Ouçamos a voz da Terra.
Sintamos a sua presença dentro de nós e
sob nossos pés.
Ela está presente em nosso corpo; flui
através das nossas células.
E é através do nosso corpo que estamos
conectados com a natureza, com tudo ao nosso redor que cresce, vive e respira.
Percebamos a presença viva da natureza à
nossa volta aqui, neste momento.
Sintamos as árvores ao redor deste
edifício, a terra sobre a qual ele se assenta.
Sintamos as plantas, os pássaros e as
árvores.
Se observarmos mais de perto, poderemos
perceber como a nossa presença afecta esses seres vivos também.
Não somos só nós que os percebemos; eles
também nos sentem.
Até mesmo este edifício está vivo porque
todo o material do qual ele foi feito originalmente contém a energia da Terra.
Existe consciência em tudo à nossa
volta.
A matéria é consciência animada.
Sintamos essa energia, a consciência,
neste edifício, na história dele e no que trazemos para ele.
Geralmente subestimamos o efeito que a nossa
simples presença provoca.
Agora, mergulhemos mais profundamente em
nosso corpo.
Do mesmo modo que observamos o nosso
ambiente com a nossa consciência, observemos agora o nosso corpo de um modo
muito objectivo: sintamos a nossa cabeça, nossa garganta, nosso peito.
Depois nos aprofundemos mais no nosso
abdome e sintamos a energia de Gaia – Ela nos guiará.
Gaia também está viva; tem uma
consciência própria.
Sintamos como Ela nos ajuda, levando-nos
mais profundamente para dentro do nosso corpo, enquanto percorremos a nossa
espinha dorsal até o cóccix.
Sintamos a sua energia nutridora, pois Ela
é a nossa mãe.
Existe uma velha ideia incutida na mente
das pessoas, que a inspiração vem do alto, que o entendimento espiritual
profundo nasce de uma conexão com o celeste, com o cósmico, com aquilo que está
acima de nós.
Mas hoje Gaia nos pede para prestarmos
atenção ao que se encontra abaixo de nós, ao solo sob nossos pés… à Terra
vivente.
Assim como muitas outras pessoas, nós
podemos ter experimentado dores, decepções, tristezas profundas ou solidão, que
ficaram alojadas em nossos chacras inferiores.
Como resultado, a nossa sensibilização
ascendeu junto com nossa consciência – ela deixou nosso corpo, por assim dizer
– porque todas as emoções que tivemos no plano terreno foram dolorosas demais
para suportarmos.
É perfeitamente humano construir uma
armadura de protecção sempre que nos sentimos seriamente prejudicados.
Entretanto, essa armadura nos mantém
afastados da vida; ela nos priva das nossas forças mais intensas.
E nós não podemos viver assim, porque
isso nos restringe, como se estivéssemos numa prisão.
No entanto, o fluxo da vida, o poder da
alma, é sempre mais forte do que as prisões que construímos dentro de nós.
Partindo da nossa alma, há sempre um
novo impulso, uma força motivadora que nos leva a nos abrir e a nos render à
vida e a tudo que existe.
As feridas emocionais que sofremos são
aquelas que nos foram infligidas aqui na Terra.
Podem ter ocorrido nesta vida ou em
vidas passadas, mas como foram sustentadas aqui na Terra, e estão na memória da
nossa alma, acabamos associando a Terra a um lugar violento, grosseiro,
assustador e ameaçador.
Quando voltamos para cá, encarnamos novamente e ouvimos
mais uma vez o chamado da nossa alma – que vem bater à nossa porta, repetidas
vezes, pois não se pode deter-la – provavelmente somos capazes de nos abrirmos a
esse chamado no nível do coração.
Mas, se nos aprofundarmos mais no nosso
corpo, é possível que isto se torne tão assustador, que acabe afastando a nossa
consciência dessa região do nosso corpo.
E então, nos tornamos um ser dividido.
Uma parte de nós diz “sim” e quer seguir
adiante, ao perceber o brilho e o convite de um novo tempo.
Mas as partes abaixo do nosso coração, nossos
chacras inferiores, não ousam se envolver e então permanecem fechadas.
Oferecemos uma forma de recuperar a
confiança nessa nossa parte.
Gostaríamos de salientar que os medos
que carregamos connosco se originaram principalmente na sociedade humana do
passado, com as energias que prevaleciam então, pelas quais nos sentimos
rejeitados e indesejados.
Mas lembremos-mos que nós também temos
uma conexão com a própria Terra – com Gaia – independentemente de todas as
formas de pensamento humanas e energias colectivas que envolvem este planeta.
Gaia também gostaria de se libertar
dessas energias negativas.
Também está num caminho de crescimento
interior e evolução, e está passando por um processo de renascimento.
Vai emergir em um novo tempo, no qual há
mais harmonia entre os seres humanos e a natureza.
Conectando-nos com Gaia, com a
consciência que está tão ansiosa por acolher-nos aqui, apagamos as lembranças
de dor do passado.
Experimentemos.
Permitamos que os nossos chacras
inferiores – os do nosso abdome e pernas – sejam preenchidos com o poder da
Terra.
Gaia quer-nos oferecer algo… uma jornada
orientada e curta… para ajudar-nos a sentir esta energia mais plenamente.
Existem vários tipos de reinos da
natureza ao nosso redor, ricamente habitados por diversas criaturas que vivem
na Terra.
Cada uma oferece sua própria
contribuição como parte do todo.
Gaia, pede-nos que pensemos agora numa
árvore, uma árvore sólida, grande, bem enraizada, que está de pé há muito
tempo.
Sua copa se eleva em direcção ao céu,
enquanto suas raízes se estendem profundamente no solo.
Encontremos-nos com a essência dessa
árvore e, com nossa sensibilidade, sintamos seu poder silencioso, estável,
aterrado.
Desçamos às raízes dela.
Sintamos como esse ser vive, cresce e
irradia sua energia na Terra.
Sintamos o que essa árvore tem para nos
oferecer, que aspecto da energia dela nos chama mais atenção.
Deixemos que essa energia flua através
de nós e recebamos-la.
E sintamos o que a árvore quer receber
de nós, porque em tudo existe uma troca.
Ela sente a nossa presença, exactamente
como nós sentimos a presença dela.
A árvore também é uma energia viva e
está consciente de nós.
Observemos como ela vivencia a nossa
visita.
Dizemos mais sobre esta experiência.
Nós geralmente nos percebemos como o
grande depredador da Terra, aquele que polui a Terra e perturba seu equilíbrio
natural.
Até certo ponto, isto é verdade, porque
há uma profunda desarmonia entre os seres humanos e a natureza neste momento.
Mas, Gaia quer-nos recordar que ela, a Terra,
e todos os seus reinos da natureza, nos acolhem com prazer.
Nós somos bem-vindos na Terra.
Gaia gosta e se beneficia da nossa presença
e energia.
Nós vimos aqui para trazer algo novo e
concepcional: o compartilhar da nossa luz estelar e sabedoria cósmica.
Num certo sentido, nós, todos os seres
humanos, somos um visitante aqui.
Por um lado, nós somos parte da Terra,
um ser físico como os animais e as plantas.
Mas, ao mesmo tempo, nós vimos à Terra
para trazer algo mais, um modo de ser totalmente novo.
Nós temos a liberdade, o livre-arbítrio.
Nós podemos nos desenvolver, podemos
canalizar Luz para a Terra, algo que dá um novo impulso a toda a vida aqui.
Sintamos, por um instante, a interacção
entre seres humanos e a natureza dentro dessa árvore.
Sintamos que essa árvore gosta e fica
feliz com a nossa presença, pois esta põe algo em movimento, que é simplesmente
o fluxo do amor.
É isto que nós somos na verdade, e que
afecta profundamente a árvore.
Nós podemos perceber isto facilmente no nosso
próprio ambiente, no nosso jardim, nos nossos animais de estimação.
Quando interagimos intimamente com eles,
eles nos dão algo em troca.
Escolhamos um animal que deseja vir até nós
para esclarecer alguma coisa.
Permitamos que ele surja em nossa
imaginação.
Um animal deseja vir a nós para nos ajudar
a nos sentirmos bem e seguros na Terra e bem conectados com o solo sob os
nossos pés, de modo que estejamos prontos para nos expressarmos com segurança e
confiança.
O animal conhece essa segurança, esse
refúgio.
Por natureza, ele é uno com a Terra, e
não tem dúvidas sobre seu direito de existir.
Ele simplesmente existe, vive, respira e
cresce.
Entre, com nossa consciência, nesse
animal.
Permitamos-mos fundir com ele,
facilmente.
Sintamos por uns instantes, a ausência
dos processos de pensamento nesse animal.
Ele não é atormentado pelo pensamento
excessivo do jeito que os humanos são.
Sintamos como a natureza flui sem
esforço através desse animal.
Recebamos o que precisamos, tudo o que nos
sensibilize nesse animal.
Sintamos o quanto ele nos aproxima da
Terra.
Sintamos a pureza, a integridade desse
animal.
Percebamos o que o animal sente a
respeito da nossa vinda aqui, e como fundimos a nossa energia com a dele.
Sintamos que a nossa energia é
bem-vinda, que ela sensibiliza algo no animal, que lhe faz bem, e lhe dá um
impulso.
Há uma interacção entre nós dois.
O que esse animal nos pede é que nos
familiarizemos com as energias da natureza para que comecemos a nos sentir em
casa na Terra, e saibamos que há um lugar aqui para nós; e, para colocar isto
em termos mais fortes, que os reinos da natureza estão esperando por nós.
Gaia quer ser inspirada pela energia que
nós trazemos.
Em troca, quer receber-nos, de modo que nos
tornemos parte da sua totalidade.
Nós somos muito bem-vindos aqui.
Gaia é grata por nossa coragem e
perseverança.
Estamos nos movendo em direcção a uma
nova era na Terra.
Nessa nova era, é essencial que os seres
humanos e a natureza voltem a trabalhar juntos a partir de uma conexão
interior.
Tudo tem consciência e cada um deseja
cooperar com os outros.
É assim que deve ser.
Toda criatura natural sente que faz
parte do todo.
O desejo mais profundo de Gaia, é que nós
também saibamos que fazemos parte do todo aqui na Terra; que vivenciemos nosso
Lar, não apenas como um Lar de origem cósmica, mas junto com todas as criaturas
vivas ao nosso redor.
Celebremos a vida com tudo que existe
aqui.
Esta é a grande tarefa que se encontra
diante da humanidade hoje.
E isto levará a Terra à realização e
transformará todos os humanos em seres alegres e inspirados.
Gratidão,
Luís Barros