida esteja ocupada pela
ditadura da mente e da vontade, a primazia do pensar e do fazer.
Observemos que tanto a mente quanto a vontade
trabalham com regras gerais.
Existem regras gerais de pensamento lógico: são as
regras da lógica.
Existem estratégias gerais para transformar o
pensamento em matéria; são as regras de “administração do projecto”.
Mas são todos princípios gerais.
Agora, a intuição trabalha de maneira muito
diferente.
A intuição ajusta-se sempre a uma pessoa, em um
momento particular.
É altamente individualista.
Portanto, não pode estar sujeita a uma análise
racional ou a regras gerais.
Portanto, viver e agir de acordo com a nossa
intuição exige um elevado nível de confiança, porque nossas escolhas são
baseadas somente no que sentimos que é correcto, e não naquilo que as regras de
outras pessoas dizem que é correcto.
Assim, viver a partir do coração não só exige que libertemos
o hábito de usar excessivamente nossa mente e o poder de nossa vontade, mas
também nos desafia a verdadeiramente confiar em nós mesmos.
Se simplesmente percebemos e aceitamos um desejo,
sem procurar fazer algo a respeito dele, ficaremos assombrados com a forma pela
qual o Universo responderá a isso.
Sem forçar nenhuma conclusão, apenas sustentando o
desejo na Luz da nossa consciência, o nosso chamado será escutado e respondido.
Pode levar mais tempo do que esperamos, porque
existem mudanças energéticas que precisam ocorrer antes que certos desejos
possam ser satisfeitos.
Mas nós somos o mestre, o criador da nossa
realidade energética.
Se a criarmos a partir do medo, a realidade
responderá de acordo com ele.
Se a criarmos com confiança e entrega, receberemos
tudo o que desejamos e mais.
ABRINDO-SE PARA O ESPÍRITO
Quando nos abrimos para o Espírito, encontramos um
lugar de paz e tranquilidade dentro de nós mesmos.
Entramos frequentemente em contacto com um silêncio
em nosso coração, que sabemos que é do Eterno.
Tudo o que vivenciamos é relativo comparado com
este Ser ilimitado e todo-abrangente.
Este lugar de paz e silêncio dentro de nós também
tem sido chamado de Espírito.
Em nossas tradições (esotéricas), é feita uma
distinção entre espírito, alma e corpo.
O corpo é a morada física da alma por um tempo
limitado.
A alma é a âncora não física, psicológica, da
experiência.
Ela carrega a experiência de muitas vidas.
A alma se desenvolve através do tempo e lentamente
se transforma numa bela pedra multifacetada, cada face reflectindo um tipo
diferente de experiência e o conhecimento nela baseado.
O Espírito não muda e nem cresce com o tempo.
O Espírito está fora do tempo e do espaço.
O Espírito em nós é a nossa parte eterna,
atemporal, que é Una com o Deus que nos criou.
É a divina consciência, que é a base da nossa
expressão no espaço e no tempo.
Nós nascemos de um reino de pura consciência e levamos
parte dessa consciência connosco, através de todas as nossas manifestações na
forma material.
A alma faz parte da dualidade.
Ela é afectada e transformada por nossas
experiências na dualidade.
O Espírito está fora da dualidade.
É a base sobre a qual tudo se desenvolve e evolui.
É o Alfa e Ómega, que podemos simplesmente chamar
de Ser ou Fonte.
O Silêncio, externo, mas especialmente interno, é a
melhor entrada para se vivenciar esta energia sempre presente, que somos NÓS no
nosso âmago mais profundo.
No silêncio, nós podemos entrar em contacto com a
coisa mais milagrosa e auto-evidente que existe:
Espírito, Deus, Fonte, Ser.
A alma carrega memórias de muitas encarnações.
Ela sabe e compreende muito mais do que a nossa
personalidade terrena.
A alma está conectada com fontes de conhecimento
extra-sensoriais, tais como nossas personalidades de vidas passadas e guias ou
conhecidos dos planos astrais.
Apesar desta conexão, a alma pode estar num estado
de confusão, ignorante da sua verdadeira natureza.
A alma pode ser traumatizada por certas
experiências e, assim, permanecer num lugar de sombra por algum tempo.
A alma está continuamente evoluindo e ganhando
compreensão da dualidade inerente à vida na Terra.
O Espírito é o ponto imutável dentro desse
desenvolvimento.
A alma pode estar num estado de sombra ou
iluminação, mas o Espírito não.
O Espírito é puro Ser, pura consciência.
Está tanto na Sombra quanto na Luz.
É a Unidade subjacente a toda a dualidade.
Quando chegamos ao estágio da transformação do ego
ao coração, nós nos conectamos com o Espírito.
Nós nos conectamos com a nossa Divindade.
Conectarmos-mos com o Deus dentro de nós é como sermos
retirados da dualidade enquanto permanecemos totalmente presentes e assentados.
Neste estado, nossa consciência é preenchida por um
êxtase profundo, mas tranquilo; uma mescla de paz e alegria.
Nós percebemos que não dependemos de nada que
esteja fora de nós.
Nós somos livres.
Nós estamos verdadeiramente no mundo, mas sem sermos
do mundo.
Conectarmos-mos com o Espírito dentro de nós é um
processo lento e gradual, no qual nos conectamos, nos desconectamos, nos
reconectamos...
Gradualmente, o foco da nossa consciência move-se
da dualidade para a unidade.
Ela se reorienta, descobrindo que, eventualmente, é
mais atraída para o silêncio do que para os pensamentos e as emoções.
Por silêncio queremos dizer: estar completamente
centrado e presente, em um estado de consciência não julgadora.
A chave para nos conectarmos com o nosso Espírito
não é seguir alguma disciplina (como meditação ou jejum, etc.), mas realmente
compreender que é o silêncio que nos leva ao Lar, não os nossos pensamentos ou
emoções.
A morte é sempre uma libertação do velho e uma
abertura para o novo.
Dentro deste processo, não existe um só momento no
qual nós “não somos”, isto é, no qual estamos “mortos” conforme a nossa falsa
definição de morte.
A morte, como a definimos, é uma ilusão.
É apenas o nosso medo de mudança que provoca o nosso
medo da morte.
Nós não tememos apenas a morte física, mas também a
morte emocional e mental durante a nossa vida.
Mas sem a morte, as coisas se tornariam fixas e
rígidas.
Tornar-nos-íamos escravos dos velhos padrões: um
corpo gasto, formas de pensamento antiquadas, reacções emocionais limitadas.
Isto não é sufocante? A morte liberta.
Não há morte, apenas transformação.
A passagem da consciência baseada no ego para uma
vida centrada no coração é, de certa forma, uma experiência de morte.
Quanto mais nos identificamos com o Espírito, com o
Deus dentro de nós, mais libertamos coisas com as quais costumávamos preocupar-nos
ou nas quais colocávamos muita energia.
Finalmente percebemos, em níveis cada vez mais
profundos, que realmente não há nada para fazer, excepto ser.
Quando nos identificamos com a nossa existência, ao
invés de nos identificarmos com os pensamentos e emoções efémeros que passam
através de nós, a nossa vida é afectada imediatamente.
O Espírito não é algo abstracto.
É uma realidade que efectivamente podemos trazer
para a nossa vida.
Estar em contacto com a mais pura das fontes,
finalmente mudará tudo em nossa vida.
Deus ou a Fonte ou o Espírito é criativo por natureza,
mas de formas quase incompreensíveis para nós.
O Espírito é silencioso e perene e, todavia,
criativo.
A realidade do Eu Divino não pode realmente ser
captada pela mente.
Pode apenas ser sentida.
Se a aceitamos em nossa vida, e a reconhecemos como
os sussurros do nosso coração, lentamente tudo começa a ir para o seu devido
lugar.
AJUDANDO OS OUTROS, A PARTIR DO NÍVEL DO ESPÍRITO
Quando tivermos feito a transição da consciência
baseada no ego para a baseada no coração, estaremos em contacto mais ou menos
constante com o fluxo divino do nosso interior.
Neste estado, não há necessidade ou desejo de
ajudar os outros, mas isto vem naturalmente para nós.
Nós atraímos isto para nós, mas não através da
vontade.
Energicamente, estamos emitindo certas vibrações
agora.
Há algo presente no nosso campo de energia, que
atrai as pessoas para nós.
Não é algo que fazemos, mas algo que somos.
Há uma vibração disponível na nossa energia, que
pode ajudar as pessoas a entrarem em contacto com o seu próprio Ser divino.
Nós podemos ser um espelho para essas pessoas, no
qual elas podem realmente ver um problema ou dificuldade ser libertado e
transformado na energia da solução.
Nós somos capazes de lhes ensinar alguma coisa, e o
ensinamento acontece quando somos nós mesmos.
Não é transmitindo conhecimentos ou utilizando
certos métodos, que vamos ensinar e curar.
É permitindo-nos ser exactamente quem somos e
expressando-nos da forma mais alegre possível, que a nossa presença se torna
verdadeiramente útil.
É compartilhando a nós mesmos com outros, que lhes
possibilitamos o acesso a um espaço de cura, no qual eles podem escolher entrar
ou não.
Estar presente para os outros, deste jeito, está
ligado a um sentimento de carácter bem neutro.
Representa um nível de imparcialidade, no qual
libertamos nosso desejo pessoal de transformar ou “curar” os outros.
Este desejo, apresentado por todos os Trabalhadores
da Luz em algum estágio, não se origina de uma verdadeira compreensão do
caminho interior que as pessoas querem seguir para encontrarem sua própria
verdade interior.
É melhor não nos envolvermos emocionalmente com as
pessoas a quem ajudamos, pois, o envolvimento emocional leva à vontade pessoal
de curar ou transformar os outros, e este desejo pessoal não ajuda os outros,
mas pode, sim, causar bloqueios no processo de cura deles.
Toda vez que queremos que as pessoas mudem, não estamos
num espaço de amor e tolerância.
O estágio quatro de transição do ego ao coração
consiste em transcender o nível da alma e elevar-se ao nível do Espírito.
É claro que não queremos dizer que a alma seja, de
alguma forma, “menos” que o Espírito.
O fato é que somos maiores e mais abrangentes do
que a nossa alma.
A alma é um veículo para a experiência.
Ao nos identificarmos com o Espírito em nós, com o nosso
próprio Ser Divino, todas as coisas que vivenciamos em muitas e muitas vidas
encaixam-se em seus devidos lugares.
Nós nos elevamos acima das experiências, não nos
identificando com nenhuma delas.
Isto tem um efeito curativo sobre a alma.
Gratidão,
Luís Barros