Existe um fio que nos une e guia; é o
fio da vida e consciência que procura manifestar-se mais ampla e profundamente
na Terra.
A vida em nós anseia por consciência.
E a consciência em nós deseja vida.
A Terra nos oferece vida através de
nossos corpos e emoções.
Estes representam a Vida em nós, como um
rio sempre fluindo, algumas vezes selvagem e incontrolável, fazendo-nos sentir
como se estivéssemos nos afogando, inseguros sobre a direcção que estamos
tomando.
A vida tem a liberdade em seu coração.
A vida deseja viver!
Para a vida, estar vivo é um propósito
em si mesmo; pode-se dizer que ela está cansada de “propósitos externos”.
Nós podemos perceber isto quando observamos
a natureza: os pássaros, as montanhas, as flores… a natureza está intensamente
viva!
Ao testemunharmos sua entrega
despreocupada às forças e ciclos da vida, nós podemos compreender que o sentido
da vida não pode estar do lado de fora, mas dentro da experiência da própria
vida.
Entretanto, viver a vida requer
consciência.
Quanto mais conscientes e atentos formos,
mais abundante e plena a vida se tornará.
Como seres humanos, nos é solicitado que
expandamos a nossa consciência, para que a vida possa evoluir e expressar-se de
modos mais criativos.
A consciência traz mais espaço e
liberdade.
Ao observarmos os animais na natureza,
veremos que eles estão cheios de vida pura, no entanto a maioria se mantém
confinada ao reino de seus instintos, à sua animalidade.
Cada um de nós, como ser humano, também
possui uma natureza animal, mas, ao mesmo tempo, trazemos dentro de nós uma
centelha de luz e percepção, que nos dá a possibilidade de transcender a nossa
natureza animal e acrescentar algo mais a ela.
Este algo mais é a nossa consciência,
que permeia a vida com significado, direcção e, finalmente, amor.
Esta consciência somos nós; é a centelha
divina em nosso interior.
Esta centelha divina deseja fundir-se e
dançar com a vida, com a encarnação, com a carne e o sangue do nosso corpo.
A centelha original de Deus, que se
encontra dentro de nós, tem o desejo de vivenciar a vida ao máximo, absorvê-la
em todas as células do nosso corpo, em benefício da própria experiência.
A consciência anseia por vida, e a vida
deseja consciência.
Se deixarmos que elas dancem juntas,
encontraremos significado e satisfação em nossa vida.
O ser humano geralmente pensa que
precisa conseguir algo em particular na sua vida, e mantém o seu foco em algum
tipo de objectivo ou propósito final.
Se ainda estivermos presos aos padrões
da sociedade, aos valores do mundo exterior, vivendo a maior parte do tempo de
acordo com eles, provavelmente estaremos focalizando metas externas, como um
bom emprego ou carreira de sucesso, um relacionamento ou casamento, filhos,
casa…
Se estivermos mais orientados para a
espiritualidade e o mundo interior, poderemos estar buscando purificação,
iluminação ou equilíbrio interior.
Este último pode parecer um objectivo
mais respeitável, no entanto, mesmo com o desejo de alcançar a iluminação, nós
não tocamos o motivo essencial da nossa presença aqui.
Por trás de todo o nosso esforço nessa
busca, geralmente há uma negação da própria vida.
Nós estamos aqui para experimentar a
vida – em total entrega – e em seguida envolver essa experiência com a nossa
consciência, como braços abraçando a vida e sustentando-a para que floresça e
evolua.
Mas muitas vezes nós lutamos com a vida.
Na maioria das pessoas, o poder original
da Consciência se reduziu à energia do pensamento e análise, à energia da
cabeça.
Nós temos emoções, desejos e paixões, e
então começamos a pensar: “Como devo lidar com isto? Isto é bom ou é ruim? Como
posso entender isto, controlá-lo, mudá-lo? Como posso atingir minhas metas?”
Deste modo, a Vida dentro de nós – em
sua manifestação livre e indomável – é interrompida e restringida.
Ela é contrariada, e até atacada, pelo
pensamento.
Ao invés de uma dança mútua entre a Vida
e a Consciência, surge um vazio e elas se tornam separadas dentro de nós.
A vida fica reduzida a emoções
(reprimidas), e a Consciência fica confinada ao pensamento (geralmente de
preocupação).
Isto aconteceu com praticamente todas as
pessoas: uma separação entre a nossa parte pensante – que julga e procura
controlar – e a nossa parte emocional, que tem vida própria e realmente não
pode ser restringida pela mente.
Nós fomos divididos.
Vida e consciência não conseguem unir-se
dentro de nós.
E assim passamos a nos perceber como um
ser constituído de um eu “superior” e um eu “inferior”.
Nossa parte pensante não é capaz de
lidar construtivamente com nossas paixões e emoções.
A maioria das religiões da Terra procura
controlar ou “transcender” a energia emocional e a sexual no ser humano –
danificando, assim, a fonte viva da criatividade e inspiração em seu interior.
Somente muito poucos ensinamentos
espirituais abraçam totalmente a Vida, a natureza, a Terra, reconhecendo-as
como parceiras da Consciência.
Todos nós passamos por esta luta
dolorosa com a nossa própria natureza humana, este abismo artificial entre vida
e consciência; e não somente nesta vida, mas em vidas anteriores também.
Nós sabemos o que é sentirmos-nos
divididos internamente, separados do nosso eu verdadeiro, nosso eu real.
Nosso eu verdadeiro está muito vivo.
Comparados com nosso eu verdadeiro, nós
estamos metade mortos!
Há tanta coisa que nós não estamos nos
permitindo fazer ou sentir!
Nós carregamos tantos tabus dentro de nós:
“Este sentimento (ou desejo, ou pensamento) é ruim; eu devia superá-lo! Como
ainda não me libertei disto?”
Uma sensação de fracasso ou de estar
constantemente falhando nos acompanha.
Deste modo, a vida não consegue
aproximar-se de nós, e nem nós dela.
Nós temos um relacionamento problemático
com a nossa natureza humana.
Isto impede a alma de entrar na nossa
vida e no nosso ser.
A alma deseja viver!
Ela quer mostrar a si mesma através das
suas emoções, sonhos e desejos, luz e escuridão, “bom” e “ruim”.
A alma quer se vestir com a sua natureza
humana, com o seu corpo vivente.
Nós estamos-lhe negando acesso porque
não estamos nos permitindo ser.
Consciencializemos-nos de que nós vimos
de uma longa tradição, na qual as pessoas tentaram controlar a vida (tanto a
vida interior – sua natureza humana – quanto a exterior, ou seja, a própria
Terra).
Tornemos-nos conscientes dessa questão,
para que possamos começar a nos libertar dela.
Cada um de nós carrega consigo uma longa
história.
No Antigo Egipto havia muito
conhecimento disponível a respeito do mundo interior, da psique, e havia também
uma conexão aberta com outros reinos fora da Terra.
O uso de poderes psíquicos e do terceiro
olho era muito mais comum do que é hoje.
Não existia nenhuma separação entre o
normal e o paranormal.
A energia psíquica, a energia de
intenção e foco, era aplicada em diversos empreendimentos do quotidiano e
usada, inclusive, na construção de edifícios, na política, na guerra e no
comércio.
A espiritualidade fazia parte da
existência diária e influenciava todos os aspectos da vida.
Por um lado, havia uma profunda
consciência do poder da psique humana e sua capacidade de criar e alterar a realidade
física.
O conhecimento esotérico atingiu um
nível muito elevado.
Por outro lado, havia um grande
desequilíbrio e injustiça social no Egipto antigo.
Durante muitos séculos, as elites de
poder se agarraram firmemente às suas posições privilegiadas e impediram que
pessoas comuns expandissem sua consciência.
Havia, ao mesmo tempo, florescimento e
repressão da consciência.
O abuso e a manipulação do poder
psíquico eram usados habitualmente, e a inspiração original, que chegava à
cultura egípcia de outros reinos do universo, era em grande parte reprimida e
desfigurada por aqueles que estavam no poder.
As influências extraterrestres, das
quais falamos, continham sementes puras de luz que visavam ajudar a humanidade
a adquirir mais liberdade e consciência.
O conhecimento que era canalizado para a
Terra tinha o propósito de capacitar os seres humanos a conectar sua natureza
animal com a presença da sua alma; de criar uma ponte entre a personalidade e a
alma, entre a vida e a consciência.
O Egipto foi o berço e a terra natal de
profundo conhecimento esotérico, vindo à Terra de lugares altamente
desenvolvidos do universo.
Esse conhecimento e consciência eram
recebidos pelos corações e mentes das pessoas que viviam naquela época, e que
estavam abertas ao influxo dessa consciência nova, clara e revolucionária.
Eram artistas, escritores, pessoas
comuns com o coração aberto, e alguns governantes que percebiam além da
necessidade de poder.
A arte, os mitos e os edifícios
monumentais do Antigo Egipto são testemunhas da profundidade e poder desse
impulso cósmico.
Há uma espécie de magia na cultura do
Egipto Antigo, que pode ser sentida como um chamado, quando se caminha entre os
restos dos templos e tumbas.
Muitos de nós vivemos nessa área no
passado.
Nós conhecemos o lado luz e o lado
sombra dessa cultura.
E temos uma percepção inata do que
aconteceu com o conhecimento esotérico e os poderes do terceiro olho – como
eles foram corrompidos em favor das lutas de poder e guerras.
Alguns de nós fomos canais ou sensitivos
e sentíamos uma conexão verdadeira da vida com os campos de força sobrenatural
e as energias superiores.
E enfrentamos um dilema angustiante…
como expressar o nosso conhecimento e inspiração num ambiente que poderia usar-nos
para benefício pessoal, ou para reprimir a liberdade e a verdade?
Nós ainda trazemos dentro de nós a dor
relacionada ao abuso do poder daquela época, e ainda podemos ser assombrados
pelo medo de comprometer a nossa integridade quando começamos a usar os nossos
dons de leitura psíquica, cura e canalização hoje em dia.
Nós podemos usar a nossa capacidade de
canalizar, de perceber energias e compartilhar os nossos conhecimentos dos
reinos internos, da vida e da morte.
O impulso de luz e conscientização, que
foi a origem das mais elevadas expressões da cultura egípcia, ainda está
esperando para ser totalmente recebido.
Ele não pode ser absorvido completamente
naquela época, porque a consciência humana na Terra ainda não estava pronta.
Podemos compará-la com o nascimento de
uma criança morta.
Ela foi trazida à Terra, mas ainda não
podia viver aqui; as circunstâncias eram muito difíceis, e o bebé era frágil
demais.
Entretanto, apesar de ser um natimorto,
essa criança estava lá e foi notada, foi reconhecida por algumas pessoas como
portadora de luz e liberdade.
Nós somos chamados aqui hoje para trazer
a nossa sabedoria, intuição e clareza mental para o mundo, compartilhá-las a
partir de um coração aberto, sem abusar do poder, e respeitando a nossa
condição humana.
Nós estamos estão aqui para completar a
missão, para cumprir uma promessa que nos era muito querida.
Nós somos os portadores da luz; e estamos
aqui para criar mudanças.
Agora é possível fazer isto sem medo de
perder a liberdade e integridade.
Nós vivemos numa época diferente agora.
A consciência colectiva está atingindo o
limite de medo e separação.
Existe uma consciencialização crescente
da necessidade de mudança, não somente no nível externo, mas também no interno,
uma mudança de coração.
A humanidade está começando a perceber
que a energia mais necessária agora é o Amor.
O Amor é a energia da conexão, ele
reconhece o que une as pessoas, o que as torna iguais; ele cria empatia e
compaixão.
O Amor é o construtor de pontes.
O Amor é a ponte entre o Céu e a Terra.
A presença do Amor está crescendo na
sociedade humana como um todo.
Cada vez mais pessoas estão sendo
encorajadas a respeitar e expressar sua natureza individual; isto é um sinal de
amor.
Ser livre para explorar o que se é e
expressar a si mesmo – seja feminino, masculino, jovem, velho, rico, pobre,
etc… - está sendo cada vez mais considerado um objectivo desejável, hoje em
dia.
Isto é um progresso incrível!
Embora a realidade ainda não corresponda
ao ideal em muitas áreas do mundo, o facto deste objectivo ser publicamente
considerado respeitável e essencial é um indício de expansão da consciência.
A livre expressão da nossa natureza
individual não era possível no Egipto antigo, ou apenas muito limitada.
Mas, desta vez, nascemos num mundo em
que existe cada vez mais espaço para a vida novamente.
A personalidade humana, com todas as
suas paixões, emoções e peculiaridades, pode vir à luz da conscientização agora
e ser redimida.
Este é realmente o verdadeiro propósito
da espiritualidade, da consciência: honrar e respeitar a vida em sua expressão
mais individual, que é a alma humana, e ajudá-la a desabrochar e se expandir
com criatividade e alegria.
Para conectar vida e consciência dentro
de nós, acolhamos a nossa vitalidade, nossas emoções, nossa natureza humana.
Acolhamos-las sem julgamento, aceitemos a
nós mesmos, sejamos livres!
Abandonemos os julgamentos espirituais,
não nos reprimamos, mas permitamos que a nossa consciência aberta penetre
profundamente as nossas emoções mais sombrias.
Esta é a alquimia que estamos
procurando.
Quando permitirmos que a consciência e a
vida, a percepção e a emoção dancem juntas num abraço amoroso, nos tornaremos
livres!
Aprenderemos a entender as mensagens por
trás das nossas emoções mais sombrias e mais luminosas, e trabalharemos com
elas ao invés de lutar contra elas.
Vida é emoção.
A vida, em forma de emoção, grita para a
consciência: “Veja-me, sinta-me, preencha-me com sua luz!”
A alma é a portadora da consciência, e
quanto mais envolvemos as nossas emoções com consciência, mais facilmente a
nossa alma desce e se funde com a nossa personalidade.
Quando isto acontece, nos sentimos vivos
e felizes, embora os problemas continuem vindo e indo, e tenhamos que enfrentar
as questões típicas, que todos os seres humanos enfrentam.
A alegria é o sinal mais confiável de
que estamos nos tornando inteiros: uma fusão entre vida e consciência, sempre
se movendo e se desenvolvendo, e, ao mesmo tempo, seguros nos braços da
Eternidade.
Gratidão,
Luís Barros