9 de julho de 2020

A DANÇA COM A ESCURIDÃO

A intenção da nossa vida na Terra determina que fiquemos parcialmente imersos na ignorância, no peso do nosso ambiente terreno, e tenhamos esta experiência a partir dele.
Isto certamente não é fácil, mas tem um propósito.
Quando se está nos reinos superiores, nas esferas celestiais, como são chamadas, não há quase nenhuma resistência – aceitamos a experiência do amor ao nosso redor como algo natural.
E atraímos para nós o que melhor nos convém em termos de ambiente e também em termos de energia das almas que encontramos.
Existe uma troca fácil entre nós e o nosso meio-ambiente, o qual é um reflexo de nós mesmos, e assim estamos relativamente livre de bloqueios.
Ainda existe alguma “limpeza” a ser feita, por assim dizer, mas tudo acontece com fluidez e facilidade, algo do qual nós poderemos sentir muita falta enquanto estivermos aqui na Terra.
Aqui falta essa leveza e facilidade, e nem sempre estamos cercados por pessoas que compartilham o nosso modo de pensar.
Nós nos encontramos com muitos níveis de consciência em nossa vida.
Inclusive, nascemos como uma criança vulnerável dentro de uma família cuja energia muitas vezes não reflecte a nossa essência superior nem combina com a nossa energia natural.
Na energia de uma família geralmente existem medos e crenças limitadoras.
E nós não temos outra opção senão a de absorvê-las como uma esponja, porque, quando criança na Terra, nós não estamos totalmente em contacto com a nossa alma e com o conhecimento que possuímos no nível da alma.
Quando criança, nós estamos totalmente imersos na matéria, num corpo, a fim de adquirir a experiência terrena; e isto significa que absorveremos energias não filtradas e irrestritas, que realmente não nos pertencem.
Só mais tarde começaremos a discernir o que de facto nos pertence.
Agora perguntemos a nós mesmos – e isto é uma coisa que devemos perguntarmos-nos constantemente – “Por que entrei nesta dança, na dança com a ilusão, na dança com a sedução, na dança com a escuridão?
Porque a escuridão quer ser transformada por nosso intermédio.
Nós somos um anjo de luz.
Nós quisemos assumir esta dança com a matéria e a incerteza, porque existe muito amor em nós.
Há, dentro de nós, uma fonte muito profunda, criativa e inspirada; e é isto que somos.
Isto é a nossa alma.
E, em cada alma, essa fonte criativa, esse fluxo incessante de vida, desenvolve seu próprio e exclusivo brilho.
Nós somos o nosso próprio ser – único – ninguém mais é como nós.
E estamos aqui para dar forma, à nossa própria maneira, ao amor em nosso ser, e enfrentar a escuridão dentro de nós e transformá-la.
Na verdade, a escuridão é igual ao desconhecido, ao novo, à aventura.
E se tivermos medo dela, vamos nos sentir perdidos e inseguros.
Na maioria das vezes, uma pessoa fica tão oprimida pelo novo, pelo desconhecido, pela escuridão, que começa a duvidar de si mesma: “Não consigo fazer isto. Não sei quem sou nem onde estou. Eu me perdi.
Então ela precisa de autoconsciência para completar sua jornada, para cumpri-la com alegria.
Recordemos-nos de nós mesmos e da consciência que deseja nascer em nós.
Nós somos um criador – um criador extremamente poderoso – que está aqui para acolher a escuridão e transformá-la.
Primeiro pensamos que não conseguiremos fazer isto, que seremos engolidos pela escuridão, pela ignorância e nos perderemos.
Mas chega um momento em que percebemos quem é que está olhando para a escuridão, quem é essa fonte poderosa, esse ser que constantemente volta a dançar com a ilusão e a ignorância.
E então o nosso olhar deixa de voltar-se para fora e passa a se observar internamente, descobrindo quem somos.
Nós estamos envolvidos neste processo; estamos nesta jornada há muito tempo e já descobrimos a luz em nós mesmos.
Mas há sempre momentos em que ficamos em dúvida e voltamos a olhar para fora novamente, encontrando aquelas energias negativas que estão vibrando lá, e que são baseadas no medo.
Essas energias incutem-nos medo e essa experiência afasta-nos de nós mesmos.
Voltamos novamente o nosso olhar para dentro de nós, para a fonte de amor e conhecimento que somos.
Às vezes, Jeshua fica frustrado ao ver que o consideramos um professor que está acima de nós – no entanto, é sua intenção manter o nosso foco no facto de que somos iguais, de que trazemos dentro de nós a mesma fonte de conhecimento que Ele traz, e que não precisamos sentirmos-nos inferiores a Ele, pois esta não é a sua intenção; isso é uma ilusão.
Jeshua está aqui para derrubar essa ilusão e pede-nos que cooperemos com Ele nisso, porque precisa de nós.
Jeshua foi representante de uma nova consciência na Terra, mas pode plantar apenas umas poucas sementes.
As possibilidades eram limitadas, naquela época, entretanto neste momento as possibilidades são muito maiores.
Imaginemos que somos uma daquelas sementes, mas uma semente que agora quer germinar, que está pronta para germinar.
Imaginemos que nos vemos num canteiro de solo fértil.
Nós vemos a semente na terra e sentimos o potencial de vida nessa semente.
O sol está brilhando no solo húmido e fértil, e nós então imaginamos como aquela semente desenvolve raízes e brotos.
Sintamos as raízes penetrarem no solo e vejamos como minúsculas folhas verdes começam a aparecer ao longo do seu talo.
Apreciemos a beleza dessa planta e sintamos que ela cresce devido à atenção que nós lhe damos com o nosso deleite e admiração.
Sintamos a Terra e como ela acolhe essa planta.
Percebamos como a planta vai se tornando maior e mais forte até estabelecer-se firmemente no solo da Terra e suas folhas serem grandes e capazes de absorver amplamente a luz solar.
Lentamente essa plantinha minúscula transforma-se numa árvore magnífica.
Sintamos como esta árvore está conectada com o Céu e com a Terra.
Percebamos nosso sistema de raízes e como essas raízes absorvem os nutrientes sem esforço.
É um processo natural, portanto não nos é difícil percebê-lo.
O tronco é sólido e forte, e a folhagem é abundante e verde.
O sol está brilhando na copa da árvore e esta absorve a luz… a luz do Lar.
Vejamos se conseguimos manter esta imagem e imaginemos que nós – da forma que somos agora, no nosso corpo – sentamos-nos debaixo dessa árvore e nos recostamos em seu tronco.
Tragamos a energia da árvore para dentro de nós.
Percebamos as energias da Terra e do Céu percorrerem as nossas costas e sintamos como somos bem-vindos aqui.
Nós somos necessários aqui na Terra como um transformador de energia, mas o trabalho que realizamos é principalmente interno.
E quando dizemos “nós somos necessários”, não queremos dizer que temos que fazer muitas coisas.
Pode ser que nos sintamos inspirados a fazer certas coisas, mas o nosso trabalho tem mais a ver com manter a imagem daquela árvore.
Nós estamos aqui graças à consciência da força e inspiração que brotaram em nós, e é isto que contribui com o conjunto mais amplo.
Sempre que acreditamos em nós mesmos e confiamos em nossa própria força e criatividade, nós mudamos a consciência colectiva de uma humanidade imersa no medo e na vitimização.
Houve pessoas na Terra que chegaram ao poder e fizeram seus subalternos duvidarem de suas próprias capacidades.
Elas tiraram sistematicamente o poder do povo.
E este é também um legado com o qual nós precisamos lidar.
Mesmo numa sociedade moderna, livre, este legado ainda existe.
É uma herança de medo, repressão e falta de confiança em nós mesmos.
Não subestimemos o poder desse legado.
É um grande passo voltarmos-nos para nós mesmos, acreditando em nós e no nosso poder único.
Este é um passo enorme na consciência, uma virada de 180 graus.
É por isto que o que nós estamos tentando fazer é tão grandioso e impressionante! 
Porque este é o nosso desafio, é o que nós viemos realizar aqui.
Nada mais nos cativa.
Nós queremos dar este passo em direcção a nós mesmos, à germinação do nosso verdadeiro poder aqui na Terra, depois de tantos séculos, depois de passarmos tantas vidas aqui.
O passo final é quando reconhecemos que o medo que vive em nós é uma ilusão.
Já existem alguns momentos em que nós sentimos isto; quando temos um vislumbre do nosso potencial verdadeiro, da nossa integridade, da nossa divindade.
Mas, então, nós voltamos a ficar ofuscados pelo medo, pela dúvida que cobre a Terra como um cobertor. 
Esta sombra certamente não é algo que acontece apenas no nível individual.
É um cobertor colectivo que sufoca todas as pessoas, e quanto mais tentamos superá-lo e libertarmos-nos dessa velha herança, mais fortemente ele nos segura.
A pressão colectiva à nossa volta é a de mantermos-nos presos e não romper, porque a tendência dos seres humanos é querer se ajustar, é querer pertencer a um grupo.
Mas o que nós verdadeiramente queremos é escapar disso; libertarmos-nos dessa pressão dos velhos pesos, como o conceito de pecado, a auto-anulação e a submissão.
Nós podemos imaginar essa velha energia como uma cor cinza pesada, uma lama pegajosa que nos captura, nos atola e nos mantém presos.
Não lutemos contra ela, senão ficaremos ainda mais profundamente presos e, possivelmente, até paralisados pelas acções dessa lama, dessas velhas energias.
Neste sentido, o medo deseja que lutemos contra ele, pois assim o domínio que ele tem sobre nós ficará mais forte.
Se considerarmos o medo um adversário terrível, nós perderemos.
Porque ao vermos o medo como um inimigo real, nós estamos nos entregando a ele e, portanto, já estamos perdidos.
O medo, em sua essência, é uma ilusão que pode ser perfurada como um balão e se esvaziar.
Não é um inimigo no sentido de um adversário real, mas uma ideia que tem poder sobre nós.
Não é uma coisa, não é um ser.
Se entendermos a vulnerabilidade que existe em nós desde que éramos um bebé recém-nascido, e começarmos a perceber essa vulnerabilidade nas outras pessoas, então poderemos perdoar a nós mesmos pelo poder que o medo tem sobre nós.
Se assumirmos uma postura de perdão e entendimento, o medo não terá mais nenhum poder sobre nós.
Então nós nos tornaremos um doador, a fonte de amor.
Nós nos tornaremos grandes ao invés de pequenos.
Quando somos grandes, o medo não tem mais nenhum poder sobre nós, e então começamos a vê-lo como um pedido de ajuda; primeiro em nós mesmos, depois nos outros também.
E esta é a visão correcta.
O medo é um pedido de ajuda.
O medo é uma necessidade, e nós somos aqueles que podem ajudar a fazer essa necessidade desaparecer, porque podemos preencher o vazio.
O medo pode ser transmutado pelo amor.
Isto é o que somos e o que podemos fazer.
Acreditemos nisto!
Connosco estão muitos que também estão envolvidos neste processo grandioso… nossos guias, nossos Anjos.
Eles querem ajudar-nos no que estamos fazendo.
Há muita ajuda disponível.
Sintamos essa ajuda aqui e agora, e abramos-nos para ela.
A intenção é que usemos a nossa energia, portanto não tenhamos medo de pedir ajuda.
Do outro lado do véu, amam fazer isto – e estão realmente fortemente conectados connosco.

Gratidão,
Luís Barros