8 de julho de 2020

O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA ALMA

Todos nós estamos firmemente comprometidos com um caminho interior.
A única coisa que nos traz satisfação verdadeira é começarmos a ouvir e compreender a voz do nosso próprio coração e da nossa própria alma.
Para todos nós, isto é tão importante quanto o oxigénio que respiramos, tão básico quanto o pão e a água que alimentam nossos corpos e nos mantêm vivos.
E esse comprometimento significa que já houve uma mudança de consciência em nós, a qual, em muitos, ocorreu antes do nosso nascimento nesta vida actual.
Nossa alma se encontrava numa certa fase de desenvolvimento, de evolução, e sentiu que este era o momento para uma encarnação na Terra, na qual ela poderia realmente se permitir ser vista; uma vida na qual a nossa alma poderia realmente fluir através da realidade terrena do dia-a-dia.
É preciso um certo número de vidas na Terra para chegar a ouvir o chamado da alma desta maneira.
Em vidas anteriores, foi necessário e apropriado adquirir experiência com a vida na Terra.
A alma precisa de tempo para se acostumar com a dinâmica das emoções e fisicalidade que se desenvolvem aqui.
Estar na Terra é um processo de aprendizado para a alma.
Num certo sentido, a alma já sabe tudo antes de começar a encarnar, mas este conhecimento não foi realmente vivido e, então, não se tornou profundamente enraizado -, portanto, esse conhecimento não é uma sabedoria baseada na experiência.
Colocando-se de uma forma bem simples, trata-se da diferença entre conhecimento teórico e conhecimento prático.
No seu âmago, a alma já conhece tudo, mas ao experimentar a vida em várias formas de encarnação, este conhecimento se transforma em sabedoria, que é prática e tangível.
E é assim que o amor nasce.
Quando a sabedoria realmente se incorpora em uma forma humana terrena, não é apenas o conhecimento teórico que distingue o indivíduo, mas o calor, amor, paciência e compaixão que ele irradia para os outros.
E isto significa que houve uma alquimia, uma transformação na consciência da alma dessa pessoa.
Esta mudança só pode ocorrer porque a alma assumiu uma encarnação, o caminho através da carne, do sangue, da dor, dos altos e baixos de todos os tipos de emoção.
Estas experiências são necessárias para o nascimento de uma sabedoria viva e do amor.
Sob este ponto de vista, tornar-se um ser humano terreno, nascer em um corpo, lidar com a ignorância, a dor, o medo e a incerteza, é um acto heróico.
Nós deliberadamente permitimos que uma parte da nossa consciência e conhecimento interior seja obscurecido para que possamos incorporar a sabedoria em um nível muito mais profundo.
O que estamos descrevendo aqui é, na verdade, o significado de canalizar, ou tornarmos-nos um canal, em seu sentido mais amplo.
Canalização não é simplesmente a recepção de uma mensagem, mas todo o processo de conectar a nossa essência divina, através da alma, com um corpo terreno, por meio de uma encarnação física e uma redução da consciência, de modo que assumamos uma forma específica no tempo e espaço.
O que parece ser uma descida à limitação e às trevas, cria caminhos que levam à luz, uma luz maior que não existia antes.
Este é o processo criativo que nós empreendemos com a nossa própria alma.
É muito gratificante quando estamos vivendo como um ser humano na Terra e voltamos a nos conectar com a nossa alma, nossa origem, e tentamos incorporá-la ao nosso dia-a-dia.
Como parte do desenvolvimento da alma, ela deve esquecer-se de si mesma por um longo tempo e acostumar-se à existência terrena, para adquirir experiência.
Por este motivo, é necessário que, no início e por muito tempo, nós permaneçamos inconscientes da nossa sabedoria e conhecimento originais e mergulhemos nas energias poderosas e envolventes da Terra.
Mas, chegou a hora de ascender de volta à Fonte de onde nós viemos, de reconhecê-la e voltar a ouvir a voz da nossa alma.
Desta forma, nós realmente começamos a perceber o propósito do nosso desenvolvimento, que é unir o reino celeste do conhecimento e sabedoria divina ao reino terreno do sentir e experimentar.
Assim nós nos tornamos um canal entre o Céu e a Terra e criamos algo novo, algo que é significativo para a Criação como um todo.
Em outras palavras, nós estamos prontos.
Falamos brevemente sobre o que é importante nesta conexão com a nossa sabedoria superior e a energia da nossa alma, as quais já foram bastante vivenciadas ao longo de muitas das nossas encarnações anteriores.
O que mais nos está impedindo de realmente permitir que se manifeste a energia original da sabedoria adquirida da nossa alma, é que nós nos fazemos pequenos.
Para permitir que a energia da nossa alma se expresse aqui e agora, nós precisamos atrevermos-nos a acreditar na nossa grandiosidade.
Precisamos aceitar como verdade que nós realmente somos um anjo radiante de luz, que foi moldado por um reino divino e igualmente moldado por muitas vidas nas quais lutou para superar a dor e a ansiedade, tornando-se cada vez mais consciente de quem realmente somos.
Nós precisamos reconhecer a grandeza do nosso próprio ser e da nossa própria história e dizer: “É Isto que eu sou.”
Este é o passo que nós precisamos dar agora, a fim de que a nossa alma possa encarnar plenamente, possa fluir livremente por todo o nosso corpo e nosso ser terreno.
Examinemos a nós mesmos e observemos em que aspecto nós nos consideramos indignos, não suficientemente bons, ou até maus, como se tivéssemos feito algo horrível.
Talvez tenhamos uma sensação de pecaminosidade ou fracasso.
Por um momento, dirijamos toda a nossa atenção para o nosso próprio campo energético, observando se aparece algum ponto escuro em algum lugar.
Isto pode manifestar-se como dor ou tensão, que pode conter pensamentos negativos a respeito de nós mesmos.
Observemos atentamente, para ver se isto acontece.
Talvez vejamos uma criança aparecer, ou simplesmente tenhamos uma impressão… o facto é que é um peso que estamos carregando por todo o lado.
Entretanto, nos acostumamos tanto com alguns desses pesos, que não os percebemos mais como o que são.
Nós pensamos que esses pesos fazem parte do nosso estado normal.
Mas o estado normal é um estado alegre.
O estado normal, equilibrado, é aquele em que confiamos na vida e dizemos “sim” para ela, com a sensação de sermos bons do jeito que somos.
Não que sejamos perfeitos, de acordo com certos conceitos que se encontram fora de nós, mas que somos bons simplesmente porque somos uma parte inseparável do todo.
Nós pertencemos, nós somos importantes e somos livres para explorar tudo o que quisermos explorar. 
Pensamentos ou sentimentos irados ou negativos são permitidos, assim como o são a dúvida, o desespero e a resistência.
Vejamos se em nós existe um desgosto, um sentimento negativo ou uma resistência diante da vida na Terra.
Ou se não nos sentimos bem-vindos aqui, ou se estamos magoados por não nos sentirmos reconhecidos, ou se nos foi dito que não somos suficientemente bons do jeito que somos.
Em quase todas as pessoas residem imagens de falta de merecimento.
É importante que as detectemos e as acolhamos com a nossa luz, porque, na verdade, é isto que bloqueia a nossa canalização.
Referimos-nos à canalização no sentido mais amplo da palavra, que é estarmos abertos para a nossa própria alma.
Inspiremos para acalmar o nosso abdome.
Convidemos a energia da nossa alma para entrar verdadeiramente no nosso corpo, no nosso coração e, especialmente, no nosso abdome, que, energeticamente, é a sede do poder e da conexão com a Terra, mas que é também o lugar onde podemos estar mantendo mágoas profundas.
Vejamos se conseguimos criar e experimentar uma sensação de dignidade.
O nosso abdome sabe fazer isto; ele está conectado com a Terra e sabe que temos um lugar natural aqui e no Cosmos, que somos bem-vindos aqui na Terra.
Há, no nosso abdome, um conhecimento silencioso de que somos bons?
Conectamos-nos com esse conhecimento e literalmente abramos espaço para nós mesmo.
Imaginemos que existe um espaço energético ao redor do nosso corpo, do tamanho que sentimos que é certo para nós e suficientemente grande para conter a nossa luz.
Permitamos que esse espaço chegue até os nossos pés, e até dentro da Terra.
Sintamos que estamos verdadeiramente aqui.
Ao fazermos isto, é possível que sintamos que a energia da nossa alma deseja voltar rapidamente para cima, devido às lembranças de rejeição ou mesmo de violência, que tornam muito dolorosa a nossa estadia aqui.
Mas vamos até esse espaço assim mesmo e digamos a nós próprios que é seguro estarmos aí.
Preenchamos o nosso abdome com a luz da nossa alma; sintamos que somos bem-vindos aqui.
Deixemos a luz mover-se através das nossas coxas, joelhos, pernas e pés e para dentro da Terra.
A intenção da canalização é que a nossa essência flua para dentro da Terra.
Sintamos como somos magníficos, belos e poderosos, e como a nossa grandeza inspira e ajuda os outros.
Nós não estamos atrapalhando ninguém com a nossa grandiosidade.
Para canalizar a nossa alma, procuremos velhas imagens de falta de dignidade ou merecimento que ainda estejam na nossa vida, e pratiquemos preencher o nosso abdome, nossos chacras inferiores, com a luz da nossa alma.
É aí que ela se torna real e tangível e flui para dentro da Terra.
Esta é a intenção e isto é o que mais nos satisfaz.

Gratidão,
Luís Barros