23 de maio de 2020

A MORTE E O ALÉM

Amados anjos, saibamos que somos amados incondicionalmente, mesmo agora que moramos num corpo de carne e osso, um corpo mortal.
Mesmo enquanto vivemos dentro dos limites deste lar temporário, nós ainda somos incondicionalmente uma parte de Deus, o Lar pelo qual tanto ansiamos.
Na verdade, nós nunca deixamos o Lar, entretanto nós não reconhecemos a chama eterna que permanece acesa para sempre no nosso ser.
Entremos em contacto com essa luz neste momento e amemos a nós mesmos, saibamos quem somos.
Uma luz tão bonita e pura arde no nosso interior.
Como podemos duvidar disto?
Falamos sobre morrer.
Existe muito medo em relação à morte.
Medo de aniquilação, medo de esquecimento, medo de ser engolido pelo imenso buraco negro associado à morte.
Como acontece com frequência na dimensão terrena, o ser humano tende a virar as coisas de pernas para o ar e apresentá-las do modo exactamente oposto ao que são realmente.
Na verdade, a morte é libertação, é a volta ao lar, a lembrança de quem nós realmente somos.
Quando a morte chega, nós voltamos sem esforço ao nosso estado natural de ser.
Nossa consciência funde-se com a chama de luz que é a nossa verdadeira identidade.
As cargas terrenas são retiradas dos nossos ombros.
A vida dentro de um corpo físico impõe-nos limitações.
É verdade que nós escolhemos mergulhar neste estado de limitação devido à possibilidade de experiência que ele tinha a nos oferecer.
Apesar disso, a retomada do nosso estado angélico natural é uma sensação de bem-aventurança!
O anjo que vive em nós adora voar e ser livre para investigar livremente os inúmeros mundos que constituem o universo.
Há tantas coisas para se explorar e experienciar!
Ao nascer num corpo terreno, nós perdemos parcialmente o contacto com essa liberdade angélica e com a sensação de não ter limites.
Voltamos ao instante imediatamente anterior ao nosso mergulho na nossa encarnação actual.
Em um nível interno, nós nos permitimos iniciar esta vida terrena.
Foi uma escolha consciente.
Talvez nos tenhamos esquecido disto e de vez em quando fiquemos em dúvida se realmente querermos estar aqui.
Entretanto houve um momento em que nós dissemos "sim".
Esta foi uma escolha corajosa.
É um acto de grande bravura trocar temporariamente a nossa liberdade angélica e nosso sentido de não-limitação pela aventura de nos tornarmos um ser humano, de nos tornarmos mortais.
Essa aventura guarda uma promessa que faz com que tudo isso valha a pena.
Sintamos o "sim" que naquele momento se elevou da nossa alma.
Lembremo-nos também de termos sido atraídos para a Terra.
Sintamos como nos conectamos com a realidade da Terra e sintamos o momento em que entramos no embrião que estava dentro do útero da nossa mãe.
Podemos notar que há um certo peso envolvendo o planeta Terra, algo meio cinzento ou denso.
Existe muito sofrimento na Terra.
Dor, perda, medo e pensamentos negativos fazem parte da atmosfera colectiva da Terra.
E foi isto que nós, como alma recém-encarnada, atravessamos.
A nossa luz encontrou o caminho através da escuridão e, ao fazer isto, um inevitável véu de ignorância caiu sobre a nossa consciência angélica original.
Sintamos a tristeza deste acontecimento e, por trás dela, a nossa coragem e bravura.
Nós estávamos determinados: "Vou fazer isto! Mais uma vez, vou enraizar-me na realidade da Terra para encontrar a minha própria luz, para reconhecê-la, para redescobri-la e para transmiti-la para este mundo, que está precisando tanto dela."
Sim, foi um salto para dentro da ignorância.
Esquecermos-mos temporariamente de quem somos, não nos lembrarmos do nosso estado livre de ser, fazem parte de ser um humano.
Nós nos esquecemos que estamos seguros e livres independentemente de onde estejamos.
Ao nos tornarmos um ser humano, nós começamos a nos prepararmos para recuperar aquela sensação natural de liberdade e segurança.
Na nossa busca, nós podemos ser enlaçados por poderes que parecem nos oferecer o que estamos procurando, mas que na verdade estão tornando-nos dependente de algo fora de nós.
Podemos curvar-nos a julgamentos vindos de fora de nós mesmos, que nos dizem como devemos nos comportar para sermos amados.
Estas falsas imagens do Lar, estes substitutos, tendem a entristecer-nos e deprimir-nos.
Realmente a descida do Céu para a Terra foi uma viagem dura!
Entretanto a morte transporta-nos de volta ao plano do amor eterno e da segurança.
É na morte que nós nos entregamos a quem sempre fomos.
Quando se morre conscientemente, quando se aceita a morte e se entrega a ela, a morte se torna um acontecimento feliz.
O que acontece quando morremos?
Antes de morrer, nós passamos por um estágio de partir e se desapegar.
É uma fase em que dizemos adeus à vida terrena e aos nossos entes queridos.
Isto pode ser difícil, mas, ao mesmo tempo, oferece-nos a possibilidade de reflectirmos profundamente sobre quem somos, e o que aprendemos e realizamos na Terra durante a nossa encarnação.
Na dor que podemos sentir ao deixarmos os nossos entes queridos, torna-se muito mais claro o que nos conecta a eles.
É um laço de amor que é imortal.
Essa ligação é tão poderosa que passa sem esforço pela fronteira da morte.
O amor é uma fonte inexaurível, eternamente dando origem a nova vida.
Pois uma coisa é certa: quando partimos em amor, nós nos encontramos outra vez.
Nós vamos encontrar um ao outro de novo, sem esforço, porque o caminho mais curto para o outro é sempre o caminho do coração.
Se nós temos entes queridos que já se foram, podemos estar certos que eles estão perto de nós, no nível do coração.
Sintamos a presença deles, pois estão aqui entre nós, saudando-nos.
Eles se sentem privilegiados e livres.
Estão livres da dúvida que atormenta tantas pessoas na Terra, e anseiam por compartilhar connosco o amor e a bondade que estão à nossa disposição o tempo todo.
Aqueles que ficam para trás geralmente associam a fase anterior à morte dos nossos entes queridos com sentimentos de tristeza e perda.
É natural chorar a partida de um ser amado; é natural sentir sua falta e desejar sua presença física.
Entretanto, somos encorajados a tentar sentir que, com a partida deles, abre-se um portal para uma nova dimensão, uma dimensão onde a comunicação é de natureza tão pura, clara e directa, que se eleva acima dos métodos de comunicação usados comumente na Terra.
Nós podemos ter uma comunicação directa com nosso ser amado depois da morte, de coração para coração.
Deste modo, os mal-entendidos que costumavam separar-nos podem ser facilmente esclarecidos, já que nós passamos a nos comunicarmos honesta e abertamente um com o outro.
Nossa mensagem será sempre recebida.
Quando nós mesmos tivermos morrido, veremos as pessoas que estão vivendo na Terra de uma perspectiva diferente.
Seremos mais tolerantes e doces, e perceberemos que temos um sentido mais ampliado de sabedoria
Nós não ficaremos totalmente equilibrados de uma hora para outra, porque existem emoções e sentimentos que levamos connosco e que precisam ser trabalhados.
Nós não seremos perfeitos nem omniscientes logo que deixarmos a vida física.
E isto realmente não é tão ruim, pois existe muita coisa a ser experienciada e descoberta do outro lado!
Entretanto, na maioria dos seres humanos há uma nova perspectiva.
A dimensão da eternidade é tangível e isto suaviza respeitosamente a nossa visão do que nos ocupava e ocupava as pessoas directamente ao nosso redor, durante a nossa estadia na Terra.
Agora, o que acontece connosco, ao atravessarmos as fronteiras da morte?
Depois de passarmos pelo estágio de lamentação, o estágio de despedida, nós começamos a sentir a morte chegando mais perto.
O foco da nossa consciência muda.
Tendo libertado o mundo exterior, as pessoas e o nosso corpo, nossa consciência se volta para o nosso interior, cada vez mais profundamente.
Nossa percepção do mundo externo diminui e isto nos permite prepararmo-nos para a jornada interior na qual estamos prestes a embarcar.
Se aceitarmos conscientemente a morte, experienciaremos um "estar pronto", uma prontidão para realmente nos desapegarmos.
Para os nossos entes queridos, este é o momento de deixar-nos partir, pois nós precisamos de todas as nossas forças para nos voltarmos para dentro de nós mesmos e nos prepararmos.
Morrer não precisa ser um processo doloroso.
O que realmente acontece é de natureza grandiosa e sublime!
Morrer é um acontecimento sagrado, no qual a alma se conecta consigo mesma, de uma forma muito íntima.
Durante a fase final, a pessoa que está morrendo sente a dimensão terrena – o corpo, os sentidos, as cores e outras sensações físicas – de uma forma neutra.
Uma outra dimensão está entrando na nossa consciência, com um brilho tão promissor e convidativo, que não é mais tão difícil nos entregarmos e deixarmos todas as coisas terrenas para trás.
Nem mesmo a presença dos nossos entes queridos vai impedir-nos de irmos embora.
A energia do Lar – Deus, Céu, ou como quer que queiramos chamá-lo – é tão irresistivelmente bondosa, confortadora e segura, que fica fácil deixarmos ir e devolvermos o nosso corpo cansado e desgastado para a Terra.
Uma vez que libertemos tudo em paz, nossa alma se elevará do nosso corpo de forma suave e fluida.
Nós seremos amparados pelas forças universais de sabedoria e amor.
Se morrermos sem resistência, o ambiente ao nosso redor será preenchido por uma energia calorosa e amorosa.
Nós experimentaremos uma sensação indefinível de alívio.
Neste ponto, nós estamos livres, e tudo se esclarece.
Nós nos lembramos da omnipresença do Amor, não como um conceito abstracto, mas como uma realidade palpável.
Enquanto estávamos na Terra, chamávamos esse tipo de amor de "Deus", e mantínhamos uma imagem humana, distorcida, do que Deus "queria de nós".
Estávamos convencidos de que existiam algumas exigências desse Deus, exigências que nós geralmente não cumpríamos.
Mas aqui nesta dimensão, nós nos lembramos qual é a verdadeira vontade de Deus: incorporar-se em nós, inspirar-nos, experienciar a criação através de nós e finalmente reconhecer-Se na nossa face.
Deus queria tornar-se humano através de nós.
O objectivo da evolução do universo somos NÓS: Deus feito homem!
Deus é a fonte da criação, e nós somos a Sua realização.
Nós, que demos forma à luz de Deus, nunca somos julgados por sermos um humano.
Pelo contrário, somos honrados.
A ideia de um Deus vingativo é mais uma distorção, o reverso da verdade alimentado pelo medo.
Deus Se reconhece em nós, independente do que fazemos ou deixamos de fazer.
Quando voltamos a este lado, nos conscientizamos disto outra vez, e uma carga imensa de autojulgamento e sentimentos de inferioridade escorregam dos nossos ombros.
Nós sentimos a alegria original de vivermos de novo, seguros nas mãos de Deus.
Logo depois da nossa chegada ao outro lado, começaremos a perceber seres de luz ao nosso redor.
Haverá guias para ajudar-nos e pessoas que conhecemos e que fizeram a passagem antes de nós.
Algumas vezes nos surpreenderemos com aqueles que encontramos lá: pessoas que encontramos apenas rapidamente, mas que tocaram o nosso coração profundamente, poderão estar ao lado de nossos amigos de longa data e parentes nossos.
Todos aqueles com quem tivemos uma conexão baseada no amor virão cumprimentar-nos em algum momento.
Mais uma vez, ficará muito claro para nós que dizer adeus não passa de uma ilusão, que a conexão pelo coração é eterna.
Experienciaremos uma sensação de gratidão e respeito, ao entrarmos neste plano de amor incondicional e sabedoria.
Depois que chegarmos ao outro lado, haverá uma fase de adaptação, para que nos acostumemos com o nosso novo ambiente e lentamente libertemos a nossa ligação com a vida terrena.
Precisaremos nos ambientarmos.
Haverá guias para amparar-nos, que são especializados nisso.
Nós ainda teremos um corpo, mas ele será mais fluido do que o corpo físico com o qual estávamos acostumados.
É bem provável que tenhamos a aparência do nosso corpo físico mais recente.
Embora haja liberdade para assumir qualquer aparência que se desejar, a maioria das pessoas gosta de dar uma certa continuidade por algum tempo.
Nós também ficamos livres para criarmos as nossas próprias condições de moradia, como por exemplo, uma bela casa com um lindo jardim, num ambiente natural do qual gostávamos enquanto estávamos na Terra.
Está tudo bem, se quisermos viver as nossas fantasias terrenas neste plano, que chamamos de plano astral.
Esta é uma dimensão do reino do ser, que permite muita liberdade criativa, embora ainda lembremos e estejamos intimamente ligados à dimensão da Terra física.
Algumas pessoas tiveram dificuldade para aceitar a morte na Terra, e sua transição para o outro lado pode ter sido menos pacífica.
Geralmente elas precisam de mais tempo para se adaptar às novas circunstâncias de sua vida.
Às vezes demora um pouco até que percebam realmente que morreram.
Alguns estiveram doentes durante muito tempo e acham difícil se libertar da ideia de estar doente.
Não conseguem acreditar completamente que estão saudáveis de novo, e muitas vezes é preciso o amparo paciente e gentil de um guia espiritual para ajudá-los a libertar seus velhos corpos.
O corpo antigo pode se prender à alma, simplesmente como uma ideia, uma forma-pensamento.
E o mesmo se dá com os hábitos emocionais e padrões de comportamento.
Eles podem se repetir no plano astral, até que a alma descubra sua liberdade, seu poder para se libertar e se abrir para algo novo.
Outra possibilidade é que a alma fique presa ao plano da Terra, principalmente aos entes queridos, por ter morrido repentinamente e muito jovem.
Isto pode acontecer no caso de acidentes, desastres, ou quando a pessoa estava na flor da juventude.
Estas são situações em que a alma não se sentia pronta nem preparada para a partida.
A morte, nesses casos, é mais ou menos traumática.
Há um apoio amoroso no outro lado para essas almas traumatizadas, como sempre há.
Mais cedo ou mais tarde a alma chegará a um estado de aceitação e entendimento da situação.
Sempre existe um motivo viável para o que parece ser uma partida prematura do plano da Terra.
Morrer nunca é uma coincidência.
À medida que a nossa estadia do outro lado se estende, o nosso espírito se expande para níveis de consciência mais amplos e profundos.
Nós nos desapegamos cada vez mais dos modos de pensar e sentir com os quais estávamos acostumados na Terra.
Basicamente, nós voltamos gradualmente à essência de quem somos, à nossa alma, à centelha divina interior.
Quanto mais entramos – ou voltamos – a esse estado de consciência, mais nos desligamos da nossa personalidade terrena e da dimensão da Terra.
Passamos a sentir um fluxo de ser que se estende para além desse aspecto nosso.
Conscientizamo-nos do espaço sem fronteiras que é a nossa alma e as inúmeras experiências que juntamos na nossa jornada através do universo.
A partir desse estágio, quando as pessoas da Terra se conectam connosco, elas sentem uma pessoa que adquiriu sabedoria e amor espiritual.
Na verdade, ao nosso aproximar mais do âmago da nossa alma, nós deixamos o plano astral e entramos naquilo que chamamos de plano essencial, o reino da Essência.
A maioria das pessoas permanece um bom tempo no plano astral, depois de morrer.
Elas fazem uma revisão de suas vidas na Terra e reflectem sobre todas as experiências pelas quais passaram.
No planto astral, nós podemos experienciar tanto alegria quanto depressão, tanto as emoções positivas quanto as negativas.
O ambiente ao nosso redor espelha a nossa realidade psicológica interna.
As emoções que temos que trabalhar tomam a forma de cores, paisagens e encontros.
Nós visitamos os reinos astrais com frequência nos nossos sonhos, por isto já estamos familiarizados com este campo de percepção.
Quando nossos livros esotéricos falam de muitas camadas ou esferas na vida após a morte, que se estendem da escuridão até a luz, estão se referindo ao plano astral.
No plano astral, nós temos a oportunidade de trabalhar a bagagem emocional que trouxemos da nossa vida mais recente na Terra.
Para isto, recebemos ajuda de vários guias amorosos.
Num certo ponto, nós libertamos todos os nossos laços terrenos e toda a nossa dor emocional, e então ficamos prontos para nos movermos para além de todo o plano astral.
É aí que passamos para o plano da essência.
Quando isto acontece, é como uma segunda morte.
Nós deixamos para trás tudo o que não nos pertence verdadeiramente, e nos damos permissão para nos fundirmos com o nosso Eu maior, nossa Essência Divina.
No momento em que passamos para o plano essencial, nós nos conscientizamos do poder imenso que nos move.
Nós experienciamos a nossa unidade com Deus.
O plano da essência, o plano do Eu eterno, é a sede da consciência divina, da qual toda a criação se origina.
Tomemos um instante para nos conectarmos com esse plano, aqui e agora. Ele não está lá longe.
Ele permeia tudo, tanto o plano astral quanto o plano terreno; ele permeia todo o cosmos.
A presença que sentimos aqui é a presença de Deus, pura e imaculada.
Ela pode ser percebida como um silêncio profundo, completamente pacífico e, ao mesmo tempo, pleno de vida e criatividade.
Desta fonte origina-se toda a criação e para esta fonte ela deverá voltar.
Quando alcançamos o plano essencial depois da morte, somos capazes de fazer escolhas conscientes em relação ao nosso objectivo futuro.
Neste plano nós podemos programar, com a ajuda de professores e guias, uma outra encarnação na Terra, ou planear uma jornada diferente, dependendo das nossas metas.
No plano essencial, nós podemos ouvir claramente a voz da nossa alma.
Foi neste plano que nós dissemos "sim" para a vida na qual nos encontramos agora.
Tomemos um instante para nos lembrarmos de como era estar nesse plano.
Quanto mais nos conscientizarmos desta dimensão durante a nossa vida na Terra, mais fácil e tranquila será a nossa morte e mais fácil será movermo-nos do plano astral para o plano essencial depois.
A morte não é nada mais que uma transição, uma das muitas transições pelas quais passamos na vida.
A vida na Terra conhece tantos momentos de transição, de passar por algo e deixar ir. Pensemos nisto.
Houve um tempo em que o corpo no qual vivemos hoje era muito pequeno, um bebezinho vulnerável.
Entretanto nossa alma, a Essência Divina no nosso interior, já estava trabalhando através dele naquele tempo.
Ao chegarmos à maturidade, nós fomos engolidos pelas exigências da vida terrena e nos confrontamos com medos e dúvidas.
A percepção da nossa Essência Divina, da nossa alma, foi empurrada para os fundos.
Entretanto, houve momentos na nossa vida em que a dimensão da consciência divina se abriu novamente.
Isto aconteceu geralmente em momentos nos quais nós tivemos que deixar ir, quando tivemos que dizer adeus.
Talvez tenhamos tido que nos despedirmos de um ser amado, talvez tenhamos tido que abandonar um emprego, ou alguma outra situação semelhante.
Tais acontecimentos são transições que se assemelham à morte, não no sentido literal, mas em um nível psicológico.
Nessas ocasiões nos foi pedida uma libertação em um nível profundo, e é justamente nesses momentos de deixar ir que nós podemos começar a sentir a realidade do nosso Eu eterno, a luz divina que brilha no nosso interior.
Esta realidade permanece connosco incondicionalmente, mesmo quando tudo ao nosso redor desaba.
E assim acontece também, quando se trata da morte física.
Se nesse momento nós temos a coragem suficiente para nos desapegarmos, o plano da eternidade nos acolhe e experienciamos uma percepção muito forte de quem realmente somos.
Morrer em entrega consciente é um acontecimento sagrado, pleno de vida e beleza.
A grandiosidade do que está se desenrolando torna-se tangível para todos os presentes.
Quanto mais as pessoas presentes tiverem vivenciado "a morte em vida", mais serão tomadas de admiração e reverência pela transição que estão testemunhando.
Em todas as transições disponíveis na criação, desde nascimento físico e morte até momentos de intenso desligamento emocional na nossa vida, a questão mais importante não é se vamos sobreviver, mas se vamos conseguir manter a conexão com a nossa Essência Divina.
Nós conseguimos ficar em contacto com o plano da Essência, com as nossas origens, com o pulsar da Criação?
Conectarmo-nos frequentemente com o plano essencial durante a nossa vida é a melhor forma de nos prepararmos para a morte e para o que vem depois.
Ao nos conscientizarmos agora – antes da morte física – que a Essência de quem somos não depende do nosso corpo físico actual, nem da identidade que assumimos neste mundo, nós nos tornamos livres para fazer a transição suavemente, quando o momento chegar.
Conectarmo-nos com o plano essencial é uma escolha que fazemos.
A morte por si só não vai levar-nos mais próximo dele.
Depois de morrermos, nós seremos praticamente as mesmas pessoas que somos agora, apesar de que nos serão oferecidas possibilidades diferentes e uma perspectiva mais ampla.
Entretanto a pergunta crucial continua sendo a mesma: nos lembramos quem somos? Conseguimos nos conectar conscientemente com a dimensão da a temporalidade que flui através de nós e que nos inspira verdadeiramente?
Nós somos imperecíveis, queridos e amados anjos de Luz. Tenhamos fé nisto!
Permitamo-nos sermos confortados e amparados por este conhecimento quando a hora da nossa morte chegar; e agora também, enquanto lutamos com as questões da nossa vida.
Para morrermos em paz é preciso que nos desapeguemos, no nível interno, de tudo que nos prende à existência terrena.
Pratiquemos constantemente o desapego enquanto vivemos, e estaremos preparados para morrer.
Poderemos perguntar: "Não é trágico se desapegar da vida, enquanto se está bem no meio dela?"
A resposta é: "Não, pelo contrário – isso é a prova de um espírito verdadeiramente poderoso."
O que significa desapegar-se?
Significa prestar atenção na essência, não nos deixarmos pegar por questões não essenciais.
Significa não criarmos dramas desnecessários; significa experienciar alegria nas coisas simples da vida.
Praticar o desapego e ficar sintonizado com o plano da essência implica em estarmos conscientes de uma dimensão oculta, que se encontra directamente sob e por trás de tudo o que é observável.
Significa renunciar ao julgamento apressado em termos de bom e ruim, e confiar na Inteligência Cósmica, que ultrapassa de longe a mente humana.
Muitas pessoas caem na armadilha da febre do pensamento.
Encaram a vida febrilmente – como resolver os problemas, como conseguir todas as coisas que elas pensam que precisam fazer.
Estão excessivamente concentradas em organizar a vida através da vontade e da mente.
Desapegar-se significa não levarmos tão a sério este nosso aspecto pensador.
Isto é uma coisa trágica de se fazer? Não.
Em vez disso, trazemos luz e leveza à nossa vida.
A nossa necessidade excessiva de controlo é que faz com que a vida se torne um esforço, pesada e cansativa.
O desapego traz paz à mente, humor e atenção.
A consciência de que a vida é finita inspira o desejo natural de cultivá-la e cuidar dela.
E é aí que a nossa Essência Divina pode fluir sem esforço através de nós, do plano essencial para a nossa realidade terrena.
Uma vez que isto aconteça, teremos vencido a morte antes de termos morrido.

Gratidão,
Luís Barros