No nosso coração existe uma chama, uma
inspiração, um desejo e, inclusive, um conhecimento de que esta é a vida e o
momento nos quais nós queremos incorporar a nossa Luz Crística aqui na Terra.
Nós esperamos um longo tempo por esta
oportunidade.
Nós vimos carregando esta pequenina
centelha dentro de nós através de inúmeras vidas, e agora sentimos que uma nova
oportunidade chegou.
Um dos motivos de termos desejado nascer
na Terra nesta época foi a promessa de que a centelha se tornaria uma chama
claramente visível para nós mesmos e para os outros.
O desejo que nos traz aqui é o de
formar, de algum modo, um canal para que a energia divina da nossa alma possa
se expressar nesta vida na Terra.
Nós desejamos ser transportados pelo
canto da nossa alma; desejamos lembrar quem somos além daquilo que moldou a
nossa vida na Terra a partir do exterior.
Nós, como todo ser humano, adquirimos
opiniões e crenças sobre nós mesmos durante a nossa criação; absorvemos ideias
e imagens dos nossos pais, familiares, colegas, escola, etc… E começamos a
desempenhar determinados papéis sem questioná-los, e logo desenvolvemos algo
chamado “personalidade”, um conjunto de hábitos, comportamentos e pensamentos.
Mas, em algum ponto no decorrer do nosso
crescimento, alguma outra coisa nos desperta.
No começo não é nada além de um
sussurro, uma lembrança que não conseguimos localizar; um conhecimento de
que somos mais do que é determinado pelo mundo exterior a nós.
Existe algo mais profundo, uma camada
que não pode ser contida e compreendida pelo intelecto humano.
Aí se encontra a nossa essência, aquilo
que precede e sobrevive à esfera terrena – nossa alma.
Quando a nossa alma encarna na Terra,
ela já adquiriu uma história.
A alma carrega em si todo tipo de
impressões de outras vidas e experiências no Cosmos.
Ao nascer, nós não somos uma página em
branco; nós já desenvolvemos sabedoria através de nossas experiências prévias; nós
vimos a esta vida com algo para doar.
Ao nascer, nós já somos uma flor única.
E o propósito da vida é realmente tornar
essa flor viável e visível; é levá-la ao desabrochar pleno e radiante.
Entretanto, devido às influências
adquiridas durante a nossa juventude, nós podemos ser afastados desse progresso
por muito tempo.
Nós tentamos nos ajustar ao que é
exigido de nós, e essa adaptação geralmente traz dor porque com isso nós nos
privamos do nosso desenvolvimento natural.
Forças externas podem ser muito
coercivas e decisivas para nós.
Todos que estamos lendo isto agora
desejamos nos libertar dessas forças.
Pressões vindas do ambiente em que nós vivemos
tentam influenciar-nos, definir-nos e manter-nos sob controlo, mas como uma
borboleta emergindo do seu casulo, nós procuramos nos libertar dessas forças
externas.
E o que nos leva a fazer isso?
Uma lembrança, um sussurro, uma
sabedoria, que no começo são muito subtis e não conseguem encontrar realização
no mundo visível, apenas nas profundezas do nosso ser.
Lá dentro, nós ainda ousamos sonhar; lá
dentro, nós às vezes sabemos claramente quem somos.
Algumas vezes, nós literalmente viajamos
para o Lar nos nossos sonhos durante a noite, para beber de uma fonte tão viva,
tão familiar e tão pura.
Quando estamos lá, nós não podemos
imaginar como podemos ter-nos esquecido… entretanto é assim que é.
Nós nos perdemos na nossa vida na Terra
principalmente porque o medo, o julgamento e a negatividade ainda prevalecem no
mundo.
Devido à nossa própria impotência, os
pais e professores geralmente não ensinam as nossas crianças a ter confiança em
si mesmas e nos seus recursos internos – perdoemos-los por isso.
Eles também foram presas dessas
influências mundanas; eles sucumbiram, em parte, às ilusões que prevalecem na
Terra.
Mas nós viemos aqui para destruir essas
ilusões, e isto faz de nós um Trabalhador da Luz, um indivíduo que deseja
ajudar a mudar a consciência na Terra, para que as pessoas possam voltar a
acreditar em sua própria força exclusiva – a alma, que transcende a nossa
personalidade terrena – e transformá-la numa canção.
Nós somos corajosos!
Por um lado, nós fomos feridos pela
perda do nosso caminho nesta realidade, e esta experiência dolorosa tornou-se
parte do nosso caminho na vida.
Mas, por outro lado, nós também encontramos
o caminho para o nosso interior, ao ouvirmos os sussurros da nossa alma.
Às vezes é difícil confiar realmente,
porque somos influenciados pelos velhos pensamentos que nos fazem sentir pequenos;
e pelos sentimentos de incerteza e dúvida.
De facto, quando criança, nós aprendemos que
esses sentimentos eram correctos e verdadeiros: “mantenha-se pequeno; não se
destaque; não aja de forma estranha; não pense além das normas; adapte-se; seja
um bom cidadão; seja um bom parceiro e um bom pai ou mãe; seja responsável…”.
Todos esses valores, supostamente
elevados, muitas vezes nos mantêm pequenos e exigem que escondamos a nossa
originalidade.
Mas, uma vez que comecemos a dirigir-nos
para o nosso próprio interior, nós não podemos mais voltar atrás, não conseguimos
mais ignorar a nossa singularidade, nossa força, o facto de sermos diferentes,
e isto nos inspira medo: “Se eu seguir a voz do meu coração, o grito da minha
alma, não me tornarei um marginal? As pessoas não se afastarão de mim? Quem me
amará, quem desejará aceitar-me então? Será que ainda serei bem acolhido?”
Reflictamos primeiro sobre quem somos:
essa outra parte que deseja se mudar do caminho batido, que continua a querer
voltar-se para dentro, que se lembra de algo, que sente uma saudade, um anseio…
sintamos a energia desse “Eu”, dessa outra parte de nós.
Damos-lhe as boas-vindas à Terra e sintamos
o poder e a sabedoria dessa nossa parte.
É a nossa alma que fala e que tem dado toques no nosso ombro durante toda a nossa vida, implorando por nossa atenção.
A alma nunca fala com coerção ou
julgamento, com severidade ou ameaças, como falam as vozes das autoridades.
A alma sussurra, convida, fala com
alegria: “Isto não seria bom? Não seria maravilhoso e inspirador fazer isto?”
Muitas vezes nós temos medo de ouvir
essa voz: “Será que pode mesmo ser assim? Será então que eu posso simplesmente
fazer e aproveitar o que eu realmente gosto?”
A alma fala uma linguagem totalmente
diferente daquela com a qual nós estamos acostumados.
A alma não é nenhum poder externo fazendo
exigências; a alma serve-nos.
Isto parece estranho aos nossos ouvidos,
porque nós estamos acostumados a pensar: “Eu devo servir a minha alma, a minha
parte mais elevada.”
Mas a nossa alma nos serve também; ela
quer brilhar através de nós, elevar-nos, trazer-nos para o Lar, inspirar-nos a
fazer o que realmente queremos para sermos feliz na Terra como ser humano.
Convidemos a energia alegre da nossa
alma para nós.
Façamos isto agora.
Permitamos que ela nos envolva, sintamos
a sua suavidade – nada de compulsão, nada de exigências – apenas o sentimento
de ser acolhido de um modo muito profundo.
Permitamos-mos sermos recebidos pela nossa
alma, e sintamos a presença dela no nosso corpo como uma capa de Luz radiante.
Então, perguntemos à nossa alma: “O que
é importante que eu saiba agora? O que eu preciso saber de você neste momento?”
E sintamos sua resposta.
Não é preciso escutá-la com palavras.
Percebamos que tipo de sentimento, que
tipo de humor a nossa alma deseja-nos transmitir.
Abandonemos todos os pensamentos sobre
como uma alma deveria falar e nossas ideias sobre superior e inferior.
Nossa alma é a própria vida!
É a força vital natural, e sabe onde o
equilíbrio é necessário… ou um ritmo diferente… e quer-nos oferecer isso de bom
grado.
Se sentirmos essa energia da alma fluir
ao nosso redor e através do nosso corpo, observemos também o que pode estar
bloqueando esse fluxo em determinados pontos.
Existe algum lugar na nossa aura, ou no nosso
corpo, onde a Luz não consegue fluir livre e completamente?
Então, vamos para o local que se
sobressai como sendo o mais bloqueado.
Não façamos julgamentos sobre isso; sejamos
como a alma, observemos-la simplesmente, levemente, com suavidade e abertura.
Vejamos a necessidade nesse ponto do nosso
campo energético ou do nosso corpo, e saibamos que não é preciso falar sobre
isso nem o explicar em palavras; simplesmente permitamos que o que for
necessário flua para esse local.
Existe um desejo maior de estarmos no
Lar – o lugar onde podemos sentir a realidade de quem somos – e trazer esse Lar
para a Terra.
É para isto que estamos aqui!
Sintamos como é boa e verdadeira essa
intenção!
Como vamos fazer isso e que forma ele
terá exactamente é secundário.
Esse desejo é a voz da nossa alma.
Nossa alma deseja manifestar-se mais
clara e plenamente na nossa vida.
Sintamos como a nossa alma nos é
familiar – a leveza e a tranquilidade dela.
Essa é a voz do amor.
Os “deves”, o peso, a pressão, o dever,
são as vozes do medo, as vozes que vêm de fora de nós mesmos.
A voz da nossa alma vem do nosso
interior e, algumas vezes, fala tão baixinho e suavemente, que nós não a escutamos.
Ou sussurra gentil e serenamente: “É tão
simples, não é?”
E é simples assim!
A essência da vida é descomplicada e
leve.
Dizemos a cada um de nós: tenhamos
respeito por nós mesmos, por nossa força, pela coragem que temos demonstrado
até agora.
Não nos convém julgarmos a nós mesmos,
fazermos-nos pequenos nem nos criticarmos, embora tenhamos aprendido que fazer
essas coisas é bom ou sensato.
Tentemos aprender a ter respeito por nós mesmos
e a valorizar a nossa própria coragem e força.
Isto nos convém; isto abre o nosso canal
para quem realmente somos.
Gratidão,
Luís Barros