20 de junho de 2020

O FLUXO DO RECEBIMENTO EM NOSSA VIDA

É a Terra, que agora fala a cada um de nós:
Ela nos saúda de coração, um coração que pulsa dentro de nós.
Ela flui através do nosso corpo, está connosco e quer sustentar-nos e dar-nos o que precisamos.
Nós estamos conectado com Gaia através do nosso corpo e dentro dele.
E Gaia está sempre nos enviando sinais como convites.
Escutamos-la – ela está falando connosco através do nosso corpo.
Dediquemos um instante agora para descansar e relaxar, para que possamos sentir a sua presença em nós.
Nossa consciência é Luz; nós podemos imaginá-la como uma espécie de haste de Luz, que pode ser focalizada de várias maneiras para permitir que a Luz se irradie.
Nossa consciência é uma concentração de percepções, neutras em si mesmas, porque nelas não existe nenhum processo de pensamento, no sentido de julgar ou dar ordens.
É um modo mais neutro e objectivo de ser.
E nós somos essa consciência.
Essa consciência desceu para o corpo que temos agora, aquele no qual vivemos neste momento.
Preenchamos o nosso corpo com a nossa consciência, começando pelos nossos pés.
Deixemos a nossa atenção fluir através de nossos pés, sem nenhuma expectativa ou motivo.
Nossos pés gostam muito dessa atenção; eles se banham na nossa consciência.
Sintamos a Luz fluindo pelas solas dos nossos pés, pelos dedos e calcanhares.
Sintamos como a Luz nos relaxa.
Deixemos-la subir um pouco enquanto focalizamos a nossa atenção nos tornozelos e joelhos, continuando a subir para as coxas, quadris e pélvis.
Permitamos, então, que a nossa Luz flua pela área do nosso abdome.
Façamos isso sem pressa, levemos o tempo que for preciso para que nos sintamos realmente ancorados no nosso corpo.
Sintamos a Luz da nossa consciência fluir em suaves correntes, movendo-se em ondas por nossas pernas e abdome.
Sintamos como a nossa mente começa a descansar e tornemos-mos perfeitamente cientes de que nós somos a consciêncianós somos Luz.
Se surgirem pensamentos, tomemos conhecimento deles do mesmo modo que tomaríamos conhecimento de sons externos, como o latido de um cachorro lá fora, por exemplo.
Nós não somos o latido do cachorro e não somos os nossos pensamentos.
Nós somos a consciência que está atenta.
Sintamos o espaço aberto que é a nossa consciência.
Nós somos esse espaço, o espaço entre os nossos pensamentos, entre as diversas sensações e estímulos na nossa cabeça e no nosso corpo.
Sintamos como essa consciência é livre!
Ela observa todas essas sensações e interage alegremente com elas.
Quando a nossa Luz é bem descontraída e livre, quando ela se conecta francamente com o nosso corpo, a nossa parte terrena é alimentada.
Esta é a Luz mais curadora que jamais poderemos receber, a Luz da nossa própria alma, a nossa própria consciência.
Esta Luz tem poder curativo, portanto permitamos que ela flua para uma parte do nosso corpo onde tenhamos armazenado tensão, aquela parte que reconhecemos que é um ponto vulnerável do nosso corpo.
Mais uma vez, sem julgamento e muito objectivamente, permitamos que a Luz flua até lá.
É assim que o equilíbrio é restaurado.
Falamos sobre o fluxo do recebimento em nossa vida.
A forma mais profunda de recebimento é a aceitação de nós mesmos como somos.
Com a Luz que está em nós, olhemos para os nossos aspectos humanos, nossos sentimentos, nossas emoções, nossos medos ou nossa teimosia.
Envolvamos-los com esta Luz suave e objectiva.
Só assim criamos o terreno fértil necessário para receber.
O desejo mais profundo de um ser humano é ser abraçado, tratado com carinho, reconhecido, envolvido nos braços de uma mãe incondicionalmente amorosa.
Isto lhe dá segurança e tranquilidade.
Nessa segurança, nesse repouso reparador, ele começa a irradiar sua Luz; ele é quem ele é naturalmente, como uma flor que surge do botão.
Quando o terreno é fértil, o botão de flor nasce e começa a desabrochar naturalmente com seu brilho próprio.
Nesta vida, nós deveríamos sentir esse amor incondicional por nós mesmos.
Isto é um grande desafio, porque o ser humano tem uma tendência arreigada de procurar o amor fora de si mesmo.
O medo e a incerteza levam-no a buscá-lo no exterior.
Nós tentamos nos alimentar de energias externas para nos sentirmos satisfeitos, abraçados e acolhidos.
Mas o nosso caminho é diferente.
A instrução mais profunda e sagrada para nós é que nos aceitemos independentemente de influências externas, que abracemos a nós mesmos com essa Luz amorosa que somos.
E isto inclui aquelas camadas mais profundas e escuras que preferiríamos esconder e não desejamos vivenciar.
O elemento que nos permite amar, aceitar e abraçar a nós mesmos já se encontra dentro de nós – é a Luz da qual falamos acima, a consciência que somos.
Sintamos-la, por um instante, nas profundezas do nosso abdome.
É uma Luz que não é deste mundo e não é limitada pelo tempo, pelo espaço e nem pela forma.
É uma Luz eterna que é completa e exclusivamente nossa.
Sintamos a nossa própria Luz.
Permitamos que a Luz da nossa consciência circule pelas nossas pernas, subindo para a região da nossa pélvis e abdome.
Levamos a Luz mais para cima, para a área do nosso plexo solar, que envolve o nosso estômago.
Permitamos que a Luz flua através dessa região de forma muito objectiva e calma.
O plexo solar é um centro muito importante.
Falamos sobre como estamos agindo como intermediário entre o poder do Céu e o da Terra, entre o fluxo da nossa alma e o do nosso corpo.
Nosso plexo solar está literalmente no centro dessa interacção.
De certa forma, ele é o mediador.
A personalidade terrena que somos encontra sua fundação aí.
Falamos sobre essa personalidade terrena.
Num certo sentido, a personalidade terrena é como um navegador que tem que lidar com muitas influências diferentes, e que deve integrar, de forma equilibrada, a inspiração do alto, da alma, com as forças emocionais da criança interior.
O corpo terreno tem que captar tudo isso, junto com as influências externas: pessoas, situações e desafios.
Falamos sobre dois tipos de influência que podem tirar-nos do equilíbrio e causar perturbações.
Um é o medo, o outro é o controlo, a vontade de manipular.
Se observarmos agora o centro do nosso plexo solar, poderemos imaginar que ele é a sede do ego, a nossa parte que precisa mediar entre todas essas influências e fluxos e agir neste mundo de tempo, espaço e forma material.
Não vejamos o ego como algo ruim.
Vejamos-lo como uma necessidade.
Ele é necessário neste mundo para equilibrar todos esses fluxos de energias diferentes, de modo que possamos nos expressar aqui, neste ambiente terreno. 
Ele nos permite dar e receber.
Em termos gerais, existem duas armadilhas para o ego, que está centrado no nosso plexo solar.
O ego pode se fazer pequeno demais ou pode se fazer grande demais.
Quando se faz pequeno demais, ele se retira energicamente para dentro do nosso plexo solar e fica num estado tenso de medo, ansiedade e preocupação.
Ele pensa constantemente que não consegue, que não é suficientemente bom, que precisa dos outros, e que é impotente.
Olhemos para dentro de nós mesmos para ver se reconhecemos esse tipo de ego.
Vejamos se entre as principais influências que encontramos na vida – o poder da alma, os apelos emocionais da nossa criança interior, as pressões do mundo externo – geralmente nós temos a sensação de que tudo é demais para nós.
Vejamos se o nosso ego evoca o medo e quer se esconder, ou se temos dificuldade de ocupar o nosso espaço pessoal, ou se procuramos desculpas ou meios de escapar dessa realidade.
Estas são características de um ego pequeno demais que é governado pelo medo, ou, às vezes, pode até ser traumatizado.
Mas existe também a possibilidade de um ego grande demais.
Este também se faz sentir na área do plexo solar.
Um ego muito grande parece um tanto inchado e forçado – ele quer demais.
Um ego muito grande super-estima sua capacidade de definir as coisas a seu próprio modo, de moldar e dirigir o mundo.
Ele está constantemente pensando: “Preciso organizar isto, quero resolver, as coisas não vão funcionar sem mim.”
Ele quer manter o controlo e, deste modo, limita suas próprias possibilidades.
Porque, quando o ego deseja exercer controlo demais, ele fecha irrevogavelmente o fluxo de impulsos da alma.
Quando queremos controlar demais as coisas, a partir de um ego inflamado demais, é como se estivéssemos usando viseira ou tivéssemos visão tubular.
Inclusive, um ego grande geralmente tem pouca conexão com a criança interior.
As emoções e os sinais emocionais que emergem da criança geralmente são ignorados ou vistos como incómodos demais.
O ego quer avançar em direcção às suas metas.
Ele nos mantém presos em nossa visão tubular.
Olhemos para dentro de nós mesmos para ver se reconhecemos estas características.
Vejamos se houve ocasiões em nossa vida nas quais nos agarramos às metas do nosso ego, com medo de abandoná-las.
Normalmente esses dois aspectos do ego são encontrados na maioria das pessoas.
Pode acontecer que, para uns, haja mais ênfase nos aspectos do ego pequeno demais, enquanto, para outros, a ênfase esteja nas características do ego grande demais.
Mas, seja qual for o nosso caso, acabaremos sendo cortados do nosso coração, da nossa alma e das nossas emoções.
O jeito de voltar ao nosso centro, permitir a restauração do equilíbrio para a reabertura do canal com a alma e a criança interior, é olhar para nós mesmos amorosamente e observarmos, de modo objectivo, o que estamos fazendo.
Estamos nos alimentando com pensamentos depreciativos e opressivos?
Nos diminuímos e depois criamos uma história em torno da ideia de que as coisas não podem ser de outro jeito e que está tudo bem assim?
Examinemos a história em detalhes.
Observemos-la cuidadosamente para ver como essa história é governada pelo medo, por um ego que não ousa ocupar um espaço pessoal, confiar em nós mesmos e em nossa própria força.
Envolvamos esse ego com amor, compreensão e carinho.
Se o nosso ego tende demais para o outro extremo, se ele se recusa a soltar e insiste em decidir e dirigir tudo, então nos consciencializemos desse padrão de crença, mas façamos isto com uma visão compreensiva e gentil.
Rimos da confusão que criamos quando nos prendemos teimosa e obstinadamente a uma visão tubular.
Deixemos-mos surpreender agradavelmente com novas possibilidades.
Lembremos-mos que muitas vezes é uma virtude não sabermos alguma coisa e estarmos abertos para o novo.
Por que falamos sobre essas duas formas de ego desequilibrado?
Porque isso é a chave para sermos capazes de receber o que a vida nos deseja oferecer.
Nós nos desconectamos do fluxo de recebimento ao nos fazermos pequenos demais ou grandes demais.
Ao percebermos essas tendências em nós mesmo e rirmos delas, nós damos a volta ao nosso centro naturalmente.
Sintamos isso por um instante.
Imaginemos que atrás de nós ou ao nosso lado está a nossa alma, e que à nossa frente ou ao nosso lado está a nossa criança interior.
Sintamos o poder grande e sábio da nossa alma, que conhece muito mais do que nós podemos conhecer com a nossa mente humana.
Confie nela!
Imaginemos que, no nosso plexo solar, vive uma pequena figura, um homem ou uma mulher, uma figura que represente o nosso ego, e olhemos para ela muito objectivamente.
Será que essa figura se põe à frente e tenta dirigir tudo?
Ou será que ela recua porque tudo é demais, tudo é opressivo, tudo lhe faz sentir muito medo?
Observe qual desses movimentos o nosso ego é tentado a fazer… para frente ou para trás.
Finalmente, imaginemos que o nosso ego é equilibrado e que essa figura no nosso plexo solar está numa posição erecta.
Ela está conectada com a nossa alma, com o Céu acima e com a Terra abaixo.
Sintamos o quanto isto é sustentador e libertador para o nosso ego, para a nossa personalidade.
Tudo se torna mais livre e mais fluido.
É um fluxo suave de amor incondicional.
Permitamos que esse fluxo aconteça, e permitamos que ele nos eleve.

Gratidão,
Luís Barros