26 de junho de 2020

APRENDENDO A ENTENDER A DOENÇA

Maria Madalena, também esteve na Terra em um corpo físico.
Experimentou a confusão, as emoções e as trevas que podem estar presentes na vida humana.
Também vivenciou a luz, aqueles momentos de insight e êxtase profundo, quando percebia a presença da sua alma, e essa experiência a elevava para fora da confusão e para longe da solidão da vida terrena.
Essas idas e vindas da luz para a escuridão são características da condição humana.
Inclusive o propósito da vida terrena é conhecer e respeitar esses opostos que ocorrem em cada um de nós e no mundo.
A luz, assim como as trevas, traz em si muitos tesouros.
Do ponto de vista da unidade, que transcende a dualidade da vida na Terra, não existe nenhum conflito entre luz e trevas; existe apenas a dinâmica entre estes dois opostos.
Através das trevas, descemos a profundezas que apenas podem ser vivenciadas enquanto se está num corpo humano, com a mente e as emoções de um ser humano.
Dessas profundezas, pode nascer uma luz que acrescente alguma coisa nova à Criação, ao universo e ao cosmos.
O que fazemos enquanto estamos aqui na Terra é especialmente valioso.
Dividirmos-mos entre sentimentos de dor, solidão; confusão, êxtase, leveza e alegria faz parte da vida no plano terreno da dualidade.
Aceitemos essas oscilações, pois assim tornaremos a nossa vida muito mais leve.
Muitas vezes lutamos contra essas ondas, porque queremos evitar sentimentos tristes e voltar à polaridade da luz o mais rápido possível.
Mas dessa resistência à escuridão surge uma separação artificial entre luz e trevas, entre bem e mal.
Eles tornam-se antónimos: luz é bom, escuridão é ruim… mas essa oposição cria uma dualidade que é falsa, não verdadeira.
Emoções sombrias também têm valor e carregam mensagens importantes.
A luz sozinha não é suficiente.
A escuridão representa um poder enorme, porque é ela que nos dá a possibilidade de sermos um indivíduo independente, que faz as suas próprias escolhas, toma suas próprias decisões, explora coisas novas, crescendo em força e auto-conhecimento.
Toda a evolução da nossa alma depende de termos conhecimento das trevas, de modo que possamos trabalhar junto com ela e transformá-la.
Isto fica muito claro quando estamos lidando com doenças, com sintomas físicos que perturbam e transtornam o nosso quotidiano e os nossos hábitos.
A presença desses sintomas obriga-nos a dar um mergulho na escuridão, porque, por trás da dor e do nível físico da enfermidade, encontra-se todo um reservatório de emoções que querem ser vistas, que estão sendo reprimidas há bastante tempo.
Geralmente são essas vozes na escuridão que desejam vir à tona através da doença.
Entretanto, devido à nossa criação e à sociedade, trouxemos connosco tantos preconceitos a respeito de bom e ruim, do que pode e o que não pode, que suprimimos as mensagens da doença e geralmente nos concentramos no nível físico, isto é, nos aspectos externos da enfermidade.
Convidamos-mos a olhar mais profundamente para a doença, de um modo que comecemos a suspender todo julgamento a respeito de bom e mau, que é realmente prejudicial ao exame interior, à análise de nós mesmos.
Doença não é ruim, num sentido moral.
É claro que ela é aborrecida, inconveniente, dolorosa e, em vista disto, é natural que desejemos harmonia e saúde; mas a enfermidade em si não é ruim.
Ela é o resultado final de um processo interno, e uma dinâmica entre a repressão e o desejo de sermos vistos; e esta dinâmica se faz conhecer através do corpo.
Vejamos o nosso corpo como um instrumento muito puro.
Embora a nossa cabeça esteja cheia de julgamentos morais sobre bom e ruim, o corpo permanece fora disso.
O corpo vem antes e está fora do plano de julgamento e moralidade.
Isto por si só é um milagre: o corpo não é envolvido e nem se junta às vozes do preconceito, medo e moralidade.
Neste sentido, o corpo é o instrumento mais puro à nossa disposição no aqui e agora.
Não vejamos o corpo como uma coisa física apenas, como um pedaço de matéria apenas, mas como uma manifestação ou fenómeno muito mais complexo.
O corpo é, antes de tudo, um campo de energia.
Percebamos-mos dos pés à cabeça, agora mesmo, enquanto estamos sentados aqui.
Consciencializemos-mos do topo da nossa cabeça e dos nossos pés, e sintamos que existe um campo todo-abrangente ao redor de nós.
Esse campo não pára na superfície do nosso corpo, ele se estende para fora e é maior do que o nosso corpo.
O campo do qual falamos – o nosso campo de energia – está relacionado muito intimamente com as células e órgãos que constituem o nosso corpo no nível físico.
O corpo e o campo estão profundamente interligados; um não existe sem o outro.
Sintamos esse campo vivo, no nosso interior e ao nosso redor, e conectemos-mos com ele.
Respiremos pelo nosso abdome e relaxemos.
Este corpo contém a verdade a nosso respeito e está tão perto!
Ele nos permeia e nos envolve, entretanto nós geralmente não conseguimos alcança-lo porque os nossos pensamentos agem como uma barreira que nos mantém afastados dos impulsos e sinais, da verdade do nosso corpo.
Essa barreira de pensamentos é composta de julgamentos, de regras sobre como as coisas deveriam ser, sobre o que é permitido e o que não é.
Essa barreira funciona como uma espada afiada, porque divide as experiências e sentimentos em caixas, e o fluxo suave, a unidade do todo se rompe e fica fragmentada.
Tentemos sentir o campo sem pensar nada sobre ele; simplesmente permitamos que ele esteja aí.
Digamos “olá” para o nosso corpo, para o sofisticado e afinado campo de energia que ele é.
Nossa alma está tão presente nesse campo quanto nas células físicas do nosso coração, dos nossos órgãos, do nosso sangue, e todas elas estão intimamente ligadas.
O que nos separa desse campo vivo são os nossos pensamentos, que separam e julgam.
Desapeguemos-nos disso agora e acolhamos a nós mesmos.
Vamos contra todos aqueles preconceitos centenários dizendo “sim” para o nosso coração, nosso abdome e para todas as emoções que trazemos dentro de nós, tanto as chamadas de boas quanto as chamadas de ruins, e vejamos-las como um todo.
Sejamos livres em nós mesmos!
Assumamos que tudo que está vivo e presente nesse campo é bom, é bem-vindo e tem valor.
Imaginemos que procuramos as bordas desse campo com a nossa consciência.
Vejamos se conseguimos perceber até onde ele se estende, até onde nos sentimos bem, qual o tamanho do nosso campo.
Imaginemos que deslizamos suavemente ao longo dessas bordas com a nossa consciência e confirmamos: “Sim, isto sou eu; é isto que eu sou agora e isto é bom. Tudo isto tem permissão para existir.”
Inclusive, por favor definamos se o campo se estende abaixo dos nossos pés, e se fazemos contacto com a Terra.
Se não fizermos totalmente, vamos com a nossa consciência para a região imediatamente abaixo dos nossos pés e sintamos como a energia da Terra nos acolhe.
O poder sustentador e nutridor da Mãe Terra ajuda-nos a sentirmos-mos mais relaxados e tranquilos dentro do nosso próprio campo de energia; e fazemos isto sem julgamento.
A Terra e o nosso corpo funcionam em conjunto, eles trabalham a partir do mesmo dinamismo, da mesma sabedoria.
É assim que começamos a conectarmos-nos com a energia de uma doença ou de um problema físico: libertando-nos dos preconceitos e retornando a nós mesmos.
Sintamos o quanto precisamos dessa conexão e como sentimos a falta dela.
Estarmos constantemente julgando-nos e comparando-nos com os outros é prejudicial; cria tensão e nervosismo.
Para aprendermos a entender a doença, é necessário retornarmos a nós próprios, dizer “sim” para quem somos, e entrarmos no campo do não-julgamento que está ao nosso redor e dentro do nosso corpo.
Procuremos tranquilizar-nos e entrar num estado de observação silenciosa e aceitação… imaginemos, então, que aparece uma porta diante dos nossos olhos internos.
Atrás dessa porta, há uma parte nossa que havíamos escondido, que não queríamos ver.
O nosso corpo está passando por um problema ou desarmonia porque queremos deixar essa nossa parte trancada a chave.
Soltemos os nossos pensamentos a respeito do que essa parte possa ser, e agora imaginemos essa porta se abrindo.
Graças à nossa atenção e presença tranquila, essa energia – essa parte de nós – tem permissão para sair agora.
Nós não sentimos mais necessidade de reprimi-la.
Simplesmente observemos o que sai, o que aparece.
E lembremos-nos: está tudo bem!
Se percebermos que estamos prestes a fazer algum julgamento, ou se começarmos a duvidar que o processo esteja funcionando, abandonemos mais uma vez esses pensamentos.
Nós não precisamos ver nada, apenas sentir o que flui para fora da porta e dizer “sim” para isso.
Se sentirmos um certo clima pesado se instalando, ou se virmos uma imagem ou uma cor saindo pela porta, perguntemos-lhe a que parte do nosso corpo isso pertence.
O que vem para fora é uma energia emocional que reprimimos, então agora perguntemos onde essa repressão está ocorrendo no nosso corpo.
Na parte alta? Na parte baixa? Num órgão em particular? Ou em certo local do nosso campo de energia?
Simplesmente procuremos alguma coisa que chame a nossa atenção no campo de energia que somos nós.
Deixemos o corpo falar connosco: ele quer nos falar, nos dar sugestões, permitir que vejamos alguma coisa.
Abramos-nos.
E se não formos bem-sucedidos inicialmente, façamos tudo outra vez quando estivermos a sós e num estado relaxado.
Conectemos-nos com o campo que não conhece nenhum julgamento.
Imaginemos que existe uma porta, através da qual algo que nos pertence, e que afastamos de nós, deseja se manifestar e se mostrar.
Permitamos que a consciência e a luz fluam para a parte do nosso corpo que sofreu com a repressão.
E não importa se esse processo de nos conectarmos com o nosso corpo não produza resultados notáveis imediatos.
A nossa batalha é contra tradições seculares que enxergam as coisas com base no julgamento e no medo.
Para recuperar a conexão pura e intuitiva com o nosso corpo é preciso que nos voltemos, repetidas vezes, para dentro de nós mesmos, num estado de quietude e não-julgamento.
Se fizermos isto com regularidade, começaremos a perceber o quanto é eficiente.
Finalmente, experimentemos o poder da Terra sob os nossos pés, e também percebamos a presença dela em nosso corpo.
Sintamos a força natural e a falta de julgamento lá.
A Terra sabe instintivamente o que necessitamos para nos curarmos, tanto fisicamente quanto no nível emocional.
Recebamos a força dela agora e fiquemos abertos para a força da Terra que existe dentro do nosso próprio corpo.

Gratidão,
Luís Barros