A característica de um santo é
precisamente que ele reconhece e entende cada sulco na face de um ser humano.
Ele tem uma compreensão tão profunda do
caminho humano na Terra, que não há lugar para julgamento, apenas espaço,
silêncio e entendimento profundo da outra pessoa.
Quando uma pessoa se sente tão
perfeitamente compreendida por outro ser humano, seu fardo fica mais leve.
O ser humano que consegue ver o outro
desta forma, percebe a essência da outra pessoa, aquela essência de infinita
beleza e sabedoria.
Nós somos aqueles que desejamos ver
profundamente, sempre querendo ir mais fundo na essência, na Verdade; e esta é
a nossa grande força.
Todos nós estamos no caminho daquele
espaço, oferecendo-o para nós mesmos em primeiro lugar, e depois abrindo-o para
outros, porque não precisamos mais julgar, separar o bem do mal, a luz da
escuridão.
O espaço do qual falamos é o campo de
energia Crística.
Todos que carregam esta energia vieram
para testemunhar este espaço.
Mas como fazer isto?
As palavras são sempre insuficientes…
como é possível descrever esse espaço profundo, tranquilo e silencioso que não
é vazio, mas repleto de sentimento? Faltam palavras.
Maria Madalena sentiu esse espaço vasto
e quieto na presença de Jeshua, e isto a tocou profundamente – Ela abriu-se com
a energia de sua presença, e então descobriu aquele espaço dentro de si e
graduadamente começou a habitá-lo e a se sentir em casa lá – e, com isto, pode
distanciar-se cada vez mais das emoções humanas intensas que também a
atormentavam: medo, horror, dor, raiva, ódio.
É tão fácil perdermos-nos nessas
correntes emocionais internas!
Como ser humano, cada um de nós tem a
tarefa de criar este espaço dentro de si mesmo.
Outra pessoa pode convidar-nos a fazer
isto através da presença dela e segurando um espelho para vermos como isto pode
acontecer, como podemos viver a partir desse espaço dentro de nós mesmos.
E esta é essencialmente a tarefa ou
propósito interior de um trabalhador da Luz: manter-se nesse espaço quando na
presença de outros, em primeiro lugar e acima de tudo estando presente dentro de si mesmo.
Vamos praticar isto por um momento…
Sintamos a nossa consciência ficando
leve, suave e um pouco ondulante, sem forçar, mas mantendo-nos muito abertos.
Deixemos que esse fluxo suave da nossa
consciência circule através de nós; primeiro pela nossa cabeça, onde levamos
embora a aspereza dos nossos pensamentos de modo que eles se tornem gentis e
amistosos.
Muitas vezes surge um algo de cortante
nos nossos pensamentos, que se origina da dor que sentimos e achamos que
precisamos reprimir ou à qual pensamos que precisamos reagir ou nos colocar na
defensiva.
Libertemos esta necessidade e permitamos
a entrada daquele fluxo calmo e suave da nossa verdadeira consciência.
Deixemos que ele flua pela nossa
garganta e ombros, pelo nosso coração, plexo solar e abdome.
Nós podemos pensar nesse fluxo como um
riacho ondulante que corre livremente.
Ponhamos ênfase especial na área do nosso
abdome e a nossa pélvis e deixemos a “água” fluir por aí, limpando tudo muito
suavemente.
Tudo o que é cortante é levado por essa
correnteza.
Permitamos que essa energia se mova
pelas nossa coxas, joelhos e pernas.
Vejamos como essa correnteza flui
através dos nossos pés, entre todos os dedos dos nossos pés, entrando no solo,
e como nossas “raízes” são alimentadas pela Terra, alimentadas com força,
nutrição e amparo.
Sintamos como a Terra, o solo sob os
nossos pés, nos sustenta.
E voltemos para o nosso Lar dentro de nós
mesmos.
Sintamos o quanto gostaríamos de
estender a aura ao nosso redor.
Nossa aura, ou campo de energia, é uma
extensão natural do nosso ser físico.
Até onde a nossa alcança?
O que achamos que deve ser um bom limite
para ela?
Sintamos-nos livres para deixá-la
ampliar-se, pois não afectará negativamente ninguém com isto; na verdade, nosso
espaço também dá espaço para outros.
Sintamos-nos livres para virmos descansar
dentro de nós.
Afundemos-nos mais no nosso abdome e
deixemos que a nossa respiração nos siga.
Sintamos como neste espaço somos amorosos
e calmos, em paz connosco mesmo, e, ao mesmo tempo, possuímos limites muito
claros, dos quais temos uma percepção bem forte.
Nossa aura está em segurança connosco,
então deixemos que ela ocupe o espaço que for conveniente para nós, enquanto nos
sentimos calmos e abertos internamente.
A partir deste estado de consciência, observamos como lidamos com a nossa energia masculina e feminina na vida diária.
A partir deste estado de consciência, observamos como lidamos com a nossa energia masculina e feminina na vida diária.
Nós temos a tendência a usá-las
separadamente, ou de uma forma que elas não sustentem uma a outra.
A energia suave é o nosso lado feminino.
Ele está preocupado com os outros e pode
ser empático, compreendendo o outro profundamente.
Mas muitas vezes, quando desejamos usar
esta energia na conexão com outra pessoa, saímos de nós mesmos; pulamos para
fora da nossa própria aura ou campo de energia, e ficamos perdidos no da outra
pessoa.
Vejamos se reconhecemos esta tendência
em nós e sintamos o que nos acontece energeticamente, quando fazemos isto.
Nossa energia se lança para fora e nós perdemos
a paz, o ancoramento na nossa base, no nosso abdome.
Falamos agora sobre a energia masculina.
Há momentos em que conectarmos-nos com
outros é demais para nós, impelindo-nos a sair de nós mesmos e abandonar a
nossa base.
Isto não é confortável e algo está fora
de equilíbrio.
Ao mesmo tempo, a nossa aura precisa ser
fechada e precisamos voltar para o Lar dentro de nós mesmos.
Mas parece que a nossa única opção é
estabelecer a nossa energia masculina de uma forma firme, dura, quase como uma
armadura ou um muro, a fim de impedirmos que ela escape.
E devido a certas emoções alojadas no nosso
interior, como insatisfação, raiva e frustração, erguemos uma barreira
defensiva.
Mas observemos o que isto nos causa,
como nos sentimos internamente.
Vejamos o que nos acontece quando fazemos
isto, mas observemos-lo calmamente e com certa curiosidade: “O que isto provoca
em mim? Uma sensação opressiva ou libertadora?”.
Infelizmente, a natureza de uma reacção
defensiva vai contra a fonte natural e calma no nosso interior.
Este padrão se repete com muita
frequência em nós, trabalhadores da Luz, que nascemos com uma sensibilidade
naturalmente elevada e que nos identificamos facilmente com outras pessoas.
Devido ao nosso papel de pioneiro da
consciência, nós tendemos a dar demais de nós mesmos, na esperança de que haja
uma ressonância, um reconhecimento, uma sintonia com o outro.
Quando esta conexão não se realiza – o
que acontece muitas vezes na nossa vida – isto acarreta uma dor interna:
desapontamento, frustração, raiva, ressentimento ou solidão.
Então, geralmente levamos a nossa energia
masculina a se fechar, e isto é algo limitador e nos faz sentir ainda mais sós.
Fazer isto não é uma forma de ampliar o
nosso espaço – de estabelecer os nossos limites de um modo natural; pelo
contrário, é fechar e afastar a nossa energia do nosso espaço.
Maria Madalena nos incentiva a usarmos a
nossa energia masculina e feminina de um modo diferente.
Nós percebemos que é possível sentirmosa-nos
totalmente em casa e ancorados dentro de nós mesmos.
Sintamos isso de novo, descendo àquele
espaço mais uma vez.
É possível permanecermos lá, mesmo
enquanto interagimos com outros.
Isto quer dizer que deixamos de tentar
activamente mudar as coisas; percebemos a nossa necessidade de controlo ou
reconhecimento e não saímos mais de nós mesmos para tentar ganhar o direito de
existir.
Porque é isto que nós queremos conseguir
com a necessidade excessiva de doarmos e nos conectarmos com outros.
Nós desejamos ver o nosso direito de
existir confirmado pela outra pessoa; desejamos ver que ela quer que nós sejamos
como somos verdadeiramente.
É natural que uma criança tenha este
desejo, mas um ser humano espiritualmente maduro cuida das necessidades e
desejos da sua criança interior e realmente confirma e reconhece o direito dela
existir – e faz isto muitas e muitas vezes, sempre que está aberto aos impulsos
dela e consciente de suas necessidades enquanto interage com o mundo ao seu
redor.
Agora nos conectemos conscientemente com
o nosso campo de energia; estejamos completamente presentes dentro de nós
mesmos e sintamos a nossa criança interior no nosso abdome.
Inspiremos suavemente e percebamos como
a luz preenche a nossa aura, nosso espaço.
Este é um espaço sagrado.
Nós temos a capacidade de observar e ver
a nossa essência interior, nossa própria beleza e sabedoria, nosso próprio
valor e amor.
Se possuímos uma tarefa na vida, esta é
a de ver, apreciar e aceitar a nossa própria força, a jóia que somos.
Isto desperta a consciência do Cristo em
nós, que por si só se irradia para os outros, e que não é algo que tenhamos que
conseguir através de esforço ou luta.
Esta é precisamente a arte de tornar-nos
profundamente enraizados na nossa própria base e permanecermos no nosso próprio
ser.
Isto, inclusive, é literalmente a
solução para os velhos traumas que carregamos dentro de nós, pois nós podemos
acalmar a carga emocional desses traumas ao encontrarmos o equilíbrio entre a
energia masculina e a feminina.
A energia masculina traz-nos de volta
para nós mesmos, ajuda-nos a nos desobrigar e fazer distinção sempre que
necessário.
A energia feminina é a nossa bondade, nossa
capacidade de nos conectarmos com outros, de entender, compreender.
Numa situação ideal, a energia masculina
e a feminina trabalham juntas como uma só.
O trauma sempre ocorre quando nos separamos
da nossa base, porque quando estamos fora de equilíbrio, afastados de nós mesmo
e fragmentados, a dor da rejeição – especialmente a rejeição emocional – pode
afectar-nos tão profundamente, que nos sintamos dilacerados pelos nossos
sentimentos.
Através da observação interior e terapia
de regressão profunda, podemos chegar a conhecer muito sobre traumas passados,
e isto geralmente é útil para adquirir maior percepção.
Mas a essência de toda a cura e auto-cura
é o retorno a nós mesmos, é acolher o nosso próprio eu e reconhecer os nossos
limites, mantendo-nos, ao mesmo tempo, gentis, calmos e abertos internamente.
E, ao permanecermos connosco mesmo, somos
capazes de fazer muito pelos outros através do que somos e daquilo que emanamos.
Permaneçamos silenciosamente connosco
mesmos mais uns instantes.
Relaxemos e ousemos ser quem somos –
somos belos!
A energia do Cristo desperta em nós.
Sintamos a presença do Cristo no nosso
espaço interior.
Gratidão,
Luís Barros