6 de julho de 2020

DOIS MEDOS PROFUNDOS

Maria Madalena, ajoelha-se diante de nós, com admiração e respeito pelo que estamos fazendo na Terra.
Nós estamos abrindo novos caminhos de consciência e estamos fazendo isto enquanto ainda carregam os pesos do passado dentro de nós.
Antigos sofrimentos e ansiedades vêm à tona exactamente porque novos modos de consciência estão se infiltrando em nossa percepção, nosso corpo e nossas emoções.
Na criação real de novos caminhos de consciência, nós curamos a antiga dor.
Parece que isto deveria ter acontecido no passado… nós estivemos na Terra tantas vezes antes… mas até agora não era possível criar novos caminhos.
Ainda havia muita consciência presa às velhas instituições de poder e autoridade, e as pessoas estavam aprisionadas pelo medo de não conseguir sobreviver, pela ansiedade no plano físico, ou pelo medo de ser socialmente condenadas ao ostracismo.
Estes medos são muito profundos nas pessoas.
Se não sabemos quem somos, se estamos imersos nas estruturas de inconsciência que é mantida pela sociedade, então acreditamos que somos o nosso corpo, e o medo pela sobrevivência atinge-nos no mais profundo do nosso ser, pois, neste caso, morrer significa sermos destruídos.
Surgem, então, impulsos intensos para resistir e estes podem levar-nos a destruir outra pessoa, se for necessário, para assegurar a nossa própria sobrevivência.
Este é um medo básico primitivo.
E há também o medo de sermos banidos da sociedade, de não podermos mais pertencer ao grupo, que também é um medo muito profundo nas pessoas.
Se não estamos conscientes do nosso eu-alma, da nossa essência divina, nós pensamos que somos um corpo, e que somos uma personalidade socialmente moldada nesse corpo.
A personalidade, que é formada pelas influências sociais do passado, foi e ainda está sendo moldada pelo medo.
Nós queremos pertencer ao grupo; queremos ser aceites por outras pessoas.
Existe uma parte indefesa em nós que deseja ser sustentada, aprovada e acolhida.
Esta é a nossa parte que desejamos pertencer, e ela ainda é muito forte em todas as pessoas.
Nós acabamos de emergir de um modo de pensar e viver que era dominado pelo poder e a impotência, que estava sob o domínio do medo.
Sintamos em nós mesmos, no nosso próprio campo energético, onde essas antigas energias ainda estão agindo.
Sintamos isto intuitivamente.
Observemos se existem áreas cinzentas, ou até mais escuras, agindo visivelmente na nossa aura ou no nosso corpo.
Percebamos a acção dessas velhas energias, como ansiedade, obediência exagerada, medo pela sobrevivência e medo de sermos rejeitados e ficarmos sós.
Estes são os dois maiores medos que limitavam as pessoas no passado.
A transição para o novo leva tempo.
Nós podemos muito bem imaginar que há muito trabalho a ser feito para abandonar antigos medos, para chegarmos a confiar realmente na consciência do coração, numa nova consciência que afirma que não somos apenas o nosso corpo.
O nosso corpo faz parte de nós, é uma parte preciosa na qual vivemos temporariamente e através da qual nos expressamos.
Mas nós somos muito mais do que isso.
Nós somos uma consciência de alma, uma luz viva, que é independente de formas físicas e materiais.
Isto é um grande salto de consciência!
E talvez um salto maior ainda seja o facto de estarmos livres da pressão social.
Porque a pressão social – ter que pertencer ao grupo – muitas vezes leva as pessoas ao nível vibratório mais baixo: a consciência de multidão.
Geralmente aquilo que domina um grupo ou uma multidão, uma estrutura de poder ou um indivíduo, evoca os maiores medos nas pessoas e as manipula.
Estes medos são os dois maiores obstáculos que as pessoas experimentaram no passado.
E graças a esses medos, elas descem ao espaço do “nós”, "do fazer parte de", opondo-se a outras pessoas ou coisas que estejam fora do nosso grupo.
E assim começamos a pensar em termos de “nós contra eles”, de forma que pertencer ao grupo se torna algo vital.
O medo, então, precisa ser sempre confirmado, junto com as justificadas soluções para ele.
O modo de lidar com esses medos inclui violência e domínio daqueles que estão fora do grupo.
Estes temas estão a vir à superfície com muita força neste momento, como se pode ver no mundo à nossa volta.
Uma consciência maior é necessária agora, uma consciência que conecte e veja a igualdade entre todas as pessoas, mesmo que venham de ambientes totalmente diferentes, com histórias e culturas diferentes; uma consciência que veja no outro o que nós temos em comum, mesmo que ele seja muito diferente de nós.
Esta é a tarefa deste momento, tanto no nível individual, interior, quanto entre países e culturas.
Esta é a grande quebra de barreiras que vai curar o mundo.
E o maior passo para essa cura é abandonar a identificação com o nosso corpo e com a nossa personalidade socialmente formada; é elevar-se acima dessas identificações e novamente reconhecer o chamado da nossa alma.
Nossa alma nos diz que tudo é possível, enquanto o medo em nós insinua que muito pouco é possível, que precisamos nos proteger, por exemplo, dos outros, ou de doenças… Mas a alma que vive em nós é corajosa e forte, ela transcende as limitações.
Nós já vimos ajudando a aumentar a consciência na Terra há muitas vidas e há bastante tempo.
Antes desta vida, nós já experimentamos a sensação de unidade da qual falamos, o facto de sermos mais do que um corpo, a sensação de sermos uno com outro, mesmo que o outro venha de uma experiência muito diferente da nossa.
Nós já conhecemos o sentimento de querer nos elevar acima de classe e posição social, embora esta energia nem sempre tenha sido bem-vinda na Terra.
Foi um processo de aprendizagem ter que lidar com a diferença entre a nossa forma de sentir e pensar e a forma de sentir e pensar do mundo ao nosso redor, ou com o modo que a maioria das pessoas percebe as coisas.
E não nos esqueçamos que muitas pessoas gostariam de pensar de outra forma, gostariam de sentir de forma diferente, porque ninguém é feliz nas garras do medo, ninguém deseja isso.
O que está acontecendo nesta época, é que as pessoas estão ficando cada vez mais fartas da vida baseada no medo.
Existe agora tanta energia nova na atmosfera da Terra – uma sensação tão intensa da possibilidade de as coisas serem diferentes – que as pessoas estão despertando.
E certamente os jovens, as novas gerações que estão nascendo na Terra, estão sentindo mais e mais o gosto desta nova energia que nós vimos carregando connosco há séculos, e sentimos cada vez menos prazer nas velhas formas de ser e viver.
Mas, do ponto de vista dos padrões de pensamento existentes, esta energia da nova geração é algo selvagem, caótico, que não se adapta às normas estabelecidas e leva a problemas de comportamento.
Entretanto, esta energia contém as “dores do parto”; algo novo está querendo nascer.
Chegamos agora ao ponto principal desta conversa.
Nós estamos aqui como um mentor, para servir de parteira no nascimento desta nova energia, neste momento.
Entretanto, isto exige muito de nós, porque ainda trazemos dentro de nós os traumas de maus julgamentos e rejeição; nós já sabemos o que é sermos julgados por nossas ideias inovadoras.
Parte do nosso legado é sermos socialmente isolados, sermos diferentes, e isto vem deixando ferimentos emocionais em nós, desde o dia em que nascemos… na verdade, antes mesmo desta nossa vida ter começado.
Este é o momento em que nos será pedido para sairmos da nossa concha, para nos mostrarmos, nos apresentarmos, a fim de ajudar a nova energia que se manifesta agora especialmente através dos jovens, e orientá-los, por assim dizer.
Nós podemos ser um canal, porque temos um entendimento profundo tanto do antigo quanto do novo.
Nós conservamos uma perna na velha energia, pela qual fomos feridos, portanto somos capazes de ter compaixão pelas pessoas que estão com medo de serem rejeitadas e ficarem sós.
Nós também temos compaixão pelas pessoas que estão aterrorizadas de morrer, por acreditarem que não existe nada além do corpo físico.
Nossa consciência expandiu-se justamente porque tivemos que viver e trabalhar no escuro, portanto somos um dos que podem ser uma ponte entre o velho e o novo.
Assim, assumamos o nosso lugar natural, embora saibamos o quanto este esforço pode-nos custar.
Nós ficamos tão acostumados a pensar que não existe nenhum lugar para nós, que nos sentimos totalmente desgastados pelo esforço.
Mas é justamente neste ponto que somos levados a realizar a nossa tarefa.
No momento em que pensamos: “Eu desisto, não há mais nada que eu possa fazer…”, este se torna o ponto de viragem, quando conseguimos finalmente permitir que qualquer coisa que aconteça possa fluir através de nós – deixamos de lado a nossa vontade pessoal, nossas ideias de como as coisas deveriam ser, e nos permitimos mover com o fluxo da nossa alma.
O poder que desenvolvemos, e também a dor que sofremos, de alguma forma quebraram o nosso ego.
E isto é um processo doloroso, pois todo ego é contrário à dor e a ser despedaçado.
Entretanto, este é o único meio, porque, num certo sentido, a dor e o trauma que carregamos connosco fazem parte do caminho.
Quando realmente sentimos esta dor e a envolvemos com compaixão, nós a deixamos ir; nós temos vontade de “morrer”, por assim dizer, devido ao conhecimento de que algo maior nos está carregando; nós nos entregamos à nossa essência mais profunda e verdadeira, e não mais lutamos contra a realidade terrena.
Nós inclusive desistimos de tentar convencer os outros, porque nos tornamos verdadeiramente nós mesmos.
Nós não estamos mais aqui para mudar os outros, nem estamos mais aqui para mudar a nós mesmos; estamos apenas sendo nós.
E esta é exactamente a nossa função de ponte, que é o nosso lugar natural.
É isto o que queremos dizer quando falamos em “assumir o nosso lugar natural.”
Tenhamos compaixão por nós mesmos e pela velha dor que permanece em nossa vida, e deixemos que a cura simplesmente aconteça.
Ao percebermos este processo como parte do nosso caminho, e deixarmos a velha dor onde ela está, a cura acontecerá por si mesma.
Ajuda chegará para nós de todos os lados.
Tudo o que aspira à vida, ao crescimento e à alegria, deseja-nos sermos úteis… os guias, as forças auxiliadoras do universo… 
Nós só precisamos estar dispostos a assumir o nosso lugar natural e dizer para nós mesmos: “Eu não vou mais viver de acordo com o medo. Os medos ainda podem estar por aí, mas eu sou mais, muito mais do que isso. E me recordo disto todos os dias.”
Então veremos que a vida nos leva ao lugar ao qual pertencemos, onde nos sentimos bem, onde podemos vivenciar alegria e felicidade.
Ser um trabalhador da Luz, aquele que traz a mudança, não precisa mais ser um dever pesado e cheio de agonia.
Isto pertence ao passado e não é mais o nosso destino.
A estrada para o novo também significa para nós um novo nascimento, em paz com a Terra e onde podemos assumir o nosso lugar de uma forma natural.
E finalmente, observemos se as palavras “assumir o nosso lugar natural” trazem imagens espontaneamente à nossa mente.
Talvez nos venham à mente lugares do nosso quotidiano, ou situações, ou ocupações… ou surja algo que possa ser uma possibilidade para o futuro.
Onde nos sentimos realmente relaxados e felizes?
Esses são os lugares em que podemos deixar a nossa energia fluir naturalmente.
Vejamos se alguém nos chama… talvez o reconheçamos como uma pessoa conhecida.
Ou talvez surja um ambiente na nossa visão mental… Observemos se há algum lugar que nos convide alegremente a ir para lá.
E não tenhamos medo de experimentar as coisas, porque há bastante espaço para brincar livremente.
Assumir o nosso poder é voltar a sentirmos-nos em casa na Terra sendo quem realmente somos e assumindo o nosso lugar aqui.
Isto parece muito simples, mas é a culminação de uma longa jornada que criamos como alma.
Entreguemos-nos a esse lugar; ele não está mais tão distante.

Gratidão,
Luís Barros