21 de junho de 2020

O CICLO DAS ESTAÇÕES

É a voz da Terra que nos fala a partir do solo sob os nossos pés.
Fala do coração do Inverno, que é uma estação do ano que nos traz muitas coisas, embora nem sempre acreditemos nisto.
No Inverno, há um recuo da força vital para o núcleo.
A estação do Inverno gira em torno desse núcleo, o centro de luz dentro de nós, o fogo que arde nas profundezas do nosso ser, o poder do Espírito no nosso interior.
No Inverno, os exteriores caem, os galhos ficam nus, a vida se recolhe aos troncos e raízes, e há silêncio e tranquilidade na natureza.
Mas este silêncio, este vazio e aridez não são desprovidos de vida e nem de alma – sintamos-los.
Quando caminhamos pela floresta ou pelos campos, a vida está lá – invisível, mas tangível.
A vida se recolhe ao centro onde ela junta forças para florescer novamente na Primavera.
Esta reunião de forças, com a finalidade de organizá-las de novo, acontece num ciclo que se repete infinitamente: Inverno, Primavera, Verão, Outono e Inverno outra vez.
Este ciclo também ocorre na nossa vida.
Há momentos em que a energia da nossa alma na Terra se manifesta inteiramente; momentos em que a luz do nosso coração se conecta com esta realidade e nós expressamos o que somos.
Pensemos num momento como este do nosso passado.
Perguntemos a nós mesmos: “Que momento do meu passado significou para mim uma expressão completa de quem eu realmente sou? No que, onde e com quem eu me permiti ser visto tão plenamente? Em que lugar minhas energias fluíram bem e completamente?” 
Dentro de um ciclo completo, esse é o momento de expandir, de irradiar, é o tempo do Verão.
Depois, a segunda fase do ciclo é a energia se recolhendo, a fim de se reorganizar e reflectir sobre si mesma.
Em seguida, o ciclo move-se novamente para um nível subsequente de maior expansão, de modo a expressar ainda mais plenamente a alma na Terra.
Assim, nós nos encontramos num ritmo constante de expansão e contracção – um retorno ao centro para depois podermos voltar a nos estender para fora e sermos nós mesmos alegremente e compartilhar o nosso ser com o mundo.
Agora, sintamos esse centro interno para o qual nos recolhemos.
Existe um lugar no nosso abdome, logo abaixo do umbigo, onde podemos sentir a nossa “humanidade”, aqui e agora, no âmago do nosso ser encarnado.
Mergulhemos nesse ponto e, a partir daí, sintamos a força primordial que vive dentro de nós.
Nosso coração pertence ao nosso Ser Angélico – nosso Eu-Superior – enquanto nosso abdome é o local do “coração palpitante” do nosso aspecto humano.
Nosso objectivo, nesta vida, é conectarmos-nos com este ponto no nosso abdome.
É somente aí que encarnamos na Terra e nos tornamos plenamente humanos, porque é só a partir daí que a nossa Luz realmente faz uma conexão profunda com a realidade terrena.
Façamos contacto com o fluxo de energia do nosso abdome, permitindo que a nossa respiração se aprofunde dentro dele para sentir a vida que ali reside.
Sintamos como esse fluxo de energia está conectado com o nosso poder criativo, com a vitalidade do próprio corpo e, inclusive, com a nossa sexualidade.
Mergulhemos profundamente no nosso abdome e desapeguemos-nos do mundo exterior por um momento.
Sintamos como está havendo uma reunião de forças aí, que nos capacitam a começar um novo capítulo da nossa vida na Terra, e nos oferecem exactamente o poder e os talentos que precisamos agora para nos expressarmos mais plenamente neste planeta.
Conversemos com esse poder.
Permitamos-nos sermos abraçados por esse poder imenso que se encontra no nosso abdome e pelo nosso aspecto humano.
Sintamos como, nesse lugar, nós estamos profundamente conectados com Gaia e com o seu núcleo – o centro da Terra.
Sintamos o quanto estamos conectados!
Agora, pensemos num medo que enfrentamos frequentemente na nossa vida diária.
Onde e do que temos medo?
Nomeamos-lo para nós mesmos: é medo de sermos rejeitados?
De sermos julgados?
De ficarmos sozinhos?
Então sintamos como esse medo gravita ao nosso redor, especialmente em volta dos ombros e cabeça, porque o medo se liga fortemente ao pensamento.
Medos são alimentados e crescem através do pensamento.
Nossos pensamentos muitas vezes são de pânico e falta de confiança.
Sintamos, por um momento, como o medo não se relaciona verdadeiramente com alguma coisa no mundo exterior, mas tem origem na nossa própria mente e sai do nosso próprio ser.
Imaginemos agora que contemos esse medo como uma nuvem de energia escura, e com as nossas mãos guiamos essa nuvem de energia para aquele ponto imóvel, silencioso, no nosso abdome; para a corrente de poder que flui tranquila e confiantemente aí dentro de nós.
Vejamos como o nosso abdome recebe e saúda o nosso medo de uma forma muito neutra.
Sintamos as forças elementares da natureza no nosso abdome.
Nós somos maiores do que esse medo – confortemos-lo.
Deixemos o medo ver o quanto nós somos realmente fortes e como fazemos parte da Vida Eterna.
Nós estamos encarnados na Terra agora e somos de carne e osso.
O nosso corpo é um lar sagrado que animamos com a nossa própria Luz, e a nossa essência é eterna, independentemente da forma que ela tome.
Sintamos a serenidade da nossa força sem paralelos, e então vejamos e saibamos que o medo permanece na periferia, não no centro.
Deixemos o medo circular ao nosso redor, enquanto voltamos ao nosso centro, ao conhecimento interior mais profundo, que nos pertence: “Eu sou bom; eu sou aceite aqui, sou belo do jeito que sou.”
Gaia, nos reconhece e nos saúda como o Anjo que somos.
Confiemos nos seus poderes e confiemos nos instintos do nosso corpo.
Neste Inverno, tomemos um tempo para nos recolhermos e criarmos o maior vazio interior que pudermos.
Permaneçamos nesse espaço silencioso e percebamos o que desejamos do nosso âmago; o que desejamos manifestar na Terra, e sintamos que temos a força para nos elevarmos acima dos nossos medos.
Quando nos consciencializarmos dos nossos medos, isto será o sinal de que estamos prontos para transcendê-los.
Se os nossos medos se tornarem perceptíveis, é porque a consciência está pronta para recebê-los com compaixão – o momento é propício.
Não tenhamos medo dos nossos “medos” e quando o medo chegar, invoquemos o nosso poder mais profundo, o nosso centro.
O medo faz com que consigamos sentir o nosso centro, portanto sejamos simpáticos com o medo.
Nós vivemos num mundo de dualidade – ao lado da parte mais escura, a luz mais brilhante está sempre presente.
Elas chamam uma à outra, e juntas formam uma dança.
Na nossa vida terrena, sempre existe o ciclo de nos voltarmos para o interior e nos expandirmos para fora, indo novamente para dentro e em seguida para fora.
E todas as vezes que nos voltamos para o nosso interior, nos aprofundamos um pouco mais no escuro, para que mais da nossa Luz possa fluir para o exterior.
Nas profundezas do nosso ser, a luz e as trevas estão actuando juntas nessa dança.
Honremos essa dança, pois é assim que a energia da vida funciona na Terra.
É uma alternância entre ir para o interior e se expandir para o exterior, entre luz e sombra.
Portanto respeitemos a sombra como parte da vida.
Assim como a árvore perde sua folhagem esplêndida para voltar-se totalmente para dentro, nós também fazemos algo muito semelhante nas estações da nossa vida.
Ao nos voltarmos para o nosso interior, nos conectamos com a nossa dor, com nossas perdas e tristezas, por um tempo.
Mas este é também um belo movimento, no qual a conexão nos ajuda a nos aproximarmos de nós mesmos, para penetrarmos mais profundamente no âmago de quem realmente somos.
Aceitemos este processo, pois a escuridão é o caminho que nos leva à Luz.
Elas são os dois elementos que estão dançando juntos.
Não detestemos as nossas partes mais sombrias, porque elas nos impulsionam para a frente.
Elas fazem com que a nossa Luz encarne cada vez mais profundamente.
Acolhamos as nossas partes que carregaram a escuridão que se encontra no nosso interior e que estão trazendo-a para a nossa consciência.
Se tivermos compaixão por elas e aceitamos-las como parte do nosso caminho, elas se tornarão nossos melhores amigos através de uma sensação profunda de intimidade e conexão.
Nós temos permissão para sermos humanos.
Nós somos um Anjo encarnado que experimenta os extremos da luz e das trevas a fim de criar “ouro” ao aceitar ambas.
Transformando nossa própria sombra, criamos o “ouro” do entendimento, da compaixão e o “ouro” da consciência unitária.
Esta é a razão de estarmos na Terra, e é por isto que Gaia nos ama intensamente e nos acolhe de coração.
Sempre e em qualquer lugar, Gaia nos sustentará com a sua força.
Sintamos esta força presente no solo sob nossos pés, no ar ao nosso redor, e no nosso próprio corpo.
Gaia está aqui para nós, portanto confiemos nesta união e saibamos que ela nos ama.

Gratidão,
Luís Barros