16 de junho de 2020

ENSINANDO NOSSOS PAIS

Jeshua, está aqui connosco, invisível aos nossos olhos físicos, porque chega a partir de um espaço interno, directamente do coração.
Sintamos a sua presença.
Jeshua saúda cada um de nós individualmente.
Sintamos a sua energia, sintamos o seu abraço, ao mesmo tempo em que lhe damos o nosso.
Nós somos amigos, somos como raízes da mesma árvore.
Nosso objectivo em comum é nos enraizarmos profundamente na Terra, de modo a criarmos uma árvore mais bonita e forte que fornecerá abrigo e sombra para outros.
O facto de celebrarmos juntos este dia enche os nossos corações de alegria.
Somos uma família, uma família espiritual que transcende as eras, e que não depende de tempo nem de espaço.
Nós podemos entrar em contacto com a nossa fonte em comum, nossas raízes em comum, sempre que precisamos, porque sabemos e vemos que a vida na Terra pode ser solitária para nós.
Mas também somos corajosos e somos amados por isto.
Jeshua está aqui como um amigo e irmão, não como um professor.
Não quer mais ser esse professor, porque agora é hora de nós nos levantarmos e sermos nós mesmos um professor.
Esta é a nossa missão nesta vida.
Sabemos que esta missão pode-nos trazer dor e solidão às vezes, mas quando a realizarmos, quando nos tornarmos um professor nesta nova era, isto nos dará uma profunda satisfação e fará com que a nossa jornada na Terra esteja verdadeiramente completa.
Nós mesmos seremos como uma grande árvore, enraizada na Terra e alcançando o Céu.
Talvez notemos que nesta imagem da árvore nós estamos sozinhos.
Por ser uma árvore tão grande, precisamos de bastante espaço.
Isto é algo que será preciso aprendermos e aceitarmos nesta vida – que nós estamos na Terra para ajudar a trazer uma nova energia e, por isto, muitas vezes caminharemos num ritmo e caminho diferentes dos da sociedade.
Nós estamos criando novos caminhos, então precisamos criar espaço para a nossa própria árvore crescer, e enfrentaremos atritos e resistências no cumprimento da nossa missão.
Voltemos à nossa infância.
Sintamos novamente a beleza e a pureza da nossa alma entrando nesta vida.
Nossa alma fundiu-se com um novo corpo.
Ela deu um salto no escuro e desconhecido.
É preciso compreender que a nossa alma não é um ser perfeito e acabado.
A cada salto para uma nova vida, ela assume riscos.
Nossa alma é uma realidade aberta e dinâmica; ela deseja explorar novos territórios em cada encarnação.
E o nascimento de uma nova criança é esse milagre manifestando-se.
Falando em termos mais amplos, uma criança sempre traz uma nova energia para a humanidade.
Não é só que a alma individual deseja explorar um novo território, a alma também quer trazer a sua energia exclusiva para a sociedade humana.
Mas como cada criança traz algo novo em seu interior, ela não será plenamente compreendida por seus pais ou família instintivamente; seus pais tentarão fazê-la se adaptar à visão que eles mesmos têm do mundo.
Tornar-se pai ou mãe geralmente dá uma sensação de responsabilidade misturada com medo e preocupação.
Quando uma pessoa tem filhos, seus próprios mecanismos psicológicos de sobrevivência vêm à tona.
Num certo sentido, suas partes mais sombrias – quer dizer, suas partes mais inconscientes – vêm à tona ao criar seus filhos.
Isto não é feito de propósito, mas inconscientemente.
Os pais geralmente forçam a criança a se enquadrar numa estrutura que eles consideram correta e segura, e a criança pode se sentir perdida dentro dessa estrutura.
No entanto, em algum nível, nas profundezas do seu ser, a criança se lembra: “Isto não sou eu.”
Mas, até que ela consiga compreender o pleno significado dessa lembrança, ela precisa desapegar-se da estrutura dos pais, de modo a se libertar dela, e nesse processo, a criança vivencia emoções profundas de alienação, solidão e desespero.
Num certo sentido, este é o destino de todas as crianças humanas.
Portanto, respeitemos profundamente o salto para a vida que a nossa alma deu.
Ela estava consciente do risco envolvido, o risco de nos tornarmos emocionalmente perdidos e alheios à nossa alma.
Quando olharmos para uma criança, nós poderemos ver um ser inocente e brincalhão, mas estejamos cientes da jornada profunda e muitas vezes difícil que ela está empreendendo.
Nós mesmos já fomos criança, então nos conectemos agora com essa criança que ainda está viva dentro de nós.
Conectemos-mos connosco mesmo quando tínhamos mais ou menos doze anos de idade, prestes a nos tornarmos adolescente e um ser independente.
Simplesmente deixemos que uma imagem da nossa criança interior nos venha à mente, não precisamos lembrarmos-nos exactamente o que estava acontecendo naquela época.
A criança que estamos vendo e sentindo agora não é mais nova e inocente.
Ela já absorveu as emoções e medos da sua família, assim como suas ambições. 
Tentemos não sentir nem ver como isto nos afectou como criança.
Simbolicamente, nós podemos ver isso como uma espécie de carga que essa criança carrega nas costas, então sintamos o peso dessa carga.
Para nos libertarmos dessa carga, uma das grandes dificuldades que a criança em crescimento enfrenta é que ela ama seus pais e sente uma profunda lealdade por eles.
Toda criança deseja ajudar a curar seus pais, e assim tenta carregar as cargas deles por eles.
Abracemos essa criança e digamos-lhe que ela agora pode soltar esse fardo, essa carga.
Grande parte da energia pesada carregada pela criança não é a sua própria energia; essa carga está cheia de medo, ansiedade, preocupação e negatividade que vem da energia da família.
A coisa mais importante para essa criança e para nós é compreender que, ao abandonar essa carga, nós nos tornamos o verdadeiro professor e curador da nossa família e de nossos pais.
Ao fazermos isto, nós nos libertamos das estruturas limitadoras que ainda nos dominam e, assim, os ensinamos, pelo exemplo, como eles mesmos podem libertá-las.
Para isto, nós precisamos distinguir entre lealdade verdadeira e falsa.
A falsa lealdade ocorre quando agimos a partir da culpa, da vergonha, do medo.
É preciso lembrar que a nossa família quer manter-nos dentro do nosso círculo de influência.
Existe uma necessidade inconsciente, instintiva, de fazermos isto, porque os nossos pais precisam que sejamos “um deles”.
Existe uma espécie de possessividade na paternidade, muitas vezes nascida do medo, que gera um sentido falso de lealdade por parte da criança.
Nós precisamos nos libertar deste tipo de lealdade, e quando o fizermos, poderemos então desenvolver o sentido verdadeiro de lealdade para com nossos pais e familiares, a partir do nível da nossa alma.
A verdadeira lealdade significa libertarmos-nos das estruturas limitadoras da mentalidade da família.
Muitas vezes essas estruturas limitadoras vêm de várias gerações e é preciso muita coragem e clareza de espírito para se desconectar delas.
Por favor, observemos que nós não nos desconectamos delas quando ficamos irritados e aborrecidos com a nossa família.
É normal ficarmos irritados e aborrecidos temporariamente, mas é preciso compreender que, quando estamos nesse estado emocional, nós ainda não estamos livres das energias da nossa família de nascimento.
Nós só estaremos livres se formos capazes de acolher a nós mesmos como um ser independente, e olharmos para a nossa família a partir do nível da nossa alma.
Se conseguirmos nos elevar ao nível da nossa alma e observarmos com um olhar de compaixão, libertaremos a raiva ou medo e adquiriremos uma distância emocional da nossa família de nascimento.
Paradoxalmente, o espaço que então se abre, permitirá que os amemos de uma forma muito mais independente e verdadeiramente leal.
Enfatizemos que o amor da alma não é um amor emocional.
Ao entrarmos em contacto com a nossa família de origem a partir do nível da alma, podemos perceber que existe uma distância entre nós que não pode ser transposta com facilidade.
Mas não mais nos aborrecemos com isso, aceitemos esse facto porque estamos realmente nos desapegando.
Nós podemos honrar e respeitar os nossos pais biológicos e, ao mesmo tempo, manter limites muito claros no que diz respeito a eles.
Este é o caminho que muitos Trabalhadores da Luz devem seguir.
Olhemos para a criança de doze anos no seu interior, quando ela já se libertou da carga.
Agora que a carga se foi, como esse jovem, que somos nós, se sente?
Sentimos alívio ou uma sensação de alegria?
Estamos voltando para casa, para nós mesmo!
Ainda como essa criança de doze anos, vemos um guia vindo em nossa direcção.
O guia que se aproxima é mais velho do que nós e está segurando a nossa mão.
Este guia representa um parente espiritual para nós, e nossa energia é muito diferente da estrutura limitadora da nossa família de origem.
Sintamos como esse guia nos dá as boas vindas.
Esse guia reconhece a nova energia que está no nosso interior e que desejamos trazer para a Terra.
Ele quer convidar-nos a expressar a energia da nossa alma.
Sintamos a energia e o apoio desse guia, que é uma parte da nossa família espiritual, nossa família de alma.
Este guia está encorajando-nos a fazer algo específico com a nossa vida.
O que estamos desejando expressar e ser vivenciado por nós neste momento?
A energia exclusiva da nossa alma é necessária aqui na Terra.
Cada nova geração está destinada a trazer um novo tipo de consciência.
Dizemos algumas palavras sobre a geração mais nova que está agora na Terra.
Todos estão vendo, na Terra, uma nova geração de crianças que já está com um pé na nova energia do coração.
Geralmente elas nascem de pais conscientes e observadores, mas esses pais talvez ainda não saibam como lidar com a nova energia e sensibilidade dessas crianças, que não se encaixam nos remanescentes das velhas estruturas.
Nós somos um daqueles que se abriu e derrubou as velhas estruturas, mas as novas crianças muitas vezes estão totalmente fora dessas estruturas e isto cria problemas nas áreas tradicionais, como escola e trabalho.
O conselho mais importante que Jeshua nos oferece, aos pais nesta era, é que ouçamos a alma de nossos filhos.
Nós podemos notar que eles se comportam de modo estranho ou não se adaptam bem a ambientes altamente estruturados; eles geralmente são auto-conscientes e intuitivos e sabem o que querem, mesmo que não consigam expressá-lo em palavras.
Olhemos através e além de seu comportamento estranho ou “mau” e conectemos-nos com eles no nível de suas almas, onde nós somos iguais, e onde eles podem ser nossos professores em vez de nossos alunos.
Em suas mentes e corações, eles carregam uma chama de luz, um novo tipo de energia, e precisam da nossa ajuda para serem capazes de canalizar essa energia para a sociedade humana.
Eles precisam que os ajudemos a expressar e manifestar a sua energia exclusiva na Terra, de maneiras novas e flexíveis.
O verdadeiro significado da paternidade é preservar da tradição o que é bom e sábio, e ao mesmo tempo, estarmos plenamente abertos a algo totalmente novo, para nos abrirmos à sabedoria da alma de nossos filhos, pois estes podem estar espiritualmente à nossa frente.

Gratidão,
Luís Barros