29 de agosto de 2021

O LIVRO DA LUZ - REVELAÇÕES (7)

Num futuro não muito distante Melchizedek voltaria na pele de um faraó, que entraria para a história.

Seu nome, Akhenaton, traduzido corretamente é Arquetatom ou Arketeton.

Esse também foi o nome que ele deu à cidade feita em homenagem a Deus.

Não podemos deixar de lembrar que o primeiro faraó do Egipto foi Melchizedek, mais conhecido pelo nome Miquerinos, Micherions, Michel.

Aí chegamos ao nome do anjo, pai desses filhos da Terra.

Hiperion ou Michel, Miguel arcanjo, o grande Herodes divino, que no Livro de Enoch tem piedade de seus irmãos caídos e mais tarde termina vindo à Terra para ajudá-los, mas Enoch não deixa isso muito claro.

É preciso observar o comportamento do anjo para compreender.

Voltando a Akhenaton, esse arquitecto divino veio em meio a um grande confronto.

Moisés havia nascido príncipe, afinal um dos filhos de José do Egipto era o faraó e a diferença é que os herdeiros do trono dele não tinham o mesmo carisma que seu pai.

Observe Manasses e Neftali.

Eram filhos de José e logo que Jacó lançou a profecia sobre seus filhos ele se dirigiu aos filhos de José, que seriam a herança do próprio Jacó.

Segundo o tracto que ele fez com Akhenaton ele abençoou um e amaldiçoou o outro a ser escravo e servir. Veja que da linhagem daquele que virou escravo nasceu justamente Manasses, o Moshé ou “homem das águas” e não “trazido das águas”.

Moisés, Moshé e Manasses significa também “homem de Seth” (homem que esquece), pois Seth também significava “água”, a grande serpente Tifon, “o homem branco”.

Neste período Moisés seria aquela coluna que estabelece e Akhenaton a que traz o poder.

Nossa história começa em um Egipto dividido ao meio pelo Alto e Baixo Egipto.

Uma parte era o reino de Ramsés e de Moisés o outro.

Era o reino do arquitecto divino que desejava ensinar ao povo os caminhos para a liberdade.

Seus primeiros aliados foram Miriam e Aarão, aqueles a quem Akhenaton confiou os segredos das relíquias de Capela (Melchizedek).

Esses dois na realidade tiveram mais importância na história do que se conta.

Miriam era sacerdotisa formada pela escola de Melchizedek, assim como Aarão e Moshé aprendeu tudo que sabia formado pela escola de Seth.

A antiga maldição dos filhos de Seth e dos filhos de Caim agora daria uma pequena trégua.

Era preciso unir forças para libertar o povo israelita da escravidão causada pela profecia de Jacó.

É preciso lembrar que o único povo judeu que existia naquela época eram os filhos da tribo de Judá, o segundo filho mais abençoado por Jacó, perdendo apenas para Levi Aton, que foi o abençoado entre o céu e a terra.

O povo de Israel era geral, pois todos os filhos de Jacó se tornaram israelitas quando seu pai recebeu este nome após ter brigado com um anjo, que na verdade nunca foi anjo.

Era nada mais nada menos que seu próprio irmão Esaú, onde na luta Jacó, para se livrar da maldição de seu pai Isaac, matou o próprio irmão, facto omitido pela história, porém o corte na coxa de Jacó o torna senhor dos senhores (obs.: leia a bênção que Jacó deu aos filhos em Gn 49).

Na época de Moshé os israelitas eram em grande número se reunissem todas as tribos, mas havia duas tribos totalmente rejeitadas pelas outras: os hebreus, que eram um povo nómade sem misturas com os filhos de Israel e os judeus da tribo de Judá, que só tinham como aliados os levitas, que estavam sendo exterminados pelas outras tribos.

Esses últimos, também conhecidos no passado como ‘leviatons’, os filhos de Aton, os profetas do Deus único.

levi = unido, Aton = Sol ou Deus = o Deus único de Akhenaton.

O fundador da tribo de Cohen Aarão = arca, irmão de (Deus) sublime.

Miriam = estrela do mar, luz das águas.

Aarão era mais que um simples sacerdote.

Era chamado por Akhenaton de irmão e por Miriam ele tinha também a mesma afeição.

Nessa época Akhenaton não concordava com as leis criadas pelos antigos, principalmente a respeito dos sacerdotes, que viviam enriquecendo às custas do povo, mas não era só isso.

Os filhos de Jacó não estavam mais contentes com o que possuíam e brigavam entre si pelo poder, o que trouxe muita confusão, pois havia dois governantes no Egipto.

Um que os protegia e o outro que os enganava.

Na verdade Ramsés instruía os homens de acordo com as leis e normas de seu pai Seth, seus sacerdotes e seus deuses.

Akhenaton não admirava os deuses, acreditava em um só Deus, pai de todo o universo.

Os filhos de Jacó agora eram mistos e viviam divididos entre esses dois governantes.

Os filhos de Seth eram Ramsés e Nefre.

Esse segundo não é citado na história.

A guerra foi declarada entre os sacerdotes de Aton e os de Amon.

As 12 tribos ficaram divididas em meio a esse confronto religioso.

Para o lado de Aton foram duas importantes tribos: a de Judá e de Levi.

Foi a partir daí que surgiu a guerra interna entre as tribos judias, afinal ninguém sabia ainda que a herança que um dia fora de Levi(aton) agora seria transferida para Aarão.

Leviaton transferiu as relíquias de Miquerinos ou Melchizedek para o templo de Aton, onde sabia que nasceria o Arketeton / Akhenaton e muito antes dele nascer tudo já estava pronto para ele.

Na verdade, Leviaton guardava um segredo apenas para si: o encontro que teria com Akhenaton.

Para quem não sabe Akhenaton era parente de sangue de Zafenate Panéia.

Akhenaton era o 13º dos filhos de Ismael, o filho rejeitado de Abraão, e Zafenate Panéia era o 13º filho de Jacó, filho de Isaac, irmão de Ismael.

Como todos sabem Isaac teve apenas dois filhos gémeos: Esaú e Jacó.

Ismael teve 12 príncipes, sendo que o 13º seria o rei Akhenaton.

Jacó teve 12 filhos e um 13º, que também reinaria como faraó.

No Livro dos Mortos do Egipto toda a história é muito bem relatada.

A Torah apenas copiou o início e depois passou a revelá-la como se fosse a história de autoria apenas dos israelitas (judeus).

Voltemos ao breve encontro entre os dois décimo-terceiros das tribos.

Na infância Akhenaton teve um professor chamado Imhotep, que lhe ofertou uma espada sagrada.

Essa espada estava junto com as relíquias de Melchizedek.

Era sua espada.

Ele havia pedido para Basilai forjá-la.

De acordo com o conhecimento de Basilai aquela seria a Espada do Invencível.

Melhor dizendo, aquele que a possuísse seria três vezes mais poderoso.

Basilai disse que o próprio Caim havia surgido do nada para ajudá-lo a forjá-la, assim assegurando seu poder.

Na luta dos 4 contra 5, a Guerra de Tróia, de Samael contra Melchizedek, havia um ser chamado Nimrod, que foi agraciado por Melchizedek com essa espada.

Nimrod era filho de Samiramis ou a Ísis dos egípcios.

Mais tarde, vendo que Nimrod cairia numa armadilha de seu parente (tio) Seth (egípcio) ou Samael (primeiro nome de Abraão) Melchizedek tentou guardar a espada do poder, mas não deu tempo.

Nimrod foi assassinado por Samael, teve seu corpo esquartejado em 14 pedaços, exactamente como na lenda de Osíris e que também marca as 14 gerações que levaria para o Cristo reencarnar como o último Salvador.

Nimrod = fogo de Deus ou mesmo Miguel, um dos anjos de Deus.

Após a terrível luta entre Melchizedek e Samael a espada foi recuperada e guardada para um futuro que logo chegaria.

Leviaton foi o filho mais abençoado por Jacó por pregar o Deus único e por ter o dom da profecia.

Nele o pai tinha confiança que sua fé não cairia por terra nem seria esquecida.

De facto, o filho tão amado de Jacó deu início a uma religião que ainda era muito pequena e pouco conhecida, pois os deuses estavam ainda muito em evidência.

Mesmo após a queda deles o povo ainda os temia e acreditava que voltariam a encarnar entre os homens.

O horror, temor e devoção a esses seres eram tão grandes que por todos os cantos se via templos erguidos em sua homenagem.

Quando o príncipe Leviaton morreu, deixou para aquele que chamou de irmão toda a responsabilidade de continuar a missão de dar sabedoria verdadeira ao povo.

Essa era a missão mais dura que alguém podia receber, pois acender uma fogueira do fogo eterno em meio a milhares de fogueiras ilusórias é de facto uma missão para poucos.

Akhenaton era demasiado jovem quando perdeu Leviaton, o Zafenate Panéia, e já demasiado cansado quando teve que se unir a Moshé, que aqui vamos chamar por seu verdadeiro nome, que consta do Livro dos Mortos egípcio: Manasses.

A sorte de Akhenaton foram os dois fiéis amigos, Aarão e Miriam, que fundaram a tribo dos Cohen para não serem totalmente dizimados pelas outras tribos, mas jamais deixaram de ser leviatons, jamais deixaram de ser unidos a Aton.

A tribo de Judá também não era uma tribo muito bem vista pelos outros, seus próprios irmãos.

Aos poucos foram também se unindo a eles os filhos da tribo de Dã, que era mal-vista por ter ganho o poder de julgar.

Seriam como os juízes daquela época.

Akhenaton agora tinha o rei das tribos (Judá), o juiz (Dã) e os sacerdotes (Levi/Cohen).

Assim o poder das outras tribos ficara reduzido, pois seus principais poderes agora os abandonavam.

Sem juízes perderam a lei, sem sacerdotes perderam os conselhos e as normas para os guiar e sem o líder ficaram como filhos sem pai, porém isso só veio a acontecer por vontade do próprio povo, que vivia se desentendendo entre si.

Do outro lado do Egipto o reino de Ramsés crescia, pois ele dava ao povo esperança, usando para isso seus deuses e tendo também como aliado Moshé ou Manasses.

Cabia agora a Miriam tentar trazer Moshé à razão, o que não foi muito fácil, mas Miriam ainda não sabia que já tinha uma forte aliada, Zaíra, filha de Jetro, o Senhor da Montanha, aquele a quem Ramsés jamais tentou, pois temia seu desconhecido poder.

Zaíra era amiga de Miriam e também simpatizante da doutrina de Akhenaton.

Quando Miriam ia conversar com Moshé Zaíra ia junto.

Sua beleza era evidente.

Era filha dos Elohins castanhos e Elfos morenos.

Tinha longos cabelos cheios de cachos, formas perfeitas, olhos azuis penetrantes, educação requintada, sabia mais de três idiomas, incluindo o élfico, falado apenas pela sua linhagem, já quase extinta.

Rica, nada queria de Moshé (Moisés) senão o seu amor, mesmo sabendo que ele era um ser muito fechado, de poucas palavras, mas que não deixou de perceber a bela que acompanhava sua irmã.

Aos poucos Moisés passou a ir ao encontro de Akhenaton e recebeu dele a revelação de sua missão.

Moisés tentou negá-la, pois era homem pacífico, não gostava de guerras.

Akhenaton argumentou que também era pacífico e jamais suportara guerras e justamente por isso pedia a ele para libertar seu povo antes que fosse feito escravo dos deuses mais uma vez, pois é o que já vinha acontecendo.

Disse: - Tudo bem, sabes que um confronto se aproxima entre Ramsés (Ramasses) e eu, porém me resta dizer-te que tu fostes escolhido para dar continuidade àquilo que comecei, pois meus dias se aproximam do fim e não terei herdeiros para levar adiante minha missão, pois será morto aquele que vier a se assentar no meu trono.

Ramsés me odeia e não é de hoje, digo, dessa vida.

Seu ódio por mim vem sendo alimentado há muitas eras.

Eu sou o filho do Prometeu divino e ele é filho das graças, que está aqui para aperfeiçoar todo o conhecimento que já possui e não sabe.

Eu sou aquele que idealiza e vocês aqueles que concluem a missão.

Eu já a tenho carregado há muito tempo.

Agora é a sua vez, mas você não estará sozinho.

Terás a companhia da tua irmã e de Aarão, a quem dei todas as instruções que tu precisas para cumprir a tua missão.

Com a ajuda dos Cohen, filhos dos Leviaton, de Judá e Dã você encontrará forças para mostrar ao povo o poder que eles precisam para enxergar o caminho certo.

Quanto a mim, devo permanecer aqui enquanto tu deves organizar tua retirada com o quarto de homens que desejar segui-lo.

Se eu for contigo a ira de Ramsés será grande e não poderá ser aplacada.

Você sabe que ele mandará destruir tudo que já construí, até mesmo Akhetaton, a Cidade do Senhor (Sol), que ele já não respeita.

Depois lembra-te, Moshé, tu já tens 40 anos, a idade que te dá autoridade de rabino, mas peço que sejas humilde, pois Aarão e Miriam chegaram a mim muito antes de ti e há muito já estão adiantados na Kabalah (Merkabah).

Por isso eu confio tanto neles.

Sei que conheço deles as almas transparentes e dedicadas ao Senhor.

Quanto a ti o trabalho é árduo, mas experimentarás na prática todo o conhecimento que já possuis.

Quando partires não deves te preocupar, pois teu povo encontrará auxílio nas terras de Jetro, o senhor da montanha de Gondor.

Ele é mais que um homem comum.

É um grande sacerdote de uma linhagem quase extinta.

Ele é filho remanescente de Atlântida e ainda carrega no sangue a herança dos Elohins.

Tu não deves permitir que teu povo o conheça, pois eles o adorariam como a um deus e Jetro não precisa disso.

Ele já vive aqui há eras, pois, a vida dos elfos é longa e nessas longas eras ele já sofreu muitas tentações.

Não sejas tu mais uma para ele.

Deves lembrar também que teu povo deve estar ciente de ter que trabalhar e de que nada nasce da noite para o dia, afinal tudo que Jetro tem não servirá por muito tempo.

Vocês terão que se organizar, pois um novo lar não pode ser construído sem a colaboração de seus moradores.

Após explicar tudo a Manassés Akhenaton observou um silêncio perturbador e cheio de desconfiança por parte do seu futuro sucessor.

- Sei o que estás a pensar, meu jovem Manasses.

Sei que para ti é muito difícil crer que tudo que te relatei venha a ser verdade, mas a causa maior do teu silêncio não é o que te contei, mas porque eu te contei.

Afinal tu és parte oposta dessa situação.

Estás preocupado em descobrir porquê te relatei meus planos, ciente de que és da casa de Ramsés.

A resposta é muito simples: eu não tenho nada a esconder, nem de ti e tampouco de Ramsés.

Obviamente sei que ele não concorda com os meus propósitos e seria pedir muito a Aton um milagre desses.

Quanto a ti Manasses eu apenas sei que és escolhido para ajudar o teu povo e mais do que isso eu não poderei te revelar, pois cabe à tua alma avaliar o caminho que há muito escolheste trilhar.

Rompendo o silêncio Manasses (Moisés, Moshé) disse:

- O que te faz crer que eu vá trair Ramsés?

E se eu vier a fazê-lo como me livrarei de sua ira.

Tu sabes que no Templo da Cabeça de Asno Dourada (Seth) nada passa desapercebido.

- Eu não estou pedindo a ti que traia Ramsés (Ramasses).

Estou apenas dizendo que tens escolhas.

Sei perfeitamente dos poderes dos adoradores de Seth, o deus, mas acima de tudo confio no meu único Deus, do qual Aton é tão somente uma fagulha.

- Eu sei do que estás falando.

Tu falas do Deus dos antigos, o Deus que ninguém vê ou pode tocar, mas que em tudo está.

Ora Senhor, eu não o compreendo.

Vós sois filho desses costumes, habitais a terra dos senhores da criação.

Por que os negais como filho que abandona a casa de seus pais?

- Isso aqui não é a casa dos meus pais, Manasses, tampouco sou filho desses costumes.

Meus pais há muito se uniram para ser um só e essa história tu já conheces.

Não participo dos costumes em que não creio, não compactuo com os crimes sacerdotais, pois posso falar com meu Deus sem essas cerimónias.

- Admiro tua fé, mas não participo da mesma.

Portanto não aceitarei tua proposta.

Procure outro louco para assumir o teu lugar.

Ramsés tem razão ao dizer que tu és um louco e que vens há muito prejudicando a mente do povo.

Na verdade, tu és a causa de toda essa desavença.

O povo está confuso e dividido e tudo por culpa de um senhor insano e insensato, que só pensa em alcançar fama ou glória.

- Estás enganado, tolo Manasses.

Tu ficarás com toda a fama e glória no futuro.

Toda minha história será apagada por ti e Ramsés e como duas estrelas rivais alcançarão o mais alto brilho, mas isso não me incomoda.

Eu não vim aqui com os mesmos propósitos que tu e Ramsés.

O poder e a glória não me corrompem mais.

Eu já os conheci.

Sei das dores e das falsas delícias desse manjar de vermes.

Por isso os deixo para vocês.

- O que te faz crer que eu desejo a fama?

- Olhe para você, Manasses.

És um alto sacerdote dos antigos segredos, possuis o conhecimento da magia, mas ainda não tens a sabedoria e a consciência do que realmente isso significa.

Um homem sábio não estaria aqui me ouvindo após eu ter pronunciado as palavras poder, fama e glória, pois esse homem, em sua sabedoria, ignoraria essas palavras ou as entenderia como uma ofensa à sua integridade e aos seus ouvidos sábios, que muito provavelmente guardaria a lembrança de já ter passado por essa experiência.

Sua reacção ainda é de um aprendiz sedento pelas conquistas, cheio de vontade de ser adorado, venerado e respeitado, mas pudera eu te dizer o que de facto é isso em simples palavras.

Não, eu não posso te dizer o que é isso, Manasses.

Tu terás que aprender essa parte sozinho, pois o rei que todo homem é já está dentro dele, só precisa ser acordado e o teu acordará para ser rei de milhares.

Obviamente que tu não serás um bom rei, mas também fica claro que não serás de todo mau.

O poder vai te subir à cabeça antes mesmo de serdes coroado.

Eu vejo tuas mãos sujas de sangue.

Um sangue que escorre como água de nascente e não se esgota.

Tua sede de justiça será mais forte que tua sabedoria.

Não irão te respeitar por amor, mas por imposição e medo, mas um dia, Manasses, tu irás te lembrar dessa conversa e nesse dia tu então irás compreender tudo que hoje te falo.

Te ficará tão claro como água cristalina.

Tu então enxergarás teu povo como hoje eu os enxergo e te enxergarás tão profundamente que verás em tua alma teu verdadeiro EU.

Nesse dia tu realmente serás um rei, um rei não mais dos homens, mas um rei de si mesmo.

Será que estás pronto para tudo que vais viver?

Não, tu não estás pronto, mas desejas vivê-lo, isso eu vejo nos teus olhos.

Manasses saiu enfurecido da presença do faraó Akhenaton.

Foi para longe, onde não pudesse ser encontrado.

Precisava meditar sobre o que ele tinha falado.

Precisava achar uma razão para as tolices daquele ser.

Na verdade, precisava compreender porque estava se preocupando tanto com as loucuras daquele tolo faraó.

Manasses não entendia o que teria a ganhar aceitando a proposta de Akhenaton.

Além disso trair Ramasses, seu irmão, seria uma atitude covarde, mas, Manasses lembrou-se que era neto de Jacó e lembrou também das previsões que seu avô havia feito deixando bem claro que Manasses seria um grande rei aclamado pelo povo, que os salvaria das sete pragas que estavam para chegar ao Egipto mais uma vez.

Na verdade, Manasses não se lembrava, mas ouvira falar que na época de Zafenate Panéia o Egipto foi tomado pela fome.

O povo e o gado adoeceram.

A miséria e a doença assolavam todas as terras menos as dos filhos de Jacó e o faraó, que pareciam estar protegidos por uma força maior, porém o que se falava era que José (Zafenate Panéia) tinha demasiados poderes ocultos, que tanto podiam destruir como salvar.

Entre alguns povos das tribos eram histórias e mais histórias sobre Zafenate Panéia.

Alguns o descreviam como um faraó maldoso, que fez cair a miséria sobre o povo só para tê-lo como escravo, tirando suas terras, seus bois, suas cabras, ovelhas e todo campo de alimento.

O povo vendeu tudo que possuía ao faraó, até mesmo a sua liberdade.

O Senhor do Egipto se tornou dono de todas as terras do Alto e Baixo Egipto, mas segundo os planos de Zafenate Panéia nasceria um rei ainda maior, que seria Arketeton (arquitecto) da Sabedoria em forma divina.

Esse rei seria Akhenaton e até mesmo no futuro sua sabedoria seria utilizada e falada por aquele que viria a ser Salomão.

Foi então que Manasses se interessou pela proposta de Akhenaton, mas se Akhenaton tinha mesmo o segredo Manasses tinha que saber e dar um jeito de possuí-lo também.

Mas como fazer isso?

Afinal, ninguém jamais tinha tocado no cajado de Akhenaton, ninguém jamais havia entrado no seu salão secreto, onde ele guardava as relíquias dos deuses.

Era uma época muito difícil no Egipto.

Estava havendo uma epidemia de lepra e muita gente já havia morrido por causa dessa doença.

As Casas da Cura viviam cheias e as dos Mortos também, mas havia uma diferença entre a parte egípcia governada por Akhenaton.

Esse faraó não jogava nem mandava para o exílio no deserto os seus doentes, como fazia Ramsés.

Ele ensinava a seus médicos unguentos feitos de ervas colocadas em ataduras com as quais se enfaixava os doentes, que além disso bebiam três vezes ao dia um cálice de um remédio amargo feito de raízes.

Assim em uma semana o paciente parecia recuperado, recebendo apenas pequenos cuidados de seus familiares.

Akhenaton não aceitava as provocações de Ramsés, pois não gostava de guerras nem de ver seu povo morrer, mas para viver na terra desse faraó tinha que se obedecer a lei de adorar apenas o Deus único.

Não era mais permitido adorar outras imagens de deuses.

Já no templo de Ramsés havia uma cabeça de asno (homenagem a Seth) toda feita de ouro.

Mais em baixo existiam ainda uns cultos secretos que se mantinham longe dos olhos dos faraós.

Manasses conta:

- Resolvi voltar e contar a Ramsés que iria seguir o meu caminho e que a partir daquele dia eu deixaria seu palácio, mas que eu não iria para o palácio de Akhenaton.

Para Ramsés isso foi muito mais que uma traição.

Foi a lança que daria início a uma guerra, pois ele tinha certeza que minha mudança era influência de Akhenaton.

Ele declarou guerra ao faraó do Deus único incitando sacerdotes e povo a destruir os vermes que desdenhavam dos primeiros deuses ousando destruir suas imagens e calando seus cultos.

A princípio Akhenaton não deu resposta a Ramsés ignorando-o como se ignora uma pedra de uma pedreira, o que deixou Ramsés ainda mais enfurecido, pois ele esperava uma resposta só para fazer um pouco de sangue rolar.

Prevendo as reacções de Ramsés Akhenaton pediu a Aarão e Miriam que preparassem o povo para subir a montanha.

Eles teriam que se preparar para atravessar o mar (na verdade um rio).

Foi quando me juntei de facto a Aarão e Miriam.

Como conhecia os truques que os sacerdotes usavam para demonstrar ao povo que falavam com os deuses passei a mostrar ao povo que tudo não passava de uma grande farsa, mas povo é povo.

Não adere a mudanças com facilidade e não é de uma hora para outra que os fazemos crer em algo.

Um dia o faraó Akhenaton disse ao povo:

- Guardem seus filhos dentro de casa e não os tirem da frente de vossos olhos, pois Ramsés quer beber o sangue dos inocentes para acordar o deus Seth, o vampiro da primeira geração (vampiro> vam ou vanus = vão + pirro ou piro = fogo : fogo sem rumo, fogo enlouquecedor, devastador).

Seth, como todos sabem, foi aquele que colaborou activamente para a era das trevas na Terra e se ele acordar mais uma vez tudo tornará a acontecer.

Miriam, que tudo ouvia, disse:

- Mas tu és o nosso Osíris, o Sol Celeste.

Ele não te matará uma segunda vez.

- Miriam, minha amada irmã.

Tu e Aarão devem partir com o povo que desejar te seguir.

Eu ficarei aqui para enfrentar o meu destino.

Se Seth acordar é a mim que ele quer e com certeza não medirá esforços para alcançar seu propósito.

Tu vais levar o Grande Mistério e o manterá sempre protegido.

Meu cajado dou agora a Aarão, pois muito o ajudará.

Esse meu encontro com Seth está escrito já há muitas eras.

Se não for hoje vai ser amanhã.

É algo que eu não posso evitar.

Sei que mais cedo ou mais tarde vai terminar acontecendo.

Eu já fiz tudo que podia.

Durante esses longos anos venho trabalhando para evoluir a humanidade, mas os poucos que compreenderam isso não podem mais viver aqui, pois já não é mais um lugar seguro.

Aarão, tu tens sabedoria o bastante para executar essa missão.

Além disso tens a protecção da tribo de Judá.

Manasses agora é um a mais para ajudar nessa trajectória.

Todo o ouro e a prata que tenho serão distribuídos entre as tribos e seus líderes para que tenham um recurso básico de sobrevivência quando se encontrarem fora das terras do Egipto.

Não acredito que Ramsés liberte seus escravos, tampouco que venha a lhes dar alguma providência.

Isso vai caber a Manasses, pois só ele deverá enfrentar o seu irmão.

Isso é tudo que tenho para vos falar.

Agora apressem-se.

Ele deu a Miriam e Aarão as relíquias que haviam sido de Melchizedek, pedindo a eles todo o cuidado necessário.

Após uma despedida triste Aarão e Miriam partiram com lágrimas nos olhos por deixar à própria sorte o mestre que tinham como um pai.

Graças às instruções de Akhenaton Aarão comandou o povo e logo que haviam atravessado o rio puderam ver o que aconteceu na sua antiga terra: uma chuva de meteoros cobria toda a terra do Egipto.

Todos ficaram observando, tentando compreender o que estaria acontecendo ali.

Miriam e Aarão subiram a montanha de Jetro, pois ele tinha o conhecimento superior e podia lhes informar o que de facto acontecia ali.

Zaira fez companhia a Manasses na ausência dos dois.

Jetro recebeu Aarão e Miriam juntamente com as relíquias sagradas e logo as guardou em lugar seguro.

Depois se dirigiu aos dois e disse:

- O nosso Príncipe da Luz sacrificou-se para evitar um mal maior.

Ele enviou todos os seus súbditos para a salvação e recebeu a ira de Ramsés sozinho, mas não se preocupem.

A ira do Pai Maior destruiu o muito que Ramsés acreditava ter.

A única cidade que ficou em pé foi Akhetaton, porém por maior que tenha sido o susto de Ramsés não foi o bastante.

Ele levantará novas paredes e cobrirá a história de Akhenaton.

Fará como se fosse sua própria cidade, mas isso não vem ao caso.

Eu preciso da ajuda de vocês para transportar o corpo de Akhenaton.

Ele está morto dentro do Templo do Sol, na câmara secreta, que eu sei muito bem que só vocês dois conhecem.

Eu não estou pedindo que voltem lá comigo, pelo contrário.

Isso não será preciso, pois através das relíquias sagradas isso é muito mais fácil.

Vou preparar o ritual.

Abrindo uma pequena arca Jetro tirou de dentro dela um jarro com um líquido amargo.

Depois a pérola referente à vida de Akhenaton, o talismã e o Livro das Eras.

Pediu a Miriam que segurasse o jarro e a Aarão o cajado.

Fez um círculo ao redor deles e de si.

Abriu o livro e começou a ler e falar numa língua desconhecida.

O cajado de Aarão subitamente saiu de suas mãos e ficou no ar de uma hora pra outra.

Ele começou a florescer e dar fruto.

Era apenas um fruto.

Jetro colheu esse fruto e o colocou dentro do jarro que Miriam segurava.

O fruto logo se dissolveu desaparecendo completamente e o líquido amargo transformou-se em um pó branco, que Jetro tratou de transferir para um outro jarro transparente, onde ele se transformou novamente em líquido.

Jetro fechou hermeticamente o jarro, não permitindo a entrada de ar e logo que fez isso o líquido virou pó mais uma vez.

Ele então explicou para Miriam e Aarão que aquele pó era a essência dos patriarcas divinos, aqueles que haviam concebido a humanidade: pai, mãe e o primeiro filho ou também os 7 sábios Elohins, Senhores da Criação da Arda.

- Sempre que isso for agitado voltará a ser esse líquido amargo cor de sangue, mas é por bem que não venha a ser mexido sempre, tampouco aberto, pois esse pó chama-se Sopro Vitae, aquele que é soprado no nariz e concebe a vida imortal.

Outrora também foi conhecido como Sopro dos Deuses ou da deusa Minerva, aquela que soprou a vida para os filhos de Prometeu.

Vocês já devem conhecer esta história, pois são os discípulos mais próximos do Príncipe do Sol.

- Sim – disse Miriam.

O irmão Akhenaton já havia nos contado um pouco sobre os mistérios e também nos ensinou os Caminhos Kabalísticos, a origem da Grande Árvore dos Mistérios da Vida e os 22 caminhos das eras planetárias dentro do planeta Terra, nos falou das 12 tribos interplanetárias que deram origem à Terra e as infinitas crises que vivemos até hoje.

Sinto tanto ter vivido apenas sete anos de sua sabedoria, quando sei que poderia ter aprendido ainda muito mais.

Lamento do fundo da minha alma saber que ele se foi, pois sei que agora toda verdade que ele queria para seu povo será apagada pela ganância dos sacerdotes e eu pouco poderei fazer para mudar isso.

- Não te condenes, Miriam.

Tu e Aarão vão levar adiante a sabedoria de Akhenaton.

Sei que não será fácil, mas veja por um ponto de vista optimista.

Tu tens como aliados os juízes da tribo de Dã e a tribo de Judá.

É a esperança de onde virá uma nova pérola, um novo Enviado das Estrelas.

Além desses teu amado Aarão não terá a tribo dizimada, pois criou uma nova tribo dentro dos levitas, os Cohens.

Não te esqueças que tens também os filhos dos Nefitilis.

Tu deves sempre te lembrar que não és irmã de Moshé (Manasses), pois ele se tornou filho de Jacó no dia em que este o reivindicou de Zafenate Panéia.

Tu não deves saber direito tua própria história, minha querida, mas tanto tu quanto Aarão não estão aqui à toa.

A visão que vocês têm é muito grande e deve trazer a sabedoria necessária à humanidade.

Não deves te envergonhar se não conseguires alcançar o teu intento.

O mais importante é alcançar o intento divino, aquele que não conhecemos.

Zafenate foi um sábio muito grande, pois já possuía sabedoria na alma.

Ele foi dado a Jacó e não concebido por Jacó.

Eis que vou te revelar como tudo isso aconteceu.

Jacó tinha um irmão chamado Esaú.

Esaú era muito querido por seu pai Isaac, pois era homem forte, cheio de alegria e vigor.

Jacó era melancólico, caseiro, pacífico, muito semelhante à sua mãe, mas em seu coração se escondia sua verdadeira face.

Jacó era um homem rancoroso, que guardava ressentimentos ou mágoas por longo tempo e a pior das mágoas era o facto de Isaac se agradar mais de Esaú.

Este casou-se e com o passar do tempo e seu trabalho enriqueceu.

Possuía grandes rebanhos de animais e grandes também eram suas lavouras, o que muito agradava a Isaac, que via no filho um homem honesto, trabalhador e merecedor de tudo que possuía, porém Jacó não sabia que seria merecedor de um bem muito precioso.

Ele seria o pai das 12 tribos.

Jacó se submeteu a trabalhar para seu irmão por um período visando as vantagens que teria, mas Esaú não foi assim tão generoso com Jacó.

Disse a ele:

- Eu sempre fui forçado à vida difícil desde minha infância.

Tu foste protegido por nossa mãe, que não te deixava lavorar pesado, mas agora se queres algo na tua vida terás que dar o suor de teu rosto e assim eu te serei justo e recto na hora de teu pagamento.

Jacó não tinha muita opção e aceitou a proposta de Esaú.

Anos mais tarde, já bastante estruturado, ele inventou uma briga para fugir, levando consigo aquilo que não lhe pertencia.

Pegou um número maior de animais roubando o irmão e não foi só isso.

A culpa caiu sobre as costas de seus escravos.

Mas Esaú não era tolo e não acreditou nas palavras de Jacó e jurou persegui-lo por todas as terras.

Dois anos se passaram e eles não voltaram a se falar, porém quando fez cinco anos Esaú resolveu que estava na hora de dar um basta naquela intriga, afinal ele tinha rebanhos incontáveis pastando em campos cada vez maiores, suas lavouras eram bem-aventuradas e sua casa cheia de filhos saudáveis que seguiam o mesmo caminho do pai.

Suas filhas eram belíssimas, chamavam a atenção dos senhores mais nobres e ricos, que muitos dotes ofereciam para desposá-las.

Enfim Esaú tinha tudo.

Entre seu povo era um homem respeitado e honrado, porém havia algo que ainda o incomodava.

Ele tinha que devolver a Jacó algo que lhe pertencia e infelizmente Jacó não sabia que possuía.

Golaha, o sentinela celestial das eras agora havia encarnado em um corpo humano, mas ainda era um Elohim, só não podia revelar isso a ninguém.

Por isso tinha que agir como um ser humano normal.

Seu nome era Esaú, o irmão de Jacó, e ele tinha que dar a Jacó o filho que teve, mas não soube, pois na sua fuga terminou deixando para trás a mulher que ele tanto dizia amar, mas que jamais pôde lhe dar um filho.

Esaú tinha conhecimento das coisas ocultas do universo e prometeu a Jacó ajudá-lo a ter um filho com sua amada, que por sinal era filha de Esaú.

Agora era hora de Jacó saber dessa verdade.

Zafenate Panéia (Zafenate = o Salvador + Penéia = todos: o Salvador de todos) era o nome do pequeno menino que traria um dos seres celestiais para viver entre os homens [Obs.: como já disse antes os três sempre nascem juntos, mas não exactamente na mesma época, ou melhor dizendo, no mesmo ano. Às vezes um está partindo e o outro está chegando, pois tudo é apenas uma questão de troca de corpo. Às vezes não precisa nem mesmo nascer. Basta encontrar uma alma que deseje ceder o corpo. É o que na maioria das vezes acontece. “As filhas de seres celestiais não podem ter filhos de homens comuns. Isso só é possível com o uso da sagrada magia.”]

Todos acreditavam que Zafenate Panéia trouxe Moshé / Manasses, o seu filho, mas na verdade, minha querida Miriam, ele trouxe você à vida.

Por isso você tinha tanta facilidade em compreender o Arketeton Akhenaton.

Ao ouvir isso Miriam, que já estava silenciada ouvindo a história que Jetro contava, mais perplexa e assustada ficou.

Percebendo o susto Jetro disse:

- Não te perturbes.

Ouça tudo até o final e só então compreenderás tua missão.

Na vida, nas eras, poucos são aqueles que sabem da existência de um ser celestial vivendo na Terra.

Teu pai te manteve distante de Manasses e Jacó, teu avô, para te preservar da influência deles.

Manasses, como tu sabes, recebeu este nome porque Jacó disse a Zafenate Panéia: “Teu filho será meu para que tu te lembres da época em que já tinhas vida boa e de mim se esqueceu. Portanto seu nome será ‘esquecimento’ (Manasses = homem do mar, homem esquecido, Seth, o tirano. Moshé = Moisés = tirano).”

Ele já era um jovem ambicioso de alma e podia vir a prejudicar tua evolução.

Quando tu nasceste foste levada para o outro lado do Egipto para crescer dentro da verdade que Zafenate conhecia e para não ter o mesmo destino que ele teve quando ainda era garoto.

Esaú foi devolver Zafenate a Jacó em um encontro secreto, pois não desejava causar confusão em sua casa, mas Jacó armou-lhes uma armadilha para dar cabo da vida de Esaú, que na verdade precisava trocar de aparência urgentemente, pois tinha que voltar para a terra, mas seu corpo actual já estava velho e não lhe serviria mais.

Foi nesse encontro que Jacó disse que lutou com um anjo e que o aprisionou ali até que este falasse seu nome.

Na verdade, o nome que o tal anjo deu foi ‘Esaú’, que, é claro, Jacó conhecia muito bem, mas durante a luta injusta Esaú chamou Jacó de Jarel ou Jael = cabra ou bode selvagem.

A luta foi injusta porque Jacó levou outros seis homens, que tentaram matar Esaú.

Esse, porém, era forte e mais alto que os homens de Jacó.

Não os matou com seus golpes, apenas os adormeceu.

Em sua ira Jacó partiu para cima de Esaú, que sem titubear cortou-lhe sem gravidade maior a virilha, porém isso tornou Jacó estéril, não podia mais ter filhos, mas já tinha o suficiente.

Daí Jacó saiu mancando, recebendo o apelido de ‘côxo.’ Após ser ferido e amedrontado Jacó tentou fugir, mas Esaú o alcançou e lhe deu nos braços o menino Zafenate Panéia.

Ele parou e enfim ouviu tudo que Esaú tinha para falar.

Envergonhado e ao mesmo tempo cheio de alegria Jacó não sabia o que fazer, mas Esaú disse:

- Isso não é tudo.

A mãe dele ainda vive e se tu ainda a desejas vai à procura dela, que te espera amanhã para meu velório, pois hoje eu morrerei pelas mãos dos comparsas de meu irmão.

Jacó disse:

- Não, eu não desejo mais tua morte.

Perdoa-me.

- Eu te perdoo, Jacó, mas lembra-te: da minha casa tu só vais tirar aquele que deseja sair e nada mais.

Tudo que a ela pertencer ela poderá retirar, pois a herança dela já está prescrita, assim como a de todos os meus filhos.

Jacó só teve tempo de ver seus homens se aproximarem de súbito e, a pauladas, derrubarem Esaú.

Estarrecido e sem palavras Jacó caiu sem forças, pois já havia perdido muito sangue.

Quando voltou a si perguntou a um de seus homens onde estava o menino.

Ele estava dormindo ali perto para não ver o que haviam feito com Esaú.

Esaú foi jogado dentro de uma caverna e lacrado com uma pedra.

Assim ninguém jamais saberia o que tinha acontecido, porém Jacó lembrou-se das palavras do irmão e preferiu levar seu corpo para ser velado entre os seus.

O ferimento em sua perna o ajudaria a sair limpo dessa história.

Na casa de Esaú Jacó foi aparentemente sozinho, pois havia dado ordens a um verdadeiro exército para observar tudo de lugares estratégicos.

Jacó entrou na casa de Esaú levando seu corpo e também se fingindo de vítima de um espancamento.

Além do corte na coxa ele criou mais ferimentos e arranhões, o que de facto causou grande impacto em todos que foram socorrê-lo e ainda simulou uma perda de consciência.

Quando acordou do falso desmaio perguntou por Esaú, como ele estava, mas logo recebeu a notícia de que ele estaria morto, como já era sabido por Jacó.

Ele contou que fora ao encontro de seu irmão, mas ao chegar no lugar marcado havia um anjo do Senhor.

O anjo estava irado com Esaú e Jacó por eles terem envergonhado a casa de seu pai Isaac e por isso ele iria limpar a honra de Isaac lutando contra seus filhos até vencê-los.

Isso causou grande medo no povo, que temia a fúria dos deuses, que costumavam adorar.

O anjo só poupou a criança, pois era um ser inocente e Jacó já o havia enviado à sua casa sob a custódia de seus homens.

Com essa estória conseguiu o que queria, mas num futuro não muito distante o preço lhe foi cobrado.

Aarão pede desculpas e interrompe Jetro por um minuto.

Ele precisa compreender algo que não estava batendo na história.

- Senhor, nossos parentes contam que Jacó se casou com as mulheres da casa de Labão e não da casa de seu próprio irmão.

- Sim Aarão, isso também é verdade.

As duas primeiras esposas de Jacó eram da família de Labão, mas a mãe de Zafenate não.

Ela era filha de Esaú.

Esse também foi um dos motivos da guerra entre eles, pois Esaú não permitia isso que para ele era uma ofensa: misturar sangues que jamais deviam se misturar.

Porém Labão não usou de honestidade com Jacó e este fez o mesmo, tendo ele já uma grande nação.

Não podia ficar sem terras para seu povo e seus animais.

Ao contrário daquilo que se comenta Esaú não era um ser rancoroso e cheio de ódio como Jacó, que fez o mesmo que seu pai.

Lançou sobre seus filhos profecias cruéis condenando-os a viver separados, assim como Abraão fez com Ismael dizendo que ele seria como um jumento, que seria contra todos e todos contra ele (nessa passagem bíblica Hagar diz: deus ao vivo, El Roi. Na verdade não é o Deus, mas apenas Abraão. Vem daí também a adoração à cabeça de asno dourada).

Esaú deu alguns anos de trabalho a Jacó pagando-lhe muito bem, mas isso eu já contei.

Vamos terminar a parte de Zafenate Panéia.

Este, aos sete anos de idade, disse a seu pai que havia sonhado com uma coroa de doze estrelas sobre sua cabeça, mas que também via essas estrelas se transformarem em escorpiões e serpentes, que mais tarde passariam a comer umas às outras.

Jacó percebeu que os sonhos de Zafenate passaram a se tornar realidade, pois viu a morte de uma das esposas de Jacó e a chamou antes que ela partisse dessa vida.

Ele pressentia as besteiras que seus irmãos mais velhos iam fazer.

Algumas vezes contava para o pai, outras preferia se calar, pois, percebeu que já não estava sendo bem visto pelos irmãos.

Aos doze anos Zafenate teve um sonho que muito o impressionou.

Sonhou que se via no futuro, vendido como escravo, virava rei de 12 estrelas, mas que essas 12 estrelas viravam víboras e tentavam atacá-lo.

Ele ia cortando as víboras em vários pedaços até que elas não se mexessem mais.

Era a segunda vez que ele tinha esse sonho, só que dessa vez era bem mais completo.

Ele, com sua pouca idade, compreendeu o que pôde e no passar dos anos o resto se revelou.

Tudo aconteceu como em seus sonhos.

As víboras cortadas significava que seus irmãos terminariam vendendo tudo que possuíam para o faraó, ficando à mercê de sua vontade para sobreviver.

A ideia de Zafenate era esperar uma estrela nascer, pois em um de seus sonhos ele já havia visto Akhenaton e este trazia uma pequena estrela e dava de presente a Zafenate.

Esta pequena estrela é você, Miriam.

Bem, tudo que Zafenate fez foi para proteger o povo das víboras de seus sonhos e o restante dessa história vocês já viveram e por isso a conhecem muito bem.

Mas agora temos que dar um jeito em Moshé, que acaba de criar um ídolo em sua honra e até já deu um nome a ele.

Ele está dizendo ao povo que são o rejeito dos deuses, são o bode expiatório de Mênfis.

Isso já não é um trabalho para mim, mas para tu Aarão e para tu Miriam, que apesar de estar assustada com tudo que te foi relatado deves te manter firme diante dos confrontos que ainda virão.

Então Aarão pergunta:

O LIVRO DA LUZ

Com amor e profunda gratidão,

Luís Barros