Lembramos a nossa força e grandiosidade.
Nós somos uma fonte inexaurível de Luz
que se renova continuamente, que cresce e se expande; um fluxo exuberante de
energia divina.
Permitamos que ela flua totalmente em nossa
mente, nosso corpo e em toda a nossa vida, de modo que a energia da nossa alma
possa se expressar aqui na Terra.
Abandonemos as velhas e falsas imagens
de desmerecimento.
Falamos sobre auto-estima e auto-empoderamento,
sobre termos a ousadia de nos levantarmos e acreditarmos no fogo que carregamos
dentro de nós.
Este fogo é a nossa Luz, ele quer arder
brilhantemente aqui e agora.
Mas nós temos assumido tantas
informações falsas sobre quem somos e quem deveríamos ser, que houve um
enfraquecimento do nosso poder espiritual e nossa originalidade, nossa
singularidade.
Neste momento da evolução da humanidade,
novas forças espirituais estão sendo libertadas, mas isto só pode ocorrer
completamente através das pessoas que estão vivendo agora na Terra.
Um novo tempo e uma nova energia estão
nascendo através de nós e só podem se manifestar de uma forma profundamente
enraizada, se cada um assumir totalmente seu próprio valor.
Homens e mulheres vem sendo enganados
pela sociedade, através de suas tradições e sistemas educacionais, de modo que
as imagens de pecado, vergonha e culpa continuam agarradas a eles, vivendo no
interior de cada um.
A vida é retractada como um teste para
pôr à prova o ser humano, e uma luta para sobreviver.
Nesta tradição, uma forma muito limitada
de energia masculina está sendo considerada necessária à vida, e esta postura
repousa essencialmente numa base instável de medo e necessidade de controlo.
Esta forma de energia masculina há
séculos vem dominando inclusive a espiritualidade.
A espiritualidade Cristã foi dominada
pelo masculino através da Igreja, tendo, assim, perdido a conexão com sua
origem.
Nós estamos aqui para restaurar a
energia do Cristo em sua origem; para restaurar seu coração, que está vivo
dentro de cada um de nós; para trazer tudo isso à luz e transmiti-lo aos
outros.
O que mais nos entristece é ver como nos
diminuímos e nos depreciamos, como nos sentimos desanimados com o que somos.
As imagens de pecado, vergonha e culpa
iludem todos nós.
Observemos o papel que essas imagens
desempenham, tanto na vida dos homens quanto na das mulheres.
Nos homens, essas imagens são impressas
durante sua educação infantil, através da ênfase que é colocada no desempenho,
na competição e na importância de destacar-se dos outros, de defender seu
território, ser duro e mostrar sua masculinidade.
A sensibilidade e as qualidades
femininas, como a empatia e a capacidade de se conectar com os outros, são
rejeitadas como características não apropriadas para um homem.
Na mulher, a ênfase é colocada em não se
destacar, mas em ser capaz de entender os outros e estar preparada para servir,
cuidar e doar de si.
Estes dois modelos ainda estão afectando
a psique masculina e a feminina, e apresentam imagens falsas.
Supõe-se que a mulher deva encontrar seu
verdadeiro valor na entrega de si mesma, na sua empatia e no cuidado para com
os outros.
Desta forma, ela perde sua própria força
e a capacidade de se erguer e assumir uma posição clara no mundo.
Mas a energia feminina só pode fluir com
seu verdadeiro poder, se a mulher reivindicar sua autonomia, sua liberdade e
independência no mundo.
Se essa base de autonomia estiver
faltando, as mulheres ficam enfraquecidas e não assumem a posição e poder no
mundo aos quais teriam direito.
O modelo tradicional para a mulher
encobre sua mente aguçada e seu espírito de aventura.
Para o homem, num certo sentido, é
justamente o contrário.
No decorrer de sua criação, ele
geralmente é blindado contra seu coração, sua sensibilidade e a necessidade de
cuidar, amar e proteger.
Ele deve distinguir-se e acaba sendo
forçado à solidão, ao isolamento e ao sentimento de estar perdido, o que o
separa do todo.
Às vezes ele realmente perde a
sensibilidade e não ousa entregar-se ao fluxo de emoções, sentimentos e do amor
que certamente também está presente em seu coração.
Na alma masculina, existe um desejo de
incorporar também a natureza feminina, que já é uma parte intrínseca dessa
alma.
Mas os homens tendem a projectar esse
desejo fora deles – nas mulheres.
Da mesma forma, as mulheres tendem a
projectar seu desejo de poder e discernimento nos homens.
Mas se os dois sexos não conseguem ver
essas qualidades em si mesmos, acaba surgindo uma relação dolorosa entre homens
e mulheres.
Eles sentem a necessidade um do outro,
mas, ao mesmo tempo, há um conflito porque a dependência nunca é uma boa base
para um relacionamento verdadeiramente amoroso.
Ambos precisam fazer uma conexão interna
com seus próprios poderes masculinos e femininos.
Essas energias devem estar juntas; elas
são como as pás de uma hélice que são entrelaçadas entre si.
Somente juntas elas podem crescer e
florescer.
O que acontece com a auto-estima dos
homens e mulheres, quando eles têm que viver de acordo com tais estereótipos
unidimensionais de masculinidade e feminilidade?
O homem geralmente desenvolve uma
persona, ou falso ego, que ele deve apresentar para o mundo, porque sente que
precisa se auto-afirmar, realizar, ser um homem de acção.
A mulher também desenvolve uma persona,
porque deve ser charmosa, boazinha, útil e aquela que cede, que doa.
Quando o homem ou a mulher tenta mostrar
o outro lado de si mesmo, geralmente provoca sentimento de culpa, de vergonha,
de inferioridade, ou o oposto – a impressão de ser presunçoso ou arrogante.
Vejam na nossa História, por exemplo, o
ódio como reacção à homossexualidade.
Homens que assumiram explicitamente seu
lado feminino, e mostraram prazer em fazer isso, foram considerados o epítome
da depravação.
Limites, que supostamente deveriam
permanecer intactos, foram ultrapassados.
E por que isso foi assim?
Aparentemente porque era necessário
colocar homens e mulheres em caixas apertadas, de modo a suprimir seu
verdadeiro poder espiritual e força original, pois todos esses estereótipos se
expressaram contra o pano de fundo da energia da dominação e poder.
Todos nós tivemos que lidar com essa
energia repressiva, algumas vezes como vítimas e outras como algozes; então
talvez nos perguntemos por que essa atitude se desenvolveu.
Podemos olhar para essa situação da
seguinte forma: a aventura criativa na Terra – todo o ciclo de vidas e mais e
mais vidas – é um vasto processo de crescimento.
É uma longa jornada, na qual aprendemos
os extremos da “dualidade” no mundo da forma: luz e escuridão, conexão e
separação, masculino e feminino…
Nós viajamos para muito longe do Lar,
mas isto tem um propósito.
Esta experiência tem um grande valor e
gera uma riqueza imensa em cada alma que dela participa.
Mas isto também significa que tivemos
que descer aos domínios do medo, desolação e esquecimento do nosso ser
verdadeiro.
Neste momento do ciclo de vida na Terra,
estamos no ponto de retornar a um maior equilíbrio e harmonia, por isto lembramos-nos
quem somos.
Nós viemos de uma fonte de Luz
inesgotável, uma Luz que é pacífica, mas flui, é dinâmica, experimenta e
explora.
Não havia nenhum Deus omnisciente,
nenhum governador que ditasse as regras e determinasse a nossa vida, mas sim um
fluxo de Luz completamente livre, que se revelava tanto nas energias masculinas
quanto nas femininas, e nas diferentes formas em que tudo se encaixa tão
lindamente.
Sintamos novamente a ligação original
entre as energias, a dança entre o feminino e o masculino.
O poder feminino refere-se a conexão e
unificação; ele une as energias.
A energia feminina abre-se para o
exterior, a partir do coração, e acolhe com amor e ternura.
De certa forma, a energia feminina
carrega o universo.
Ela é a fonte da conexão, da Unicidade.
Sintam o poder desta energia.
Ela está presente em toda a diversidade
que vemos ao nosso redor: pessoas, animais, plantas…
Através de tudo flui o Um: a mãe, a
deusa, a energia conectiva e unificadora.
O poder masculino refere-se à distinção
e é criativo de um modo diferente; ele cria indivíduos.
Na alma, nós estamos conectados uns com
os outros, enquanto que, ao mesmo tempo, cada um é um ser individual, distinto,
diferente e único – exclusivo.
Em todo o imenso universo, não existe
nada nem ninguém que seja exactamente igual a nós.
Que milagre!
Tentemos, então, além de nos percebermos
como parte do Um, da fonte da qual viemos, percebermos-nos também como um dentro
da diversidade – “um em um milhão” – vivendo a magia completamente única de sermos
nós!
Sintamos-lo, embora não consigamos
expressá-lo em palavras – este é “Eu” dentro de mim.
Este é o poder criativo a energia
masculina.
A maior alegria na criação é quando o Um
encontra a si mesmo através do Outro.
Se estivermos vivendo num corpo
masculino, podemos encantarmos-nos com uma mulher, com sua aparência, sua
beleza, o acesso que ela tem a determinadas energias, as forças unificadoras em
seu interior.
Como mulher, podemos encantarmos-nos com
um homem: seu corpo, sua força, a sentido de protecção que pode emanar dele.
O jogo entre o masculino e o feminino
torna-se uma alegria e uma fonte de criatividade quando ambos os sexos acolhem
naturalmente sua própria força e valor.
Os dois são parte da mesma Luz,
eternamente conectados um com o outro.
Mas, ao mesmo tempo, existe aquela
diferença que torna tudo emocionante e aventuroso; uma viagem de descoberta
plena de experiências em potencial que enriquecem a ambos.
Esta é a promessa do jogo entre o
masculino e o feminino.
Falamos particularmente sobre a energia
masculina, e dizemos mais uma coisa sobre ela.
No modo espiritual tradicional de
pensar, muitas vezes acontece de o ego ser retratado como algo ruim, que
precisa ser transcendido.
Certamente, no passado, ascender para os
reinos celestes era visto como o ideal da verdadeira espiritualidade.
Mas o que é a verdadeira
espiritualidade?
Para a espiritualidade, não são
fundamentais apenas a conexão, a comunhão e a unidade, mas também a capacidade
de distinguir os poderes únicos de ser um “Eu”.
Permitir que os nossos poderes
exclusivos fluam e se desenvolvam é tão importante quanto conectarmos-nos, e
isto oferece uma forma terrena, manifestadora para a Luz da nossa alma.
É especificamente devido a esta força
distintiva que precisamos de um ego.
Mas não estamos falando do ego como tem
sido representado na tradição masculina; não um ego valentão e endurecido que
quer se destacar às custas de todos e de tudo, que deseja acumular poder, que
deseja governar os outros ou a vida.
Esta é uma imagem falsa do que o ego é.
Em sua forma verdadeira, o ego é um
ponto focal, um prisma, para a nossa individualidade essencial, nosso poder
único.
Ele precisa existir e é uma parte muito
especial e insubstituível da criação, como uma peça de um quebra-cabeças que
faz de nós uma parte do todo maior.
Acolhamos esse poder!
Digamos “sim” para ele.
Respondamos com alegria a quem somos; nós
somos insubstituíveis.
E quando nos sustentamos na nossa força
verdadeira, não precisamos transcender o ego, nossa personalidade, e deixá-lo
de lado; não precisamos negar nada em nós mesmos.
Pelo contrário, nos tornamos quem
realmente somos.
A Luz da nossa alma desce e penetra
plenamente todas as nossas células, todo o nosso corpo, todo a nossa
humanidade.
Tudo que nos pertence é iluminado por
essa Luz.
Então nós dizemos “sim” para nós mesmos
– tudo o que faz parte da nossa humanidade tem permissão para ser – e nosso eu
único flui para tudo o que nós somos e fazemos.
Nós não precisamos nos esconder da nossa
humanidade, não precisamos envergonharmos-nos dela.
Imaginemos como a Luz se irradia da nossa
fonte por nosso intermédio.
Permitamos que a Luz flua para baixo,
através do nosso chacra coronário e, em seguida, através de todo o nosso ser.
Ela é uma Luz branca e universal,
amorosa e delicada.
Ela flui por toda a vida e, inclusive,
por nós.
Por nosso intermédio, a Luz adquire um
brilho exclusivo, uma tonalidade especial, um som diferente.
Olhemos para dentro de nós por um
instante, e talvez possamos perceber certas cores, ouvir determinados sons, ou
simplesmente ter alguma sensação em particular; e então sintamos-nos
profundamente… “Este sou eu; este é o
mistério do que eu sou.”
Nós estamos aqui para receber este
mistério e ninguém pode fazer isto por nós.
Deixemos-lo fluir pelo nosso corpo, pelo nosso
abdome, pernas e pés.
Isto é a integração, a fusão, do
masculino e do feminino dentro de nós.
Sintamos-nos acolhidos na Terra e
desfrutemos de quem somos.
Não nos envergonhemos nem nos sintamos
culpados.
Abandonemos as velhas imagens de pecado.
Eles não são úteis a ninguém; nem a nós e
nem ao mundo.
Deixemos o fogo queimar e a luz se
irradiar!
Este é o nosso desejo mais profundo; que
nos ergamos e nos mantenhamos em nossa própria força, em nossos próprios pés.
Deixemos que a semente da energia de
Cristo desabroche no nosso interior e não seja dependente de ninguém.
Gratidão,
Luís Barros