14 de julho de 2020

QUEM OU O QUE É A ALMA?

Este é um dos lugares mais sombrios para uma alma estar encarnada num corpo humano.
Quando estamos aqui, é-nos extremamente difícil lembrarmos-nos de quem somos, da nossa origem cósmica, nossa grandiosidade, nossa amplidão, nossa natureza eterna, porque tudo aqui parece estar voltado para o nosso esquecimento de nós mesmos, da nossa essência mais profunda.
Desde a mais tenra idade, aprendemos a confiar apenas nas nossas percepções sensoriais, naquilo que os nossos olhos, ouvidos e nariz nos dizem que é a realidade verdadeira.
O mundo material à nossa volta é visto como a síntese do que é real, sólido e verdadeiro.
Principalmente nesta época, em que a visão científica englobou tudo, existe um grande cepticismo a respeito da capacidade de ver mais além da realidade física, sensorial.
Ver com a visão interna, sentir e intuir com o coração… tudo isto é descartado como não real, como tola superstição.
Isto é um grande paradoxo, pois é somente no nível da alma que descobrimos quem realmente somos.
É exactamente no mundo interno, e não no externo, que nos encontramos a nós mesmos.
Nós acabamos nos desviando do caminho, nesta sociedade, porque muita ênfase é colocada na importância das aparências e no conhecimento exterior e comprovável.
De acordo com esta sociedade, para que algo seja considerado real e verdadeiro, precisa ser percebido com os sentidos ou deduzido pela mente.
Mas, o que dizer de todos os sentimentos que as pessoas vêm enfrentando, como a solidão profunda e a futilidade, com as quais muitos têm que lidar?
Este não é apenas um problema individual, mas fundamental no mundo.
Há uma crise existencial profunda no mundo, que corrói o coração da maioria dos indivíduos.
Percebe-se uma carência da alma como fonte de significado na vida diária.
Quem ou o que é essa alma?
Nos dias de hoje, é corajoso aquele que busca explicitamente a alma; que deixa de lado a compulsão do pensamento racional restritivo e olha para dentro de si mesmo, procurando o que está vivo no seu nível mais profundo, principalmente se for diferente dos padrões existentes e dos conceitos sociais.
E assim, lentamente penetra seu mundo interior, onde encontra, não só a luz, mas também as trevas.
Pois, justamente quando se abre a porta do mundo interior, é que o indivíduo se torna consciente de todas as suas partes sombrias.
É então que ele é testado e terá que confiar na realidade maior dessa alma, para perceber que mesmo as partes aparentemente mais sombrias têm significado.
É desesperadamente necessário reconhecer e sentir a alma, neste mundo.
Este é o caminho de volta ao Lar, de volta a quem verdadeiramente somos.
A partir da luz que se irradia de lá, é que podemos incutir novas ideias no mundo e imbui-lo de nova energia, coragem e confiança.
Há tantas coisas necessárias aqui, que podem fluir para o mundo através do canal de uma alma desperta!
Há tanta tristeza, tanta dor e sofrimento neste mundo… e não falamos isto para nos desencorajar, mas para ressaltar o quanto é importante e urgente que reconheçamos e sintamos a alma em nossa vida.
Desta forma, nós nos tornamos a luz, não apenas para nós mesmos, mas também para os outros.
Como nos conectamos com a nossa alma?
Este mundo está tão alienado da alma, que esta pergunta é raramente feita.
É uma pergunta que nunca é apresentada às crianças enquanto estão crescendo e frequentando a escola.
Como nos conectamos com o nosso mundo interior?
E não somente com as nossas emoções e humores transitórios, mas com o que está por trás do nosso mundo interior.
Existe um mundo mais permanente, o mundo da nossa alma, da energia do nosso “Eu” único, da energia da nossa alma?
Este provavelmente nem sequer é reconhecido, portanto não somos ensinados a perguntar por ele ou nos conectarmos com esse mundo.
E o resultado é esta pobreza espiritual que existe aqui!
Para explicar o que é a realidade da alma, imaginamos que estamos na última hora da nossa vida, que a morte está se aproximando e vamos atravessar o limiar da vida pós-morte.
Nós já fizemos isto diversas vezes, porque já vivemos muitas vidas na Terra e, em todas elas, atravessamos esse limiar no final, algumas vezes com mais paz em nosso coração do que em outras.
Mas mesmo quando tivemos uma transição difícil, com uma sensação de luta em nosso coração, nós também vivenciamos uma libertação intensa, no momento em que, como alma, desprendemos-nos da forma física.
Quanto mais em paz morremos, mais feliz é a transição, mas, em qualquer caso, no desprendimento do corpo terreno há uma profunda sensação de alívio, de voltar a um modo natural de ser, que nos é tão familiar que não entendemos como podemos ter-nos esquecido.
Abandonemos todas as ideias negativas sobre a morte e imaginemos que estamos no fim da nossa vida.
Desistimos da luta e, no momento em que soltamos o nosso último suspiro, nós – a nossa alma – deixa o corpo terreno, muito delicada e suavemente.
Com facilidade, ascendemos para fora do nosso corpo e, no mesmo instante, sentimos a leveza; não apenas a luz ao nosso redor, mas a leveza do nosso corpo, a flexibilidade, agilidade e ausência de peso e de esforço.
Nós somos como um pássaro que, imediatamente, sai voando para onde o seu coração o leva.
Deixemos a nossa imaginação voar.
Imaginemos o que acontece quando estamos livre do nosso corpo terreno, e dirijamos-nos para onde o nosso coração nos atrair, em termos de um novo ambiente.
Talvez vejamos um jardim, ou o mar, ou uma floresta, que aparece para nós sem esforço; e em tudo o que vemos, percebemos e sentimos a vida que vem de nosso interior.
Tudo o que vive olha para nós com benevolência.
Um convite amável emana de tudo o que vemos.
E há uma beleza deslumbrante e esplêndida!
Sentimos a alegria borbulhando em nosso coração, e então pensamos: “Ah, é assim que deveria ser! Isto é normal, isto é natural! Aqui eu estou em casa, no meu Lar!
Nós vamos encontrar amigos e parentes falecidos, e também guias que nos receberão com o coração aberto, que silenciosamente nos permitirão ser quem somos, e que nos estenderão a mão amiga quando necessário.
Nós acabamos de entrar na dimensão da alma.
Tudo aí é diferente.
Espaço e tempo parecem muito mais flexíveis, porque é possível estar em um outro lugar, se assim quisermos e se o nosso coração for atraído para lá.
O interior tem precedência sobre o exterior.
Se nos conectamos com alguém no nível interno, a partir do coração, e nosso chamado é respondido, de repente nós nos encontramos juntos numa atmosfera física.
Embora não tão física quanto na Terra, aqui na vida pós-morte, nós ainda conseguimos conversar em termos de formas.
Nós temos um corpo, a outra pessoa tem um corpo, e nós podemos nos comunicar um com o outro, mas com muito mais facilidade e menos esforço do que estamos acostumados na Terra.
Além de espaço e tempo serem mais flexíveis, a forma do nosso corpo também o é.
A forma que assumimos é muito ágil e fluida.
Nós podemos assumir uma forma física e parecermos velho ou jovem, a nosso gosto.
A cor do nosso cabelo, dos nossos olhos… tudo pode ser modificado; e isto nos dá alegria!
Nós escolhemos a forma que nos é mais apropriada internamente, aquela que nos agrada mais e que facilita a nossa comunicação com a outra pessoa.
Nesta dimensão da alma, nós percebemos que o nosso interior dá forma à nossa aparência externa.
O que vive em nosso interior determina o que está fora de nós, aquilo que nos rodeia.
Sintamos isto por um momento.
O que há no nosso interior que dá forma, que atrai e cria essas experiências para nós?
Aparentemente, nós não somos a forma, nós não somos o nosso corpo, porque podemos nos apresentar em diferentes formas.
Nós não somos o lugar onde moramos nem o papel que desempenhamos, porque isto é muito flexível e dinâmico.
O que permanece constante é aquilo que chamamos de coração.
Sintamos o nosso coração por um momento.
Sintamos como o nosso coração, nessa atmosfera diferente que reina desse outro lado, é livre para explorar, descobrir e encontrar, e sintamos a alegria de tudo isso.
E percebamos, então, quanto nós sabíamos, quanto conhecimento havia em nós.
Perguntemos à nossa alma se agora ela quer aparecer para nós numa forma alegre, livre e feliz, que é apropriada para este momento.
Ou, talvez, sob a forma de uma anciã ou de um ancião… ou de uma criança – tanto faz.
A alma agora escolhe a forma adequada para a transmissão mais perfeita de uma mensagem para nós.
Deixemos a nossa alma aparecer para nós por um momento… e se não ouvirmos nem vermos nada, então sintamos-la.
Sintamos a dimensão do eterno, da qual nós fazemos parte; e permitamos que ela nos envolva.
Houve um tempo em que nós éramos esse pássaro livre; em essência, nós somos essa alegria, essa liberdade criativa.
Permitamos que ela penetre o nosso corpo, e desçamos até ao nosso abdome.
Sejamos livres, e vivamos a partir dessa liberdade interior!
Qual é o propósito da alma na Terra?
Por que ela está aqui?
A alma quer aprender a despertar nesta dimensão.
Esta é uma dimensão na qual podemos facilmente esquecermos-nos de nós mesmos de maneira tão profunda, que nos tornemos totalmente alienados da nossa essência.
Nossa alma queria estar aqui; ela é um mensageiro de Deus, uma partícula dessa energia todo-poderosa que chamamos de Deus.
Nossa alma é uma partícula singular dessa fonte criativa infinita.
Ela está trabalhando para se desenvolver ao longo do tempo, mas não deste tipo de tempo que conhecemos na Terra.
O mundo da alma é muito mais vasto e imensurável do que se pode medir com os padrões terrenos.
Como se disse, tempo e espaço são muito fluidos e móveis, no nível da alma, e são formados mais a partir do interior do que do exterior.
Pode-se dizer que a nossa alma está emergindo neste processo através do desenvolvimento em todos os tipos de vida, e uma dessas vidas é moldada por nós.
Nós somos uma fusão única da nossa alma com esta personalidade terrena, portanto ninguém é exactamente igual a nós.
Nós também somos especiais para a nossa alma.
Esta vida é uma circunstância única, na qual a nossa alma deseja descobrir e entender profundamente o que significa viver aqui num corpo, e também doar de si mesma.
Sintamos o quanto a nossa alma é corajosa e grandiosa, embora, em essência, nós é que nos encarreguemos disto; somos nós que assumimos o risco deste passo.
Respeitemos a nós mesmos.
Nós somos um grande ser, uma parte inalienável do próprio Deus, embora constantemente nos façamos tão pequenos e soframos com o preconceito social e os conceitos de bem e mal.
Quando nos conectamos com a nossa alma, estamos a nos unir à nossa luz e também ao nosso fogo.
Luz é fogo também, e fogo representa paixão, entusiasmo, inspiração.
Nós somos uma alma forte, e para podermos empreender uma aventura de encarnação na Terra, precisamos de muita coragem.
Nós assumimos o risco, porque podemos chegar a profundezas inconcebíveis.
E, de facto, já chegamos nessas profundezas, porque esta não é a primeira vez que estamos aqui.
Nós já passamos por abismos inimagináveis em nossas vidas na Terra e, no entanto, estamos aqui novamente.
Portanto, há em nós uma convicção, uma paixão, um fogo que nos tornam decididos a estar aqui e deixar a nossa luz brilhar.
Para nos conectarmos com esse fogo, é preciso que enfrentemos também as emoções sombrias, nosso lado sombrio, seja qual for o nome que lhe dêmos.
Tudo o que vive nessas emoções tem uma mensagem para nós: a raiva, o medo, o ódio, a resistência… tudo que tem sido rotulado de negativo traz uma força vital dentro de nós.
Conectemos-nos com esse reservatório de emoções; invoquemos-lo; dêmos-lhe permissão para vir à tona escuro e fraco. 
Há em nós uma força primitiva.
Sintamos-la desde o mais profundo do nosso ser.
Deixemos que ela venha da Terra através do nosso chacra raiz, e permitamos-nos senti-la.
Enraizemos-nos na Terra, confiemos na nossa força e assumamos o nosso poder neste planeta – e não vacilemos, pois nós somos demasiadamente imensos, belos e ricos em tesouros internos, para ainda fazermos isso.
Somos precisos na Terra como um farol de luz, e o primeiro passo para isto é que nos lembremos – que reconheçamos – quem somos, e que reavivemos a dimensão da nossa alma no nosso dia-a-dia, dentro de nós.
Nós somos um dos que carrega a tocha de luz neste mundo e somos contrários às visões de mundo restritivas.
E não agimos assim por meio de palavras ásperas nem pela força, mas através de uma conexão interior com quem realmente somos; colocando a dimensão da alma em primeiro lugar, como fazíamos naturalmente quando estávamos naquele outro mundo, antes de virmos para cá.
Reconhecendo novamente aquela realidade e permitindo que ela se irradie neste mundo em plena convicção, literalmente trazemos luz para cá.
Somos agradecidos por nossa presença hoje neste mundo.
Não duvide de quem somos.
Sejamos a luz brilhante e bela que somos!

Gratidão,
Luís Barros