19 de junho de 2020

CONFIEMOS NA TERRA

Ouçamos a voz da Terra.
Sintamos a sua presença dentro de nós e sob nossos pés.
Ela está presente em nosso corpo; flui através das nossas células.
E é através do nosso corpo que estamos conectados com a natureza, com tudo ao nosso redor que cresce, vive e respira.
Percebamos a presença viva da natureza à nossa volta aqui, neste momento.
Sintamos as árvores ao redor deste edifício, a terra sobre a qual ele se assenta.
Sintamos as plantas, os pássaros e as árvores.
Se observarmos mais de perto, poderemos perceber como a nossa presença afecta esses seres vivos também.
Não somos só nós que os percebemos; eles também nos sentem.
Até mesmo este edifício está vivo porque todo o material do qual ele foi feito originalmente contém a energia da Terra.
Existe consciência em tudo à nossa volta.
A matéria é consciência animada.
Sintamos essa energia, a consciência, neste edifício, na história dele e no que trazemos para ele.
Geralmente subestimamos o efeito que a nossa simples presença provoca.
Agora, mergulhemos mais profundamente em nosso corpo.
Do mesmo modo que observamos o nosso ambiente com a nossa consciência, observemos agora o nosso corpo de um modo muito objectivo: sintamos a nossa cabeça, nossa garganta, nosso peito.
Depois nos aprofundemos mais no nosso abdome e sintamos a energia de Gaia – Ela nos guiará.
Gaia também está viva; tem uma consciência própria.
Sintamos como Ela nos ajuda, levando-nos mais profundamente para dentro do nosso corpo, enquanto percorremos a nossa espinha dorsal até o cóccix.
Sintamos a sua energia nutridora, pois Ela é a nossa mãe.
Existe uma velha ideia incutida na mente das pessoas, que a inspiração vem do alto, que o entendimento espiritual profundo nasce de uma conexão com o celeste, com o cósmico, com aquilo que está acima de nós.
Mas hoje Gaia nos pede para prestarmos atenção ao que se encontra abaixo de nós, ao solo sob nossos pés… à Terra vivente.
Assim como muitas outras pessoas, nós podemos ter experimentado dores, decepções, tristezas profundas ou solidão, que ficaram alojadas em nossos chacras inferiores.
Como resultado, a nossa sensibilização ascendeu junto com nossa consciência – ela deixou nosso corpo, por assim dizer – porque todas as emoções que tivemos no plano terreno foram dolorosas demais para suportarmos.
É perfeitamente humano construir uma armadura de protecção sempre que nos sentimos seriamente prejudicados.
Entretanto, essa armadura nos mantém afastados da vida; ela nos priva das nossas forças mais intensas.
E nós não podemos viver assim, porque isso nos restringe, como se estivéssemos numa prisão.
No entanto, o fluxo da vida, o poder da alma, é sempre mais forte do que as prisões que construímos dentro de nós.
Partindo da nossa alma, há sempre um novo impulso, uma força motivadora que nos leva a nos abrir e a nos render à vida e a tudo que existe.
As feridas emocionais que sofremos são aquelas que nos foram infligidas aqui na Terra.
Podem ter ocorrido nesta vida ou em vidas passadas, mas como foram sustentadas aqui na Terra, e estão na memória da nossa alma, acabamos associando a Terra a um lugar violento, grosseiro, assustador e ameaçador. 
Quando voltamos para cá, encarnamos novamente e ouvimos mais uma vez o chamado da nossa alma – que vem bater à nossa porta, repetidas vezes, pois não se pode deter-la – provavelmente somos capazes de nos abrirmos a esse chamado no nível do coração.
Mas, se nos aprofundarmos mais no nosso corpo, é possível que isto se torne tão assustador, que acabe afastando a nossa consciência dessa região do nosso corpo.
E então, nos tornamos um ser dividido.
Uma parte de nós diz “sim” e quer seguir adiante, ao perceber o brilho e o convite de um novo tempo.
Mas as partes abaixo do nosso coração, nossos chacras inferiores, não ousam se envolver e então permanecem fechadas.
Oferecemos uma forma de recuperar a confiança nessa nossa parte.
Gostaríamos de salientar que os medos que carregamos connosco se originaram principalmente na sociedade humana do passado, com as energias que prevaleciam então, pelas quais nos sentimos rejeitados e indesejados.
Mas lembremos-mos que nós também temos uma conexão com a própria Terra – com Gaia – independentemente de todas as formas de pensamento humanas e energias colectivas que envolvem este planeta.
Gaia também gostaria de se libertar dessas energias negativas.
Também está num caminho de crescimento interior e evolução, e está passando por um processo de renascimento.
Vai emergir em um novo tempo, no qual há mais harmonia entre os seres humanos e a natureza.
Conectando-nos com Gaia, com a consciência que está tão ansiosa por acolher-nos aqui, apagamos as lembranças de dor do passado.
Experimentemos.
Permitamos que os nossos chacras inferiores – os do nosso abdome e pernas – sejam preenchidos com o poder da Terra.
Gaia quer-nos oferecer algo… uma jornada orientada e curta… para ajudar-nos a sentir esta energia mais plenamente.
Existem vários tipos de reinos da natureza ao nosso redor, ricamente habitados por diversas criaturas que vivem na Terra.
Cada uma oferece sua própria contribuição como parte do todo.
Gaia, pede-nos que pensemos agora numa árvore, uma árvore sólida, grande, bem enraizada, que está de pé há muito tempo.
Sua copa se eleva em direcção ao céu, enquanto suas raízes se estendem profundamente no solo.
Encontremos-nos com a essência dessa árvore e, com nossa sensibilidade, sintamos seu poder silencioso, estável, aterrado.
Desçamos às raízes dela.
Sintamos como esse ser vive, cresce e irradia sua energia na Terra.
Sintamos o que essa árvore tem para nos oferecer, que aspecto da energia dela nos chama mais atenção.
Deixemos que essa energia flua através de nós e recebamos-la.
E sintamos o que a árvore quer receber de nós, porque em tudo existe uma troca.
Ela sente a nossa presença, exactamente como nós sentimos a presença dela.
A árvore também é uma energia viva e está consciente de nós.
Observemos como ela vivencia a nossa visita.
Dizemos mais sobre esta experiência.
Nós geralmente nos percebemos como o grande depredador da Terra, aquele que polui a Terra e perturba seu equilíbrio natural.
Até certo ponto, isto é verdade, porque há uma profunda desarmonia entre os seres humanos e a natureza neste momento.
Mas, Gaia quer-nos recordar que ela, a Terra, e todos os seus reinos da natureza, nos acolhem com prazer.
Nós somos bem-vindos na Terra.
Gaia gosta e se beneficia da nossa presença e energia.
Nós vimos aqui para trazer algo novo e concepcional: o compartilhar da nossa luz estelar e sabedoria cósmica.
Num certo sentido, nós, todos os seres humanos, somos um visitante aqui.
Por um lado, nós somos parte da Terra, um ser físico como os animais e as plantas.
Mas, ao mesmo tempo, nós vimos à Terra para trazer algo mais, um modo de ser totalmente novo.
Nós temos a liberdade, o livre-arbítrio.
Nós podemos nos desenvolver, podemos canalizar Luz para a Terra, algo que dá um novo impulso a toda a vida aqui.
Sintamos, por um instante, a interacção entre seres humanos e a natureza dentro dessa árvore.
Sintamos que essa árvore gosta e fica feliz com a nossa presença, pois esta põe algo em movimento, que é simplesmente o fluxo do amor.
É isto que nós somos na verdade, e que afecta profundamente a árvore.
Nós podemos perceber isto facilmente no nosso próprio ambiente, no nosso jardim, nos nossos animais de estimação.
Quando interagimos intimamente com eles, eles nos dão algo em troca.
Escolhamos um animal que deseja vir até nós para esclarecer alguma coisa.
Permitamos que ele surja em nossa imaginação.
Um animal deseja vir a nós para nos ajudar a nos sentirmos bem e seguros na Terra e bem conectados com o solo sob os nossos pés, de modo que estejamos prontos para nos expressarmos com segurança e confiança.
O animal conhece essa segurança, esse refúgio.
Por natureza, ele é uno com a Terra, e não tem dúvidas sobre seu direito de existir.
Ele simplesmente existe, vive, respira e cresce.
Entre, com nossa consciência, nesse animal.
Permitamos-mos fundir com ele, facilmente.
Sintamos por uns instantes, a ausência dos processos de pensamento nesse animal.
Ele não é atormentado pelo pensamento excessivo do jeito que os humanos são.
Sintamos como a natureza flui sem esforço através desse animal.
Recebamos o que precisamos, tudo o que nos sensibilize nesse animal.
Sintamos o quanto ele nos aproxima da Terra.
Sintamos a pureza, a integridade desse animal.
Percebamos o que o animal sente a respeito da nossa vinda aqui, e como fundimos a nossa energia com a dele.
Sintamos que a nossa energia é bem-vinda, que ela sensibiliza algo no animal, que lhe faz bem, e lhe dá um impulso.
Há uma interacção entre nós dois.
O que esse animal nos pede é que nos familiarizemos com as energias da natureza para que comecemos a nos sentir em casa na Terra, e saibamos que há um lugar aqui para nós; e, para colocar isto em termos mais fortes, que os reinos da natureza estão esperando por nós.
Gaia quer ser inspirada pela energia que nós trazemos.
Em troca, quer receber-nos, de modo que nos tornemos parte da sua totalidade.
Nós somos muito bem-vindos aqui.
Gaia é grata por nossa coragem e perseverança.
Estamos nos movendo em direcção a uma nova era na Terra.
Nessa nova era, é essencial que os seres humanos e a natureza voltem a trabalhar juntos a partir de uma conexão interior.
Tudo tem consciência e cada um deseja cooperar com os outros.
É assim que deve ser.
Toda criatura natural sente que faz parte do todo.
O desejo mais profundo de Gaia, é que nós também saibamos que fazemos parte do todo aqui na Terra; que vivenciemos nosso Lar, não apenas como um Lar de origem cósmica, mas junto com todas as criaturas vivas ao nosso redor.
Celebremos a vida com tudo que existe aqui.
Esta é a grande tarefa que se encontra diante da humanidade hoje.
E isto levará a Terra à realização e transformará todos os humanos em seres alegres e inspirados.

Gratidão,
Luís Barros