Nós estamos tentando encontrar um
equilíbrio entre o nosso eu terreno e o eu da alma.
Por um lado, nós somos um humano
terreno, nascido num corpo com uma predisposição para determinada personalidade
e fomos criados nas culturas e tradições da Terra.
Por outro lado, existe a realidade maior
da nossa alma, nossa herança cósmica.
Nossa alma é muito mais
antiga do que esta única vida e já acumulou muita experiência em várias
encarnações.
Além disso, como alma, nós fazemos parte
de uma família espiritual maior que, somada à nossa família terrena, vive
parcialmente na Terra e parcialmente em outros mundos.
Geralmente a fusão entre a nossa alma e o
nosso ser terreno é confusa para nós.
Como integramos os dois?
Talvez possamos sentir a realidade da nossa
alma… algo que flui por nós e que “não é desta Terra”, algo que não pode ser
atribuído à nossa educação, genes ou antecedentes culturais.
Há algo de excepcional e inescrutável
que faz com que Eu seja “Eu”.
Se formos sensitivos, é possível que
tenhamos vislumbres da nossa alma, porque estamos conectados intuitivamente com
um mundo interior além do espaço e tempo, e muitas vezes desejamos estar
totalmente nesse mundo.
Nós sentimos que o nosso Lar, nossa
Fonte estão lá… e estamos certos.
Entretanto, como estamos vivendo como
ser humano aqui e agora, é preciso dar um corpo à conexão com a nossa alma –
“mãos e pés”.
Nós não devemos cortar a ligação entre a
nossa alma e a Terra – muito pelo contrário – coloquemos-mos com mais firmeza
nessa conexão e façamos isso com entusiasmo e paixão.
Então nós teremos integrado
verdadeiramente o nosso eu terreno com o nosso eu da alma.
Isto geralmente é difícil para nós porque,
como trabalhador da luz, provavelmente damos prioridade à nossa alma e não à nossa
personalidade terrena.
Nós presumimos que a nossa alma sabe
melhor o que fazer.
Entretanto, embora como humano terreno
devêssemos nos deixar inspirar pela nossa alma, quem faz as escolhas e toma as
decisões é e realmente deveríamos ser nós.
Somos nós que, em última análise, criamos
a nossa vida.
Explicamos…
Muitas vezes nós nos perguntamos: “O que
devo fazer agora? Como devo lidar com esta situação? O que isto significa para
mim?”.
E temos a tendência a buscar a resposta
fora de nós mesmos, isto é, fora da nossa personalidade terrena.
Se não estivermos bem adiantados na
senda do desenvolvimento interior, procuraremos outra pessoa para nos dar a
resposta; alguém para quem olhamos de baixo para cima, alguém que pensamos que
tem a necessária competência no assunto.
Então, nossa pergunta tende a ser:
“Poder-me-ia dizer o que devo fazer?”.
Ao agir assim, nós nos diminuímos em
relação à nossa percepção e conhecimento, colocando a outra pessoa acima de nós
mesmos.
Entretanto, ao nos tornarmos
espiritualmente maduros, nós assumimos a responsabilidade por nós próprios e pelas
nossas escolhas.
Nós ainda podemos consultar outra
pessoa, alguém que estimamos e respeitamos muito, e podemos avaliar o conselho
dessa pessoa de todos os ângulos.
Mas somos nós que decidimos o que fazer
com esse conselho.
Este é o modo de agir de uma alma
amadurecida, de uma pessoa adulta.
Nós sabemos que não deveríamos depender
de outra pessoa para fazer as nossas escolhas, mas ainda fazemos isso muitas
vezes no nosso relacionamento com os nossos guias espirituais e a nossa alma.
Nós nos perguntamos, por exemplo: “O que
eu deveria fazer nesta situação? Qual é a melhor escolha para mim?”
Devido ao nosso desejo de segurança, nós
nos voltamos para uma fonte espiritual em busca de conselho: para nossos guias,
mestres ou anjos do “outro lado” ou para o nosso próprio Eu-Superior.
Ou consultamos um médium espiritual para nos fornecer informações “mais elevadas”, ou tentamos entrar em contacto com a
nossa alma, nosso Eu-Superior ou nossos guias por conta própria.
Mas observemos com mais atenção e vejamos
o que isto significa.
Na verdade, estamos fazendo a mesma
coisa que fazíamos ao pedir conselho a outra pessoa; estamos procurando as
respostas fora de nós mesmos.
Naturalmente, nós podemos dizer: “Sim,
mas esses seres espirituais realmente sabem mais do que eu; eles têm uma
perspectiva mais ampla de tudo; meus guias são muito mais desenvolvidos do que
eu sou; minha alma vive numa dimensão mais elevada, então é bom voltar-me para
ela em busca de conselho.”
Mas novamente estamos depreciando a
nossa “pequena” personalidade terrena quando fazemos isso.
Geralmente consideramos que a nossa personalidade
terrena não é a nossa parte mais sábia nem mais elevada, e que, portanto,
precisamos procurar alguma “autoridade” que entenda melhor a situação e o que
deveríamos fazer da nossa vida.
Isto é um engano, e esta é a nossa mensagem.
Em primeiro lugar, a alma não é perfeita – ela está se desenvolvendo.
Ela é uma realidade
dinâmica que está sendo constantemente enriquecida com experiências.
Com certeza a alma tem uma perspectiva
que transcende a de um ser humano e geralmente tem uma visão mais ampla.
A alma também entende mais profundamente
e tem uma visão geral melhor do quebra-cabeça inteiro, enquanto nós, aqui na
Terra, temos poucas peças em mãos e não vemos o quadro completo.
Mas o ponto importante é que, sim, é bom
sentir a nossa alma, conectarmos-mos com ela, consultá-la e receber informações
dessa fonte multidimensional, dinâmica em evolução.
Mas, em última análise, somos nós – este
ser terreno que carrega o nosso nome terreno, este ser único que somos neste
momento – que deve fazer a escolha!
Existe um momento de escolha em tudo o
que fazemos, que é e sempre será completa e exclusivamente nosso.
Nem a nossa alma, nem o nosso guia, nem
o mestre mais sábio da Terra – nem mesmo Deus – pode fazer isto por nós.
Na verdade, um verdadeiro mestre
espiritual não deseja assumir nada por nós.
A necessidade de fazermos as nossas
próprias escolhas, na realidade diz respeito ao nosso próprio e exclusivo
poder: é para que criemos a nossa vida terrena a nosso próprio modo.
Além disso, nós podemos recorrer a todos
os tipos de fontes de conhecimento e sabedoria, tanto terrenas quanto cósmicas.
Mas o nosso desafio é relacionar essas
fontes externas com a nossa verdade interior e sentir o que é correcto para nós
e o que não é.
Não existe nenhum conhecimento absoluto
– tudo é relativo.
O que é verdade na nossa vida se revela
na relação entre nós e o mundo, e este relacionamento é único e diferente para
cada pessoa.
Não importa quanta informação recebemos
de fora, o importante é que avaliemos essas informações e as relacionemos com a
nossa situação – nossa realidade quotidiana e nosso ser terreno – para ver se nos
são adequadas.
Sintamos a nossa personalidade terrena,
com todas as suas características – medo, dor, esperança, alegria e todas as
emoções que formam a vida humana de forma tão profunda e tangível.
Essas emoções são muitas vezes confusas,
e até opressivas, e nós procuramos algo em que nos possamos agarrar que esteja
acima e fora de nós mesmos.
Mas realçamos que a resposta e a base
estão no nosso interior, não na nossa alma nem no nosso Eu-Superior, e sim
dentro de nós.
Na verdade, nós somos o nosso Eu-Superior
e a nossa alma, só que somos uma parte e não a totalidade.
Nós somos um aspecto do nosso Eu total,
o aspecto que encarnou aqui e agora e está acumulando experiências; e é por
isto que nós sabemos melhor o que é bom para nós mesmos.
Desçamos até ao nosso corpo, que está
tão intimamente conectado com o nosso eu terreno.
Deixemos a nossa consciência descer no nosso
corpo de uma forma confortável e relaxada.
Imaginemos que a nossa consciência é uma
luz, e que essa luz é quem somos e quem faz as escolhas.
Ela escolhe estar totalmente aqui e
agora, e descer pelo nosso peito, nosso abdome, nossas coxas, nossos joelhos, nossas
pernas e pés.
Sintamos a luz penetrar completamente o
nosso corpo, e sintamos o poder e vitalidade do nosso corpo.
Sintamos como ele é muito mais do que
uma combinação de células físicas; ele é um ser vivo, sábio e inspirado.
E quem somos nós?
Nós somos aquele que se conectou com
este corpo por esta encarnação.
Nós somos belos e vastos e conectamos-nos
com este ser que agora carrega o nosso nome.
Sintamos a coragem e bravura que foram
necessárias para fazer isto.
Nós viemos para cá como um raio de luz
da nossa alma, e encarnamos neste corpo e personalidade, que são completamente
novos.
Nós fazemos parte da nossa alma, mas também
acrescentamos algo essencial a ela, algo novo e exclusivo, que somos nós.
Nós somos um todo auto-suficiente; não
dependemos de forças maiores do que nós mesmos.
Nós somos uma criação em nós mesmos –
ou, melhor dizendo – um criador em nós mesmos.
Sintamos o valor, o poder e a beleza de
sermos isto.
Assim, reconheçamos o nosso próprio
valor e não falemos mais de Eu-Superior ou eu inferior, mas reconheçamos o
nosso eu terreno como a âncora da nossa existência, aqui e agora.
A partir desse eu, nós podemos consultar
outras fontes terrenas, guias, mestres, terapeutas, conselheiros, doutores, ou a
nossa própria alma, através de meditação ou contemplação interior, e acolher
todas essas informações.
Mas, em seguida, nós vamos fazer as
nossas próprias escolhas com competência.
“E como fazer isso?” – Esta
provavelmente é a nossa próxima pergunta.
Tentemos.
Imaginemos que agora temos um problema
na nossa vida que nos faz sentir desesperados e nos faz pensar: “Eu realmente
não sei o que fazer.”
Agora desçamos completamente até o nosso
eu terreno, digamos o nosso próprio nome, sintamos a luz da consciência no nosso
abdome e no nosso chacra raiz.
Em seguida façamos-nos novamente a
pergunta e sintamos a resposta surgir do fundo do nosso ser: da nossa base, do nosso
âmago.
Nós a conhecemos.
Nós temos o conhecimento interior e os
recursos necessários para responder às questões da nossa vida.
Está tudo em nós, nós somos a âncora, o
ponto de reunião de conhecimento, experiência e luz.
E a partir de tudo o que já construímos
nesta vida, fazemos as nossas escolhas com base no nosso poder de
discernimento.
Assumamos esse poder, essa liberdade!
É isto que nos torna “grande” e permite
que a nossa autoconsciência aumente.
Portanto, comecemos a confiar no nosso
próprio discernimento e escolhas, na nossa percepção do que é melhor para nós.
Não se trata de saber as coisas com
certeza, mas ousar confiar em quem somos e no que sentimos no fundo do nosso
ser.
Nós estamos aqui, não para fazer
escolhas “perfeitas”, mas para experimentar o nosso próprio poder criativo,
aprendendo e crescendo com as escolhas que fazemos.
É por isto que Jeshua quer-nos oferecer
simbolicamente uma tocha de luz, para expressar que nós não precisamos procurar
a luz nele.
Ela está em nós e devemos consciencializarmos-mos
disto.
No passado, nós procurávamos fora de nós
mesmos com muita frequência.
Vejamos se conseguimos aceitar a tocha
que Jeshua nos oferece e interiorizá-la como algo que é nosso.
Observemos para onde essa tocha se
dirige no nosso corpo, onde ela tem seu lugar de descanso natural.
É nesse lugar que reside o nosso
conhecimento mais profundo sobre qual é o nosso caminho.
Nós fazemos as escolhas e aprendemos com
as escolhas que fazemos, e é exactamente assim que deve ser nesta vida humana.
Não subestimemos o verdadeiro poder do “Eu”,
do Eu terreno encarnado.
Ele é a fonte mais íntima de sabedoria
que jamais teremos.
Pois, “Eu Sou o Criador da Minha Vida”.
Gratidão,
Luís Barros