É a Terra, que agora fala a cada um de
nós:
Ela nos saúda de coração, um coração que
pulsa dentro de nós.
Ela flui através do nosso corpo, está
connosco e quer sustentar-nos e dar-nos o que precisamos.
Nós estamos conectado com Gaia através
do nosso corpo e dentro dele.
E Gaia está sempre nos enviando sinais
como convites.
Escutamos-la – ela está falando connosco
através do nosso corpo.
Dediquemos um instante agora para
descansar e relaxar, para que possamos sentir a sua presença em nós.
Nossa consciência é Luz; nós podemos
imaginá-la como uma espécie de haste de Luz, que pode ser focalizada de várias
maneiras para permitir que a Luz se irradie.
Nossa consciência é uma concentração de
percepções, neutras em si mesmas, porque nelas não existe nenhum processo de
pensamento, no sentido de julgar ou dar ordens.
É um modo mais neutro e objectivo de ser.
E nós somos essa consciência.
Essa consciência desceu para o corpo que
temos agora, aquele no qual vivemos neste momento.
Preenchamos o nosso corpo com a nossa
consciência, começando pelos nossos pés.
Deixemos a nossa atenção fluir através
de nossos pés, sem nenhuma expectativa ou motivo.
Nossos pés gostam muito dessa atenção;
eles se banham na nossa consciência.
Sintamos a Luz fluindo pelas solas dos
nossos pés, pelos dedos e calcanhares.
Sintamos como a Luz nos relaxa.
Deixemos-la subir um pouco enquanto
focalizamos a nossa atenção nos tornozelos e joelhos, continuando
a subir para as coxas, quadris e pélvis.
Permitamos, então, que a nossa Luz flua
pela área do nosso abdome.
Façamos isso sem pressa, levemos o tempo
que for preciso para que nos sintamos realmente ancorados no nosso corpo.
Sintamos a Luz da nossa consciência
fluir em suaves correntes, movendo-se em ondas por nossas pernas e abdome.
Sintamos como a nossa mente começa a
descansar e tornemos-mos perfeitamente cientes de que nós somos a consciência
– nós somos Luz.
Se surgirem pensamentos, tomemos
conhecimento deles do mesmo modo que tomaríamos conhecimento de sons externos,
como o latido de um cachorro lá fora, por exemplo.
Nós não somos o latido do cachorro e não
somos os nossos pensamentos.
Nós somos a consciência que está atenta.
Sintamos o espaço aberto que é a nossa
consciência.
Nós somos esse espaço, o espaço entre os
nossos pensamentos, entre as diversas sensações e estímulos na nossa cabeça e
no nosso corpo.
Sintamos como essa consciência é livre!
Ela observa todas essas sensações e
interage alegremente com elas.
Quando a nossa Luz é bem descontraída e
livre, quando ela se conecta francamente com o nosso corpo, a nossa parte
terrena é alimentada.
Esta é a Luz mais curadora que jamais
poderemos receber, a Luz da nossa própria alma, a nossa própria consciência.
Esta Luz tem poder curativo, portanto
permitamos que ela flua para uma parte do nosso corpo onde tenhamos armazenado
tensão, aquela parte que reconhecemos que é um ponto vulnerável do nosso corpo.
Mais uma vez, sem julgamento e muito
objectivamente, permitamos que a Luz flua até lá.
É assim que o equilíbrio é restaurado.
Falamos sobre o fluxo do recebimento em
nossa vida.
A forma mais profunda de recebimento é a
aceitação de nós mesmos como somos.
Com a Luz que está em nós, olhemos para
os nossos aspectos humanos, nossos sentimentos, nossas emoções, nossos medos ou
nossa teimosia.
Envolvamos-los com esta Luz suave e
objectiva.
Só assim criamos o terreno fértil
necessário para receber.
O desejo mais profundo de um ser humano
é ser abraçado, tratado com carinho, reconhecido, envolvido nos braços de uma
mãe incondicionalmente amorosa.
Isto lhe dá segurança e tranquilidade.
Nessa segurança, nesse repouso
reparador, ele começa a irradiar sua Luz; ele é quem ele é naturalmente, como
uma flor que surge do botão.
Quando o terreno é fértil, o botão de
flor nasce e começa a desabrochar naturalmente com seu brilho próprio.
Nesta vida, nós deveríamos sentir esse
amor incondicional por nós mesmos.
Isto é um grande desafio, porque o ser
humano tem uma tendência arreigada de procurar o amor fora de si mesmo.
O medo e a incerteza levam-no a buscá-lo
no exterior.
Nós tentamos nos alimentar de energias
externas para nos sentirmos satisfeitos, abraçados e acolhidos.
Mas o nosso caminho é diferente.
A instrução mais profunda e sagrada para
nós é que nos aceitemos independentemente de influências externas, que
abracemos a nós mesmos com essa Luz amorosa que somos.
E isto inclui aquelas camadas mais
profundas e escuras que preferiríamos esconder e não desejamos vivenciar.
O elemento que nos permite amar, aceitar
e abraçar a nós mesmos já se encontra dentro de nós – é a Luz da qual falamos
acima, a consciência que somos.
Sintamos-la, por um instante, nas profundezas
do nosso abdome.
É uma Luz que não é deste mundo e não é
limitada pelo tempo, pelo espaço e nem pela forma.
É uma Luz eterna que é completa e
exclusivamente nossa.
Sintamos a nossa própria Luz.
Permitamos que a Luz da nossa
consciência circule pelas nossas pernas, subindo para a região da nossa pélvis
e abdome.
Levamos a Luz mais para cima, para a
área do nosso plexo solar, que envolve o nosso estômago.
Permitamos que a Luz flua através dessa
região de forma muito objectiva e calma.
O plexo solar é um centro muito
importante.
Falamos sobre como estamos agindo como
intermediário entre o poder do Céu e o da Terra, entre o fluxo da nossa alma e
o do nosso corpo.
Nosso plexo solar está literalmente no
centro dessa interacção.
De certa forma, ele é o mediador.
A personalidade terrena que somos
encontra sua fundação aí.
Falamos sobre essa personalidade
terrena.
Num certo sentido, a personalidade
terrena é como um navegador que tem que lidar com muitas influências
diferentes, e que deve integrar, de forma equilibrada, a inspiração do alto, da
alma, com as forças emocionais da criança interior.
O corpo terreno tem que captar tudo
isso, junto com as influências externas: pessoas, situações e desafios.
Falamos sobre dois tipos de influência
que podem tirar-nos do equilíbrio e causar perturbações.
Um é o medo, o outro é o controlo, a
vontade de manipular.
Se observarmos agora o centro do nosso
plexo solar, poderemos imaginar que ele é a sede do ego, a nossa parte que
precisa mediar entre todas essas influências e fluxos e agir neste mundo de
tempo, espaço e forma material.
Não vejamos o ego como algo ruim.
Vejamos-lo como uma necessidade.
Ele é necessário neste mundo para
equilibrar todos esses fluxos de energias diferentes, de modo que possamos nos
expressar aqui, neste ambiente terreno.
Ele nos permite dar e receber.
Em termos gerais, existem duas
armadilhas para o ego, que está centrado no nosso plexo solar.
O ego pode se fazer pequeno demais ou pode
se fazer grande demais.
Quando se faz pequeno demais, ele se
retira energicamente para dentro do nosso plexo solar e fica num estado tenso
de medo, ansiedade e preocupação.
Ele pensa constantemente que não
consegue, que não é suficientemente bom, que precisa dos outros, e que é
impotente.
Olhemos para dentro de nós mesmos para
ver se reconhecemos esse tipo de ego.
Vejamos se entre as principais
influências que encontramos na vida – o poder da alma, os apelos emocionais da
nossa criança interior, as pressões do mundo externo – geralmente nós temos a
sensação de que tudo é demais para nós.
Vejamos se o nosso ego evoca o medo e
quer se esconder, ou se temos dificuldade de ocupar o nosso espaço pessoal, ou
se procuramos desculpas ou meios de escapar dessa realidade.
Estas são características de um ego
pequeno demais que é governado pelo medo, ou, às vezes, pode até ser
traumatizado.
Mas existe também a possibilidade de um
ego grande demais.
Este também se faz sentir na área do
plexo solar.
Um ego muito grande parece um tanto
inchado e forçado – ele quer demais.
Um ego muito grande super-estima sua
capacidade de definir as coisas a seu próprio modo, de moldar e dirigir o
mundo.
Ele está constantemente pensando:
“Preciso organizar isto, quero resolver, as coisas não vão funcionar sem mim.”
Ele quer manter o controlo e, deste
modo, limita suas próprias possibilidades.
Porque, quando o ego deseja exercer
controlo demais, ele fecha irrevogavelmente o fluxo de impulsos da alma.
Quando queremos controlar demais as
coisas, a partir de um ego inflamado demais, é como se estivéssemos usando
viseira ou tivéssemos visão tubular.
Inclusive, um ego grande geralmente tem
pouca conexão com a criança interior.
As emoções e os sinais emocionais que
emergem da criança geralmente são ignorados ou vistos como incómodos demais.
O ego quer avançar em direcção às suas
metas.
Ele nos mantém presos em nossa visão
tubular.
Olhemos para dentro de nós mesmos para
ver se reconhecemos estas características.
Vejamos se houve ocasiões em nossa vida
nas quais nos agarramos às metas do nosso ego, com medo de abandoná-las.
Normalmente esses dois aspectos do ego
são encontrados na maioria das pessoas.
Pode acontecer que, para uns, haja mais
ênfase nos aspectos do ego pequeno demais, enquanto, para outros, a ênfase
esteja nas características do ego grande demais.
Mas, seja qual for o nosso caso,
acabaremos sendo cortados do nosso coração, da nossa alma e das nossas emoções.
O jeito de voltar ao nosso centro,
permitir a restauração do equilíbrio para a reabertura do canal com a alma e a
criança interior, é olhar para nós mesmos amorosamente e observarmos, de modo
objectivo, o que estamos fazendo.
Estamos nos alimentando com pensamentos
depreciativos e opressivos?
Nos diminuímos e depois criamos uma
história em torno da ideia de que as coisas não podem ser de outro jeito e que
está tudo bem assim?
Examinemos a história em detalhes.
Observemos-la cuidadosamente para ver
como essa história é governada pelo medo, por um ego que não ousa ocupar um
espaço pessoal, confiar em nós mesmos e em nossa própria força.
Envolvamos esse ego com amor,
compreensão e carinho.
Se o nosso ego tende demais para o outro
extremo, se ele se recusa a soltar e insiste em decidir e dirigir tudo, então
nos consciencializemos desse padrão de crença, mas façamos isto com uma visão
compreensiva e gentil.
Rimos da confusão que criamos quando nos
prendemos teimosa e obstinadamente a uma visão tubular.
Deixemos-mos surpreender agradavelmente
com novas possibilidades.
Lembremos-mos que muitas vezes é uma
virtude não sabermos alguma coisa e estarmos abertos para o novo.
Por que falamos sobre essas duas formas
de ego desequilibrado?
Porque isso é a chave para sermos
capazes de receber o que a vida nos deseja oferecer.
Nós nos desconectamos do fluxo de
recebimento ao nos fazermos pequenos demais ou grandes demais.
Ao percebermos essas tendências em nós
mesmo e rirmos delas, nós damos a volta ao nosso centro naturalmente.
Sintamos isso por um instante.
Imaginemos que atrás de nós ou ao nosso
lado está a nossa alma, e que à nossa frente ou ao nosso lado está a nossa
criança interior.
Sintamos o poder grande e sábio da nossa
alma, que conhece muito mais do que nós podemos conhecer com a nossa mente
humana.
Confie nela!
Imaginemos que, no nosso plexo solar,
vive uma pequena figura, um homem ou uma mulher, uma figura que represente o
nosso ego, e olhemos para ela muito objectivamente.
Será que essa figura se põe à frente e
tenta dirigir tudo?
Ou será que ela recua porque tudo é
demais, tudo é opressivo, tudo lhe faz sentir muito medo?
Observe qual desses movimentos o nosso
ego é tentado a fazer… para frente ou para trás.
Finalmente, imaginemos que o nosso ego é
equilibrado e que essa figura no nosso plexo solar está numa posição erecta.
Ela está conectada com a nossa alma, com
o Céu acima e com a Terra abaixo.
Sintamos o quanto isto é sustentador e
libertador para o nosso ego, para a nossa personalidade.
Tudo se torna mais livre e mais fluido.
É um fluxo suave de amor incondicional.
Permitamos que esse fluxo aconteça, e
permitamos que ele nos eleve.
Gratidão,
Luís Barros