Sintamos isto internamente por um
instante.
Nós somos um portador da tocha; nós
carregamos uma luz em nosso interior.
Vejamos-nos carregando uma tocha que
espalha luz na escuridão.
No início, nós somos chamados a espalhar
essa luz na nossa própria escuridão.
Logo que nascemos aqui na Terra – onde
há muito medo, ilusão e desconfiança da vida – passamos a fazer parte deste
mundo e da nossa tentativa de escapar de sentimentos profundos.
A partir do momento do nosso nascimento,
e durante toda a nossa infância e adolescência, somos desafiados a tentar
mantermos-nos fiéis à nossa luz, a quem realmente somos, e ao que sentimos.
E que grande desafio é este!
Como é maravilhoso termos passado por
isso com sucesso e estar presente aqui com a nossa tocha de luz!
Nós podemos estar dizendo para nós mesmos:
“Isto me custou muito!”, ou podemos estar pensando “Não consegui, de jeito
nenhum… sinto-me só e abandonado.”
Mas nós não estamos sozinhos.
Muitos amigos de mentes afins e muitos
guias “do outro lado do véu” estão aqui connosco.
Nós somos vistos como um portador da
tocha, então confiemos nisto!
A vida nos dá, para começar, a nossa
própria porção de “trevas”, digamos assim.
Internamente, nós nos defrontamos com
medos e, externamente, com acontecimentos com os quais aparentemente não
conseguimos lidar.
Mas são justamente estes eventos e
aquelas emoções difíceis que atraem o nosso conhecimento mais profundo, a nossa
essência, a nossa luz interior.
É principalmente devido à “noite escura
da alma”, que a luz da nossa própria alma se torna visível para nós.
Não é uma luz externa a nós, mas somente
a luz do nosso interior que pode guiar-nos através da noite escura da alma,
porque nos lança de volta a nós mesmos e aos nossos recursos internos.
Todas as coisas externas, às quais
talvez pudéssemos nos agarrar, desaparecem.
Nós estamos sentados sozinhos em “solo
nu” e só podemos obter ajuda de dentro de nós mesmos, da nossa própria força
interior.
Cada um aqui presente conhece essa
experiência de ter que depender de si mesmo, de ter que abandonar tudo e
renascer na luz da sua alma, para vivenciar uma nova manhã, um novo começo,
onde uma parte maior da sua alma esteja presente na Terra.
É isto que a noite escura da alma também
nos faz.
Embora ela nos peça para abandonar
certezas externas e olharmos de frente para emoções profundas – algumas vezes
muito sombrias – ela também nos leva para um novo panorama, uma nova
consciência da realidade.
Quando chegamos nesse ponto, a luz da nossa
tocha não brilha apenas para nós, mas ilumina também o caminho para outras
pessoas, geralmente sem que o saibamos.
Não é preciso fazermos muito para chegar
a isso, porque acontece naturalmente.
Nossa consciência muda porque nós descobrimos
o significado do amor e da compaixão dentro de nós mesmos.
Nós só aprendemos realmente o verdadeiro
alcance desses conceitos, quando nos encontramos “no fundo do poço”.
Só então conseguimos entender o poder de
um gesto de cooperação, da falta de preconceito, o significado da amizade… e
aprendemos isto primeiramente dentro de nós mesmos.
Quando tivermos vivenciado essa bondade
para com nós mesmos e dentro de nós, ela nos acompanhará através das contracções
do processo de nascimento, e nasceremos novamente, como um novo ser, com um
coração brando e aberto, como um eu que se conecta.
Não um eu que deve lutar para sobreviver
ao medo, mas um eu que pode estar completamente presente na serenidade e
bondade.
Então nós nos tornamos um trabalhador da
Luz, um ser que ajuda a moldar a nova era na Terra.
Falamos alguma coisa sobre esse novo
tempo, porque ele está desabrochando na Terra agora.
Não é mais uma visão do futuro – é
agora, aqui!
Graças aos nossos esforços, e aos
esforços de muitos que passam pelo mesmo processo que nós, uma nova Terra está
surgindo.
Nós esperamos por este acontecimento há
muito tempo; não apenas nesta vida, mas em muitas outras, nas quais fomos
guiados pela promessa, pela visão de uma nova Terra, onde a nossa alma pudesse
conectar-se completamente com o facto de estarmos aqui; onde finalmente nos
sentíssemos em Casa, neste planeta pequeno, mas muito especial.
Percebamos por um instante, até que
ponto nós já sentimos essa realização; até que ponto nós já nos sentimos
conectados com a Terra.
Quanto mais estivermos presentes aqui
com a nossa alma, mais a Terra se fortalecerá, despertará e fluirá com a nova
luz que viemos trazer.
Não nos subestimemos.
Sim, o que nós fazemos com a nossa tocha
de luz é para nós, mas é também para a Terra e para tudo o que vive na Terra.
Nós levamos a Terra connosco, devido ao
que somos.
Nós somos um trabalhador da Luz – nós
trazemos luz para a Terra.
Imaginemos-nos sentados no chão, num
local lindo da natureza.
Nós sentimos a paz, a harmonia da Terra
abaixo de nós.
E nos conectamos com a alma da Terra,
sentindo, assim, que ela também anseia por mudança, por um crescimento de
consciência.
Ela deseja obter isto em conexão connosco
e com a humanidade como um todo.
A Terra também está envolvida num
processo dinâmico… sintamos isto por um momento.
Permitamos que a alma da Terra apareça
diante de nós na forma de um ser humano ou de um animal, e fiquemos com a
imagem que surgir espontaneamente em nossa mente.
Perguntemos-lhe o que ela deseja, o que
ela quer alcançar em sua evolução, em seu processo de crescimento.
Perguntemos-lhe o que nós podemos fazer
por ela neste momento; como nós podemos ajudar a alma da Terra em seu
desenvolvimento.
O que a resposta dela nos faz?
Nós sentimos que o que ela nos pede é
também aquilo que nos nutre, que nos conecta com a Terra, e que nos traz
descanso e harmonia?
A beleza de viver na nova Terra é que estamos
totalmente conectados com o ser dela, que também vive em nós como ser humano; nós
estamos conectados com a nossa própria natureza humana como criatura terrena.
O novo humano é totalmente ancorado e
presente.
Ele respeita os ritmos da Terra e da
natureza, dentro e fora de si mesmo.
Sintamos o poder da nova Terra fluir
para o nosso interior.
Ele já vive em nós e na própria Terra.
Sigamos adiante com o novo, pois ele nos
convida.
A nova Terra deseja crescer e
desabrochar.
Muitas vezes, a noite escura da alma
leva a pessoa ao limiar do novo, e isto certamente é verdade para nós.
Nós estamos neste caminho há muito
tempo.
Nós já fizemos uma viagem longa através
de muitas vidas na Terra.
Nós mantivemos a nossa luz acesa enquanto
tivemos que enfrentar experiências profundas de dor, desolação e rejeição.
Agora, no limiar de um novo tempo, nós ainda
somos desafiados pela energia antiga, pelo peso que vivenciamos por tanto tempo
na velha Terra.
Mas, agora nós vamos libertar e abandonar
tudo isso.
Nós só podemos dizer adeus a alguma
coisa, quando a respeitamos, quando apreciamos o que ela nos trouxe, pois assim
nós a deixamos ir amorosamente.
Toda a dor que acumulamos
nesta e em vidas anteriores precisa da nossa bênção para poder ser libertada.
Só então poderemos atravessar o limiar,
livres e aliviados, como o anjo que somos em essência.
Portanto, respeitemos a noite escura da
alma e a mensagem que ela traz consigo.
Agora, quando experimentarmos essa
escuridão, façamos-la ver como ficamos fortes, e quantos passos já demos na nossa
jornada interior.
Nós somos maiores do que toda essa dor,
medo, tristeza, depressão… seja o que for!
Nós podemos ter compaixão e abençoar
tudo isso.
Isto quer dizer que estendemos a nossa
mão para a escuridão e dizemos: “Tu és boa como és; eu compreendo-te. Eu não
luto contra ti; eu dou-te um lugar dentro de mim. Tu és uma lembrança dos
velhos tempos e eu aprendi muito com essas experiências.”
Saibamos que é devido a esses altos e
baixos que experimentamos ao longo de nossas vidas na Terra, que agora existe
uma sabedoria que amadureceu no nosso interior; agora nós realmente entendemos
intimamente o significado do amor, da compaixão e da força.
Eles se tornaram uma realidade viva para
nós.
Isto é a consciência Crística que,
então, desperta em nosso coração, em nosso ser.
É ela que nos leva através do limiar do
novo tempo, quando todos os nossos ideais finalmente estabelecerão um ritmo e
um passo adequados a nós e à Terra.
O importante aqui é que percebamos quão
valiosa é a noite escura da alma, que talvez ainda estejamos vivenciando.
É algo que precisa ser visto novamente à
luz do amor e da compreensão.
Só então ela poderá relaxar e se
dissolver, enquanto levamos connosco a sabedoria do passado.
Este é o fruto da nossa jornada na
Terra.
Então, quando estivermos lutando contra as
emoções sombrias de medo, ou nos perguntando se o nosso lugar é mesmo aqui na
Terra, ou nos sentindo um estranho, vivenciando solidão e dúvida torturante,
deixemos que isso tudo assuma a forma do rosto de uma criança que expressa
todas as emoções que ainda vivem em nós.
Estendamos as nossas mãos para essa criança
e abençoemos-la.
Ela merece toda a nossa atenção e o nosso
amor.
Mas não façamos desta acção algo mais
difícil do que deve ser.
A noite escura da alma é um evento quase
imprescindível para que atravessemos o limiar da nova Terra.
Tomemos a mão dessa criança que carrega as
nossas emoções mais pesadas; acompanhemos-la, sustentemos-la, mas, ao mesmo
tempo, não nos esqueçamos quem somos.
Nós somos o pai/mãe amoroso e
compreensivo, que segura a mão de seu filho.
Nós podemos ver mais além do que ele.
Nós já conseguimos ver adiante do
limiar.
Nós sentimos a força vital emergente de
uma nova realidade esperando por nós.
Ofereçamos uma atenção serena a essa
criança que talvez ainda resista ou tenha medo.
Por outro lado, mantenhamos-nos
conscientes da nova realidade que agora está criando raízes na Terra.
Gratidão,
Luís Barros