O poder da nossa própria consciência.
O poder do nosso próprio ser.
O poder da nossa própria alma.
Muito frequentemente ainda o buscamos.
Nós estamos continuamente procurando soluções fora
de nós mesmos.
Mas, quando trazemos estas soluções para dentro de nós,
elas logo começam a desvanecer.
Percebam que nós somos o centro do nosso ser, o sol
do nosso próprio universo.
O foco da nossa consciência e aquilo com que ela
está sintonizada define como nós nos sentimos, como pensamos, como agimos.
Do fundo de nós mesmos, dirigimos estas coisas,
como um sol dirige seus raios para fora.
Se acreditarmos que existem aspectos de nós mesmos
que este sol não deveria iluminar, então todos e tudo que encontrarmos à nossa
volta confirmarão estas crenças.
Da mesma forma, a ajuda ou conselho de outra pessoa
só podem ser recebidos se permitirmos que o nosso sol ilumine esse aspecto para
o qual precisamos de ajuda.
Somos sempre nós que decidimos colocar esse aspecto
na luz e abrir a porta.
Não existe ninguém que possa forçar-nos a fazer
isso.
É por isso que ninguém pode ajudar-nos, se não nos
permitirmos ser ajudados (isto vale para ajuda terrena, bem como para ajuda do
nosso lado).
Existem convicções que vivem dentro de nós, que
fazem com que pensemos que não temos força para encontrar nosso próprio
caminho, para experimentar o nosso próprio destino outra vez.
Estas convicções estão ligadas a um passado no qual
estivemos perdidos durante muito tempo.
Estamos falando agora particularmente de um passado
aqui na Terra, um passado de muitas vidas terrenas, no qual experienciamos
muita escuridão.
Um passado no qual enfrentamos muito medo e no qual
o medo obscureceu o nosso sol interior.
Mas agora todos estamos lentamente despertando.
Partes de nós já estão na luz outra vez, mas ainda
existem muitos aspectos que continuam na escuridão, obscurecidos pelo medo e
pela insegurança em relação a nós mesmos.
Nós podemos comparar esta escuridão interna com uma
criança que se perde.
Uma parte da nossa alma é uma criança perdida.
Ela perdeu seu caminho num passado de dor.
Mas o passado não é uma coisa estática.
Nada está irrevogavelmente perdido no tempo.
Não existem portas fechadas.
A nossa criança interior perdida, que se fragmentou
no passado, pode ser trazida de volta.
Nós somos os pais dela, nós somos a única pessoa
que pode cuidar dessa criança, que pode acalentá-la e trazê-la de volta à vida.
Porque – isto é uma coisa que também devemos saber
– nós nos esquecemos como se vive.
Nós somos muito bons em sobreviver, mas viver
verdadeiramente é muito mais fascinante, inspirador e feliz.
E justamente a parte de nós que é capaz de fazer
isso, é a que se perdeu.
Perdeu-se numa espécie de labirinto do passado.
Perdeu-se numa acumulação de eventos que foram
traumatizantes para a consciência.
Em todo este tempo em que temos encarnando aqui na
Terra, no nível da alma nós temos nos desenvolvido como crianças entrando na
idade adulta.
Neste sentido, nós viemos para a Terra como
crianças, passamos por várias experiências próprias, e muitas dessas
experiências não foram totalmente compreendidas.
Agora nós estamos chegando ao final de um certo
período de tempo, de um certo ciclo do nosso desenvolvimento, e está na hora de
nos elevarmos acima das experiências que não foram entendidas; é tempo de
crescermos e nos transformarmos em pais.
É tempo de sermos o pai e a mãe da nossa própria
criança.
E é sobre isto que queremos falar: sobre o nosso
poder de nos elevarmos acima da nossa criança interior ferida.
A criança dentro de nós é a vítima de muitas
experiências que não foram compreendidas.
A ferida interior mais profunda é a ferida da
criança abandonada.
A criança que não sabe o que está acontecendo com
ela, a criança que foi abandonada, que está assustada, que não tem um sistema
de referência que lhe permita entender.
De um certo modo, haveremos de compreender que este
abandono foi nossa própria escolha, nossa mais profunda escolha, e um acto de
criação verdadeiramente divino.
A imensa dor que sentimos quando começamos a nossa
jornada sozinhos, nossa jornada de experiência, essa dor profunda foi, ao mesmo
tempo, um grande acto de criação.
Porque ao nos desprendermos, como almas, do grande
todo – do Deus-Pai-Mãe – nós nos permitimos fazer grandes descobertas,
experimentar e sentir muitas coisas.
No actual estágio da nossa jornada, onde ainda
existe muita dor interna, é difícil compreender o significado mais profundo
desta longa jornada de volta para casa.
Mas nós somos seres de luz maravilhosos, com muita
coragem e uma grande confiança no Criador, senão jamais teríamos começado esta
viagem.
O que precisamos é recordar-nos desta centelha de
coragem, criatividade e luz que existe dentro de nós.
Sintamos novamente essa centelha em nossos
corações, voltemos a nos conectar com ela.
Saibamos que temos o poder de deixar a nossa criança
interior retornar à vida, de deixa-la cantar e brincar outra vez.
A criança interior é um símbolo muito rico.
A jornada começou com uma criança perdida, deixada
a sós no escuro.
A jornada termina com uma criança que brilha com
plenitude, felicidade e luz.
A única coisa que ela precisa para chegar lá, é de
um adulto que a leve pela mão, cuide dela com carinho e lhe inspire confiança.
E é isso que nós somos: os guardiões da nossa criança
interior.
E saibamos que a própria criança é o maior fruto, a
maior dádiva de alegria que podemos dar a nós mesmos.
O momento chegou.
Neste ponto da história, está na hora de juntarmos
as partes perdidas de nós mesmos.
É hora de estarmos no centro de quem somos.
Porém, devemos compreender que este centro não é
algo antigo para o qual retornamos, mas algo novo.
Nós todos estamos a caminho de uma nova realidade;
um novo nível de ser, que não existia antes.
Entretanto, existe um aspecto de retorno, no
sentido de que o reconhecimento da nossa própria divindade nos dá a sensação de
voltar para casa, traz uma lembrança do antigo sentimento de unidade e
harmonia, que conhecíamos antes.
Mas é a primeira vez que vamos incorporar esse
sentido de unidade, pura e simplesmente a partir da nossa própria consciência.
Nós vamos voltar para a Luz, sem termos que
abandonar a nossa individualidade.
Ambos caminham juntos: ser Deus e ser individual,
ser Um e ser único.
Gratidão,
Luís Barros