Imaginemos a sua energia como um sol.
Pensemos no Sol real, essa imagem
radiante de vida e força.
Podemos também ver o sol como uma
metáfora, como uma imagem de nós mesmos, do nosso próprio ser e alma.
Focalizemos a nossa consciência, por
alguns instantes, no centro do Sol e penetremos-lo com a nossa imaginação – façamos
isso muito calma e tranquilamente.
Sintamos o poder incomensurável do campo
de energia que é o Sol e sintamos-nos no centro desse imenso vulcão de energia.
Sintamos o silêncio e a tranquilidade
que existe aí e a natureza espontânea dessa radiação que ocorre por si mesma: o
Sol irradia sua luz para fora sem esforço.
Descansemos, rodeados pela luz, no
centro do Sol, e sintamos como é natural e correcto que sejamos carregados por
essa fonte de poder.
Essa luz está aí para nós, porque, na nossa
essência, nós mesmos somos um sol.
Permitamos-nos relaxar e mergulhar nessa luz.
Deixemos essa luz envolver-nos de um
modo suave, amoroso, fluido, carinhoso, sem queimar-nos nunca.
Permitamos que essa luz flua através de nós
completamente e relembremos-nos de quem somos: uma alma, um sol, uma estrela em
todas as células do nosso corpo.
Permitamos que cada célula do nosso
corpo seja preenchida por essa luz curadora do nosso sol-alma.
Na nossa vida diária, nós podemos
encontrar o centro desse sol, o nosso próprio núcleo central, sempre que
retornarmos ao Agora, trazendo a nossa atenção totalmente para o momento
presente.
Se estivermos ocupados com o passado ou
o futuro, nós saímos do nosso centro e perdemos a conexão com a nossa fonte de
luz – aquela que nos sustenta.
Mas o que é a realidade do Agora?
No momento em que falamos dele, ele já
passou.
O Agora não é um minuto, nem um segundo;
ele realmente não pode ser considerado uma unidade de tempo.
O Agora foge de nós quando desejamos
determinar o que ele é.
Não existem fronteiras limitadoras para
o tempo que está no Agora.
O Agora desafia as formas comuns de se
raciocinar.
Num sentido terreno, nós podemos
calcular o tempo e contá-lo – existem 24 horas num dia, 60 minutos em uma hora,
7 dias em uma semana, etc… Esta forma de ver o tempo não é natural para o
espírito humano.
O Agora é livre do tempo – que unidade
de tempo pode descrevê-lo?
A mente humana não pode conter nem
entender o Agora, porque este não está sujeito à lógica do pensamento, embora
seja bem compreensível para os nossos sentimentos.
Nós sabemos o que é perder totalmente a
noção de tempo, num instante de prazer, por exemplo.
Provavelmente houve momentos em que
vivenciamos algo maravilhoso e, ao mesmo tempo, percebemos o quanto esse
momento era especial.
Estávamos conscientes e completamente
abertos à experiência que ressoava e fluía através do nosso corpo, alma e
sentimentos.
Quando isso acontece, nós somos um com a
experiência e um com o Agora – nós somos o Agora!
Quando estamos no Agora, estamos também
no centro do nosso sol, da nossa alma, e todas as mudanças ocorrem a partir
desse nosso núcleo central interno.
Hoje nós falamos sobre medo e como nos sentimos
ansiosos quando estamos fora do nosso âmago, longe do nosso centro.
O medo também está ligado ao pensamento
relativo ao tempo calculável – passado e futuro: “O que vai acontecer? O que
vai dar errado?”
Antecipar o futuro com base no medo é
muito humano, mas só pode acontecer quando saímos do nosso centro, do nosso
Agora.
Estar no Agora significa que todas as nossas
forças interiores se unem e tornam-se integradas, e nós conseguimos isto
estando completamente presente no nosso corpo, alma e sentimentos.
Falamos um pouco mais sobre o conceito
de tempo e como ele pode intimidar-nos e assustar-nos.
Nas últimas décadas houve muitas
previsões a respeito de certas datas que se encontram no futuro.
Nesse caso, o tempo é visto como uma
espécie de linha que corre do presente em direcção ao futuro e, nessa base,
determinados eventos se tornam fixos.
Ao aceitar essa visão do tempo, somos
capazes de nos prepararmos para acontecimentos vindouros, podendo fazer isso a
partir do medo ou da confiança.
Mas será que essa é uma imagem
verdadeira?
Será que o futuro é realmente uma linha
recta onde as coisas são fixadas no lugar?
Será que o futuro é a soma total de
todas as horas, dias e meses que se encontram adiante de nós?
Ou será que este é um modo absolutamente
limitado de ver o tempo e o futuro?
Nós sabemos que há muito mais na vida do
que apenas o que é visível no mundo.
Nós vemos a forma das coisas – o corpo
das pessoas, as árvores, os animais, ou as plantas e pedras – mas intuímos que
existe algo dentro de todas elas que não é visível aos olhos nem perceptíveis
aos sentidos físicos.
Nós sentimos que há algo misterioso ali,
uma vida interior que cria um indivíduo único ou uma coisa única.
Nós sabemos que precisamos perceber mais
profundamente do que ver apenas a superfície das coisas, e conhecer também a
alegria que se sente ao penetrar o mundo interno dessas coisas, o qual está
também dentro de nós mesmos.
Essa é a vida real; essa é a realidade
das coisas.
O exterior é apenas uma manifestação
desse mundo interior.
O que dizer do tempo, então?
Se nós percebermos o tempo como uma
linha de unidades ou espaços quantificáveis – dias, semanas, meses, anos – nós
só estaremos vendo o tempo a partir de fora; sob a perspectiva daquilo que se
pode medir com um relógio ou uma régua.
Mas o tempo visto de dentro, como uma
experiência, é algo bem diferente.
Essa perspectiva interior torna-se
evidente quando consideramos o conceito de Agora.
O conceito de Agora não pode basear-se
no relógio nem no calendário; ele se baseia na nossa presença consciente, na nossa percepção.
De acordo com o nosso sentido interno de
tempo, o tempo pode passar muito rápido ou muito devagar, independentemente do
tique-taque do relógio.
O “tempo interior” pode permanecer
parado quando estamos felizes ou se alongar indefinidamente quando estamos
aborrecidos; o tempo interior flui de acordo com a maneira que experimentamos
as coisas.
E o que dizer do futuro e do passado?
Qual é a realidade deles quando vistos a
partir do interior e não de fora?
Imaginemos mais uma vez, por um
instante, que estamos no núcleo do sol da nossa alma, em cujo centro imóvel não
existe tempo… existe apenas eternidade.
Embora haja movimento na forma dos raios
que se irradiam para o exterior, existe uma essência primordial que
simplesmente está sempre lá.
Nós podemos chamá-la de consciência de
Deus, se quisermos, mas ela é a Vida Eterna, e está dentro de nós, no fundo do nosso
centro.
Um sol irradia raios.
Imaginemos que estamos presentes nesses
raios que se irradiam do nosso sol sem nenhum esforço.
Por meio desses raios, nós podemos nos
manifestar em várias vidas e estarmos em qualquer lugar do universo.
Poderíamos dizer que cada raio é uma
vida no tempo e espaço, na qual tomamos uma forma específica: a de um corpo.
Nós temos experiências nesse corpo; ele
tem um começo e um fim; ele nasce e morre; ele é mortal.
Ao vivermos em tal corpo, focados no
tempo, nós nos tornamos biologicamente conscientes do conceito de tempo e vivemos
sob a influência do mesmo.
Nós começamos a ver as coisas em termos
de finito, mas a nossa verdadeira essência está no centro do nosso sol, e nós,
sendo esse sol, irradiamos incontáveis raios que são possíveis manifestações de
nós no futuro – potenciais de vidas e expressões de nós mesmos.
O futuro não é fixo; embora toda a linha
de tempo seja uma possibilidade muito real no Agora, nós escolhemos activar uma
e torná-la real no nosso mundo.
Vejamos também o passado deste modo por
um momento.
Nós pensamos que só existe uma linha de
tempo que corre do passado para o Agora, mas visto do ponto central do nosso
sol, isso não é assim.
Atrás de nós se encontra uma vasta gama
de linhas de tempo, algumas das quais foram activadas por nós e nossas
escolhas, e muitas outras permanecem latentes, por assim dizer, mas podem ser activadas
em algum momento do nosso futuro.
O passado não é fixo e “acabado”; nós
podemos recriar o passado reinterpretando as experiências que tivemos,
interagindo com ele no presente.
Isto é possível porque o passado não é algo
que está fora de nós, não é um ponto em uma linha.
Supomos que nos sintamos afligidos por nosso
relacionamento passado com a nossa mãe ou pai; que sintamos que não fomos
reconhecidos pelo que éramos e que tenhamos sentido medo e falta de segurança
nesse relacionamento.
Nós acreditamos que a nossa vida tenha
sido determinada pelo passado e nos sentimos uma vítima por causa disso.
Sentimos que nos tornamos o que somos hoje,
em parte devido aos nossos pais, como um produto da nossa criação.
Mas suponhamos que, no decorrer da nossa
vida, nos aprofundemos na nossa consciência através do processo de crescimento
interior.
Nós fazemos a conexão com a nossa alma e
penetramos naquilo que somos no nosso âmago – o sol no nosso interior.
Através desse processo, formamos uma
perspectiva muito mais ampla da nossa vida.
Agora vemos os nossos pais no contexto
do passado deles, por exemplo, e percebemos a impotência deles e suas imagens
de medo e convicções negativas.
O perdão se instala em nosso coração.
Esta perspectiva mais ampla ajuda-nos a
gradualmente nos sentirmos menos vítima dos nossos pais.
Além disso, começamos a ver que existe
uma parte nossa que nunca foi realmente tocada pelo que nos aconteceu, uma
parte que permaneceu inteira e ilesa.
Nós sentimos, cada vez mais, a nossa
autonomia e independência.
E quanto mais nos conectamos com o ponto
central do nosso sol interior, durante a nossa vida, mais facilidade temos para
deixar ir o passado, como o relacionamento com nosso pais, por exemplo.
O modo que experimentamos esse
relacionamento foi apenas um raio, uma linha de tempo possível.
Ao mudar a nossa percepção de quem nós realmente
somos, nós podemos nos deslocar para outra experiência de passado e para outra
linha de tempo.
Nós estamos, então, aptos a olhar para o
relacionamento com os nossos pais a partir da perspectiva da alma, da qual não
estávamos conscientes quando criança.
Como nós agora estamos mais no nosso
núcleo central, somos mais capazes de perceber os nossos pais sob uma luz
diferente, de um modo mais amável e complacente.
Nós podemos explicar para a nossa
criança interior como certas experiências dolorosas nos ajudaram a crescer e
como os nossos pais estavam inconscientes da dor que nos infligiam.
A nossa consciencialização presente
recria o passado ao libertar a energia interna que foi aprisionada por ele.
Nós estamos literalmente recriando uma
nova linha de tempo no passado, que vai afectar o nosso relacionamento actual
com os nossos pais.
Eles sentirão uma diferença em nós e, se
eles estiverem abertos para isto, o relacionamento entre nós mudará para melhor.
Nós abrimos o nosso passado através da nossa
nova percepção e assim criamos uma nova linha de tempo na qual existe mais
compreensão e amor.
Esta é uma possibilidade real.
Com a nossa consciência, nós podemos
abrir o tempo.
O tempo não é fixo e fechado atrás de nós:
o passado não está realmente acabado.
O que quer que nós tenhamos vivenciado
no nosso passado – mesmo que tenha havido acontecimentos traumatizantes que nos
influenciaram profundamente – existem aberturas disponíveis no presente para nos
trazer conforto, amor e encorajamento nesse passado.
O passado é como os inúmeros raios de
sol que saem do nosso âmago, com os quais nós ainda podemos fazer uma conexão,
se formos para o centro do Sol.
Nós podemos recriar o nosso próprio
passado – esclarecê-lo e iluminá-lo – olhando com mais compreensão para quem éramos
e para as pessoas que estavam ao nosso redor.
Ao fazermos isto, simultaneamente recriamos
o passado e, ao mesmo tempo, criamos um novo futuro, porque lançando luz ao
passado e alterando a energia que trazemos de lá, activaremos um futuro mais
brilhante para nós mesmos.
Nem o passado nem o futuro são fixos; nós
podemos influenciar os dois a partir do momento do Agora e podemos fazer isto
de forma mais intensa e poderosa quando estamos no nosso centro, ou seja,
quando estamos conectados com a nossa alma.
O instante em que estamos no Agora é uma
experiência – um momento criativo, vivo – e não um traço numa régua nem um
ponto numa linha de tempo.
Da fonte do Agora nascem todas as linhas
de tempo.
O Agora é onde nós nos encontramos no
momento presente – onde nós estamos com atenção total é o Agora.
No momento em que estamos atentos a esta
parte mais iluminada e presente em nós – nosso âmago, nossa essência, nossa
alma, nossa consciência – nós irradiamos a partir desse sol-centro para nosso
passado e nosso futuro e tudo se junta.
O tempo não é uma linha recta; nós podemos
visualizá-lo melhor imaginando uma intrincada teia de aranha tridimensional,
espalhando-se em todas as direcções, tanto para o passado quanto para o futuro.
E o que nós podemos fazer com este
conhecimento actualmente, na nossa vida diária?
Nós podemos nos consciencializar da nossa
própria força e potencial.
Tudo está dentro da extensão do nosso
poder, tanto o passado quanto o futuro.
Não existe nenhum poder fora de nós;
nenhum poder que determine o nosso futuro ou diga o que nós devemos ser – nada
é determinado.
Nós somos o criador sempre, e a cada
momento.
Neste sentido, nós somos o senhor do nosso
próprio passado e do nosso próprio futuro.
Se permanecermos no nosso centro, nós podemos
atear-nos a essa consciência, essa fonte de luz.
Na concretização contínua dessa fonte,
está nossa confiança, bem como nossa segurança e entrega.
Se estivermos no centro desse sol, nós sabemos
que podemos entregarmos-nos a ele – isto, para nós, é evidente e natural.
Entretanto, uma vez que comecemos a
pensar “Como posso escapar do meu passado terrível? Como posso criar um futuro
neste mundo tão cheio de medo e ameaça?”, nós já estamos fora do nosso centro.
A arte deste processo transformador é
voltar para o nosso âmago, nosso centro, e não querermos solucionar problemas
através do raciocínio, mas a partir do nosso núcleo central, do centro do nosso
sol, do Agora – onde não existe nenhum tempo!
Este é o Lar onde nós é quem realmente somos,
e onde não existe nada fora de nós que possa determinar o nosso destino ou
afastar-nos dele.
Imaginemos-nos no centro desse sol
brilhante que somos.
Nós nos sentimos uno com a luz e a força
que existe aí, e isto não nos exige nenhum esforço porque esse sol já existe no
nosso interior.
Agora imaginemos que, em algum ponto
dessa teia de raios que se irradiam do nosso sol, existe uma linha de tempo do nosso
passado que precisa vir mais para a luz.
Não é necessário sentirmos nem vermos
nada de concreto, simplesmente imaginemos que a luz do nosso sol preenche
facilmente essa viela escura do nosso passado.
Pode ser que não consigamos reacender
completamente a luz aí, mas a luz já está fazendo uma conexão com essa linha de
tempo do passado, e assim podemos voltar a ela quando desejarmos.
Digamos a estes eventos passados que
agora estão envolvidos pela luz do nosso sol: “Tudo que precisa receber Luz,
recebe essa Luz de mim. Antigas dores e traumas que desejam ser resolvidos e
libertados podem agora vir para a minha Luz.”
Abandonemos todo o apego a esses
acontecimentos passados; eles não definem quem somos; nós não somos a escuridão
que percebemos lá – nós somos a Luz!
Nós – funcionando a partir do centro do nosso
Sol – somos o libertador e curador do passado e, assim, o criador do futuro.
Agora vamos para o futuro.
O futuro se estende ao nosso redor como
uma imensa teia de aranha tridimensional com muitos fios, e nós estamos no
centro dela.
O futuro não é algo que vem a nós de
fora.
Os fios da teia brotam do nosso coração;
eles são tecidos sem esforço pelos constantes pensamentos e sentimentos que nós
temos.
Os estados de espírito, entre os quais nós
oscilamos, criam incontáveis possibilidades de linhas de tempo.
Nós não temos que fazer nada para que
isso aconteça – isso simplesmente acontece porque nós somos o sol que não pode
deixar de irradiar para o exterior.
É nossa natureza sermos um Criador.
Agora, peçamos ao futuro, peçamos a essa
teia de linhas de tempo para nos mostrar qual é a linha mais brilhante para nós
neste momento.
Perguntemos: “O que devo enfocar agora?
No que devo-me concentrar? Que direcção devo tomar agora para entrar num futuro
radiante e belo? Do que preciso-me consciencializar agora, neste momento?”
Chegará um estímulo vindo do centro
desse sol que nós somos, então simplesmente fiquemos abertos a isso.
Nossa alma deseja tranquilizar-nos e
encorajar-nos a nos conectarmos com um futuro lindo e poderoso que já está
latente dentro do nosso ser.
Percebamos como esse futuro chega para nós
sem esforço; não precisamos lutar ou trabalhar para isso.
Mantenhamos-mos no Agora.
Sintamos no nosso coração como a energia
desse futuro belo e brilhante já é uma parte de nós – deste modo, ele será atraído para nós
com mais facilidade.
Sintamos esse belo futuro no nosso
coração e despertemos-lo simplesmente regozijando-nos nele.
Estejamos abertos para a nossa vibração
maravilhosa.
Convidemos-lo para entrar no nosso
coração e em nossas mãos.
E através de nossas mãos abertas, deixemos-lo
fluir para toda a Terra.
Deixemos que ele aconteça – ele criará
raízes naturalmente.
Tenhamos confiança no nosso futuro e
sintamos o nosso poder solar no fundo do nosso ser.
Sintamos-lo no nosso coração, sintamos-lo
no nosso abdome, sintamos-lo nas nossas pernas.
Permitamos-nos que esse poder solar se
ancore na terra através dos nossos pés.
Gratidão,
Luís Barros