24 de junho de 2020

FAZENDO AS NOSSAS PRÓPRIAS ESCOLHAS

Nós estamos tentando encontrar um equilíbrio entre o nosso eu terreno e o eu da alma.
Por um lado, nós somos um humano terreno, nascido num corpo com uma predisposição para determinada personalidade e fomos criados nas culturas e tradições da Terra.
Por outro lado, existe a realidade maior da nossa alma, nossa herança cósmica.
Nossa alma é muito mais antiga do que esta única vida e já acumulou muita experiência em várias encarnações.
Além disso, como alma, nós fazemos parte de uma família espiritual maior que, somada à nossa família terrena, vive parcialmente na Terra e parcialmente em outros mundos.
Geralmente a fusão entre a nossa alma e o nosso ser terreno é confusa para nós.
Como integramos os dois?
Talvez possamos sentir a realidade da nossa alma… algo que flui por nós e que “não é desta Terra”, algo que não pode ser atribuído à nossa educação, genes ou antecedentes culturais.
Há algo de excepcional e inescrutável que faz com que Eu seja “Eu”.
Se formos sensitivos, é possível que tenhamos vislumbres da nossa alma, porque estamos conectados intuitivamente com um mundo interior além do espaço e tempo, e muitas vezes desejamos estar totalmente nesse mundo.
Nós sentimos que o nosso Lar, nossa Fonte estão lá… e estamos certos.
Entretanto, como estamos vivendo como ser humano aqui e agora, é preciso dar um corpo à conexão com a nossa alma – “mãos e pés”.
Nós não devemos cortar a ligação entre a nossa alma e a Terra – muito pelo contrário – coloquemos-mos com mais firmeza nessa conexão e façamos isso com entusiasmo e paixão.
Então nós teremos integrado verdadeiramente o nosso eu terreno com o nosso eu da alma.
Isto geralmente é difícil para nós porque, como trabalhador da luz, provavelmente damos prioridade à nossa alma e não à nossa personalidade terrena.
Nós presumimos que a nossa alma sabe melhor o que fazer.
Entretanto, embora como humano terreno devêssemos nos deixar inspirar pela nossa alma, quem faz as escolhas e toma as decisões é e realmente deveríamos ser nós.
Somos nós que, em última análise, criamos a nossa vida.
Explicamos…
Muitas vezes nós nos perguntamos: “O que devo fazer agora? Como devo lidar com esta situação? O que isto significa para mim?”.
E temos a tendência a buscar a resposta fora de nós mesmos, isto é, fora da nossa personalidade terrena.
Se não estivermos bem adiantados na senda do desenvolvimento interior, procuraremos outra pessoa para nos dar a resposta; alguém para quem olhamos de baixo para cima, alguém que pensamos que tem a necessária competência no assunto.
Então, nossa pergunta tende a ser: “Poder-me-ia dizer o que devo fazer?”.
Ao agir assim, nós nos diminuímos em relação à nossa percepção e conhecimento, colocando a outra pessoa acima de nós mesmos.
Entretanto, ao nos tornarmos espiritualmente maduros, nós assumimos a responsabilidade por nós próprios e pelas nossas escolhas.
Nós ainda podemos consultar outra pessoa, alguém que estimamos e respeitamos muito, e podemos avaliar o conselho dessa pessoa de todos os ângulos.
Mas somos nós que decidimos o que fazer com esse conselho.
Este é o modo de agir de uma alma amadurecida, de uma pessoa adulta.
Nós sabemos que não deveríamos depender de outra pessoa para fazer as nossas escolhas, mas ainda fazemos isso muitas vezes no nosso relacionamento com os nossos guias espirituais e a nossa alma.
Nós nos perguntamos, por exemplo: “O que eu deveria fazer nesta situação? Qual é a melhor escolha para mim?”
Devido ao nosso desejo de segurança, nós nos voltamos para uma fonte espiritual em busca de conselho: para nossos guias, mestres ou anjos do “outro lado” ou para o nosso próprio Eu-Superior.
Ou consultamos um médium espiritual para nos fornecer informações “mais elevadas”, ou tentamos entrar em contacto com a nossa alma, nosso Eu-Superior ou nossos guias por conta própria.
Mas observemos com mais atenção e vejamos o que isto significa.
Na verdade, estamos fazendo a mesma coisa que fazíamos ao pedir conselho a outra pessoa; estamos procurando as respostas fora de nós mesmos.
Naturalmente, nós podemos dizer: “Sim, mas esses seres espirituais realmente sabem mais do que eu; eles têm uma perspectiva mais ampla de tudo; meus guias são muito mais desenvolvidos do que eu sou; minha alma vive numa dimensão mais elevada, então é bom voltar-me para ela em busca de conselho.”
Mas novamente estamos depreciando a nossa “pequena” personalidade terrena quando fazemos isso.
Geralmente consideramos que a nossa personalidade terrena não é a nossa parte mais sábia nem mais elevada, e que, portanto, precisamos procurar alguma “autoridade” que entenda melhor a situação e o que deveríamos fazer da nossa vida.
Isto é um engano, e esta é a nossa mensagem.
Em primeiro lugar, a alma não é perfeita – ela está se desenvolvendo.
Ela é uma realidade dinâmica que está sendo constantemente enriquecida com experiências.
Com certeza a alma tem uma perspectiva que transcende a de um ser humano e geralmente tem uma visão mais ampla.
A alma também entende mais profundamente e tem uma visão geral melhor do quebra-cabeça inteiro, enquanto nós, aqui na Terra, temos poucas peças em mãos e não vemos o quadro completo.
Mas o ponto importante é que, sim, é bom sentir a nossa alma, conectarmos-mos com ela, consultá-la e receber informações dessa fonte multidimensional, dinâmica em evolução.
Mas, em última análise, somos nós – este ser terreno que carrega o nosso nome terreno, este ser único que somos neste momento – que deve fazer a escolha!
Existe um momento de escolha em tudo o que fazemos, que é e sempre será completa e exclusivamente nosso.
Nem a nossa alma, nem o nosso guia, nem o mestre mais sábio da Terra – nem mesmo Deus – pode fazer isto por nós.
Na verdade, um verdadeiro mestre espiritual não deseja assumir nada por nós.
A necessidade de fazermos as nossas próprias escolhas, na realidade diz respeito ao nosso próprio e exclusivo poder: é para que criemos a nossa vida terrena a nosso próprio modo.
Além disso, nós podemos recorrer a todos os tipos de fontes de conhecimento e sabedoria, tanto terrenas quanto cósmicas.
Mas o nosso desafio é relacionar essas fontes externas com a nossa verdade interior e sentir o que é correcto para nós e o que não é.
Não existe nenhum conhecimento absoluto – tudo é relativo.
O que é verdade na nossa vida se revela na relação entre nós e o mundo, e este relacionamento é único e diferente para cada pessoa.
Não importa quanta informação recebemos de fora, o importante é que avaliemos essas informações e as relacionemos com a nossa situação – nossa realidade quotidiana e nosso ser terreno – para ver se nos são adequadas.
Sintamos a nossa personalidade terrena, com todas as suas características – medo, dor, esperança, alegria e todas as emoções que formam a vida humana de forma tão profunda e tangível.
Essas emoções são muitas vezes confusas, e até opressivas, e nós procuramos algo em que nos possamos agarrar que esteja acima e fora de nós mesmos.
Mas realçamos que a resposta e a base estão no nosso interior, não na nossa alma nem no nosso Eu-Superior, e sim dentro de nós.
Na verdade, nós somos o nosso Eu-Superior e a nossa alma, só que somos uma parte e não a totalidade.
Nós somos um aspecto do nosso Eu total, o aspecto que encarnou aqui e agora e está acumulando experiências; e é por isto que nós sabemos melhor o que é bom para nós mesmos.
Desçamos até ao nosso corpo, que está tão intimamente conectado com o nosso eu terreno.
Deixemos a nossa consciência descer no nosso corpo de uma forma confortável e relaxada.
Imaginemos que a nossa consciência é uma luz, e que essa luz é quem somos e quem faz as escolhas.
Ela escolhe estar totalmente aqui e agora, e descer pelo nosso peito, nosso abdome, nossas coxas, nossos joelhos, nossas pernas e pés.
Sintamos a luz penetrar completamente o nosso corpo, e sintamos o poder e vitalidade do nosso corpo.
Sintamos como ele é muito mais do que uma combinação de células físicas; ele é um ser vivo, sábio e inspirado.
E quem somos nós?
Nós somos aquele que se conectou com este corpo por esta encarnação.
Nós somos belos e vastos e conectamos-nos com este ser que agora carrega o nosso nome.
Sintamos a coragem e bravura que foram necessárias para fazer isto.
Nós viemos para cá como um raio de luz da nossa alma, e encarnamos neste corpo e personalidade, que são completamente novos.
Nós fazemos parte da nossa alma, mas também acrescentamos algo essencial a ela, algo novo e exclusivo, que somos nós.
Nós somos um todo auto-suficiente; não dependemos de forças maiores do que nós mesmos.
Nós somos uma criação em nós mesmos – ou, melhor dizendo – um criador em nós mesmos.
Sintamos o valor, o poder e a beleza de sermos isto.
Assim, reconheçamos o nosso próprio valor e não falemos mais de Eu-Superior ou eu inferior, mas reconheçamos o nosso eu terreno como a âncora da nossa existência, aqui e agora.
A partir desse eu, nós podemos consultar outras fontes terrenas, guias, mestres, terapeutas, conselheiros, doutores, ou a nossa própria alma, através de meditação ou contemplação interior, e acolher todas essas informações.
Mas, em seguida, nós vamos fazer as nossas próprias escolhas com competência.
“E como fazer isso?” – Esta provavelmente é a nossa próxima pergunta.
Tentemos.
Imaginemos que agora temos um problema na nossa vida que nos faz sentir desesperados e nos faz pensar: “Eu realmente não sei o que fazer.”
Agora desçamos completamente até o nosso eu terreno, digamos o nosso próprio nome, sintamos a luz da consciência no nosso abdome e no nosso chacra raiz.
Em seguida façamos-nos novamente a pergunta e sintamos a resposta surgir do fundo do nosso ser: da nossa base, do nosso âmago.
Nós a conhecemos.
Nós temos o conhecimento interior e os recursos necessários para responder às questões da nossa vida.
Está tudo em nós, nós somos a âncora, o ponto de reunião de conhecimento, experiência e luz.
E a partir de tudo o que já construímos nesta vida, fazemos as nossas escolhas com base no nosso poder de discernimento.
Assumamos esse poder, essa liberdade!
É isto que nos torna “grande” e permite que a nossa autoconsciência aumente.
Portanto, comecemos a confiar no nosso próprio discernimento e escolhas, na nossa percepção do que é melhor para nós.
Não se trata de saber as coisas com certeza, mas ousar confiar em quem somos e no que sentimos no fundo do nosso ser.
Nós estamos aqui, não para fazer escolhas “perfeitas”, mas para experimentar o nosso próprio poder criativo, aprendendo e crescendo com as escolhas que fazemos.
É por isto que Jeshua quer-nos oferecer simbolicamente uma tocha de luz, para expressar que nós não precisamos procurar a luz nele.
Ela está em nós e devemos consciencializarmos-mos disto.
No passado, nós procurávamos fora de nós mesmos com muita frequência.
Vejamos se conseguimos aceitar a tocha que Jeshua nos oferece e interiorizá-la como algo que é nosso.
Observemos para onde essa tocha se dirige no nosso corpo, onde ela tem seu lugar de descanso natural.
É nesse lugar que reside o nosso conhecimento mais profundo sobre qual é o nosso caminho.
Nós fazemos as escolhas e aprendemos com as escolhas que fazemos, e é exactamente assim que deve ser nesta vida humana.
Não subestimemos o verdadeiro poder do “Eu”, do Eu terreno encarnado.
Ele é a fonte mais íntima de sabedoria que jamais teremos.
Pois, “Eu Sou o Criador da Minha Vida”.

Gratidão,
Luís Barros