Nós queremos-mos reunir com uma parte
mais profunda de nossa própria alma.
É o nosso Eu Maior, nossa Consciência
Superior, que estamos procurando expressar e canalizar para a Terra.
Não é nenhuma coincidência que estejamos
aqui exactamente neste momento, porque existe um anseio, um desejo em nosso
coração de nos conectarmos com aquele que realmente somos.
Muitas vezes nos sentimos partidos ou
incompletos, como se não tivéssemos acesso ao nosso conhecimento interior e ao nosso
poder criativo.
Em algum ponto, nas profundezas do nosso
ser, nós nos lembramos de como é ter esse poder criativo e esse conhecimento
interior e, por isto, estamos sempre procurando por eles.
No mundo de hoje, com a criação e
educação que nos são oferecidas, acabamos nos distraindo do nosso Eu Interior; nós
desenvolvemos uma personalidade que se concentra principalmente no mundo
exterior e na sociedade.
Mas nós somos uma alma desperta e não somos
capazes de nos esquecermos completamente de quem realmente somos.
Por isto sentimos-nos divididos
internamente; e, provavelmente, sentimos-nos assim desde a infância.
Para aceder totalmente o nosso Eu Real,
precisamos nos libertar ou nos distanciar de muitos conceitos que nos foram
ensinados.
Precisamos deixar para trás ou separarmos-nos
do modo como fomos criados.
Muitas vezes não nos sentimos à vontade
com o tipo de educação que recebemos ou com o trabalho que estamos fazendo.
A parte da nossa alma que nos está
chamando está levando-nos para longe do modo comum de pensar e da sociedade
humana.
Então parece que os chamados da nossa alma
nos levam para um espaço de solidão e separação.
Nós desejamos ser nutridos por um tipo
de energia e vibração que parecem não estar disponíveis neste mundo.
Se entrarmos nesse espaço de solidão – o
que é inevitável no decorrer da nossa vida – nós seremos profundamente
desafiados.
Entretanto, esse espaço de solidão, essa
sensação de termos uma percepção diferente da maioria, é o portal para outro
nível de consciência.
Conectemos-nos com essa parte de nós que
não se sente em casa, que não ressoa com a realidade em que nos encontramos.
Sintamos o quanto temos sido mal
compreendidos, como temos sentido a falta de reconhecimento de outras pessoas
ao longo da nossa vida.
Sintamos a nossa própria solidão.
Muitas vezes tentamos lutar contra essa
solidão e encontrar respostas no mundo.
Estejamos totalmente presentes e
conscientes dessa solidão em nós.
Voltemos-nos para dentro de nós com a nossa
consciência, e sintamos o nosso corpo a partir do interior.
Sintamos, em nosso coração, a tristeza
de estarmos desconectados do todo, da unidade.
Existe uma parte nossa, que podemos
chamar de criança interior, que se sente incrivelmente perdida e confusa nesta
realidade.
É extremamente importante que conheçamos
essa criança e nos conectemos com ela.
Então, conectemos-nos com ela agora e
percebamos em que parte do interior do nosso corpo ela está.
Essa criança é muito sensível; ela é
atenciosa, compassiva, e vê e sabe muitas coisas.
É uma criança do universo que viajou por
muitas e muitas vidas.
E, para que essa criança, pudesse
experimentar verdadeiramente a vida, ela teve que abandonar as fontes mais
profundas de conhecimento.
Quando iniciamos a nossa viagem como
alma, quando começamos a ter vidas encarnadas, abandonamos uma parte de nós
mesmos.
De certa forma, somos nós separados de nós
mesmos.
Esta é a ferida original da separação.
É a divisão dentro de nós mesmos.
A nossa parte criança é muito corajosa!
Ela é curiosa e aventureira, e é
apaixonada pela vida.
Mas, às vezes, é também ignorante e
ingénua.
Ela precisa da nossa orientação.
Então, conectemos-nos agora com a nossa
criança interior, esta nossa parte mais preciosa – ela é a própria vida.
A criança dentro de nós representa a
dualidade: as emoções internas que sobem e descem; as dúvidas, os medos, as
alegrias e as lutas… ela é como um oceano de sentimentos dentro de nós.
Respeitemos essa nossa parte.
Nesta época, neste momento de transição,
nosso objectivo é levar a nossa consciência para essa criança.
Nós testemunhamos, nalguns templos, como
no final de cada um deles o céu e a terra se juntam.
No local mais sagrado de cada templo, o
tecto e o piso simbolicamente se fundem, representando o ponto onde a
consciência se funde com a vida, onde a unidade encontra a dualidade.
E é aí que a ferida original da
separação é curada.
Imaginemos-nos dentro de um templo –
qualquer um que nos venha à mente – e que estamos nesse local sagrado, onde céu
e terra se encontram.
Agora sintamos a energia do firmamento,
ou Céu ou consciência, na metade superior do nosso corpo.
Esta é a energia da qual nós temos
sentido tanta falta.
É a energia da clareza e sabedoria.
Sintamos-la entrar na nossa cabeça,
ombros e coração.
Esta é a energia que mantém tudo unido,
todas as nossas encarnações.
Permitamos que as células do nosso corpo
se abram; simplesmente peçamos-lhes para receberem esta energia do lar.
Inspiremos-la e absorvamos-la dentro de nós,
nas células do nosso corpo.
Ela está muito presente aqui.
Nós nem precisamos ir a um templo para nos
conectarmos com ela, mas irmos até lá e sermos tocados pela energia dentro do
templo pode ajudar-nos a nos lembrarmos e, desta forma, conectarmos-nos a ela.
Esta energia cósmica não é uma coisa
fora de nós; é realmente uma parte essencial nossa.
Agora nós podemos verdadeiramente
abraçar e incorporar essa energia.
Está na hora de nos movermos para além
da dualidade.
Foi necessário um certo número de vidas
para realmente submergirmos na dualidade e todas as emoções que ela traz.
Nós precisávamos experimentar
verdadeiramente a vida sem conhecimento e sabedoria.
Mas, agora, estamos prontos para
avançar.
E isto não quer dizer que vamos rejeitar
a dualidade; não significa que vamos mandar a nossa criança interior embora.
Pelo contrário, nós podemos abraça-la e,
então… a mais bela dança da criação surgirá.
Sintamos a energia da Terra, da criança
interior, na metade inferior do nosso corpo, especialmente no nosso abdome.
A criança está procurando orientação e
quer ser abraçada pela parte consciente de nós.
Ela chegou ao fim de um ciclo de
encarnações, no qual esteve submersa na vida terrena.
Ela quer se elevar agora.
Então imaginemos que a consciência
cósmica, que está na metade superior do nosso corpo, desce do nosso coração
para o nosso abdome.
Existe uma espécie de momentum e
sincronicidade em nosso caminho de crescimento; o segredo é que a criança só se
abrirá para a orientação do nosso Eu Superior, quando terminar um ciclo de
experiências.
Na nossa vida quotidiana, vivenciamos
esse final de ciclo, quando (finalmente) nos rendemos, verdadeiramente nos
rendemos ao que é.
Nesse momento de entrega, que geralmente
é um momento de “não saber, mas aceitar”, nós nos abrimos para um conhecimento
maior, que não vem da mente.
Nós – assim como muitos – estamos pronto para nos entregar.
Na verdade, muitas vezes acontece que,
quando a ferida da separação se torna muito intensa, como uma dor abrasadora, é
justamente essa dor implacável que abre a possibilidade da entrega.
Quando chegamos nos extremos da
dualidade, estamos quase além dela.
Lembremos-nos disto – quando estivermos
vivenciando uma dor intensa – isto não é o fim do caminho; é uma transição, mas
os nossos olhos humanos não conseguem ver além da escuridão.
Nós não conseguimos encontrar satisfação
dentro do mundo da dualidade.
Agora, imaginemos que a nossa parte
consciente e cósmica se funde com a nossa criança interior, a nossa parte
emocional e sentimental.
Apenas por brincadeira, imaginemos como
seria isto, e o que aconteceria com a nossa criança interior, se essas duas
energias se unissem em harmonia perfeita.
Talvez começaremos a ver um anjo
magnífico dançando na Terra.
Observemos que energias se
desenvolveriam dentro de nós quando estivéssemos totalmente conectados com o
Céu e a Terra.
Nós somos uno connosco mesmo, nesse
estado, e amamos estar na Terra.
Sintamos as energias fluindo para cima e
para baixo, vindas de baixo e do alto.
Este é o nosso destino – unir essas duas
energias.
Isto é um acto de pura criação.
Por enquanto, isto pode parecer uma
imagem do futuro, mas sintamos esta promessa dentro de nós, a promessa de
inteireza e criatividade.
Dêmos uma boa olhada em quem nós somos,
nesse estado de equilíbrio criativo, e peçamos a esse ser, a esse Nós Futuro,
alguma orientação ou conselho.
O que é importante sabermos neste
momento?
Sintamos a profunda sabedoria no
interior desse Eu Maior e olhemos-lo nos olhos – e recebamos suas bênçãos.
Nós não podemos imaginar quanta beleza e
sabedoria carregamos dentro de nós!
Nós estamos realmente criando algo novo
no universo.
Nós não vamos simplesmente voltar para o
lar, quando terminar este ciclo de encarnações.
Em vez disto, continuaremos aventurando-nos
e criaremos o Lar, criaremos a Unidade em diversos lugares do universo.
Nós somos verdadeiramente admirados pela
nossa coragem e ousadia.
Respeitemos a nós mesmos e tenhamos
confiança e fé no futuro.
O Lar está sempre dentro de nós.
Gratidão,
Luís Barros