30 de junho de 2020

O CHACRA RAIZ

A Mãe Terra nos ama; nós somos seus filhos. 
Nós nos movimentamos sobre a sua superfície, enquanto estamos ocupados com as pressões da vida quotidiana, e Gaia nos acompanha e anseia que retornemos logo à nossa essência; deseja despertar-nos para aquilo que nós somos em essência.
Cada um de nós está numa jornada em direcção ao interior de si mesmo; nossa alma deseja descer totalmente à Terra, fundir-se com o nosso corpo humano, viver e manifestar-se aqui.
Enquanto procuramos meios de transcender a nossa humanidade, a nossa alma busca acolher a corporificação; ela quer ser humana, descer totalmente à Terra e criar uma fusão entre a alma e o ser humano – este é o seu propósito na Terra.
Falamos sobre o chacra raiz, o centro de energia situado na parte inferior da nossa coluna vertebral, o chacra mais próximo da Terra, e aquele que é mais afectado por ela.
Em muitas pessoas, existe medo alojado nesse chacra.
Se pudéssemos ver o chacra raiz da maioria das pessoas da Terra, perceberíamos que ele não é inteiro, é fragmentado ou – em certos casos – é um vazio.
Como resultado disso, muitas pessoas duvidam de que estejam realmente em casa aqui na Terra, de que possam realmente sentir-se seguras e bem-vindas aqui.
A Terra é um lugar com potencial para muita abundância e riqueza, e com isto queremos dizer uma riqueza de experiências para nós como almas.
Muita alegria e inspiração podem ser experimentadas aqui, mas actualmente existe muita escuridão na Terra.
Por muitos séculos, a humanidade vem sendo prisioneira de ilusões e medos que podem transformar a vida na Terra num inferno; assim um véu desceu sobre a sabedoria natural do ser humano.
Há um estranhamento que atinge o âmago do nosso ser.
A capacidade de viver, no verdadeiro sentido da palavra – viver em alegria e com inspiração – só pode vir da natureza, mas o ser humano se colocou em oposição à natureza, tentou passar por cima da natureza e impor, de forma voluntarista e obstinada, uma estrutura e ordem à realidade do mundo que o cerca.
Mas isto não funciona.
Nós estamos vivendo no meio dos fragmentos de uma imagem antiga do mundo, a qual está perdendo sua validade rapidamente.
É uma visão na qual o ser humano é o organizador e manipulador do mundo à nossa volta.
O ser humano procurou controlar a natureza a partir de sua mente e sua lógica, e, com isto, tornou-se alienado de si mesmo, perdendo a ligação com o que lhe é mais natural: seus sentimentos e a unidade com a realidade viva da natureza que o envolve.
Uma vez que perdemos a conexão com a nossa vida interior, perdemos também a conexão com a vida exterior.
Desenvolvemos, então, uma frieza, um endurecimento que pode ser observado em muitos corações humanos.
No chacra raiz de muitas pessoas, é bem evidente que elas não se percebem conectadas à Terra de uma forma viva, vital, devido ao medo e à repressão que se alojaram ali.
A alma desce à Terra.
Ela deseja muito encarnar aqui e descer ao nível mais profundo da matéria, de modo a trazer luz à Terra e possibilitar que a matéria se torne viva a partir de dentro.
Falamos sobre a jornada através dos chacras inferiores, uma jornada que se inicia no coração e se estende pelo abdome para o plexo solar, para o chacra umbilical e finalmente para o chacra raiz na parte inferior da coluna vertebral.
É sobre este chacra que falamos.
Como curar essa parte?
Como curar o medo e a dúvida que estão lá?
Como encontrar uma resposta às perguntas: “Tenho permissão para estar aqui? Sou bem-vindo aqui? Posso deixar que a minha luz ilumine meu nível mais profundo, o âmago da minha vida?”
Nós estamos muito acostumados a nos adaptar ao mundo exterior, o que inclui as expectativas da sociedade, mas agora a humanidade precisa de pessoas que queiram seguir um novo caminho, de modo a permitir que a natureza reviva.
Estamos falando da natureza da Terra – nossa mãe, – e especialmente, e antes de tudo, da natureza em nós mesmos.
E que nós façamos isto levando um novo ânimo às nossas partes endurecidas e congeladas, para que elas se dissolvam, tornem-se quentes e maleáveis, e possam fluir naturalmente outra vez.
Como realizar esse processo dentro de nós mesmos?
Como observar, acolher e libertar o medo primordial que está trancado no nosso chacra raiz?
Falamos sobre três maneiras de fazer isto.
A primeira é vivenciando a beleza da natureza.
A fim de tranquilizar suavemente o nosso primeiro chacra, ou chacra raiz, ou períneo (nomes relativos ao mesmo centro energético) e induzi-lo a se abrir e sentir-se à vontade na Terra, precisamos procurar um lugar em meio à natureza, no qual nos sintamos em paz; um lugar onde assimilemos a beleza da natureza: das árvores, plantas, flores, animais, pássaros, das nuvens, do céu, do ritmo das estações; um lugar onde consigamos sentir admiração pela atmosfera e beleza da natureza.
Se não conseguirmos encontrar um lugar como esse do lado de fora, observemos uma planta ou um vaso de flores dentro da nossa casa.
Há sempre alguma coisa da natureza que pode ser encontrada nos arredores.
Assimilemos a nossa beleza natural, mas tentemos também perceber em que consiste essa beleza.
Esta não é uma beleza superficial, não é uma beleza ideal que foi determinada por outros de acordo com os padrões humanos de belo e feio.
Ao contrário, é uma beleza que vem da nossa natureza intrínseca; é a própria vida que vivenciamos como beleza: a simplicidade e a entrega que flui através de uma planta, ou de uma árvore, que está em harmonia com as estações; um pássaro que canta; a inocências dos animais que seguem o curso de suas vidas descontraidamente.
Tudo isto é que nos toca.
O que nos é pedido é que nos reconheçamos na natureza.
Geralmente nós pensamos que estamos fora da natureza, da harmonia e equilíbrio que se encontra lá, mas nós fazemos parte dela.
Tentemos sentir isto agora, enquanto assimilamos a beleza, o equilíbrio, o ritmo da natureza, porque essas qualidades querem fluir através de nós também.
Nossa actividade mental pode construir barreiras contra esse sentimento e dizer-nos que nós não fazemos parte disso, mas nós fazemos, sim, porque vivemos num corpo.
Admiremos o nosso corpo do mesmo modo que admiramos alguma coisa da natureza.
Para fazer isto, precisamos começar a vivenciar o nosso corpo a partir de dentro e não de fora, não nos concentrando na aparência externa dele e em certos padrões que ele deveria satisfazer.
Todas essas imagens de beleza estabelecidas pela sociedade são uma carga muito pesada que nos fazem sofrer e que são inventadas e falsas.
Elas são tão frias e artificiais quanto a mentalidade que as cria e prescreve – elas não são reais!
Simplesmente observemos os pássaros e as folhas das árvores.
Nenhum é exactamente igual ao outro, cada um é único.
Nós não os comparamos um com o outro, mas simplesmente observamos a harmonia e equilíbrio naturais que emanam da natureza, quando caminhamos por um bosque ou uma praia.
A simplicidade da natureza – como revelada em toda a sua complexidade – é o que aquieta o ser humano enquanto ele caminha por ela.
Agora, sintamos como nós mesmos fazemos parte desse fluxo, assim como fazemos parte da inocência.
Nós podemos ser quem somos – uma parte da natureza.
A natureza, inclusive, quer se revelar por nosso intermédio, de maneira alegre e equilibrada.
Em seguida, dêmos um passo adiante… concentremos toda a nossa atenção no nosso próprio corpo.
Nós podemos fazer este exercício (se quisermos chama-lo assim) quando estivermos em casa ou quando estivermos num belo espaço da natureza, o que, talvez, seja até melhor.
Dirijamos a nossa atenção para dentro de nós e então imaginemos que nós somos tão parte da natureza quanto uma bela árvore.
Energias fluem através de nós, e fluidos fluem em nós, que sabemos exactamente para onde devemos ir.
Nosso coração está batendo, nosso sangue está correndo, e cada qual sabe o que precisa fazer.
Embora o nosso corpo seja um organismo complexo, todos os órgãos sabem o que fazer e, assim, eles naturalmente tendem à saúde e à vitalidade.
Sintamos que estamos incluídos no poder renovador e curador que é próprio da natureza.
Existem tantas correntes curativas presentes na natureza e todas elas estão disponíveis para o nosso corpo.
Nossas células vivas sabem do que precisamos, porque o nosso corpo é um organismo muito sábio.
Agora consideremos que o nosso corpo tem uma linguagem própria.
Nossa alma se revela através dele e dentro dele, e é isto que a alma realmente deseja fazer!
O corpo não é uma coisa inferior, o corpo é um livro maravilhoso, um manual da alma.
Agora, imaginemos que este nosso corpo nos foi dado como um belíssimo presente da Criação.
Sintamos o respeito da Criação pelo nosso corpo, e como a vida quer cuidar carinhosamente de nós.
Nós estamos tão acostumados a ver o nosso corpo a partir de fora e criticá-lo; sintamos-lo agora a partir de dentro.
Sintamos como ele surge de uma fonte infinita de vitalidade e alegria, e como podemos dar-lhe forma e alimentá-lo com a força que vem da parte mais profunda da nossa alma.
Percebamos a força vital intensa que emerge do nosso chacra raiz.
Vejamos a cor vermelha ao redor dele – ou qualquer outra cor que surja espontaneamente.
Sintamos como, a partir desse “fogo”, dessa intensa força vital, uma corrente quente e curativa flui através do nosso corpo… das nossas pernas, nossa coluna, nossa cintura… permitamos que ela flua para os nossos ombros, braços e mãos.
Sintamos-nos ancorados na Terra, sintamos os nossos pés por dentro e como eles se apoiam na Terra, e sintamos a força vital que está disponível no solo também.
Perguntemos ao nosso corpo: “Você se sente bem? Há algo que eu possa fazer por você? Precisa de alguma coisa de mim?”
Perguntemos apenas, e esperemos pacientemente.
Pode ser que o nosso corpo não nos responda imediatamente.
Talvez nós ainda tenhamos que aprender a conversar com o nosso corpo desta maneira, mas saibamos que é possível fazer isto.
O corpo está nos ouvindo – nós somos a sua força motriz, então é lógico que ele quer entrar em contacto connosco – basta perguntar-lhe.
Levemos a nossa atenção a caminhar gentilmente por todo o nosso corpo.
Comecemos pela nossa cabeça.
Deixemos a nossa atenção circular como um sussurro suave, um fluxo delicado, ao redor da nossa cabeça.
Imagine que a nossa atenção seja como uma brisa leve, que pergunta carinhosamente ao nosso corpo: “Está tudo bem contigo? Posso ajudar-te? Tu és uma dádiva maravilhosa! Posso envolver-te com algo que precises?”
O simples fluxo da brisa suave da nossa atenção já estimula as nossas células e as torna felizes.
Elas dançam num círculo de alegria, quando a nossa atenção as toca com nosso amor.
Permitamos que a nossa atenção circule o nosso pescoço e os nossos ombros.
Deixemos-la fluir através do nosso coração, plexo solar, chacra umbilical e, finalmente, de volta ao nosso chacra raiz, localizado no cóccix, no final da nossa coluna vertebral.
Observemos-lo bem.
É possível que percebamos alguma imagem ou sensação no nosso chacra raiz… talvez sintamos um antigo medo, um congestionamento ou bloqueio, mas não precisamos fazer nada a respeito disso.
Só precisamos estar presentes enquanto essa brisa suave nos acaricia delicadamente.
E mesmo que não sintamos nada e não vejamos nada, está tudo bem.
Simplesmente estejamos presentes com a nossa atenção, porque ela cura: ela é libertadora para o nosso corpo.
Nosso corpo quer ser visto e ouvido, não apenas como um mecanismo que nos permite fazer as coisas; ele deseja ser apreciado por nossa própria beleza; não só a beleza que vemos como imagens nos jornais e revistas, mas o tipo de beleza de um pássaro sobre uma árvore, ou mesmo de um sapo à beira de uma lagoa.
Esta é a beleza do modo comum de ser, uma beleza saudável, com suas cores e formas naturais.
Este é o tipo de atenção que o corpo deseja receber da nossa mente.
Ele quer saber que o apreciamos.
Agora, deixemos a brisa mover-se suavemente do nosso chacra raiz para a nossas pernas, descendo para os nossos joelhos, tornozelos e calcanhares, para as solas dos nossos pés, e também para os dez dedos dos nossos pés.
E sintamos como somos levados pelo fluxo da vida.
Uma influência curadora se manifesta devido à atenção que dedicamos ao nosso corpo neste exercício… se quisermos chamá-lo assim, pois, na verdade, é apenas uma questão de reconhecermos a fonte da qual viemos.
Assim, começamos com o primeiro passo, que é vivenciar a beleza da natureza.
E depois damos o segundo passo, que é reconhecer essa mesma beleza em nós mesmos, no nosso próprio corpo.
Nós fazemos parte da natureza, da corrente natural da vida, portanto, não precisamos fazer nada para consegui-la, pois nós somos ela.
O terceiro passo é conectarmos-nos com a vitalidade e vibração dentro de nós, inclusive deleitando-nos ao experimentar a solidez, segurança e despreocupação do nosso chacra raiz.
Encontremos a nossa criança interior, imaginando que somos uma criança de cinco anos de idade.
Tentemos não pensar demais nisto, mas apenas sentir o corpo dessa criança, sua força vital, sua juventude.
Ela está em pleno desenvolvimento, portanto é curiosa e quer saber todo tipo de coisas.
Essa criança ainda vive em algum lugar dentro de nós, conectemos-nos com ela e façamos o que essa criança quiser fazer.
Pode ser que ela se sinta ansiosa, que tenha sido reprimida, que esteja com medo… portanto é possível que, no início, ela se apresente a nós através de uma emoção negativa, que parece contradizer a ideia de “deleitar-se”.
Entretanto, compreendamos é que essa criança é a nossa parte mais espontânea, a parte que não é feita de sentimentos refinados e apropriados, de acordo com o que nos foi ensinado pelos que nos criaram e pela sociedade.
Pelo contrário, esta criança é a nossa parte primordial, a parte de nós que carrega a nossa originalidade e, portanto, a nossa parte mais natural e espontânea. 
Tornemos essa criança visível.
Visualizemos-la.
Pode ser que não se forme uma imagem imediatamente, mas tentemos imaginá-la.
Imaginemos que agora somos uma criança de mais ou menos 5 anos.
Peguemos a primeira imagem que nos vier à mente e simplesmente observemos-la.
Como é essa criança?
É feliz ou triste?
Está rindo ou parece infeliz?
Ela é alegre ou desanimada?
Está assustada ou se sente segura?
Estendamos a nossa mão para essa criança e vejamos se ela a toma.
Esperemos pacientemente, porque temos todo o tempo necessário, para essa criança.
Peçamos-lhe para sentar-se connosco e tomemos-la em nossos braços.
Pode ser que ela fique feliz e se atire em nossos braços, ou pode ser que se mantenha distante, porque se sente desconfiada.
Mas, isto está bem também.
O mais importante é que nos conectemos com essa criança e tentemos entender melhor o comportamento dela e descobrir as emoções profundas que nos podem ser reveladas através dela.
Não se trata de curar e melhorar tudo imediatamente; trata-se de perguntar à criança: “O que desejas de mim agora? O que gostarias de fazer? Do que precisas mais neste momento?”
Isto é uma coisa que podemos fazer com frequência no nosso dia-a-dia.
Criemos o hábito de nos voltarmos para dentro de nós mesmos e perguntar à nossa criança interna do que ela precisa.
É assim que nos conectamos com o fluxo primordial de vida em nosso interior, o qual se revela com muito mais facilidade em crianças do que em adultos, cuja vida emocional é tão estruturada e limitada por regras mentais.
Deixemos que a nossa parte mais espontânea fale, pois ela realmente deseja expressar-se através de nós e, assim fazendo, tornar-se novamente uma fonte de beleza.
Mas não um tipo artificial de beleza, e sim uma beleza original e selvagem, como o riacho que em alguns lugares é muito tranquilo e imóvel, enquanto, em outros, é extremamente violento, cascateando penhasco abaixo.
A nossa criança interior é a água vivente que deseja fluir e movimentar-se; então permitamos a nós mesmos sermos movidos por essa criança.
De vez em quando, façamos esta conexão no aqui e agora.
Desta forma, nós trazemos a nós mesmos de volta ao nosso próprio ser fundamental.
É importante que a criança se sinta segura, ou seja, que vivenciemos segurança em nosso ser, no nosso chacra raiz, na nossa base.
Isto significa que podemos confiar em nós mesmos para consultar as nossas profundas emoções internas.
Significa que não precisamos escondermos-nos de nós mesmos, mas podemos encarar o nosso próprio medo e perdoar e acolher todo o nosso ser.
Quando a criança interior for bem-vinda em nós, teremos conquistado o mundo! 
Não haverá nada mais que realmente nos possa acontecer, porque teremos dito “sim” para a vida, para os altos e baixos, nossos picos e vales; e isto é segurança.
O facto de sabermos que estamos seguros não se baseia na previsibilidade de como as coisas vão se desenvolver, nem na certeza de um bom futuro, garantido pelas coisas que asseguramos com a nossa mente.
Viver verdadeiramente é entregar-se às mudanças, a todas as voltas inesperadas que a vida dá – como as que um rio pode encontrar pela frente e, ainda assim, sentir-se seguro.
Isto só é possível se confiarmos no curso da própria vida.
Não a partir da mente que observa esse fluxo de fora, mas sendo o próprio fluxo e, ao mesmo tempo, permanecendo confiante.
Isto é segurança e solidez, esta é a verdadeira força interior, e isto só podemos encontrar dentro de nós mesmos, no nosso corpo, na nossa parte criança!
Fazer isto nos exige um grande esforço, porque nos foi ensinado que devemos controlar a vida através da nossa mente, do nosso lado mental.
Mas agora está-nos sendo pedido que voltemos à fonte da própria vida, e isto não pode acontecer por meio da mente, e sim pela espontaneidade da nossa natureza.
Não nos enganemos, a natureza não é caótica.
Na natureza são aplicadas leis naturais, mas estas são muito diferentes daquelas que conseguimos compreender com a nossa mente racional ou através da lógica.
É uma questão de viver a partir da percepção de nós mesmos, sentindo para onde o fluxo da vida quer que vamos.
Mantenhamos-nos em contacto com o nosso corpo e com a natureza.
Mantenhamos-nos em contacto com a nossa criança interior e veremos que a vida também se desenvolve de acordo com leis, mas leis de uma espécie completamente diferente – não as da lógica, mas aquelas sussurradas pelo Todo Maior, se nos dispusermos a escutá-lo.
E saibamos que esse Todo nos inclui e que o nosso bem-estar está no centro do coração dele.
Nós estamos conectados com esse Todo, e quando realmente nos entregamos a ele, sentimos que somos guiados e amparados por algo inominável, algo grande e bom, algo seguro, no qual podemos confiar.
A Terra também faz parte desse Todo Maior.
Ela mesma, a Terra, forma um todo com tudo que vive e se desenvolve sobre si.
Mas é apenas uma pequena parte do Cosmos maior, e através dele tudo flui para algo que chamamos de Deus, e que Ela chama simplesmente de “Vida” – algo que é infinito e indestrutível.
Nós somos uma pequena centelha nesse fluxo, mas somos também infinitos e indestrutíveis, independentemente da forma que assumamos.
E é nisto que reside a verdadeira segurança que somos capazes de experimentar aqui na Terra.
Sintamos-nos a centelha de uma grande corrente de energia quente, fluida e amorosa, que permeia o universo.
Gaia está connosco e quer dar testemunho desse fluxo, da sua veracidade.
Observemos a beleza à nossa volta, que ainda é visível na Terra: a beleza das plantas, dos animais; e a beleza da pureza e inocência em nós e também nas pessoas ao nosso redor.
Observemos tudo isso outra vez e retornemos à vida, e abracemos-la!

Gratidão,
Luís Barros

29 de junho de 2020

O GRANDE MISTÉRIO

Há um grande mistério no Universo, e esse mistério é que no Universo existe algo em vez de nada… 
No universo existe vida, luz e consciência; a vida dança e se movimenta.
Como surgiu tudo isto?
É importante que primeiro nos maravilhemos com o mistério da vida, luz e consciência.
Estes elementos não podem viver de forma isolada; onde existe vida há luz e consciência também.
A luz faz com que a vida se torne manifesta.
Existe uma força motriz que faz com que a consciência se eleve até um ponto em que consiga reflectir a si própria, tornando-se auto-consciente.
Quando a consciência chega a esse ponto, a vida é capaz de tornar-se consciente e dar forma a si mesma.
A vida pode, então, escolher e progredir, e ocorre algo como a formação de um Eu ou Self.
Este é o nascimento da alma. 
Mas daremos um passo para trás a fim de descrever os princípios da vida, luz e consciência.
De onde elas vêm?
Qual é a origem da vida?
No interior do Cosmos existe um vácuo, um vazio que respira… uma plenitude no silêncio.
Esta é a origem da vida e podemos nos conectar com ela ao respirar silenciosamente.
Ao respirar em silêncio e tranquilidade, levando a nossa atenção à inspiração e expiração, nos conectamos com a fonte primordial do Ser.
Este princípio silencioso, a base de toda a vida, continua presente em nós.
Ele vive e respira no nosso interior, independentemente do que estejamos ou não fazendo.
A origem, o princípio – o vazio que está lá, do qual tudo surgiu – ainda existe em nós.
Compreender isto nos liberta, assim como expande os limites do ser que somos, revelando a natureza relativa, dual da nossa individualidade.
Nesse vazio inicial, nesse espaço, ainda não existe individualidade, não existe uma alma única; há um puro Estado de Ser ou de Existir.
Sintamos o mistério desse Estado de Ser.
Ele envolve tudo.
Sem esta Base do Ser, nós não existimos; ela nos permeia e nutre.
O que é isso?
Nesse silêncio, vive o sopro de Deus.
Deus é indeterminado, indefinido e ilimitado.
Ele não tem forma; é aquilo que não é individualizado.
Deus está ciente de tudo, mas nesse campo de percepção ilimitada que é Deus, existem bolsões, ou cavidades, nas quais predomina a falta de consciência.
Esta falta de consciência possibilita o crescimento e desenvolvimento da vida.
Deus, o Ser, criou lugares onde a vida é inconsciente, a partir dos quais um desejo de consciência pode se desenvolver e crescer em direcção à luz.
Nós estamos localizados num desses vazios no campo de consciência que é Deus.
Deus teve que criar uma consciência menor para que a individualidade pudesse surgir.
A fim de criar a vida individual, Deus teve que fazer uma coisa paradoxal, porque, em essência, Deus é tudo.
Tudo que existe está em Deus, tanto o que é possível quanto o que não é; então Deus teve que criar locais de menor conscientização, para possibilitar o nascimento da alma.
A alma é uma consciência definida e limitada, que encontra seu caminho através do tempo e do espaço, buscando sempre essa união com Deus, da qual ela foi gerada.
O nascimento da alma foi um salto na escuridão do esquecimento.
Ao criar a consciência no nível do indivíduo, algo novo, algo grandioso é gerado em Deus: uma consciência viva que cresce, que é dinâmica e evolutiva – e a vida é mudança, está num estado constante de vir a ser.
Quando a consciência inclui tudo, inclusive todas as possibilidades, é impossível o crescimento dinâmico da inconsciência para a consciência.
É somente através deste processo dinâmico que a luz pode ser criada na espiral de crescimento da alma – do seu nascimento, à sua juventude e maturidade.
E é este crescimento no campo do tempo e espaço que se soma à consciência de Deus.
A alma vive num relacionamento amoroso com Deus.
Deus é a Fonte da Alma, sua Base ou matriz, e a meta pela qual a alma se empenha.
E Deus cria a alma para que Ele possa encontrar satisfação no anseio da alma de vir a ser, e na profundidade dos sentimentos que disto resultam.
O mistério é que, desta forma, o próprio Deus se torna visível, tangível e experiencial, através da consciência individual que a alma traz dentro de si.
Este é o propósito do nascimento da alma.
A alma é levada a perder seu caminho nos vazios da consciência, pelo menos em parte.
Isto é necessário na jornada da alma porque é importante que ela atinja sua meta e, em total liberdade, retorne à consciência divina, à omnisciência, ao conhecimento pleno.
É por isto que o mal – aquilo que é considerado “ruim” – deve fazer parte da sua jornada.
Quando a alma tenta chegar ao Princípio, à essência do que ela é, a Deus nela mesma, é exactamente naquele vazio – a natureza ilimitada e todo-abrangente do Ser Divino – que ela vivencia sua libertação.
É então que ela retorna ao Lar.
Luz e escuridão são elementos que pertencem à jornada da alma.
O jogo de luz e sombra é criado porque Deus retira a Sua consciência, ou a esconde, em certas partes do Cosmos, e lá oferece liberdade de acção à alma.
A criação da alma é, na verdade, uma contracção, uma diminuição da consciência.
Mas este processo tem um propósito, porque é justamente nessa contracção que existe um movimento, um processo de realização importante e valioso, e é este processo que cria luz.
A luz surge onde a consciência individualizada se abre para a Fonte Divina.
À medida que a luz vai se tornando mais forte, que a consciência vai aumentando, e a conexão com o Um vai sendo mais percebida, a contracção vai gradualmente se abrindo à plena consciência.
Esta interacção entre contracção e omnisciência é a essência da Criação.
Nesta dança entre os dois pólos, Deus atinge Sua maior expressão.

Gratidão,
Luís Barros

28 de junho de 2020

VIVENDO A ENERGIA DE BUDA

Nós estamos muito preocupados connosco mesmos o tempo todo.
Vivemos nos perguntando se estamos fazendo a coisa certa, se temos o conhecimento certo; entretanto tudo o que precisamos para encontrar o nosso caminho na vida está dentro de nós mesmos.
Nós possuímos um radar no interior do nosso próprio ser; este guia interior está dentro do nosso abdome.
Falamos sobre a importância de nos conectarmos com o nosso abdome e tornarmos-mos realmente presentes nesse nível.
É triste que muitas mulheres não se sintam confortáveis em seu próprio abdome, que, no corpo, é a sede das emoções.
O abdome é também a sede da intimidade e sexualidade, e é onde os bebés são concebidos e se desenvolvem.
Portanto, a área do abdome está profundamente interligada com a vida na Terra.
Às mulheres é dito que é importante doar e abrir o coração para as necessidades das outras pessoas.
De facto, grande parte da espiritualidade está centrada no despertar do coração.
Mas vemos várias pessoas, especialmente mulheres, sofrendo justamente por terem o coração aberto demais, e não fechado.
O coração delas está muito aberto e facilmente estendem as mãos para seres e energias ao seu redor, mas o abdome está relativamente fechado.
No abdome reside um grande poder; é o poder de dar à luz, o poder de se conectar verdadeira e profundamente com a Mãe Terra e os grandes ritmos da vida.
As pessoas em geral – e nós como cultura – tornamos-nos temerosos destas grandes forças da vida, porque elas ultrapassam o controlo da mente e da vontade.
As mulheres instintivamente sabem como lidar com estas forças, mas se alienaram da capacidade de sintonizar-se com o seu próprio poder.
Pedimos, então, a cada um de nós – a cada homem e a cada mulher – que se conecte mais profundamente com o centro do seu abdome.
Simplesmente consciencializemos-nos dessa área e da nossa respiração descendo até lá a cada inspiração.
Nosso abdome é uma âncora, energeticamente falando.
Ele nos dá as raízes que nos enraízam em nós mesmos.
Desçamos mentalmente ao nosso abdome e poderemos sentir as nossas pernas tornarem-se mais aterradas e pesadas.
Agora imaginemos que dentro do nosso abdome há um grande “olho”.
Este “olho” observa tudo com muita calma e clareza.
Em comparação com as energias do nosso coração e da nossa mente, a energia desse “olho” no centro do nosso abdome é muito calma e silenciosa, muito sólida e estável.
Pensemos nos ritmos da natureza e como eles ocorrem com facilidade e regularidade.
As Estações vêm e vão e todas fluem naturalmente por si mesmas.
Nós fazemos parte deste ritmo da natureza, então conectemos-nos com a consciência feminina em nosso abdome.
Agora, voltemos esse “olho” do nosso abdome para cima e olhemos para a área do nosso coração.
Como o nosso coração se sente?
Conseguimos realmente amar a nós mesmos, dar atenção a nós mesmos e cuidar de nós mesmos?
Dentro do nosso abdome, sabemos que precisa haver um equilíbrio entre dar e receber porque esta é a lei da natureza.
O nosso abdome sabe que de nada adianta doar demais, e que isto não respeita o equilíbrio natural de energia.
Imaginemos que estamos numa situação do nosso quotidiano, na qual sentimos a nossa energia sendo drenada ou esgotando-se.
Imaginemos-nos nessa situação e, então, olhemos para ela com o olho do nosso abdome, enquanto nos mantemos presentes em nosso abdome.
A partir daí podemos observar essa situação de um modo muito impessoal e calmo.
De certa forma, isto é realmente engraçado, porque geralmente se considera que a parte inferior do corpo, os centros inferiores de energia, estão conectados com o ego.
Na verdade, o nosso abdome tem uma sabedoria que vai além do ego.
Ele pode-nos ensinar a estarmos realmente disponíveis para nós mesmos e proteger-nos quando necessário.
Sintamos como o nosso abdome deseja cuidar de nós.
As mulheres não são muito boas para cuidar de si próprias.
E os homens que possuem um lado feminino forte, um lado sensível, podem ter este mesmo problema.
Para nos esclarecer e nos ajudar com esta questão de sensibilidade e de perda de energia para forças externas, invocamos uma imagem que é familiar para a nossa cultura – a imagem e energia de Buda.
A energia de Buda é muito serena e calma, muito ancorada e conectada com a Terra também.
A sabedoria de Buda pode ser facilmente acedida a partir do abdome.
Simplesmente imaginemos como seria se fossemos como Buda, se tivéssemos aquele tipo de presença, aquele tipo de serenidade, de tranquilidade.
Conseguimos sentir a paz brotando do interior do nosso abdome?
Buda tinha um coração aberto; seu coração estava cheio de compaixão pelos outros seres vivos.
Mas, embora se preocupasse com o sofrimento deles e desejasse ajudá-los a amenizá-lo, ele se mantinha centrado em seu próprio ser.
Permitamos que este poder, esta energia, flua através de nós; ela faz parte da nossa cultura.
Se conectarmos o nosso coração com o nosso abdome, toda a questão da sensibilidade será diferente para nós.
Muitas vezes, ao estendermos as mãos para outras pessoas a fim de ajudá-las, absorvemos a energia delas e pensamos que podemos oferecer-lhes a solução para os seus problemas.
Nunca nos ocorreu que é muita presunção assumir que nós temos a solução?
Pode ser que não saibamos qual é a solução correcta para elas.
Talvez estejamos apenas ansiosos para restabelecermos a harmonia, para ver um sorriso em suas faces, ou para recebermos a aprovação delas.
Abandonemos essa ansiedade, esse desejo.
Não resolvamos o problema dos outros.
Quando nos conectarmos com o “olho” no nosso abdome, veremos coisas e sentiremos compaixão, mas não nos sentiremos tão inclinados a resolver os problemas dos outros.
A chave para a verdadeira compaixão por outras pessoas é sentir empatia por elas e, ao mesmo tempo, manter a confiança no facto de que elas possuem a solução para os seus próprios problemas.
Ao nos convencermos da força que elas possuem, nós teremos paz de espírito.
Perceberemos, a partir do nível do abdome, que os processos de crescimento levam tempo, e que nós mesmos nos encontramos num processo de crescimento.
Muitas vezes, a nossa necessidade de ajudar, de doar, de sermos úteis para os outros está relacionada com a nossa própria insegurança… um medo de não sermos suficientemente bons e, por isto, termos que fazer alguma coisa ou sermos alguém para outra pessoa.
Na verdade, nós somos mais úteis para os outros quando nos conectamos com essa natureza Búdica dentro de nós mesmos.
A serenidade, a tranquilidade que irradiamos, então, os confortará.
E isto tem um significado para nós também; significa que somos suficientemente bons, mesmo quando não estamos fazendo nada, nem ajudando alguém, e mesmo quando não significamos nada de especial para qualquer outra pessoa.
Nós somos bons do jeito que somos, porque somos uma parte da natureza.
Assim como uma árvore, ou uma flor, ou uma montanha, nós temos o direito de ser, simplesmente porque fazemos parte do todo.
Nós não precisamos provar que somos nós mesmos.
Um animal ou uma flor não sentem necessidade de se defenderem para poderem ser.
Eles estão simplesmente lá; nós estamos simplesmente aí.
Nós somos uma extensão do espírito, da unidade, e isto basta!
Curiosamente, embora isto devesse ser tranquilizador para nós, é um tanto chocante para o nosso ego.
Nossa parte ego quer ser alguém, quer ser útil, quer fazer uma diferença.
Mas é isto que a nossa alma realmente deseja de nós? Não.
Porque a nossa alma está em paz consigo mesma.
Sim, ela procura expressar-se no mundo exterior, deseja compartilhar a si mesma como uma flor compartilha sua beleza, mas ela não precisa provar nada nem justificar sua própria existência.
Compreendamos apenas que não há tanta coisa a conquistar na nossa vida como pensamos.
Nós realmente podemos relaxar um pouco mais.
Nós somos uma parte do todo, e nada pode mudar isto.
Descansemos neste sentimento natural que permeia toda a natureza.
No nosso dia-a-dia, sempre que nos preocuparmos com questões a resolver, problemas a solucionar, formas de lidar com outras pessoas, inspiremos profundamente de vez em quando, e conectemos-nos com o nosso abdome.
Nosso corpo é um portal para muita sabedoria.
Sempre que nos sentirmos esgotados ou tensos, encontremos formas de relaxar o nosso corpo, porque isto nos levará mais facilmente de volta à nossa âncora, à nossa fundação.

Gratidão,
Luís Barros