10 de julho de 2020

VIDA, CONSCIÊNCIA E A HERANÇA DO ANTIGO EGIPTO

Existe um fio que nos une e guia; é o fio da vida e consciência que procura manifestar-se mais ampla e profundamente na Terra.
A vida em nós anseia por consciência.
E a consciência em nós deseja vida.
A Terra nos oferece vida através de nossos corpos e emoções.
Estes representam a Vida em nós, como um rio sempre fluindo, algumas vezes selvagem e incontrolável, fazendo-nos sentir como se estivéssemos nos afogando, inseguros sobre a direcção que estamos tomando.
A vida tem a liberdade em seu coração.
A vida deseja viver!
Para a vida, estar vivo é um propósito em si mesmo; pode-se dizer que ela está cansada de “propósitos externos”.
Nós podemos perceber isto quando observamos a natureza: os pássaros, as montanhas, as flores… a natureza está intensamente viva!
Ao testemunharmos sua entrega despreocupada às forças e ciclos da vida, nós podemos compreender que o sentido da vida não pode estar do lado de fora, mas dentro da experiência da própria vida.
Entretanto, viver a vida requer consciência.
Quanto mais conscientes e atentos formos, mais abundante e plena a vida se tornará.
Como seres humanos, nos é solicitado que expandamos a nossa consciência, para que a vida possa evoluir e expressar-se de modos mais criativos.
A consciência traz mais espaço e liberdade.
Ao observarmos os animais na natureza, veremos que eles estão cheios de vida pura, no entanto a maioria se mantém confinada ao reino de seus instintos, à sua animalidade.
Cada um de nós, como ser humano, também possui uma natureza animal, mas, ao mesmo tempo, trazemos dentro de nós uma centelha de luz e percepção, que nos dá a possibilidade de transcender a nossa natureza animal e acrescentar algo mais a ela.
Este algo mais é a nossa consciência, que permeia a vida com significado, direcção e, finalmente, amor.
Esta consciência somos nós; é a centelha divina em nosso interior.
Esta centelha divina deseja fundir-se e dançar com a vida, com a encarnação, com a carne e o sangue do nosso corpo.
A centelha original de Deus, que se encontra dentro de nós, tem o desejo de vivenciar a vida ao máximo, absorvê-la em todas as células do nosso corpo, em benefício da própria experiência.
A consciência anseia por vida, e a vida deseja consciência.
Se deixarmos que elas dancem juntas, encontraremos significado e satisfação em nossa vida.
O ser humano geralmente pensa que precisa conseguir algo em particular na sua vida, e mantém o seu foco em algum tipo de objectivo ou propósito final.
Se ainda estivermos presos aos padrões da sociedade, aos valores do mundo exterior, vivendo a maior parte do tempo de acordo com eles, provavelmente estaremos focalizando metas externas, como um bom emprego ou carreira de sucesso, um relacionamento ou casamento, filhos, casa…
Se estivermos mais orientados para a espiritualidade e o mundo interior, poderemos estar buscando purificação, iluminação ou equilíbrio interior.
Este último pode parecer um objectivo mais respeitável, no entanto, mesmo com o desejo de alcançar a iluminação, nós não tocamos o motivo essencial da nossa presença aqui.
Por trás de todo o nosso esforço nessa busca, geralmente há uma negação da própria vida.
Nós estamos aqui para experimentar a vida – em total entrega – e em seguida envolver essa experiência com a nossa consciência, como braços abraçando a vida e sustentando-a para que floresça e evolua.
Mas muitas vezes nós lutamos com a vida.
Na maioria das pessoas, o poder original da Consciência se reduziu à energia do pensamento e análise, à energia da cabeça.
Nós temos emoções, desejos e paixões, e então começamos a pensar: “Como devo lidar com isto? Isto é bom ou é ruim? Como posso entender isto, controlá-lo, mudá-lo? Como posso atingir minhas metas?
Deste modo, a Vida dentro de nós – em sua manifestação livre e indomável – é interrompida e restringida.
Ela é contrariada, e até atacada, pelo pensamento.
Ao invés de uma dança mútua entre a Vida e a Consciência, surge um vazio e elas se tornam separadas dentro de nós.
A vida fica reduzida a emoções (reprimidas), e a Consciência fica confinada ao pensamento (geralmente de preocupação).
Isto aconteceu com praticamente todas as pessoas: uma separação entre a nossa parte pensante – que julga e procura controlar – e a nossa parte emocional, que tem vida própria e realmente não pode ser restringida pela mente.
Nós fomos divididos.
Vida e consciência não conseguem unir-se dentro de nós.
E assim passamos a nos perceber como um ser constituído de um eu “superior” e um eu “inferior”.
Nossa parte pensante não é capaz de lidar construtivamente com nossas paixões e emoções.
A maioria das religiões da Terra procura controlar ou “transcender” a energia emocional e a sexual no ser humano – danificando, assim, a fonte viva da criatividade e inspiração em seu interior.
Somente muito poucos ensinamentos espirituais abraçam totalmente a Vida, a natureza, a Terra, reconhecendo-as como parceiras da Consciência.
Todos nós passamos por esta luta dolorosa com a nossa própria natureza humana, este abismo artificial entre vida e consciência; e não somente nesta vida, mas em vidas anteriores também.
Nós sabemos o que é sentirmos-nos divididos internamente, separados do nosso eu verdadeiro, nosso eu real.
Nosso eu verdadeiro está muito vivo.
Comparados com nosso eu verdadeiro, nós estamos metade mortos!
Há tanta coisa que nós não estamos nos permitindo fazer ou sentir!
Nós carregamos tantos tabus dentro de nós: “Este sentimento (ou desejo, ou pensamento) é ruim; eu devia superá-lo! Como ainda não me libertei disto?
Uma sensação de fracasso ou de estar constantemente falhando nos acompanha.
Deste modo, a vida não consegue aproximar-se de nós, e nem nós dela.
Nós temos um relacionamento problemático com a nossa natureza humana.
Isto impede a alma de entrar na nossa vida e no nosso ser.
A alma deseja viver!
Ela quer mostrar a si mesma através das suas emoções, sonhos e desejos, luz e escuridão, “bom” e “ruim”.
A alma quer se vestir com a sua natureza humana, com o seu corpo vivente.
Nós estamos-lhe negando acesso porque não estamos nos permitindo ser.
Consciencializemos-nos de que nós vimos de uma longa tradição, na qual as pessoas tentaram controlar a vida (tanto a vida interior – sua natureza humana – quanto a exterior, ou seja, a própria Terra).
Tornemos-nos conscientes dessa questão, para que possamos começar a nos libertar dela.
Cada um de nós carrega consigo uma longa história.
No Antigo Egipto havia muito conhecimento disponível a respeito do mundo interior, da psique, e havia também uma conexão aberta com outros reinos fora da Terra.
O uso de poderes psíquicos e do terceiro olho era muito mais comum do que é hoje.
Não existia nenhuma separação entre o normal e o paranormal.
A energia psíquica, a energia de intenção e foco, era aplicada em diversos empreendimentos do quotidiano e usada, inclusive, na construção de edifícios, na política, na guerra e no comércio.
A espiritualidade fazia parte da existência diária e influenciava todos os aspectos da vida.
Por um lado, havia uma profunda consciência do poder da psique humana e sua capacidade de criar e alterar a realidade física.
O conhecimento esotérico atingiu um nível muito elevado.
Por outro lado, havia um grande desequilíbrio e injustiça social no Egipto antigo.
Durante muitos séculos, as elites de poder se agarraram firmemente às suas posições privilegiadas e impediram que pessoas comuns expandissem sua consciência.
Havia, ao mesmo tempo, florescimento e repressão da consciência.
O abuso e a manipulação do poder psíquico eram usados habitualmente, e a inspiração original, que chegava à cultura egípcia de outros reinos do universo, era em grande parte reprimida e desfigurada por aqueles que estavam no poder.
As influências extraterrestres, das quais falamos, continham sementes puras de luz que visavam ajudar a humanidade a adquirir mais liberdade e consciência.
O conhecimento que era canalizado para a Terra tinha o propósito de capacitar os seres humanos a conectar sua natureza animal com a presença da sua alma; de criar uma ponte entre a personalidade e a alma, entre a vida e a consciência.
O Egipto foi o berço e a terra natal de profundo conhecimento esotérico, vindo à Terra de lugares altamente desenvolvidos do universo.
Esse conhecimento e consciência eram recebidos pelos corações e mentes das pessoas que viviam naquela época, e que estavam abertas ao influxo dessa consciência nova, clara e revolucionária.
Eram artistas, escritores, pessoas comuns com o coração aberto, e alguns governantes que percebiam além da necessidade de poder.
A arte, os mitos e os edifícios monumentais do Antigo Egipto são testemunhas da profundidade e poder desse impulso cósmico.
Há uma espécie de magia na cultura do Egipto Antigo, que pode ser sentida como um chamado, quando se caminha entre os restos dos templos e tumbas.
Muitos de nós vivemos nessa área no passado.
Nós conhecemos o lado luz e o lado sombra dessa cultura.
E temos uma percepção inata do que aconteceu com o conhecimento esotérico e os poderes do terceiro olho – como eles foram corrompidos em favor das lutas de poder e guerras.
Alguns de nós fomos canais ou sensitivos e sentíamos uma conexão verdadeira da vida com os campos de força sobrenatural e as energias superiores.
E enfrentamos um dilema angustiante… como expressar o nosso conhecimento e inspiração num ambiente que poderia usar-nos para benefício pessoal, ou para reprimir a liberdade e a verdade?
Nós ainda trazemos dentro de nós a dor relacionada ao abuso do poder daquela época, e ainda podemos ser assombrados pelo medo de comprometer a nossa integridade quando começamos a usar os nossos dons de leitura psíquica, cura e canalização hoje em dia.
Nós podemos usar a nossa capacidade de canalizar, de perceber energias e compartilhar os nossos conhecimentos dos reinos internos, da vida e da morte.
O impulso de luz e conscientização, que foi a origem das mais elevadas expressões da cultura egípcia, ainda está esperando para ser totalmente recebido.
Ele não pode ser absorvido completamente naquela época, porque a consciência humana na Terra ainda não estava pronta.
Podemos compará-la com o nascimento de uma criança morta.
Ela foi trazida à Terra, mas ainda não podia viver aqui; as circunstâncias eram muito difíceis, e o bebé era frágil demais.
Entretanto, apesar de ser um natimorto, essa criança estava lá e foi notada, foi reconhecida por algumas pessoas como portadora de luz e liberdade.
Nós somos chamados aqui hoje para trazer a nossa sabedoria, intuição e clareza mental para o mundo, compartilhá-las a partir de um coração aberto, sem abusar do poder, e respeitando a nossa condição humana.
Nós estamos estão aqui para completar a missão, para cumprir uma promessa que nos era muito querida.
Nós somos os portadores da luz; e estamos aqui para criar mudanças.
Agora é possível fazer isto sem medo de perder a liberdade e integridade.
Nós vivemos numa época diferente agora.
A consciência colectiva está atingindo o limite de medo e separação.
Existe uma consciencialização crescente da necessidade de mudança, não somente no nível externo, mas também no interno, uma mudança de coração.
A humanidade está começando a perceber que a energia mais necessária agora é o Amor.
O Amor é a energia da conexão, ele reconhece o que une as pessoas, o que as torna iguais; ele cria empatia e compaixão.
O Amor é o construtor de pontes.
O Amor é a ponte entre o Céu e a Terra.
A presença do Amor está crescendo na sociedade humana como um todo.
Cada vez mais pessoas estão sendo encorajadas a respeitar e expressar sua natureza individual; isto é um sinal de amor.
Ser livre para explorar o que se é e expressar a si mesmo – seja feminino, masculino, jovem, velho, rico, pobre, etc… - está sendo cada vez mais considerado um objectivo desejável, hoje em dia.
Isto é um progresso incrível!
Embora a realidade ainda não corresponda ao ideal em muitas áreas do mundo, o facto deste objectivo ser publicamente considerado respeitável e essencial é um indício de expansão da consciência.
A livre expressão da nossa natureza individual não era possível no Egipto antigo, ou apenas muito limitada.
Mas, desta vez, nascemos num mundo em que existe cada vez mais espaço para a vida novamente.
A personalidade humana, com todas as suas paixões, emoções e peculiaridades, pode vir à luz da conscientização agora e ser redimida.
Este é realmente o verdadeiro propósito da espiritualidade, da consciência: honrar e respeitar a vida em sua expressão mais individual, que é a alma humana, e ajudá-la a desabrochar e se expandir com criatividade e alegria.
Para conectar vida e consciência dentro de nós, acolhamos a nossa vitalidade, nossas emoções, nossa natureza humana.
Acolhamos-las sem julgamento, aceitemos a nós mesmos, sejamos livres!
Abandonemos os julgamentos espirituais, não nos reprimamos, mas permitamos que a nossa consciência aberta penetre profundamente as nossas emoções mais sombrias.
Esta é a alquimia que estamos procurando.
Quando permitirmos que a consciência e a vida, a percepção e a emoção dancem juntas num abraço amoroso, nos tornaremos livres!
Aprenderemos a entender as mensagens por trás das nossas emoções mais sombrias e mais luminosas, e trabalharemos com elas ao invés de lutar contra elas.
Vida é emoção.
A vida, em forma de emoção, grita para a consciência: “Veja-me, sinta-me, preencha-me com sua luz!
A alma é a portadora da consciência, e quanto mais envolvemos as nossas emoções com consciência, mais facilmente a nossa alma desce e se funde com a nossa personalidade.
Quando isto acontece, nos sentimos vivos e felizes, embora os problemas continuem vindo e indo, e tenhamos que enfrentar as questões típicas, que todos os seres humanos enfrentam.
A alegria é o sinal mais confiável de que estamos nos tornando inteiros: uma fusão entre vida e consciência, sempre se movendo e se desenvolvendo, e, ao mesmo tempo, seguros nos braços da Eternidade.

Gratidão,
Luís Barros