Meu pequeno, agora você já sabe grande parte do mistério divino.
O que deseja saber agora?
- O senhor não me contou ainda o significado da Kabalah nem a Verdade que o Cristo revelou aos seus apóstolos.
- É verdade.
Eu prometi-lhe contar os ensinamentos do Cristo e junto com esse ensinamento vou-lhe revelar a verdadeira história sobre Judas, o traidor.
Os apóstolos de Cristo receberam um privilégio que poucos outros mortais receberam.
Cristo lhes ensinou a alimentação correcta, revelou-lhes os segredos da natureza e o aproveitamento desses recursos.
Um dia um dos discípulos de Cristo perguntou-lhe porque não se agradava da carne dos animais.
Cristo respondeu que nada tinha contra os seres que se alimentavam de carne animal, afinal todos somos filhos de um só Pai, porém a necessidade de um irmão seu não era a dele.
O discípulo, intrigado com a resposta, continuou a questionar:
- Mas por que jamais te vimos matar um animal?
O Cristo respondeu:
- Se queres saber da verdade prepara-te para as consequências, pois tu não serás mais o mesmo depois de ouvi-la.
Sendo assim pergunto-te: queres de facto conhecer a Verdade?
- Sim Jesus, liberta-me da minha ignorância – respondeu o discípulo.
- Quando um homem mata um carneiro para alimentar seu corpo está levando a morte para dentro de um corpo cheio de vida.
Este corpo cheio de vida se alimenta dos quatro elementos vitais.
A água, que brota viva da terra, sem interferência da mão do homem.
O fogo, que nasce da terra e pula de sua grande boca vulcânica e também não sofre a interferência do homem.
O Sol, estrela da chama divina, alimenta a terra e o homem com o seu calor e é responsável pela germinação das sementes na natureza e na mulher.
A terra que recebe as sementes como um útero fértil também dá ao homem o sustento e o abrigo.
Ela também é vida sem precisar da mão do homem.
Por fim o ar puro, sopro divino que vive no homem e na natureza e dá vida a eles.
O corpo do homem é a composição sagrada desses quatro elementos.
O sangue representa a água, a carne representa a terra, a temperatura do corpo representa o fogo e a respiração é o próprio ar.
Esses quatro elementos dão ao homem o direito de ser o quinto elemento e esse 5º elemento o homem tem que conquistar no período de sua estadia na Terra.
Este quinto elemento é a sabedoria do homem quando ele compreende o amor e seu propósito divinal.
Sendo o homem vida em todos os aspectos de sua existência ele deve também respeitar a vida.
O homem que come o morto leva para dentro de sua vida as doenças daquele morto, além de estar comendo carne que somente em anatomia, aparência e paladar é diferente da sua, mas em nenhum momento deixa de ser carne.
Em suma, o homem que abate um carneiro sem necessidade real de sua carne está abatendo um semelhante que não lhe fez mal algum.
Tudo que está morto o homem deve deixar ao encargo da natureza.
Essa é a única que tem o direito de se alimentar daquilo a que um dia deu a vida, pois ela só faz isso quando ele já não tem mais a vida que um dia ela lhe ofereceu.
Em verdade vos digo que o homem foi criado em carne viva para alimentá-la somente daquilo que, como ela, também está vivo e tudo que está vivo foi criado na natureza para suprir as necessidades dos homens e dos animais, porém não confunda minhas palavras quando digo que o homem deve se alimentar somente daquilo que está vivo.
Digo que ele deve se alimentar de tudo que a natureza lhe oferece sem precisar morrer para isso.
Veja, por exemplo, as macieiras.
São belas árvores, que produzem frutas maravilhosas em paladar, aroma e beleza.
O homem pode se alimentar de maçãs sem destruir a macieira.
A maçã, como as outras frutas, são alimentos vivos que nascem do excesso de amor da natureza.
Portanto a fruta não morre quando tirada do pé.
Ela é o excesso da criação da árvore que a produziu e essa criação não termina quando o homem se alimenta da fruta, pois o homem come a fruta, mas deixa a semente, que um dia virá a ser uma frondosa árvore.
O mesmo já não acontece com o animal que o homem mata, pois este não tem uma semente que pode ser plantada para originar outro animal.
O Pai, em sua grandiosa perfeição, deu ao homem o presente mais perfeito, que é a natureza, onde o homem encontra exactamente tudo que precisa para viver: o alimento, o remédio, o trabalho, o habitat, a roupa e tudo que ele for capaz de imaginar.
O remédio se encontra nas folhagens de pequenas plantas ou nas raízes profundas de grandes árvores, no fruto, na flor ou na própria semente.
O trabalho está na lavoura ou na imaginação do homem em saber fazer arte com o que a natureza lhe oferece.
O habitat também fica à escolha do homem.
Pode ser uma caverna como pode ser uma morada feita com os recursos da própria natureza.
A água que desce das montanhas faz um longo caminho.
Transformando-se em rios e cachoeiras alimentará o homem gratuitamente.
O Sol também aquece o homem sem que ele pague por isso.
A Terra, não sendo o Sol, também aquece o homem sem que ele pague por isso.
A Terra, não sendo maltratada, germinará as frutas e os legumes que podem alimentar o homem e sempre se reproduzir.
O homem que souber se harmonizar com a natureza encontrará nela a maior de todas as riquezas, pois esta tudo provê ao homem e aos animais.
Mas nos animais também existe um excesso de amor, que pode ser oferecido ao homem.
As vacas e as cabras são animais que oferecem leite em abundância, se não for prejudicar os seus filhotes.
O homem pode aproveitar este alimento tanto para bebê-lo como alimento muito rico em vitaminas como na transformação dele em queijo e outros derivados.
No reino animal encontramos as galinhas que botam seus ovos e não estando na época de chocá-los o homem pode aproveitá-los como alimento e para fazer pães, bolos, etc. Usando a inteligência o homem pode descobrir facilmente o que pode e o que não pode comer, devendo lembrar-se sempre que um ser vivo não come outro ser vivo, mas apenas o que este ser vivo pode-lhe oferecer.
Das árvores o homem tem as frutas, as verduras oferecem suas folhas e os legumes sua polpa, deixando ao homem o encargo de replantar suas sementes.
Esses são os seres vivos que o homem pode comer, pois levam para o corpo do homem a vida e a saúde perfeita.
O animal vivo o homem não poderá comer, pois para isso terá que matá-lo e isto significa comer o morto e extinguir aquele ser que não nascerá de novo.
Por mais duro que pareça ser o que agora vou dizer é uma verdade imutável no universo.
O corpo morto de uma vaca e o corpo morto de um homem nada mais tem de valor, pois a alma valiosa do homem já o deixou para seguir seu caminho, mas se a vaca estiver sendo abatida naquele mesmo dia ainda terá a serventia de alimentar tanto o homem ignorante quanto outros animais.
Deus não proíbe que o homem se alimente de carne, principalmente quando ele não tiver outra alternativa, mas como Deus proveu o homem de sabedoria espera que um dia ele venha a descobrir isso sozinho e os sinais dessa verdade o Pai espalhou por todos os caminhos do homem.
Após ouvir atenciosamente o que o Cristo disse o discípulo perguntou:
- Jesus, então vós afirmais que nossas doenças podem vir da carne que comemos?
- Vossas doenças têm muitas origens.
Uma delas está no excesso de alimento morto que comem e de vossos profundos mal hábitos de alimentação, higiene pessoal e de moradia.
A água é o melhor dos remédios para limpar o corpo das febres inebriantes.
Beber água pura e tomar banhos abundantes limpa o corpo tanto por dentro como por fora.
Como elemento vivo também leva vida para dentro do homem.
O suco de muitas frutas, quando feito na hora, também é um excelente remédio para a limpeza do organismo.
Algumas ervas laxativas como ‘sene’ são muito boas para limpar as impurezas do sangue e do intestino preso.
Se o homem sempre se alimentar do que tem vida como frutas, legumes, verduras e água pura terá sempre uma boa saúde e muito raramente terá alguma doença.
Sua moradia deve ser asseada.
Mesmo na simplicidade a limpeza do corpo e da casa deve ser um dever na vida do homem, mas se mesmo agindo assim a doença surgir o homem deve observar melhor seu coração, fazer um exame de consciência e procurar os erros de suas acções, pois pode estar sofrendo as reacções daquilo que plantou na vida.
As acções são a única árvore que o homem planta e que o persegue onde quer que ele vá.
Isso significa que muitas das doenças do homem são apenas uma reacção de suas acções e não importa quantas vidas o homem viva ele sempre será o único responsável pelas suas acções.
- Jesus, as bebidas fermentadas como o vinho também são algo morto que não devemos beber?
- O vinho não foi criado como alimento do homem, pois suas propriedades não estão ligadas à alimentação humana, mas para cuidar da saúde do corpo do homem.
O vinho pode curar males que atacam a pele e até mesmo a mente.
Por fora do corpo o vinho pode curar ferimentos, tais como cortes, arranhões e até mesmo algumas feridas de origem desconhecida, mas para que esta cura se realize é preciso empregar de maneira correcta este poderoso remédio, pois o seu uso diário e em doses elevadas levará à falência de alguns órgãos, além de tornar o cérebro um dependente de seu uso.
Como tudo na vida tem uma medida certa devemos apenas encontrar essa medida para utilizar bem os recursos que a natureza nos oferece.
Se o ser humano fosse se basear apenas na Verdade divina jamais usaria uma árvore como lenha para cozinhar o alimento sagrado, pois a árvore morta produz o fogo, mas este, para existir, absorve o que morreu.
Além disso a humanidade irracional derruba as árvores para seu uso, mas muitas vezes esquece de replantá-las, fazendo assim muitas espécies desaparecerem da face da Terra e a destruição maior só não aconteceu ainda porque a natureza conta com seus fiéis operários.
Animais e pássaros semeiam nas florestas o florescer de um novo futuro, pois o alimento deles são justamente sementes e frutas, mas terminam por devolvê-las à natureza.
Através das fezes ou no simples acto de carregá-las algumas se espalham na natureza tornando-se novas árvores.
O mais incrível de tudo isso é que existem algumas espécies de pássaros e animais que fazem este trabalho de maneira bastante racional, distribuindo as sementes de maneira proposital por toda a floresta.
Alguns seres humanos chamam esses animais de ‘plantadores da floresta’ justamente porque por onde passam derrubam sementes de árvores e essas brotam mais tarde.
Depois de tudo isso não é estranho que o homem se ache tão mais sábio que a natureza?
Na verdade, o homem é só um pequeno aprendiz diante de um grande professor.
- Jesus, eu até compreendo o que estais a explicar, mas como poderíamos cozinhar o alimento que precisa do fogo?
- Muito simples, meu querido irmão.
O Sol e sua energia deve ser aproveitado em toda sua plenitude.
Muitos povos antigos captavam o calor do Sol utilizando cristais e outros instrumentos.
Dessa maneira acreditavam absorver também toda a boa energia desta divina luz.
Muitos povos, como ainda no tempo actual, só bebiam o leite depois de deixá-lo alguns minutos no Sol e no Inverno a grande parte desses povos se alimentava apenas dos alimentos dessa estação.
Em verdade eu vos garanto que o homem sábio terá alimento em todas as estações do ano sem precisar sacrificar nenhum animal, pois a natureza provê o alimento para homens e animais, porém só os animais percebem isso.
Para tudo Deus criou opções.
Um dia o homem já soube quais são, mas hoje a grande maioria já as esqueceu.
- E assim, meu pequeno, Cristo também ensinou aos homens o respeito à natureza e tudo que nela vive e se eu fosse lhe contar tudo que ele ensinou levaria anos só para relatar o que me lembro, porém, o mais importante eu já lhe contei.
O segredo das 22 lâminas que estão associadas às 22 letras do alfabeto hebraico e este também é o grande segredo da Kabalah.
Em suma, eu já lhe relatei o Grande Arcano (segredo) da Verdade, que resumido em dez mistérios mais tarde se tornou o símbolo da Árvore da Vida, a Kabalah.
- Mais tarde vou-lhe explicar de maneira resumida esses dez mistérios, seus significados e porque o criaram dessa maneira.
Agora vamos aproveitar que estamos falando sobre Jesus Cristo e vamos revelar a verdade sobre o que Cristo realmente disse na hora de sua morte, o que significou aquela coroa de espinhos em sua cabeça e os estigmas em seu corpo.
Quero também que saibam que Judas nunca traiu Cristo, mas isso já é uma outra história.
- Os apóstolos se infiltraram na multidão quando pediram ao povo para escolher o Cristo ou Barrabás.
Os outros apóstolos estavam todos presentes ao sofrimento do Cristo e não foi só Pedro que O negou, como muitos acreditam.
Para salvar as próprias vidas os apóstolos tiveram que negar que conheciam Cristo.
Quero que fique bem claro que Judas existiu, porém por trás dele existiu um Judas ainda maior.
Como já havia dito, ele foi um ser usado para representar uma multidão.
Ele foi só o bode expiatório.
Darei maiores explicações sobre isso mais tarde.
Os registos do aprendizado crístico foram profanados e até mesmo o que hoje constitui a Bíblia em muito já foi reduzido e com o passar dos anos ainda será muito modificado a tal ponto que ele se mostre apenas por enigmas, que poucos poderão decifrar.
Isso se refere também às últimas palavras que Cristo pronunciou e que por “erro” de interpretação foram modificadas.
Cristo disse (em hebraico): ‘LI’ LI LMH ShBHhTnNI (Meu Deus, meu Deus, quanto me glorificas!), mas traduziram como: Eli, Eli LAMMA SabAchthani (Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste!).
Essas mudanças nos textos bíblicos fizeram com que a revelação que o Grande Pai enviou à Terra desaparecesse momentaneamente.
Assim o florescer da religião única foi interrompida por toda a Terra, porém a Verdade Universal é a única coisa que a terra não pode tragar.
Este pequeno período em que a Verdade virou um Grande Arcano (mistério), a Gnosis Absoluta (Grande Arquitecto = Deus) tratou de renovar em segredo esta Verdade e quando for a hora certa o tempo de Deus será então o tempo do homem e uma revelação inteiramente nova surgirá e terá um poder absoluto, pois destruirá mais da metade da humanidade para assim transformar o planeta.
Desta forma muitos credos criados pelo homem também irão desaparecer, mas ainda não será desta vez que a Verdade Absoluta se tornará a única verdade.
Esta será apenas mais uma das vezes em que ela mostrará o seu poder imortal.
Cristo veio mostrar o poder desta Verdade, foi morto por isso, porém a sua Verdade provou que era imortal e se manteve na Terra e muitos que a seguiram morreram como o Cristo, mas mantiveram esta Verdade viva em livros sagrados e através dos escolhidos para dar continuidade à divulgação desta infinita sabedoria.
- Senhor Rabi, por que o senhor diz que a Verdade se esconde por trás de alegorias ou símbolos?
- A simbologia foi uma maneira secreta que muitos sábios antigos encontraram para preservar a Verdade na Terra, mesmo que muitas vezes eles fossem interpretados de uma maneira totalmente errada.
Enoch, por exemplo, escreveu esta Verdade em vários livros e mais tarde a resumiu em um só, feito apenas de símbolos dos quais ele fez cópias e as deixou em lugares seguros onde seriam encontrados no futuro por seres aptos a entendê-los e já escolhidos.
Uma das cópias ficou de herança para Noé.
Além desta cópia ele também herdou os livros que foram escritos em idioma celeste e juntando os dois foi possível compreender a origem de tudo, do universo e do homem, porém logo que houve a grande transformação Noé recebeu a instrução espiritual de dar a cada um de seus filhos um livro celeste, pois a Verdade mais uma vez corria o risco de desaparecer da face da Terra e a melhor maneira de preservá-la era separá-la, levando suas partes para lugares diferentes.
Assim se uma parte fosse destruída as outras estariam preservadas, porém o Livro dos Símbolos só podia ser passado a alguém escolhido pela luz, que compreendesse os símbolos sem precisar do livro do idioma celeste.
Em resumo, para compreender o Livro dos Símbolos era preciso ter o Livro do Idioma Celeste ou ser um Filho da Luz, que já tinha a sabedoria para compreender os símbolos por si mesmo.
Na verdade, poucos homens puderam aceder este livro e mesmo aqueles que o compreenderam não conseguiram transferir o seu conhecimento a muitos, pois poucos eram os discípulos ou aprendizes que alcançavam o nível desta imensa sabedoria.
Mas o maior de todos os segredos é que Enoch, ao juntar os livros em um só não o escreveu apenas em símbolos, mas também explicou cada um deles no idioma celeste.
Este livro se tornou ainda mais raro que qualquer outro.
Sabe-se que no passado os faraós os tiveram em seu poder, mas que apenas Akhenaton conseguiu compreender o que neles estava escrito.
Agora vamos directo ao assunto que realmente interessa, a simbologia que está por trás do Cristo, sua cruz, sua coroa de espinhos, etc.
Quando olhamos a imagem de Cristo na cruz observamos um ser puro banhado de sangue, sacrificado sem motivo algum.
No passado Akhenaton escreveu uma história.
Na verdade, não era uma história, mas uma visão espiritual que transformou a vida deste faraó.
Na visão de Akhenaton ele viu uma cruz vinda do céu e ao centro dela ele viu uma bela rosa vermelha.
O significado da cruz vinda do céu tem várias explicações, mas vou contar as cabalísticas.
Na Kabalah a cruz significa O Todo Poderoso, os 4 elementos, o encontro do céu com a terra e os 4 pontos que marcam a rota do destino, além de trazer em si a palavra “tarô” e é também o Tau sagrado dos talmuds.
A rosa vermelha significa O Todo-poderoso nascido entre os homens, a sabedoria sacrificada, o quinto elemento (o amor), etc.
Em resumo, significa que a Grande Sabedoria nasceria entre os homens e por ser a Verdade Absoluta, se espalharia pelos quatro cantos da Terra.
Os espinhos colocados na cabeça do Cristo significa o quão grande ainda eram os obstáculos e a incompreensão dos seres humanos a respeito dessa sabedoria.
Além disso esses espinhos também significavam o quanto seria difícil o caminho daqueles que resolvessem seguir o Caminho da Verdade, mas o seu significado não pára por aí.
O mais belo de seus significados é o despertar da consciência divina e a abertura do terceiro olho, o olho da mente e da alma, além do despertar do oitavo chakra, aquele que nos permite a comunicação com o mundo divino.
Os estigmas de Cristo deixam bem claro o despertar dos outros chakras, as chibatadas nas costas acordando a Kundalini, porém não devemos esquecer que o Cristo não precisava despertar os seus chakras.
Por isso seus estigmas, além de representarem o despertar da sabedoria também tinham uma representação superior.
Os pés simbolizavam a terra, os braços abertos o ar, o sangue que corria de seus ferimentos a água, o calor de seu corpo era o fogo, porém o Cristo na cruz era a quinta-essência viva ou o quinto elemento, o amor e a sabedoria sendo sacrificados pela incompreensão e pela ignorância.
Os cinco estigmas são os 5 elementos e os 5 sentidos do homem.
O Cristo recebeu os espinhos (ignorância), mas deu rosas (sabedoria).
- Senhor Rabi, por que tanto simbolismo em torno da morte do Cristo?
- Essa é uma boa pergunta, meu pequeno.
Muito antes do Cristo nascer a cruz já era sagrada e muitos já sabiam seu simbolismo, porém na cruz faltava o quinto elemento para, de facto, dar vida a Deus, que se fez presente no Cristo, e assim manifestou a sabedoria pelos quatro cantos da Terra.
Tantos são os significados que existem por trás do Cristo na cruz que seria preciso escrever um livro para traduzir e explicar todos, porém os mais importantes eu já relatei a você, meu pequeno aprendiz.
Voltemos agora aos estigmas de Cristo, que representavam, além dos chakras, os cinco sentidos do Caminho da Sabedoria.
Os estigmas dos pés simbolizam o Caminho da Sabedoria que somente aquele que está apto a ser peregrino pode trilhar.
Os das mãos significam o tacto e a abnegação de saber tocar sem possuir.
Os das costas representam a humilhação da matéria, a ignorância do mundo e seus obstáculos, que tentam derrubar aquele que trilha o Caminho da Sabedoria.
Os da cabeça significam a sabedoria divina vencendo a ignorância da matéria, pois somente tamanha sabedoria suportaria uma coroa de espinhos sem reclamar uma só palavra, que poderia destruir aquele sofrimento.
É preciso ter muita sabedoria para não usar o poder.
Também significa o pensar antes da reacção.
O estigma do peito significa o sentimento verdadeiro, o amor incondicional.
Para os homens esses estigmas têm apenas um simbolismo de dor, mas para os sábios eles são um livro de grande aprendizado, principalmente para quem deseja se iniciar na magia sagrada.
Em suma isso quer dizer que todo aquele que deseja avançar para os mistérios divinos deve ver sua vida como a vida de um livre peregrino.
Quando digo peregrino não necessariamente estou afirmando que as pessoas devam sair pelo mundo sem rumo ou direcção.
Estou dizendo que a vida terrena é um eterno peregrinar, encarnação após encarnação, vida após vida, mas se surge no homem a necessidade da busca interior ele deve fazê-lo.
Para isso o homem deve-se manter abnegado, estando sempre pronto para alçar voo como uma águia livre que invade os céus com toda sua beleza.
Para isso o homem deve agir como os pássaros, que só podem voar porque a nada são apegados, pois suas asas só suportam o peso dos seus corpos e daquilo que lhes servirá de alimento.
Os pássaros podem andar e voar, mas não podem possuir objectos como os homens.
No entanto o homem daria tudo para ter as asas dos pássaros, mas os pássaros com certeza nada dariam para ter a prisão sem muros do homem.
- O homem também tem a consciência de que suas palavras são sua sabedoria e não sua opinião.
O Cristo falou com os homens usando sua sabedoria, jamais a opinião própria.
Exemplo disso foi quando ele foi chamado a julgar a mulher adúltera.
Ele disse à multidão: “Atire a primeira pedra aquele que não tiver pecados” (isso é sabedoria) e depois, quando a mulher lhe perguntou:
“Mas senhor, como fazer para corrigir meus erros?”
Ele respondeu: “Vá e não peques mais.”
Isso é opinião em forma de ensinamento.
Na primeira parte Cristo mostrou à multidão os defeitos deles mesmos incrustados na pele da mulher que a multidão condenava.
A sabedoria não condena, apenas mostra a verdade, e esta por sua vez se faz juiz de todos.
Na segunda parte, quando questionado, Cristo deu à mulher um caminho, mas cabia ao livre-arbítrio dela segui-lo ou não.
Depois de aprender a usar as palavras o homem deve aprender a suportar o peso delas (através da incompreensão e a solidão).
O simples facto de uma pessoa passar a compreender as coisas que muitos não compreendem o torna distante e incompreendido, porque as pessoas se perguntam: “Mas por que um ser tão sábio não tem nenhum luxo ou não luta para ter alguns bens?” ou até mesmo “Por que não usa sua sabedoria para conquistar riquezas e outras coisas?”
Esses seres ainda não estão aptos a entender que aquele que possui o conhecimento tem o maior de todos os tesouros.
Por isso é muito comum encontrarmos sábios principiantes entristecidos pelo peso do conhecimento, mas ao passar do tempo essa tristeza vai se tornando mais amena e bem menos dolorosa.
A solidão já não é mais tão pesada e a incompreensão já não incomoda mais, pois aquele que avança para a Verdade, por mais dolorosa que ela seja, muito raramente retorna ao Mundo das Ilusões e se ele o faz é porque estava escrito em seu caminho e mesmo assim ele terminará retornando à Verdade, pois aquele que a conhece pode até abandoná-la por um breve período, mas esta jamais abandonará sua consciência.
- Eis aí, meu pequeno.
Tu agora és mensageiro dos mistérios da humanidade e da criação, mas é óbvio que tu ainda não sabes tudo, pois o caminho da evolução é único e chama-se Sabedoria Infinita e este todos nós trilhamos dia após dia.
Tu cresceste muito durante esse tempo que passamos juntos.
Na verdade, perece que o tempo não passou, mas hoje sei que tu não és mais o pequeno aprendiz, nome pelo qual me acostumei a te chamar.
Hoje és mais que um aprendiz.
Com amor e profunda gratidão,
Luís Barros