Todos nós estamos firmemente
comprometidos com um caminho interior.
A única coisa que nos traz satisfação
verdadeira é começarmos a ouvir e compreender a voz do nosso próprio coração e
da nossa própria alma.
Para todos nós, isto é tão importante
quanto o oxigénio que respiramos, tão básico quanto o pão e a água que
alimentam nossos corpos e nos mantêm vivos.
E esse comprometimento significa que já
houve uma mudança de consciência em nós, a qual, em muitos, ocorreu antes do nosso
nascimento nesta vida actual.
Nossa alma se encontrava numa certa fase
de desenvolvimento, de evolução, e sentiu que este era o momento para uma
encarnação na Terra, na qual ela poderia realmente se permitir ser vista; uma
vida na qual a nossa alma poderia realmente fluir através da realidade terrena
do dia-a-dia.
É preciso um certo número de vidas na
Terra para chegar a ouvir o chamado da alma desta maneira.
Em vidas anteriores, foi necessário e
apropriado adquirir experiência com a vida na Terra.
A alma precisa de tempo para se
acostumar com a dinâmica das emoções e fisicalidade que se desenvolvem aqui.
Estar na Terra é um processo de
aprendizado para a alma.
Num certo sentido, a alma já sabe tudo
antes de começar a encarnar, mas este conhecimento não foi realmente vivido e,
então, não se tornou profundamente enraizado -, portanto, esse conhecimento não é uma
sabedoria baseada na experiência.
Colocando-se de uma forma bem simples,
trata-se da diferença entre conhecimento teórico e conhecimento prático.
No seu âmago, a alma já conhece tudo,
mas ao experimentar a vida em várias formas de encarnação, este conhecimento se
transforma em sabedoria, que é prática e tangível.
E é assim que o amor nasce.
Quando a sabedoria realmente se
incorpora em uma forma humana terrena, não é apenas o conhecimento teórico que
distingue o indivíduo, mas o calor, amor, paciência e compaixão que ele irradia
para os outros.
E isto significa que houve uma alquimia,
uma transformação na consciência da alma dessa pessoa.
Esta mudança só pode ocorrer porque a
alma assumiu uma encarnação, o caminho através da carne, do sangue, da dor, dos
altos e baixos de todos os tipos de emoção.
Estas experiências são necessárias para
o nascimento de uma sabedoria viva e do amor.
Sob este ponto de vista, tornar-se um
ser humano terreno, nascer em um corpo, lidar com a ignorância, a dor, o medo e
a incerteza, é um acto heróico.
Nós deliberadamente permitimos que uma
parte da nossa consciência e conhecimento interior seja obscurecido para que possamos
incorporar a sabedoria em um nível muito mais profundo.
O que estamos descrevendo aqui é, na
verdade, o significado de canalizar, ou tornarmos-nos um canal, em seu sentido
mais amplo.
Canalização não é simplesmente a
recepção de uma mensagem, mas todo o processo de conectar a nossa essência
divina, através da alma, com um corpo terreno, por meio de uma encarnação
física e uma redução da consciência, de modo que assumamos uma forma específica
no tempo e espaço.
O que parece ser uma descida à limitação
e às trevas, cria caminhos que levam à luz, uma luz maior que não existia
antes.
Este é o processo criativo que nós empreendemos
com a nossa própria alma.
É muito gratificante quando estamos
vivendo como um ser humano na Terra e voltamos a nos conectar com a nossa alma,
nossa origem, e tentamos incorporá-la ao nosso dia-a-dia.
Como parte do desenvolvimento da alma,
ela deve esquecer-se de si mesma por um longo tempo e acostumar-se à existência
terrena, para adquirir experiência.
Por este motivo, é necessário que, no
início e por muito tempo, nós permaneçamos inconscientes da nossa sabedoria e
conhecimento originais e mergulhemos nas energias poderosas e envolventes da
Terra.
Mas, chegou a hora de ascender de volta
à Fonte de onde nós viemos, de reconhecê-la e voltar a ouvir a voz da nossa
alma.
Desta forma, nós realmente começamos a perceber
o propósito do nosso desenvolvimento, que é unir o reino celeste do
conhecimento e sabedoria divina ao reino terreno do sentir e experimentar.
Assim nós nos tornamos um canal entre o
Céu e a Terra e criamos algo novo, algo que é significativo para a Criação como
um todo.
Em outras palavras, nós estamos prontos.
Falamos brevemente sobre o que é
importante nesta conexão com a nossa sabedoria superior e a energia da nossa alma,
as quais já foram bastante vivenciadas ao longo de muitas das nossas
encarnações anteriores.
O que mais nos está impedindo de
realmente permitir que se manifeste a energia original da sabedoria adquirida
da nossa alma, é que nós nos fazemos pequenos.
Para permitir que a energia da nossa
alma se expresse aqui e agora, nós precisamos atrevermos-nos a acreditar na nossa
grandiosidade.
Precisamos aceitar como verdade que nós realmente
somos um anjo radiante de luz, que foi moldado por um reino divino e igualmente
moldado por muitas vidas nas quais lutou para superar a dor e a ansiedade,
tornando-se cada vez mais consciente de quem realmente somos.
Nós precisamos reconhecer a grandeza do nosso
próprio ser e da nossa própria história e dizer: “É Isto que eu sou.”
Este é o passo que nós precisamos dar
agora, a fim de que a nossa alma possa encarnar plenamente, possa fluir
livremente por todo o nosso corpo e nosso ser terreno.
Examinemos a nós mesmos e observemos em
que aspecto nós nos consideramos indignos, não suficientemente bons, ou até maus,
como se tivéssemos feito algo horrível.
Talvez tenhamos uma sensação de
pecaminosidade ou fracasso.
Por um momento, dirijamos toda a nossa
atenção para o nosso próprio campo energético, observando se aparece algum
ponto escuro em algum lugar.
Isto pode manifestar-se como dor ou
tensão, que pode conter pensamentos negativos a respeito de nós mesmos.
Observemos atentamente, para ver se isto
acontece.
Talvez vejamos uma criança aparecer, ou
simplesmente tenhamos uma impressão… o facto é que é um peso que estamos
carregando por todo o lado.
Entretanto, nos acostumamos tanto com
alguns desses pesos, que não os percebemos mais como o que são.
Nós pensamos que esses pesos fazem parte
do nosso estado normal.
Mas o estado normal é um estado alegre.
O estado normal, equilibrado, é aquele
em que confiamos na vida e dizemos “sim” para ela, com a sensação de sermos bons
do jeito que somos.
Não que sejamos perfeitos, de acordo com
certos conceitos que se encontram fora de nós, mas que somos bons simplesmente
porque somos uma parte inseparável do todo.
Nós pertencemos, nós somos importantes e
somos livres para explorar tudo o que quisermos explorar.
Pensamentos ou sentimentos irados ou
negativos são permitidos, assim como o são a dúvida, o desespero e a
resistência.
Vejamos se em nós existe um desgosto, um
sentimento negativo ou uma resistência diante da vida na Terra.
Ou se não nos sentimos bem-vindos aqui,
ou se estamos magoados por não nos sentirmos reconhecidos, ou se nos foi dito
que não somos suficientemente bons do jeito que somos.
Em quase todas as pessoas residem
imagens de falta de merecimento.
É importante que as detectemos e as
acolhamos com a nossa luz, porque, na verdade, é isto que bloqueia a nossa
canalização.
Referimos-nos à canalização no sentido
mais amplo da palavra, que é estarmos abertos para a nossa própria alma.
Inspiremos para acalmar o nosso abdome.
Convidemos a energia da nossa alma para
entrar verdadeiramente no nosso corpo, no nosso coração e, especialmente, no nosso
abdome, que, energeticamente, é a sede do poder e da conexão com a Terra, mas
que é também o lugar onde podemos estar mantendo mágoas profundas.
Vejamos se conseguimos criar e
experimentar uma sensação de dignidade.
O nosso abdome sabe fazer isto; ele está
conectado com a Terra e sabe que temos um lugar natural aqui e no Cosmos, que somos
bem-vindos aqui na Terra.
Há, no nosso abdome, um conhecimento
silencioso de que somos bons?
Conectamos-nos com esse conhecimento e
literalmente abramos espaço para nós mesmo.
Imaginemos que existe um espaço
energético ao redor do nosso corpo, do tamanho que sentimos que é certo para nós
e suficientemente grande para conter a nossa luz.
Permitamos que esse espaço chegue até os
nossos pés, e até dentro da Terra.
Sintamos que estamos verdadeiramente
aqui.
Ao fazermos isto, é possível que sintamos
que a energia da nossa alma deseja voltar rapidamente para cima, devido às
lembranças de rejeição ou mesmo de violência, que tornam muito dolorosa a nossa
estadia aqui.
Mas vamos até esse espaço assim mesmo e
digamos a nós próprios que é seguro estarmos aí.
Preenchamos o nosso abdome com a luz da nossa
alma; sintamos que somos bem-vindos aqui.
Deixemos a luz mover-se através das nossas
coxas, joelhos, pernas e pés e para dentro da Terra.
A intenção da canalização é que a nossa
essência flua para dentro da Terra.
Sintamos como somos magníficos, belos e
poderosos, e como a nossa grandeza inspira e ajuda os outros.
Nós não estamos atrapalhando ninguém com
a nossa grandiosidade.
Para canalizar a nossa alma, procuremos
velhas imagens de falta de dignidade ou merecimento que ainda estejam na nossa
vida, e pratiquemos preencher o nosso abdome, nossos chacras inferiores, com a
luz da nossa alma.
É aí que ela se torna real e tangível e
flui para dentro da Terra.
Esta é a intenção e isto é o que mais nos
satisfaz.
Gratidão,
Luís Barros