4 de julho de 2020

A MENSAGEM DA ESCURIDÃO

Colectivamente, nós trazemos uma nova onda de consciência ao mundo.
Sintamos isto internamente por um instante.
Nós somos um portador da tocha; nós carregamos uma luz em nosso interior.
Vejamos-nos carregando uma tocha que espalha luz na escuridão.
No início, nós somos chamados a espalhar essa luz na nossa própria escuridão.
Logo que nascemos aqui na Terra – onde há muito medo, ilusão e desconfiança da vida – passamos a fazer parte deste mundo e da nossa tentativa de escapar de sentimentos profundos.
A partir do momento do nosso nascimento, e durante toda a nossa infância e adolescência, somos desafiados a tentar mantermos-nos fiéis à nossa luz, a quem realmente somos, e ao que sentimos.
E que grande desafio é este!
Como é maravilhoso termos passado por isso com sucesso e estar presente aqui com a nossa tocha de luz!
Nós podemos estar dizendo para nós mesmos: “Isto me custou muito!”, ou podemos estar pensando “Não consegui, de jeito nenhum… sinto-me só e abandonado.”
Mas nós não estamos sozinhos.
Muitos amigos de mentes afins e muitos guias “do outro lado do véu” estão aqui connosco.
Nós somos vistos como um portador da tocha, então confiemos nisto!
A vida nos dá, para começar, a nossa própria porção de “trevas”, digamos assim.
Internamente, nós nos defrontamos com medos e, externamente, com acontecimentos com os quais aparentemente não conseguimos lidar.
Mas são justamente estes eventos e aquelas emoções difíceis que atraem o nosso conhecimento mais profundo, a nossa essência, a nossa luz interior.
É principalmente devido à “noite escura da alma”, que a luz da nossa própria alma se torna visível para nós.
Não é uma luz externa a nós, mas somente a luz do nosso interior que pode guiar-nos através da noite escura da alma, porque nos lança de volta a nós mesmos e aos nossos recursos internos.
Todas as coisas externas, às quais talvez pudéssemos nos agarrar, desaparecem.
Nós estamos sentados sozinhos em “solo nu” e só podemos obter ajuda de dentro de nós mesmos, da nossa própria força interior.
Cada um aqui presente conhece essa experiência de ter que depender de si mesmo, de ter que abandonar tudo e renascer na luz da sua alma, para vivenciar uma nova manhã, um novo começo, onde uma parte maior da sua alma esteja presente na Terra.
É isto que a noite escura da alma também nos faz.
Embora ela nos peça para abandonar certezas externas e olharmos de frente para emoções profundas – algumas vezes muito sombrias – ela também nos leva para um novo panorama, uma nova consciência da realidade.
Quando chegamos nesse ponto, a luz da nossa tocha não brilha apenas para nós, mas ilumina também o caminho para outras pessoas, geralmente sem que o saibamos.
Não é preciso fazermos muito para chegar a isso, porque acontece naturalmente.
Nossa consciência muda porque nós descobrimos o significado do amor e da compaixão dentro de nós mesmos.
Nós só aprendemos realmente o verdadeiro alcance desses conceitos, quando nos encontramos “no fundo do poço”.
Só então conseguimos entender o poder de um gesto de cooperação, da falta de preconceito, o significado da amizade… e aprendemos isto primeiramente dentro de nós mesmos.
Quando tivermos vivenciado essa bondade para com nós mesmos e dentro de nós, ela nos acompanhará através das contracções do processo de nascimento, e nasceremos novamente, como um novo ser, com um coração brando e aberto, como um eu que se conecta.
Não um eu que deve lutar para sobreviver ao medo, mas um eu que pode estar completamente presente na serenidade e bondade.
Então nós nos tornamos um trabalhador da Luz, um ser que ajuda a moldar a nova era na Terra.
Falamos alguma coisa sobre esse novo tempo, porque ele está desabrochando na Terra agora.
Não é mais uma visão do futuro – é agora, aqui!
Graças aos nossos esforços, e aos esforços de muitos que passam pelo mesmo processo que nós, uma nova Terra está surgindo.
Nós esperamos por este acontecimento há muito tempo; não apenas nesta vida, mas em muitas outras, nas quais fomos guiados pela promessa, pela visão de uma nova Terra, onde a nossa alma pudesse conectar-se completamente com o facto de estarmos aqui; onde finalmente nos sentíssemos em Casa, neste planeta pequeno, mas muito especial.
Percebamos por um instante, até que ponto nós já sentimos essa realização; até que ponto nós já nos sentimos conectados com a Terra.
Quanto mais estivermos presentes aqui com a nossa alma, mais a Terra se fortalecerá, despertará e fluirá com a nova luz que viemos trazer.
Não nos subestimemos.
Sim, o que nós fazemos com a nossa tocha de luz é para nós, mas é também para a Terra e para tudo o que vive na Terra.
Nós levamos a Terra connosco, devido ao que somos.
Nós somos um trabalhador da Luz – nós trazemos luz para a Terra.
Imaginemos-nos sentados no chão, num local lindo da natureza.
Nós sentimos a paz, a harmonia da Terra abaixo de nós.
E nos conectamos com a alma da Terra, sentindo, assim, que ela também anseia por mudança, por um crescimento de consciência.
Ela deseja obter isto em conexão connosco e com a humanidade como um todo.
A Terra também está envolvida num processo dinâmico… sintamos isto por um momento.
Permitamos que a alma da Terra apareça diante de nós na forma de um ser humano ou de um animal, e fiquemos com a imagem que surgir espontaneamente em nossa mente.
Perguntemos-lhe o que ela deseja, o que ela quer alcançar em sua evolução, em seu processo de crescimento.
Perguntemos-lhe o que nós podemos fazer por ela neste momento; como nós podemos ajudar a alma da Terra em seu desenvolvimento.
O que a resposta dela nos faz?
Nós sentimos que o que ela nos pede é também aquilo que nos nutre, que nos conecta com a Terra, e que nos traz descanso e harmonia?
A beleza de viver na nova Terra é que estamos totalmente conectados com o ser dela, que também vive em nós como ser humano; nós estamos conectados com a nossa própria natureza humana como criatura terrena.
O novo humano é totalmente ancorado e presente.
Ele respeita os ritmos da Terra e da natureza, dentro e fora de si mesmo.
Sintamos o poder da nova Terra fluir para o nosso interior.
Ele já vive em nós e na própria Terra.
Sigamos adiante com o novo, pois ele nos convida.
A nova Terra deseja crescer e desabrochar.
Muitas vezes, a noite escura da alma leva a pessoa ao limiar do novo, e isto certamente é verdade para nós.
Nós estamos neste caminho há muito tempo.
Nós já fizemos uma viagem longa através de muitas vidas na Terra.
Nós mantivemos a nossa luz acesa enquanto tivemos que enfrentar experiências profundas de dor, desolação e rejeição.
Agora, no limiar de um novo tempo, nós ainda somos desafiados pela energia antiga, pelo peso que vivenciamos por tanto tempo na velha Terra.
Mas, agora nós vamos libertar e abandonar tudo isso.
Nós só podemos dizer adeus a alguma coisa, quando a respeitamos, quando apreciamos o que ela nos trouxe, pois assim nós a deixamos ir amorosamente.
Toda a dor que acumulamos nesta e em vidas anteriores precisa da nossa bênção para poder ser libertada.
Só então poderemos atravessar o limiar, livres e aliviados, como o anjo que somos em essência.
Portanto, respeitemos a noite escura da alma e a mensagem que ela traz consigo.
Agora, quando experimentarmos essa escuridão, façamos-la ver como ficamos fortes, e quantos passos já demos na nossa jornada interior.
Nós somos maiores do que toda essa dor, medo, tristeza, depressão… seja o que for!
Nós podemos ter compaixão e abençoar tudo isso.
Isto quer dizer que estendemos a nossa mão para a escuridão e dizemos: “Tu és boa como és; eu compreendo-te. Eu não luto contra ti; eu dou-te um lugar dentro de mim. Tu és uma lembrança dos velhos tempos e eu aprendi muito com essas experiências.”
Saibamos que é devido a esses altos e baixos que experimentamos ao longo de nossas vidas na Terra, que agora existe uma sabedoria que amadureceu no nosso interior; agora nós realmente entendemos intimamente o significado do amor, da compaixão e da força.
Eles se tornaram uma realidade viva para nós.
Isto é a consciência Crística que, então, desperta em nosso coração, em nosso ser.
É ela que nos leva através do limiar do novo tempo, quando todos os nossos ideais finalmente estabelecerão um ritmo e um passo adequados a nós e à Terra.
O importante aqui é que percebamos quão valiosa é a noite escura da alma, que talvez ainda estejamos vivenciando.
É algo que precisa ser visto novamente à luz do amor e da compreensão.
Só então ela poderá relaxar e se dissolver, enquanto levamos connosco a sabedoria do passado.
Este é o fruto da nossa jornada na Terra.
Então, quando estivermos lutando contra as emoções sombrias de medo, ou nos perguntando se o nosso lugar é mesmo aqui na Terra, ou nos sentindo um estranho, vivenciando solidão e dúvida torturante, deixemos que isso tudo assuma a forma do rosto de uma criança que expressa todas as emoções que ainda vivem em nós.
Estendamos as nossas mãos para essa criança e abençoemos-la.
Ela merece toda a nossa atenção e o nosso amor.
Mas não façamos desta acção algo mais difícil do que deve ser.
A noite escura da alma é um evento quase imprescindível para que atravessemos o limiar da nova Terra.
Tomemos a mão dessa criança que carrega as nossas emoções mais pesadas; acompanhemos-la, sustentemos-la, mas, ao mesmo tempo, não nos esqueçamos quem somos.
Nós somos o pai/mãe amoroso e compreensivo, que segura a mão de seu filho.
Nós podemos ver mais além do que ele.
Nós já conseguimos ver adiante do limiar.
Nós sentimos a força vital emergente de uma nova realidade esperando por nós.
Ofereçamos uma atenção serena a essa criança que talvez ainda resista ou tenha medo.
Por outro lado, mantenhamos-nos conscientes da nova realidade que agora está criando raízes na Terra.

Gratidão,
Luís Barros