Era uma época de trevas na Terra quando Deus, Senhor de tudo e de todos, Pai Universal, chamou diante de si o seu filho Samiazy.
Arrebatado da Terra Samiazy foi transportado para a presença do Pai.
Diante de Deus o anjo Samiazy curvou solenemente a cabeça reverenciando a luz imensa e sutilmente, em sonora e melodiosa voz, disse:
- Chamaste-me, oh meu Criador.
Aqui estou como tua criatura.
Da imensa e gloriosa luz uma voz surgiu.
Parecia brisa suave com aroma de orvalho ao amanhecer.
- Filho querido, meu amado.
Chamo-te aqui porque desejo saber de ti como vai a casa de teus filhos e quantos desses já sabem que são teus filhos e até mesmo quantos deles te reconhecem como pai.
Um olhar triste responde sem palavras.
Samiazy baixa a cabeça e algumas lágrimas deixa cair.
O Pai envolve sua nobre criação em um abraço de profunda luz e supremo amor e assim diz bem baixinho:
- Já está feito (o dilúvio avançou sobre as três grandes raças: Atlântida, Lemúria e Shangrillá).
Um novo tempo te espera, meu amado.
Tu agora deves reensinar os mortais filhos teus e de teus irmãos.
Tu agora deves descortinar a verdade que cobre a história da humanidade.
Revela, oh meu querido anjo caído, aos teus filhos quem são seus pais, relata desde o princípio como tudo se originou, como te criei fecundo e como tu fecundo te tornaste.
Vá, meu querido Anjo da Luz.
Dê a teus filhos o mesmo que eu te dei.
Criei a 13ª raça (tribo) e ela te servirá de braços e pernas, que levarão tuas palavras a todos os cantos da tua imensa casa chamada Terra.
Porém jamais te esqueças, meu querido, deixe sempre bem claro a teus filhos que esta casa é transitória, pois não é morada, mas apenas a Escola do Estágio Primário do Conhecimento em Conjunto.
Lembra-te sempre: tu és eu, pois habitas em mim e eu sou tu, pois habito também em ti.
- Samiazy, meu querido filho, nessa tua jornada não estarás sozinho.
Recolhi duas belas rosas do meu jardim, o mesmo jardim onde tu nasceste.
Tu já as conheces, são teus irmãos, Amorazins como tu.
São Krysnasvary e Agkrüpymallaya.
Vocês não irão nascer de maneira humana.
Nascerão de forma oculta aos olhos dos homens e como são responsáveis pelos habitantes da Terra viverão nela até que essa evolua para o estado invisível.
Neste instante Deus chama Krysnasvary e Agkrüpymallaya para se unirem a Samiazy e os três chorosos anjos se aninham no colo do Pai por alguns instantes, parecendo prever que viverão longos milénios sem o tão profundo e mais puro dos puros carinhos.
Como criaturas tão fortes e evoluídas poderiam estar chorando no colo do Pai?
Como criaturas tão cheias de sabedoria agora pareciam tão frágeis e pedidas?
É muito simples a explicação.
Esses três seres foram designados a trazer à Terra a maior potência em forma de sabedoria, porém ao trazerem luz aos olhos dos homens também trariam a destruição.
A primeira etapa dessa jornada eles haviam cumprido e já estavam tão feridos e cheios de dor que só o colo do Pai poderia trazer um pouco de alento.
A imensa luz os envolve com enorme doçura e amor e os prepara para o retorno à Terra.
A Era de Ouro agora havia acabado e com ela os seres chamados ‘deuses imortais’ também sentenciaram seu fim.
Agora um novo estágio da escola ia começar e mais uma vez os três anjos do Senhor iriam preparar a humanidade, mais uma vez seriam odiados com todo o fervor da ignorância humana, mais uma vez levariam a culpa por todos os erros da humanidade e mais uma vez lutariam juntos para salvar essa mesma humanidade do grande mal que ela estava por criar.
Num olhar tristonho e cheio de lágrimas Agkrüpymallaya diz ao Senhor:
- Pai, por que confias a mim essa providência divina.
Eu errei tanto na primeira etapa de sabedoria que me envergonha ainda merecer vosso resplendor.
- Minha tão amada criatura, se tu tivesses errado por acaso eu não teria errado também?
O que tu pensas não é o que eu sinto.
Porém o que eu sinto tu deverias sentir também.
Liberta-te de tuas culpas, pois estás servindo aos propósitos pelos quais eu te criei, porém, deves te lembrar que tu não serves apenas aos meus propósitos, pois esses são os teus também.
Cada criatura minha tem seu próprio propósito e vai reconhecendo-o à medida que vai evoluindo.
Cada um de vocês vai servir a humanidade de acordo com a necessidade que ela tem e agora já não é como era antes, porém não é menos penoso e difícil.
Mais uma vez vocês criarão uma escola.
Também vão escrever os livros e ensinarão os alunos.
Não há muito mais a saber, há mais o que fazer, praticar. É chegado o momento: a hora de vocês renascerem.
Minha bela trindade feita, criada de Amorazins, meus queridos e amados primogênios, eu vos confio mais uma vez a escola Mürions (Terra).
Ela será a pátria de vocês por longos tempos, mas não se abalem ou magoem seus corações, pois eis aqui um lugar sagrado onde eu sempre estarei, onde sempre poderão comigo se encontrar.
Assim Deus se despediu de seus amados anjos enviando-os mais uma vez à Terra.
Naquela noite linda o céu estava estrelado e particularmente belo.
Havia algo de mágico no céu.
Era como se algo muito especial estivesse para acontecer, porém esta história quem vai nos contar é um velho amigo que pôde presenciar todos os acontecimentos que daqui por diante vamos desenrolar.
Ele prefere ser chamado apenas de Alma Peregrina.
Particularmente ele não gosta de falar.
Ele apenas diz:
- Eu sou o que sou.
Chamem-me de terra, água, vento, fogo, estrela, floresta, metal ou mar.
Faça como desejar.
Nosso velho rabino não precisa ter nome, pois seu saber é grandioso demais para ser rotulado.
Vamos deixar então ele contar como tudo começou.
Com amor e profunda gratidão,
Luís Barros