Nós temos que ter a coragem, dia após
dia, de partir em busca da nossa própria essência, o nosso “Eu” e o que “Eu
Sou”.
Estaremos procurando a âncora dentro de
nós.
No fundo do nosso ser, sabemos que não
podemos viver verdadeiramente na Terra, a menos que tenhamos descoberto esse
centro de “Eu mesmo”, e a paz que lá existe, para que encontremos
tranquilamente o nosso caminho na vida.
Encontrar e experimentar essa âncora em
“Eu mesmo” é, talvez, o passo mais importante que devemos dar na vida, como
alma na Terra.
Se conseguirmos encontrar nosso “Eu”
aqui, em meio às energias agitadas e confusas da Terra, e vivenciar o silêncio
em nosso coração, ouvir nossa alma falar, então viveremos aqui a partir da
nossa força interior.
Assim, a luz da nossa alma viverá no
nosso corpo terreno e seremos literalmente animados por ela.
Ao invés de vivermos de fora para
dentro, sempre reagindo aos estímulos externos, começaremos a viver de dentro
para fora, a partir da nossa verdade, que é encontrada repetidas vezes no
silêncio.
Como havemos de nos conectar com essa
verdade em nosso interior?
Acabamos de mencionar os estímulos
externos, que nos afastam da nossa verdade, da nossa âncora, do nosso ponto de
descanso interior.
Esses estímulos não vêm apenas do mundo
e das pessoas ao nosso redor, mas vêm também de partes nossas que
interiorizam esses estímulos, os quais passaram a se localizar dentro de nós
mesmos: na nossa cabeça, em nossos pensamentos, em nossos padrões de
comportamento.
Nós temos ideias compulsivas a respeito
de nós mesmos.
Acreditamos, por exemplo, que deveríamos
nos comportar de uma certa maneira de modo a sermos uma “boa pessoa”.
Nós temos imagens ideais e achamos que
devemos viver à altura delas, mas isto acaba criando muita pressão sobre nós.
A maioria das pessoas faz isto
continuamente, como resultado de anseios que não vêm da própria alma, nem do
mundo externo.
Estes anseios se estabelecem como
mensagens subliminares em nosso campo energético.
Eles são os mais difíceis de serem
libertados, no caminho para a tranquilidade e paz interiores.
Esses estímulos internos, essas
exigências e imagens ideais que assumimos e realmente acreditamos que se
aplicam a nós… são eles que nos mantêm afastados de nós mesmos e da voz da
nossa alma.
Criemos um espaço em nosso campo
energético, que é composto por esses padrões de pensamentos, hábitos,
comportamentos e padrões reactivos automáticos.
Mas não façamos isto a partir da nossa
mente e pensamentos, e sim começando por nos conectarmos com o solo sob os
nossos pés e o batimento cardíaco da Mãe Terra.
Tomemos consciência dos nossos pés e do
campo de força que vive dentro e ao redor deles.
Percebamos que independentemente do que nós
pensamos ou façamos, e de nossas eventuais preocupações, nós estamos sendo
sustentados pela energia da Mãe Terra, o tempo todo.
Percebamos como isto acontece por si só
e permitamos-nos ser sustentados por ela.
Sintamos como o fluxo da Terra se
conecta connosco, penetrando lentamente pelos nossos pés, fluindo por nossas
pernas, joelhos, coxas, quadris e pélvis.
Sintamos o poder tranquilo e estável
dessa energia.
Esta energia da Terra é silenciosa e, ao
mesmo tempo, muito específica, pois flui exactamente para aquelas nossas partes que podem utilizar estabilidade e segurança
extras.
Nós conseguimos nos permitir ser
abraçados pela Terra, por sua força e sabedoria?
Sintamos como esse poder acalma os
pensamentos agitados da nossa mente, o desejo de conduzir e controlar a vida.
Quando estamos conectados com o fluxo da
Terra, nós abandonamos esse desejo e começamos a pensar com o nosso coração e
não mais com a nossa cabeça.
Experimentemos!
Sintamos-nos carregados por uma corrente
terrena silenciosa e estável, que envolve as nossas pernas, os nossos quadris e
toda a região do nosso abdome.
Sintamos como conseguimos desapegarmos-nos
de tudo o mais, e que estamos sendo sustentados por essa corrente.
Observemos o que acontece com a energia
na nossa cabeça e como esta fica muito mais tranquila.
Imaginemos que todos esses pensamentos,
ponderações e ideias que nós ficamos remoendo jorram para fora de nós, como a
água de um dique.
A nossa cabeça torna-se menos activa e
mais quieta e tranquila.
Nós podemos perceber, no centro da nossa
cabeça, um ponto que observamos sem pensar.
É simplesmente uma presença, uma
consciência, que não raciocina, mas observamos.
Sintamos o quanto é agradável
simplesmente estar aí, não tendo que fazer nada: nós estamos simplesmente
presentes e alertas.
Agora, movamos a nossa atenção desse
ponto silencioso, no centro da nossa cabeça, para a área do nosso coração, do
sentimento.
Com o “olho” da nossa cabeça, procuremos
cuidadosamente a área do nosso coração, as energias subtis, refinadas, que lá
residem.
Não tenhamos nenhuma expectativa nem
julgamentos sobre o que nós vemos.
Talvez nós tenhamos uma sensação de
calor no coração… ou talvez o sintamos como algo trancado.
Talvez o nosso coração esteja com medo
de se abrir, e isto é muito compreensível, porque nós carregamos inúmeros medos
e convicções em nosso interior, que fazem com que seja difícil o nosso coração
manter-se aberto.
Agora, enquanto nos sentimos amparados
pela Mãe Terra, e um lugar tranquilo é criado em nossa cabeça, vamos olhar para
esses velhos medos ou pensamentos negativos que nos impedem de abrir o nosso
coração novamente.
O mais importante é observar a partir de
dentro de nós mesmos, e não de influências externas, ou de formas pensamentos,
ou de julgamentos do tipo “deveria ser”, mas com um olhar aberto e puro.
Sintamos esse espaço no nosso coração
por um momento… um espaço que está cheio de beleza eterna, que pertence a nós,
à nossa alma.
Vejamos aí a luz que nós somos e
desenvolvemos ao longo de muitas vidas que já tivemos na Terra e em outros
lugares.
Não precisamos saber exactamente onde
nem como, mas compreendamos que nós somos um ser desenvolvido através de
inúmeras experiências e vidas, nas quais descobrimos e exploramos vários
aspectos de nós mesmos e os trouxemos à consciência.
Sintamos, por um instante, a riqueza em nosso
coração; percebamos o requinte e as nuances com que nós podemos pensar e
sentir.
Talvez nós vejamos cores e imagens da
natureza, tais como flores, etc…embora não importe o que nós vejamos.
Apenas saibamos que a riqueza está aí,
mesmo que existam partes nossas que ainda são mantidas a sete chaves, porque nós
temos medo de deixar essa riqueza ser vista por nós mesmos e pelo mundo.
Embora às vezes nos possa parecer mais
seguro trancar essas nossas partes, percebamos por um momento o que isto nos
faz.
Sintamos a luz, a alegria, o entusiasmo,
que naturalmente desejamos fluir, desejam ser vistos e se conectar com o mundo.
Sintamos a inspiração que vive no fundo
do nosso ser.
Agora, vamos abrir uma porta, através da
qual algo será libertado em nós, pois chegou o momento para que assim seja.
Isso agora poderá fluir e manifestar-se
de um modo bom e belo em nossa vida.
Visualizemos, por um momento, na área do
nosso coração, uma porta antiga, enferrujada, que abre com dificuldade.
Sintamos a energia dessa porta, que nós
mesmos colocamos aí para podermos sobreviver emocionalmente, ou até
fisicamente.
Existem todos os tipos de motivos em nosso
passado, em nossa infância, ou até mesmo em outras vidas, para nós termos
colocado essa porta aí e termo-nos sentido seguros ao fazê-lo.
Mas agora, ela fere mais do que ajuda –
está na hora de abrir essa porta.
Imaginemos que agora nós nos voltamos
para essa porta.
Sintamos a quietude em nossa cabeça e
saibamos que nós vamos simplesmente observar o que foi mantido oculto por tanto
tempo.
Nós abrimos a porta lentamente, enquanto
ainda sentimos, em nossos pés, o poder e a firmeza que a Terra nos dá, e então
sabemos que estamos sendo amparados.
Está na hora de nos abrirmos para uma
parte mais ampla da nossa alma, para quem nós somos.
O que estamos querendo sair por essa
porta?
Talvez a primeira coisa que nós vejamos
seja uma certa desordem, velhas energias rolando para fora de lá, desejando ser
vistas… medos, dúvidas… algo meio sombrio, talvez?
Olhemos para elas com uma tranquilidade
equilibrada e acolhamos-las.
Por trás desses medos, ou da confusão,
oculta-se algo infinitamente belo que deseja muito ser incluído novamente em nosso
coração aberto.
Perguntemos-lhe se quer se apresentar,
pois ele tem uma mensagem para nós.
É uma parte do nosso Eu-Superior, nosso Eu
Angélico, que deseja sair e ser recebido em nossa vida.
Dirijamos a nossa luz, amor e
compreensão para a porta e a abertura, de modo a criar uma ponte por onde o que
está escondido possa sair.
E então atrevamos-nos a fitá-lo.
Atrevamos-nos a ver o quanto somos
grandiosos e belos!
Muitas vezes nós temos medo da nossa
própria força, sabedoria e beleza.
Nós nos tornamos pequenos em nossa mente
e realmente não queremos ver o que está lá; mas deixemos-lo aparecer, e não sejamos
modestos demais nem duvidemos do nosso potencial, porque esta é a energia pela
qual nós estivemos esperando em nossa vida.
Pode ser mais fácil se nós imaginarmos
essa energia na forma de uma pessoa… então vejamos se surge uma figura
masculina ou feminina.
Isto pode-nos indicar que tipo de
energia deseja fluir em nós agora, e pode ajudar-nos a abrir o nosso coração.
Olhemos para ele ou ela, e ouçamos o que
essa figura deseja nos contar.
Deixemos que ela fale e, então, ancoremos
a energia dessa pessoa em nosso coração, pois ela é uma parte de nós.
Imaginemos que nós a aceitamos e admitimos
completamente dentro do espaço do nosso coração.
Permitamos que ocorra uma renovação na nossa
vida.
Nós não podemos prever exactamente o que
vai acontecer, mas confiemos e nos entreguemos a este processo.
Uma vez que nos conectemos com o nosso
coração e as portas que estavam fechadas se abram, nós faremos a conexão com a
nossa alma e sentiremos a nossa orientação interior.
E então encontraremos essa âncora, esse
centro dentro de nós que nos é necessário para que possamos sentir onde nós estamos
agora e perceber para onde estamos indo.
Agora conectemos cabeça, coração e
abdome, uns com os outros.
Sintamos novamente o poder sustentador
da Terra e conectemos-nos com ela.
Nós seremos cercados por energias
amparadoras na nossa vida, e a Terra é uma delas.
Confiemos nela!
Ela quer criar um caminho para nós; ela
quer receber-nos.
Nós somos bem-vindos aqui, e não estamos
sozinhos!
Por favor, conectemos-nos novamente com o
centro silencioso e tranquilo na nossa cabeça, onde nós não pensamos, mas
simplesmente percebemos, estando alerta e presente.
E, finalmente, conectemos-nos mais uma
vez com o nosso coração, esse órgão tão sensível, no centro do nosso ser, que é
o canal para a nossa alma e carregamos a dor do passado.
Tenhamos compaixão pelo nosso coração,
por tudo que ele sofreu, mas também valorizemos o imenso potencial que existe
dentro dele; a riqueza acumulada em tantas vidas, a profundidade da nossa vida
emocional, da nossa alma.
Apreciemos o nosso próprio coração.
E então, sintamos como estes três
centros trabalham juntos e se alinham – cabeça, coração e abdome – e
simplesmente deixe que isto aconteça; não precisamos pensar sobre isto.
Sintamos como o fluxo de cima para baixo
leva-nos de volta ao nosso centro.
Mas, se percebermos que ainda existe
alguma resistência ou discordância, tudo bem, pois é por isto que nós estamos fazendo
este exercício.
Este olhar para dentro de nós, ajuda-nos
a nos consciencializar de partes nossas que estão fechadas e a abrir portas.
Deixemos que tudo seja como é,
naturalmente.
Gratidão,
Luís Barros