17 de junho de 2020

NÍVEIS DE CONEXÃO COM A NOSSA ALMA

Quem somos” nós” em relação à nossa alma?
Fazemos esta pergunta porque geralmente essa relação não é compreendida com clareza.
Talvez imaginemos a alma como algo fora de nós, muito longe e acima de nós; e assim, sentimos-nos como um ser insignificante, que deseja todo tipo de coisas, e pensa que a nossa alma é um poder externo que pode intervir por nós em determinadas ocasiões.
Logo, sentimos também que estamos mais ou menos à mercê da nossa alma.
Mas nós não estamos fora da nossa alma e nossa alma não está fora de nós.
A alma – a nossa alma – está dentro de nós, neste lugar, assim como em qualquer lugar onde quer que vamos.
Nós fazemos parte da nossa alma.
E embora a nossa alma também seja uma parte de nós, “nós” não é a nossa alma inteira; “nós” não é equivalente à nossa alma.
Existe uma parte da nossa alma que está encarnada em nós, que vive e se move em nós.
Mas há também uma parte dela que não “se encaixa” muito bem aqui, por assim dizer; uma parte que permanece atrás… ou, expressando esse conceito de um ponto de vista terreno, uma parte ampla demais para estar contida em um corpo e personalidade humanos.
Então, existe uma interacção entre nós e a nossa alma, e ao mesmo tempo, nós somos uma coisa só.
Nós somos feitos da mesma essência e não somos separados um do outro.
A interacção entre nós e a nossa alma tem a ver com o quanto da energia da nossa alma nós permitimos que entre na nossa vida na Terra.
Ela é uma faísca de inspiração ocasional, que nos dá um gosto de consciência expandida?
Ou nós permitimos que a nossa alma penetre mais profunda e completamente e dê forma à nossa existência terrena, de um modo radical e imediato?
É neste processo que nós nos encontramos agora – indo cada vez mais fundo – o processo de fusão com a nossa alma através de uma entrega completa ao nosso fluxo.
E quem nos forçará a fazermos isto seremos nós mesmos e mais ninguém.
É uma escolha que fazemos: a de nos permitirmos agir de acordo com o que a nossa alma nos pede que façamos ou sejamos.
E quando decidimos fazer isto?
Nós tomamos esta decisão no momento em que percebemos que é absolutamente necessário fazê-lo, que este é o único caminho possível para nós.
Geralmente isto é precedido por um período no qual nós quase não damos ouvidos à voz da nossa alma.
Nós tentamos fazer tudo por conta própria, pela nossa cabeça, baseando-nos nas ideias que nos vêm à mente a partir de fora, das pressões externas e do medo.
Há diversas razões para não ouvirmos a nossa alma, que fazem com que fiquemos alienados dessa voz.
E assim, ela se torna uma estranha para nós.
Isto é o que a maioria de nós tem associado com a condição de ser um humano na Terra; estar alienado das nossas raízes, da nossa origem cósmica, da nossa alma.
Deste modo, o processo de encarnação torna-se muito estressante e doloroso.
Neste caso, descer e entrar num corpo significa dizer adeus a quem somos, à nossa origem – essencialmente, deixar o nosso Lar.
Esta é uma tarefa quase impossível e é natural que ansiamos pela volta ao Lar e desejemos ir embora do mundo onde não nos sentimos em Casa.
Existe um único caminho para todos na Terra, mas todo mundo passa pela experiência de estar isolado da voz de sua alma, durante um longo tempo, até perceber: - “Não posso mais continuar deste jeito. Estou totalmente preso. Quando vivo apenas a partir da minha cabeça, do medo, daquilo que ‘deveria ser’ e ‘deve ser’, sinto-me morto por dentro.”
Só quando começamos a sentir este dilema com muita intensidade, é que nos abrimos para uma voz diferente, uma lembrança de quem realmente somos.
Então, num determinado nível, temos que ceder aos impulsos da nossa alma.
A arte de fazermos isto se resume em nos abrirmos para o novo e libertarmos as velhas noções de segurança.
E isto geralmente é muito difícil para um ser humano.
Nós associamos isso com desistir, com estarmos num beco sem saída e com sentimentos de decepção, amargura e depressão.
Mas esse momento de desespero final, de não sermos mais capazes de continuar no antigo caminho, pode ser visto como uma porta entreabrindo-se para uma nova possibilidade.
E então, podemos tirar vantagem dessa crise interna e abrirmos essa porta para outra realidade.
Isto requer força interior, porque justamente nesse momento de desânimo total, somos solicitados a olhar para trás e confiar em algo novo, que ainda não sabemos o que é, algo do qual não temos nenhum conhecimento.
É como ter uma confusão à nossa frente e uma porta atrás, ligeiramente entreaberta, através da qual passa um filete de Luz.
Se permanecermos sentados de costas para a porta e ficarmos olhando para a confusão, aumentarão nossos sentimentos de tristeza, desespero e desesperança.
Mas como podemos ter certeza de que essa porta atrás de nós pode-nos oferecer a possibilidade de algo diferente, de algo novo?
Nós começamos a sentir a certeza de que essa porta pode ser aberta quando nos conectamos com a nossa alma.
Nós podemos atravessar momentos de dor e desespero na vida de duas maneiras muito diferentes.
Uma é sendo totalmente absorvido por eles, e isto significa que toda a nossa energia, tudo o que é consciente em nós é carregado nas ondas de medo, amargura e até mesmo ódio.
Nossos pensamentos são tingidos por tudo isso, e assim, nossas emoções e nosso corpo também acabam sendo afectados a longo prazo.
Mas há outro caminho, uma força contrária.
Nesses momentos, nós podemos tomar consciência do que está acontecendo no nosso interior e sairmos da corrente descendente.
Existe algo dentro de nós que observa tudo isso de perto, sem julgamento, a partir de uma consciência que é maior do que a nossa vontade terrena, nossas ideias terrenas, nossa educação, nossos medos, e tudo de antigo que conhecemos do nosso passado.
Então a nossa alma entra no nosso campo terreno.
Falando francamente, muitas vezes precisa surgir uma confusão na nossa vida, antes que nos sintamos impelidos a entrar numa nova forma de consciência.
É justamente em momentos de crise que pode ocorrer uma mudança na nossa percepção de modo que consigamos olhar para nós mesmos de uma perspectiva mais ampla.
Então, a consciência dentro de nós torna-se muito silenciosa e quieta.
Sintamos esse silêncio por um momento, olhemos para alguma questão na nossa vida, para a qual não temos nenhuma resposta, algo que já examinamos inúmeras vezes, de todos os ângulos, e experimentamos todas as emoções que isso envolve.
Agora coloquemos-nos num ponto tranquilo, de onde observamos a situação sem querer uma resposta.
Percebamos como uma certa paz imediatamente se faz presente.
É isto que significa “desistir da luta”, o que não quer dizer que tudo permanece o mesmo e nada muda.
Significa que criamos espaço para o novo, não raciocinando sobre o que já é conhecido e procurando respostas e soluções no passado e no que está atrás de nós.
Só se pode entrar no desconhecido, no novo, no fresco, por meio do silêncio, por meio daquilo que não é conhecido e entregando-se ao silêncio.
Deixemos que o silêncio que nos envolve flua através do nosso corpo.
Ficando quietos deste jeito, libertamos velhas certezas, velhas ideias de como as coisas deveriam acontecer na nossa vida, de convicções às quais nos agarramos.
Permitamos que tudo isso se desvaneça como as folhas mortas que caem das árvores no outono, enquanto a energia da nossa alma sopra como uma brisa suave através da nossa aura.
Imaginemos que tudo que é velho, tudo que não precisamos mais, tudo que já foi vivido e digerido é levado suavemente pelo vento.
O momento em que já não sabemos mais é justamente quando nos desapegamos com mais facilidade.
Deste modo, uma nova força se concentra dentro de nós.
Quanto mais vazio e sem preocupações estiver o nosso campo energético, mais ele pode ser preenchido pela nossa alma.
E de dentro do silêncio, surgem novas ideias que não são alimentadas pela nossa cabeça nem por nossa vontade.
As novas ideias chegam a nós como se viessem de fora.
Algo brota de repente, mas isto não precisa acontecer imediatamente.
O que ocorre neste processo é que inspirações e intuições emergem livre e naturalmente e nos alimentam com novos impulsos.
Neste ponto, daremos algumas explicações sobre os níveis nos quais podemos sentir e vivenciar a nossa alma, pois existe mais de um nível no qual podemos sentir e sintonizarmos-nos com ela.
Acabamos de falar sobre como a alma pode se revelar por meio do silêncio, por meio da percepção pura.
Essa experiência também é uma sensação muito profunda de estarmos em casa, baseada numa capacidade de nos mantermos enraizados, de estarmos completamente no presente e não sermos levados por todo tipo de distracções causadas por pensamentos e emoções.
Este é um dos níveis mais profundos, nos quais se pode ter uma conexão com a alma, sentindo sua Presença pura.
Esse estado de silêncio tem um efeito positivo imediato no nosso corpo, em nossos pensamentos e emoções.
É o poder curativo do silêncio.
Quando estamos lá, a alma não é mais uma coisa acima e fora de nós, mas é muito tangível fisicamente, na metade inferior do nosso corpo, no nosso abdome, nas nossas pernas e pés.
Fiquemos atentos às sensações no nosso corpo quando a nossa alma está totalmente conectada connosco, e estamos completamente integrados com a nossa alma.
Sintamos a solidez dessa conexão e também nossa tranquilidade e paz.
Esta experiência de paz e tranquilidade – essa quietude profunda – é a base de toda conexão com a alma.
Se não houver essa paz e tranquilidade, nossa conexão com a alma não está completa.
Por que dizemos isto?
Porque existe outro nível a partir do qual nós podemos nos conectar com a nossa alma, e ele está localizado fisicamente num ponto mais alto do nosso campo energético.
Muitas pessoas são dotadas de uma intuição mais apurada e são também clarividentes.
Se este é o nosso caso, nós podemos captar os humores e pensamentos dos outros por meio do nosso sexto sentido, da nossa capacidade de perceber tudo ao nosso redor.
Isto pode ocorrer a partir do nosso terceiro olho, ou podemos sentir os outros a partir do nosso coração.
Quando nos conectamos em nosso coração e mente com os nossos ideais para a Terra e nossas visões do futuro – eles geralmente nos elevam acima de nós mesmos.
Depois parece haver uma conexão intuitiva com a nossa alma, mas ao mesmo tempo, essa conexão não está totalmente ancorada, nem atingindo totalmente aquele estado de silêncio e tranquilidade do qual falamos há pouco.
Nós podemos estar tomados pela visão da nova era, por uma Terra onde predomina uma energia centrada no coração e, ao mesmo tempo, estarmos muito frustrados porque isso não está acontecendo na nossa vida tão depressa quanto gostaríamos, e por causa de tanta resistência e oposição no mundo.
Deste modo, nós nos sentimos em conflito com a sociedade ao nosso redor e parece que não nos enquadramos neste mundo.
Embora os desejos e sentimentos que temos – as premonições sobre a nova Terra – nasçam da conexão com a nossa alma, é importante permitir que essa energia de inspiração desça totalmente para dentro do nosso campo energético, nosso corpo e nosso abdome.
Se temos algumas ideias sobre o que desejamos para o futuro, então sintamos essas ideias e a energia do futuro no nosso coração.
Sintamos também o fogo que vive dentro de nós e deixemos que esse fogo se eleve para fundir mais solidamente a energia em nosso interior.
Depois permitamos que essa energia do futuro fortalecida desça para o nosso abdome, nossas pernas e pés, até se tornar silenciosa e quieta – até que nos tornemos silencioso e quietos.
Nesse momento, nossa alma e as mensagens que recebemos dela, tocam a Terra.
E então, um fluxo realista, ancorado na Terra, pode se por em andamento, e nós ficamos completamente em contacto com a nossa energia terrena, ao mesmo tempo em que também permanecemos conectado com a nossa alma.
Nós construímos uma ponte entre ambas.
Muitos Trabalhadores da Luz às vezes ficam totalmente absorvidos em visões de outro mundo, enquanto, ao mesmo tempo, perdem sua conexão com este mundo, aqui e agora, que não está só do lado de fora de nós, mas também em nosso interior.
Nós ficamos divididos e são criadas dicotomias entre a Luz e a escuridão dentro de nós e entre nós e o mundo exterior.
Essas dicotomias produzem esforço e tensão, tanto dentro como fora.
O desafio de cada um de nós agora é realmente nos desapegarmos do velho para acolhermos o novo nas profundezas do nosso ser terreno, em todos os níveis: cabeça, coração e abdome.
Nossa alma só pode se enraizar na Terra se nós permitirmos que ela penetre profundamente o nosso ser, até o nível do abdome e pélvis, que nos conectam com a Terra.
Sintamos a paz e o silêncio quando deixarmos para trás nossos pensamentos e emoções (mesmo as impressões psíquicas).
Apenas estejamos lá, abertos para o novo e ele se revelará diante de nós, sem que saibamos como.
A chegada da Nova Terra de consciência centrada no coração depende da presença de muitas pessoas que estejam ancoradas na Terra e, ao mesmo tempo, sejam espiritualmente evoluídas.
Elas são os canais.

Gratidão,
Luís Barros