18 de agosto de 2021

O LIVRO DA LUZ - VINTE E QUATRO

Vamos contar a história do homem enfeitiçado que Jesus curou.

Essa história é um enigma para muitos pesquisadores.

Vamos começar pelo desenho de uma estrela de cinco pontas virada de cabeça para baixo.

É o mesmo que uma estrela caindo.

Essa estrela caída é o anjo caído de Salem, a lenda de como surgiu o povo judeu.

A Salem de Melchizedek era o paraíso na Terra.

Adonias, o pai de Melchizedek, recebera de Deus um pergaminho sagrado onde estava escrita a lei pura, que pregava a harmonia, a paz, o amor e o trabalho.

Adonias recebera de Deus orientação para guiar um povo e instruí-lo segundo essas leis.

Naquela época havia muita magia e encantamento sobre a face da Terra e esse era um mundo dividido entre três grandes montanhas.

A montanha de Salem ficava ao centro, o Monte das Oliveiras ficava de um lado e do outro a montanha que guardava o abismo de Sodoma e Gomorra.

O palácio de Salem era feito de cristal, ornamentado com finas pedras preciosas engastadas no ouro e na prata e outros metais nobres.

As grandes pilastras eram magníficas e tinham grossos feixes de cristal azul.

No alto a perfeição de uma flor de lótus com as pétalas abertas, algumas feitas de ametista, outras de água marinha e até de quartzo rosa.

Nada ali era ostentação, pois tudo isso era algo comum para aquele lugar mágico.

Aos poucos mais e mais pessoas vinham até Adonias desejando juntar-se a ele e ajudá-lo a construir a cidade divina, que se ampliava de acordo com a sua população.

As pessoas que viviam ali de facto acreditavam nas leis do pergaminho sagrado e, por mais estranho que pareça, viviam em harmonia uns com os outros.

Adonias não impunha a lei às pessoas.

Ele apenas lia o pergaminho sagrado duas vezes por mês e fazia isso como se estivesse recitando uma poesia e cantarolando versos divinos.

Dessa maneira Adonias manteve a paz em sua cidade e assim também ensinou seu filho.

Melchizedek cresceu dentro dos conceitos da verdade, da luz e do amor.

Um dia surgiu um jovem rapaz que se expressava com tanta doçura, beleza e candura, que Adonias o convidou para viver no palácio e o tratou como a um filho.

Melchizedek, tão cheio de amor e ternura, se afeiçoou ao rapaz como a um verdadeiro irmão e parecia ser correspondido à altura.

O jovem se chamava Samael e tudo nele parecia ser perfeito, sua candura, sua bela voz cantarolando os versos do pergaminho, sua beleza e sua disciplina.

Alguns anos se passaram e tanto Melchizedek quanto toda Salem tinham verdadeira adoração por Samael, que vivia encantando as pessoas com sua bela voz.

Adonias resolveu nomear Samael o Conselheiro do Povo, pois ele tinha um dom especial de tocar o coração dos seres humanos que precisavam de ajuda.

Tudo foi perfeito até o quinto ano de sua estadia em Salem.

Nesse período tanto Melchizedek quanto Samael já estavam maduros o suficiente para receberem a notícia que Adonias reservara para eles.

Adonias fez uma grande festa para anunciar que no período de dois anos Melchizedek deixaria de ser príncipe para ser rei de Salem e que Samael seria seu fiel conselheiro.

O anúncio foi motivo de muita alegria para Melchizedek, Samael e toda a Salem, que já amava seus futuros dirigentes e via nisso uma honra.

No período desses dois anos seria fabricado o ceptro real feito exclusivamente para Melchizedek e também todos os ornamentos, vestes, trono, etc.

O mesmo seria feito para Samael, excepto o trono do rei e o ceptro.

Um ano se passou e os artesãos convocaram Adonias e Melchizedek para aprovar o ceptro e outros ornamentos.

Samael, como era comum, participou dessa reunião.

Nesse dia sua máscara foi ao chão e ele foi tomado por um sentimento de inveja que jamais havia sentido.

Isso aconteceu quando ele viu o ceptro que seria de Melchizedek.

No ceptro estava gravada toda a lei de Salem, além de tocar harmoniosamente melodias que recitavam as leis de Salem em versos.

Deslumbrado pela beleza e pelo poder do ceptro Samael sentia um desejo incontrolável de possuí-lo, pois só ele conferia a um homem o poder de ser rei e de comandar toda uma nação.

A partir desse dia Samael entrou em um conflito interno, pois ele sabia que havia sido recebido por aquela cidade com tanto amor e Melchizedek, que o amava como a um irmão, não merecia tão grande decepção.

Mas por que ele estaria sentindo aquele desejo incontrolável?

Que sentimento era aquele que habitava seu coração e que se fazia maior que a gratidão que ele tinha por Adonias e Melchizedek.

Durante algum tempo Samael tentou esconder sua inveja de Melchizedek, mas a mudança em seu comportamento era visível.

Melchizedek, que percebeu a mudança de seu amado irmão, tentou de várias maneiras ajudá-lo, falando sempre do quanto ele era importante para sua vida e para o povo.

Tentava exaltar suas qualidades como tesouro ou dádiva de Deus, mas nem todo o amor que Melchizedek oferecia destruía a inveja que habitava Samael.

Triste por estar perdendo o fiel amigo Melchizedek orava a Deus em busca de respostas e de ajuda.

Samael, cada vez mais dominado pelos seus sentimentos funestos, planejou algo para se apossar do centro e de todo o reino.

A princípio ele passou a usar a sua influência para deturpar a mente do povo de Salem.

Começou a mostrar as leis do pergaminho de uma maneira diferente, sem jamais ofender o pergaminho.

Ele fez com que o povo enxergasse suas leis sob uma óptica libertina e vulgar.

Exemplo: ele dizia que amor e justiça era ter desejos profanos, fantasias sexuais, seja com homens, mulheres ou ambos juntos.

Um pequeno grupo de pessoas começou a gostar das ideias de Samael e ele então sugeriu que elas as pusessem em prática e que depois voltassem a ele.

Ele estimulou alguns seres a se embriagarem para fazer isso, pois seria uma experiência ainda mais fascinante.

Para esse pequeno grupo que acreditava na conversa de Samael foi de facto uma experiência que muito lhes agradou.

Foi então que Samael revelou seu plano maligno aos seus súbditos.

Ele iria roubar o ceptro sagrado e com ele seria rei de seu povo e quando Melchizedek se desse conta do furto fatalmente iria tentar resgatá-lo.

Tendo ele um comportamento pacifista obviamente faria isso tudo sozinho, pois jamais colocaria seu povo em risco e logo que fizesse isso Samael o atrairia para uma armadilha fatal e assim voltaria a Salem com o ceptro em mãos, tomaria seu lugar no trono do rei e logo toda Salem estaria sob seu domínio.

Três dias antes da coroação Samael pôs em prática seu plano.

Roubou o ceptro e fugiu com seu grupo de adeptos para as montanhas, que viriam a ter o nome de Sodoma e Gomorra.

Naquele dia Melchizedek sentiu um forte aperto no coração, como se pressentisse o que estava para acontecer.

Procurou por Samael e não o encontrou.

Deduziu que o seu pressentimento se tornara realidade.

Procurou pelo ceptro e não o encontrou.

Logo deduziu o que havia acontecido e fez exactamente aquilo que Samael imaginara.

Foi resgatar o ceptro real sozinho e só voltaria quando estivesse com ele em suas mãos.

Depois de ser humilhado, espancado e ter as mãos transpassadas por Samael, Melchizedek caiu em sono profundo, como morto, e neste instante a loucura tomou conta de Samael, que num surto de consciência acreditou ter matado Melchizedek.

O sentimento da dor dos apelos de sua consciência, que trazia de volta todo o bem que aquele ser lhe havia feito e toda a alegria que viveu enquanto esteve em sua companhia, fazia um misto de amor e ódio tomar conta de Samael.

Diante daquela situação ele fugiu, para não continuar a ver aquela cena que lhe atormentava a mente e na sua fuga ele terminou esquecendo o ceptro ao lado do corpo de Melchizedek, que acordou no dia seguinte todo ferido e cheio de dores.

Ele pegou o seu ceptro e num esforço sobre-humano seguiu para sua amada Salem, onde se tornou rei.

Essa história terminaria aí se não existisse o outro lado da moeda.

Na verdade, essa história é um pouco mais longa, mas não vale a pena perder tempo.

Vamos directo à verdade que se esconde por trás dessa história.

Em primeiro lugar Adonias não era o pai de Melchizedek, nem foi um ser humano comum.

Adonias era um sentinela do universo enviado à Terra para ajudar a humanidade na época de Atlântida, Lemúria e Shangrillá.

Após a destruição das três civilizações os sentinelas desapareceram da face da Terra, pois não havia mais necessidade da presença desses seres no planeta, mas como nada é perfeito alguém sempre termina caindo em tentação e, como sempre, alguém acha o que não deve ser achado.

Alguns seres que desejavam a qualquer custo o segredo da imortalidade descobriram que ressuscitando um sentinela ele forneceria a eles a fórmula.

Estamos falando de Garivaram ou Golaha, que, ao ser reanimado pelos magos das trevas libertou o Príncipe das Trevas, Samael.

Obviamente que Golaha não fez isso por vontade própria, mas o fez por ordem dos magos das trevas, que tinham um domínio nefasto sobre o sentinela.

Após libertar Samael, o Príncipe das Sombras ou Príncipe das Trevas, como alguns seres o chamam, logo criou aliados, que mais tarde se tornariam os imperadores do mal.

Nesse mesmo tempo outros sentinelas foram despertados para ajudar outros magos.

Esses eram os magos da luz, os mesmos que despertaram outros sentinelas.

Eles resolveram em primeiro lugar libertar Garivaram (ou Golaha) do feitiço dos maus feiticeiros.

Houve uma grande batalha, que não contamos, mas agora chegou a hora de relatá-la exactamente como foi.

Golaha e os magos da luz resolveram dar um tempo para Samael e seus seis imperadores se redimirem e voltarem para a luz.

Nesse período Golaha invocou a Deus para que desse uma luz para resolver aquele problema.

Em resposta Deus enviou a Golaha um ser celestial tal qual Samael, que veio como um bebé de que Golaha deveria cuidar e passar a ele todo o aprendizado do pergaminho sagrado, pois o ser celestial seria tratado como um humano e criado por humanos, os magos da luz, verdadeiros construtores de Salem.

Para essa missão o sentinela divino se fez passar por um ser comum, para não levantar suspeitas dos imperadores das sombras.

Golaha e os magos da luz criaram Melchizedek dentro da pura Salem e dentro das leis sagradas que a regiam.

Aos sete anos de idade Melchizedek soube a verdadeira identidade daquele que chamava de pai e ficou feliz ao saber que seu pai era um sentinela divino, pois podia ver o horizonte do mundo dos ombros de seu gigantesco pai, que era o mais alto de todos os homens.

Naquela época isso não assustou muito Melchizedek porque os seres remanescentes de Atlântida, Lemúria e Shangrillá ainda existiam e eram bem altos, mas nunca da altura de seu pai.

O próprio Melchizedek não chegava a dois metros de altura.

Foi também nessa época que Samael ardilosamente se fez passar por um garoto basicamente com a mesma idade de Melchizedek e adentrou Salem na tentativa de dominar mais um reino, porém não contava que a energia de Salem o dominasse de tal forma como o fez.

Durante os anos em que viveu em Salem, Samael se transformou e provou do amor e da alegria.

Ele, que pensava em armar uma armadilha para aquele povo, terminou caindo na armadilha que Golaha (Adonias) criou para convertê-lo, pois segundo as ordens que Deus lhe passou ele deveria dar a oportunidade do mal conhecer o bem antes de receber o castigo apropriado no dia do julgamento.

Hipnotizado pela atmosfera de Salem e a bondade de Melchizedek Samael descobriu que tinha seu lado bom e que podia ser bom também.

Outro detalhe importante é que se o bem fosse um dia despertado dentro de Samael ele perderia seus poderes de génio do mal.

Para deixar as coisas mais claras vamos explicar exactamente do que estamos falando.

Samael era o génio e Melchizedek era o anjo.

Os anos se passaram e veio a primeira provocação de Samael.

Golaha (Adonias) pediu que Melchizedek escolhesse entre o povo aquela que seria a sua esposa, pois para ser rei ele teria que ter uma rainha.

Melchizedek já há algum tempo estava enamorado de uma bela jovem chamada Sara e revelou a ela seus sentimentos.

Ela os correspondeu na mesma intensidade e, para desespero de Samael, ele também havia se apaixonado pela mesma pessoa, porém mais tarde uma linda jovem se declarou apaixonada por Samael.

Seu nome era Hagar.

Samael não a amava como amava Sara, mas tinha por ela um forte sentimento e aos poucos ela ia fazendo ele esquecer Sara.

O casamento de ambos se realizou no mesmo dia e a festa durou dias.

Ambos estavam felizes e tudo parecia correr bem.

Em um curto período de tempo Melchizedek seria coroado rei e os preparativos para isso já estavam sendo o principal assunto da cidade de Salem.

Golaha anunciou que em três anos tudo estaria pronto para a coroação do príncipe Melchizedek e Samael, é claro, teria um cargo de honra ao lado do rei.

Ele seria seu conselheiro, afinal eles eram como irmãos, viviam sempre juntos e conheciam muito bem as necessidades do povo, que a ambos amava.

Hagar engravidou e deu a luz a um menino que se chamou Ismael.

Um tempo mais tarde foi a vez de Sara, que também teve um menino.

Quando este nasceu a felicidade de Melchizedek parecia ser completa.

Ele era um pai maravilhoso, sempre cheio de amor para com sua amada e seu filho.

Sua felicidade chegava a perturbar Samael, que ainda se sentia muito atraído por Sara, o que fazia Hagar ter muito ciúmes de Samael, que passou a ter um comportamento um tanto estranho.

Parecia perdido em seus pensamentos.

Muitas foram as vezes em que desejou partir de Salem, mas não teve coragem de fazê-lo.

Enfim chegou o dia da coroação e nem Melchizedek nem Samael tinham visto os ornamentos que iriam usar.

Nesse dia tanto Melchizedek quanto Sara adentraram o templo onde seria a cerimónia como se estivessem vestidos de luz.

Foram coroados pelos magos da luz e Golaha (Adonias), receberam o trono e o ceptro do poder, onde estavam gravadas as leis do pergaminho sagrado.

Aquela cena foi o bastante para Samael voltar a ser quem um dia havia sido.

A cobiça e a inveja tomaram conta dele e a partir daquele dia a vida de Melchizedek virou um inferno.

Não vamos repetir tudo que Samael sentiu, pois já o descrevemos na história anterior.

Vamos apenas relatar que rumo as coisas tomaram.

Não demorou muito para Samael descobrir que seus poderes já não existiam mais, porém ele pensava que eles deveriam estar adormecidos pelo facto dele estar em Salem há tanto tempo.

Hagar foi a primeira a perceber a mudança de comportamento de seu marido, que parecia insatisfeito com tudo, mas que não deixava Melchizedek ou Sara perceberem isso.

Assim Hagar percebeu que não podia desabafar com ninguém, pois passaria por mentirosa.

Samael montou um plano para se tornar rei de Salem e usou o povo como parte principal de seu plano.

Ele não obteve muito sucesso, pois apenas um grupo pequeno se tornou adepto de seus conceitos, porém ele se lembrava do grande grupo de adeptos que tinha fora de Salem e esses seriam sua maior arma, o grande exército que destronaria Melchizedek.

Sutilmente Samael tentou trazer Sara para o seu lado, porém ela amava Melchizedek e não caía nas ilusões de Samael.

Este desejava seduzi-la até que ela tivesse um filho dele, pois assim ele teria o direito ao trono.

Era só chantagear Melchizedek com a traição de Sara, que ele aos poucos iria ceder aos seus caprichos e logo que o filho tivesse idade para ser rei ele mataria o primeiro filho de Melchizedek com Sara e faria o filho que ele teria com ela tomar o trono.

Assim ele seria rei através de seu filho comandando-o.

Hagar não demorou muito para descobrir os planos de Samael e tanto por ciúmes quanto por vingança usou de ervas poderosas e o tornou um homem estéril, que jamais teria filhos com mulher alguma, porém ela também conhecia a erva capaz de reverter essa situação, mas só a usaria se assim o desejasse.

Sua fúria, entretanto, não terminou aí.

Hagar relatou os planos de Samael a Melchizedek.

Esse, por sua vez, não ficou surpreendido, pois já sabia de tudo.

Já há algum tempo Golaha havia contado a verdade sobre Samael a Melchizedek, que por sua vez tentou tranquilizar Hagar, pedindo que tivesse um pouco mais de paciência, pois as coisas não sairiam como Samael desejava e de facto assim o foi.

Por mais que tentasse Samael não obtinha êxito e por isso resolveu sair de Salem e se unir aos seus velhos imperadores das sombras, que esperavam pela sua volta.

Ele voltou com uma ira ainda maior e do lado de fora de Salem, com todo o conhecimento dos magos das sombras, recuperou uma parte de seus poderes e sua antiga aparência.

Samael preparou uma tropa grandiosa para invadir Salem e tomar o trono e o ceptro do poder.

Melquizedek, que não conhecia a violência e não desejava a guerra, se viu diante de um grande dilema: como proteger seu povo sem tê-lo ensinado a se defender?

Golaha lhe acalmou o coração dizendo: “Não te preocupes, Melchizedek, o amor é o maior de todos os professores do universo. Em sua justiça e verdade infinita ele ensina a combater e defender quando preciso for.”

Durante muitos anos Melchizedek foi protegido por Golaha, mas agora tinha que aprender a se defender sozinho.

Já era um rei, seu filho já era homem, assim como o de Samael.

Ele já não temia deixar um trono sem rei ou herdeiro e cedo ou tarde seu filho lhe daria netos.

Assim Salem estaria protegida.

Nas primeiras tentativas de invasão Samael não se deu muito bem.

Ele esqueceu que Salem era regida pela lei de um pergaminho sagrado e o ceptro do poder estava nas mãos de um justo, o que dava a Salem um poder de luz gigantesco, que funcionava como escudo protector, que não permitia a entrada dos aliados de Samael, tampouco dele mesmo.

Durante anos Samael lutou contra essa energia e jamais conseguiu vencê-la, porém sua raiva por Melchizedek crescia a cada derrota.

Isaac, filho de Melchizedek, casou-se e teve filhos.

O mesmo aconteceu com o filho de Samael, Ismael.

Melchizedek resolveu então que era chegada a hora de transferir para seu filho o ceptro sagrado do poder de Salem e o pergaminho.

Samael soube que Melchizedek ia coroar o filho e então planejou uma maneira de entrar sozinho em Salem para roubar o ceptro antes que ele fosse entregue a Isaac.

O mundo ao redor de Salem já estava tomado pela maldade, pois os imperadores das sombras já dominavam quase todas as nações.

Mais uma vez a Terra tinha que ser transformada, mas dessa vez não seria como as grandes civilizações, Atlântida, Lemúria e Shangrillá.

Alguns dias antes da coroação do filho de Melchizedek ele passou a ter alguns pressentimentos de que algo muito terrível ia acontecer.

Sua angústia era grande, porém ele sabia que era algo que não podia ser evitado.

Na noite anterior à cerimónia Melchizedek teve um sonho real.

Um anjo surgiu à beira de sua cama e o levou para uma outra dimensão.

Ele entrou em uma cidade muito semelhante à sua Salem, porém ela era ainda mais bonita.

Pilares grandiosos feitos de cristal, lindas flores de lótus que ornamentavam esses pilares.

Eram doze as colunas que sustentavam um templo magnífico, que ficava no centro da cidade.

Essas colunas sustentavam uma cúpula que parecia ser feita de sol, tamanha era sua luz.

Cada coluna tinha um símbolo diferente que a distinguia das outras.

Eram os símbolos dos 12 animais do zodíaco.

O anjo conduziu-o até o trono de um rei que tinha uma luz tão grande que não se podia ver sua face.

Ele chamou Melchizedek e com ele começou a conversar.

Tu fostes chamado aqui para conheceres a verdade e essa verdade te libertará, não só a ti, mas a teu povo, mas para isso tu terás que provar do mais amargo fel sem contaminar teu coração.

Sofrerás as mais profundas dores, mas não esquecerás do perdão.

Tu deves morrer para viver e só assim viverás para a vida eterna.

O rei estendeu sua mão a Melchizedek e ela estava suja de sangue como se tivesse ferido os pulsos.

O sangue escorria, o peito também passou a sangrar sujando o linho branco e puro que vestia aquele rei, que emanava tanta paz.

De repente sua coroa de 7 fachos transformou-se em uma coroa de espinhos, que feriam a cabeça do rei e seu sangue escorria pela face.

Melchizedek olhou para o anjo e perguntou o que estava acontecendo.

O anjo disse: Tu estás conhecendo o Rei dos Homens, que ainda vai nascer, e seus ferimentos são o sacrifício que os homens irão impor ao próprio rei e Pai.

Tu estás a me dizer que este ser de tão grandiosa luz é o Pai?

Não, porém, eu lhe digo que ele é o Pai mesmo não sendo o Pai e o Pai é ele.

Ele é o corpo do pai quando Este se fizer homem e viver entre os homens.

Tu podes ver o cordeiro que ele tem no colo?

Observa que ele tem 7 olhos e que tem o pescoço cortado como se tivesse sido sacrificado.

Ele representa as 7 Virtudes sacrificadas para o perdão do homem.

O rei então voltou a dirigir a palavra a Melchizedek e lhe disse: Vedes, homem, essas doze pérolas?

Elas são tuas.

Tu as deves dar a teu fiel amigo Golaha, que saberá como as guardar.

Elas são os doze líderes das doze tribos, porém eu te entrego uma outra pérola e essa tu deves guardar contigo até o dia de tua morte e só então deverás doá-la a Golaha, para que ele venha um dia a devolvê-la a ti num futuro não muito distante.

O que eu quero de ti agora é tão-somente que apascentes o meu rebanho.

Até a minha chegada todas as ovelhas estarão dispersas, mas se tu reuni-las hoje e mais tarde novamente muitas já estarão preparadas e não te preocupes.

Muitos como tu ainda hão-de nascer antes que eu venha a viver entre os homens, mas tu serás como eu entre os homens e minha própria autoridade eu te dou para guiar o meu povo.

Por isso deves partir agora e preparar o tribunal para o Dia do Julgamento.

Após ouvir essas palavras Melchizedek acordou em seu quarto tendo em suas mãos um pequeno saquinho feito de veludo macio.

Nele havia doze pérolas idênticas e uma 13ª completamente diferente.

Era basicamente do mesmo tamanho, porém sua cor e seu brilho eram a grande diferença.

Essa era a pérola de Melchizedek.

Ela era um pouco menor que as outras e de um tom de cor rosado, porém quando submetida à luz do Sol ou à simples claridade sua superfície acetinada emitia raios coloridos como um arco-íris.

As doze pérolas eram brancas e emitiam uma luz clara e bela.

Melchizedek procurou Golaha, mas este já o esperava na porta de seu quarto.

Apenas convidou-se a entrar e contou-lhe o seu sonho.

Ele explicou o que de facto havia acontecido.

Melchizedek então compreendeu a sua missão e agora sabia que enfim estava preparado para ela.

É justamente agora que temos o dever de organizar a história explicando para a humanidade quem de facto foi Melchizedek.

A humanidade precisa saber que Melchizedek foi o pai dela ou que tinha a autoridade de Deus para isso e que Abraão não era quem os homens acreditam ter sido.

Naquela época Jesus possuiu Melchizedek em nome do Pai e deu a ele as 12 pérolas das 12 tribos, mas também o marcou para sempre como um “ungido de Deus”.

Fez isso dando a ele a 13ª pérola.

Melchizedek era um dos anjos caídos, tal como Jesus, porém não podia se lembrar disso pelos motivos que já se expliquei anteriormente.

O mais importante é que agora era sua vez de cuidar de seus filhos e de preparar o território para a chegada dos próximos anjos, que ainda estavam por vir.

Como todo anjo tem seu génio, Melchizedek tinha a Samael, um génio que, apesar de tudo, ele amava como a um irmão, porém não encontrava mais argumentos para evitar o dia do julgamento.

Houve uma época em que a Terra foi totalmente tomada por Samael e seus príncipes ou imperadores das sombras.

A Terra estava tentando se refazer da destruição das três grandes civilizações ocorrida não havia nem meio milénio e os remanescentes daquelas civilizações, que haviam perdido a lembrança de terem vivido nelas, estavam evoluindo apenas materialmente.

Melchizedek criou, com a ajuda de Golaha, a escola de Salem, como ficou conhecida sua cidade posteriormente.

Fez o máximo para dotá-la de tudo que havia na Terra e principalmente de sabedoria e conhecimento das leis divinas.

Na verdade, o pergaminho que guardava as leis de Salem era um pergaminho celeste semelhante aos pergaminhos das três grandes civilizações.

Por que não falarmos que Salem é a Arcádia local, onde muitos acreditam terem surgido os primeiros seres humanos pós-dilúvio e outros crêem que lá se encontra a Arca de Noé.

Na verdade, a grande nave que preservou tudo que havia na Terra antes da sua primeira destruição de facto pousou ali e dentro dela havia uma pequena arca, que mais parecia um pequeno baú, que guardava o Livro Sagrado de Haziel ou o Livro da Luz.

Por esse e outros motivos a Arcádia recebeu esse nome, porém seu nome era Salem, que mais tarde mudaria para Jerusalém, a casa de Deus.

Digamos apenas que Salem era uma segunda Arca de Noé.

Assim ficará mais fácil.

O dia da coroação do filho de Melchizedek havia chegado e mais uma vez a história ia se repetir (Osíris e Septh).

Melchizedek, seguindo os desígnios de seu coração, permitiu a entrada de Samael em Salem.

Na verdade, ninguém era proibido de entrar em Salem, porém o poder que ela tinha enquanto Melchizedek era rei não permitia a entrada de seres das sombras, pois esses sentiam-se mal e perdiam suas forças ao tentarem se aproximar da cidade.

No dia da troca de rei o Ceptro do Poder seria transferido para o próximo rei e este era tirado da cúpula sagrada (Era uma cúpula feita de um cristal adamantino que jamais se quebrava. Nem mesmo a mais terrível fornalha aquecia aquele cristal, porém o ceptro era a alma que, em simbiose harmónica com a cúpula, emanava energia para a cidade inteira.) para que o novo rei recebesse o poder do pergaminho divino, que tinha suas leis gravadas no Ceptro do Poder.

Resumindo a história, Samael rendeu os guardas que protegiam o Ceptro do Poder e enquanto este ainda estava dentro de um baú Samael podia carregá-lo sem temê-lo. A cerimónia de coroação estava pronta para começar quando um guarda avisou Melchizedek que Samael havia roubado o ceptro.

Melchizedek comunicou Golaha que a hora do julgamento havia chegado e deu-lhe a pérola especial.

Golaha sabia que seu amado filho, amigo e irmão partiria para a outra vida.

Melchizedek era único para Golaha e o mesmo Golaha era para Melchizedek.

Golaha só se permitiu revelar sua verdadeira aparência de sentinela angelical a Melchizedek, pois sabia que ele também era um anjo, porém jamais deveria saber disso.

Sentindo a tristeza de Golaha Melchizedek tentou distraí-lo brincando e dizendo: Não chore Golaha, pois jamais vi um sentinela (gigante) chorar e se tu resolveres pôr pra fora tuas lágrimas e essas saírem de teus olhos verdadeiros, toda Salem morrerá afogada no mar dos teus olhos.

Não te preocupes, a humanidade jamais viu as lágrimas de um sentinela, pois as lágrimas de facto seriam a única maneira de revelarmos nossa verdadeira face à humanidade e essa não gostaria muito de nos conhecer de verdade.

Um dia a humanidade já conviveu com os sentinelas e cometeu erros, erros que causaram a destruição das três grandes civilizações.

Perdão, meu amado amigo, irmão e pai.

Eu não desejava lhe causar tão tristes lembranças.

Vou sentir tua ausência, meu amado Melchizedek, aquele que muitos também vão chamar de Abimelek.

O tempo para mim não existe, eu sei, mas para ti é um fardo pesado, que de tempos em tempos tu deves trocar, e eu estarei aqui a te esperar por mais algumas vidas tuas e sempre te devolverei a tua esfera sagrada que, podes ter certeza, guardarei sempre comigo até que tu voltes.

Eu espero em Deus guardar tua lembrança e tudo que aprendi contigo em minha alma, meu celestial irmão Golaha.

Meu corpo mortal pode te esquecer, mas minha alma imortal jamais te abandonará e a ti sempre serei grato.

Melchizedek abraça Golaha, que também se conforta em seus braços.

Um último carinho antes do adeus.

Ambos vão para a sala da cerimónia, onde são recebidos por Samael que, sentado no trono, segura o Ceptro do Poder de Salem.

O povo esperava o início da cerimónia do lado de fora da sala, pois a porta principal se encontrava fechada.

Samael a havia fechado, pois queria que Melchizedek fosse o primeiro a vê-lo sentado no trono.

Desejava sentir o prazer de humilhá-lo, mas não foi isso que conseguiu.

Melchizedek entrou na sala disposto a retirar de suas mãos o ceptro e em nenhum momento se mostrou intimidado pela sua presença.

Como tem vivido o rei de Salem e sua adorável e bela rainha?

Os seus súbditos continuam ovelhas obedientes a um pergaminho de leis ultrapassadas e cheias de censura?

Ao contrário do que tu pensas, Samael, o pergaminho sagrado contém as leis que libertam a humanidade para a Verdade divina do amor, da justiça, da paz interior, o verdadeiro conhecimento e a harmonia que existe dentro de cada um de nós e tu tivestes o privilégio de conhecer essa Verdade, porém não desejas te libertar.

Por isso tu condenas o pergaminho sagrado.

Eu sou livre, Melchizedek, e não desejo ser prisioneiro da consciência, assim como tu és.

Mais uma vez tu te enganas, Samael.

Tu és prisioneiro da luxúria, és prisioneiro das vontades, dos apelos errantes dos teus instintos.

És prisioneiro da carne e vives apenas para satisfazê-la, portanto não sabes o que é ser livre.

Ora Melchizedek, tu não sabes os prazeres de libertar a carne, de deixar o corpo livre da mente e seus conceitos de certo ou errado.

Tu não sabes o que é aproveitar todos os prazeres do sexo, todas as suas formas, todos os seus jeitos e maneiras.

Seja com uma ou mais pessoas o sexo é uma fome grandiosa e sem limites.

Até a dor agrada o sexo, mas por que estou falando isso a ti?

Tu não sabes o que é isso, tu nunca provaste desse manjar.

Tu achas que o sexo é algo puro e sublime, que feito em nome do amor é superior e inexplicável.

Às vezes acho que tu de facto não sabes o que dizes.

Na verdade, se tu não tivesses tido um filho com Sara eu acreditaria que tu jamais tivestes provado desse prazer.

Eu nada tenho a te provar, Samael.

Enquanto tu vives tua vida entregue à libertinagem, às orgias, aos bacanais, às luxúrias e à adoração dos ídolos pelos quais tu ofereces sangue inocente eu vivo minha vida entregue a um Pai Supremo no qual acredito e prego seus ensinamentos, pois a mim jamais abandonou e tampouco falhou nos momentos em que d’Ele precisei.

Eu não preciso de um deus para me ditar o que devo ou não fazer.

Eu sou deus de mim e dos meus.

Por isso tu mandas erguer estátuas em tua honra?

O meu Deus não me pede estátuas para ser adorado.

Talvez por isso eu venha sendo mais adorado que o teu Deus, afinal eu ao menos tenho uma face e a face do teu Deus ninguém jamais viu.

Samael, tu já fostes tão iluminado, tão brilhante, porém teu brilho ofuscou tua consciência e tu te tornaste esse ser acabado e sem brilho que hoje vejo diante de mim.

E as tuas imagens, de que tu te orgulhas tanto, têm como face uma estrela de cinco pontas de cabeça para baixo, só para lembrar a teus súbditos que és uma estrela caída.

Tu devias te orgulhar de ser uma estrela caída, pois trouxestes para a Terra o conhecimento do universo e deverias dar esse conhecimento ao homem na intenção de ajudá-lo a evoluir.

Mas o que eu estou fazendo, Melchizedek, senão ensinar ao homem tudo aquilo que ele deseja?

Aquele a quem você chama de Pai do universo me enviou aqui para ser o deus desses seres e é isso que eu estou fazendo e agora eu estou aqui para ser o teu deus, pois estou sentado no teu trono e segurando o Ceptro Sagrado.

Isso faz de mim teu rei e faz de ti meu servo.

O que queres para devolver o Ceptro Sagrado sem agressão ou violência, Samael?

Eu te dou aquilo que tu desejares para que me devolvas o ceptro.

O que eu desejar?

Sim, porém, eu apenas peço para não agredires ninguém da minha família ou do meu povo.

Sei que tua raiva é dirigida tão-somente a mim.

Por isso peço que restrinjas tua vingança apenas à minha pessoa.

Tu és louco, Melchizedek, e é a mim que chamas de louco.

Eu estou sozinho aqui.

Sou minoria contra ti, mas sei que teu povo é manso como tu e jamais agiria pela violência.

Isso me dá uma certa vontade de ficar mais tempo, sem pressa.

Quanto à tua proposta, eu sei exactamente o que eu quero e tu tens razão.

Meu assunto é apenas contigo.

Mais ninguém aqui me interessa.

Eu quero que tu te ajoelhes no chão para que eu possa espancá-lo até que minha raiva passe.

Depois disso eu te dou o ceptro.

Eu aceito tua proposta.

Samael espancou Melchizedek até que esse ficasse banhado em sangue.

Não satisfeito, perfurou suas mãos com a ponta de cristal incrustado no ceptro, que estava todo manchado com o sangue de Melchizedek.

Esta parte da história é semelhante à outra história de Salem que se contou, mas agora vem o verdadeiro fim da história de Salem.

Ao ver Melchizedek praticamente morto diante de si Samael teve um surto de consciência e, num misto de loucura e sanidade, ele se desesperou.

Gritava coisas às vezes sem sentido.

Outras vezes eram surtos de sua consciência pesada.

Ele gritava: Eu matei o rei, mas matei meu único irmão, o único ser que me ensinou o amor.

Mas eu odeio o amor.

Por que estou falando isso.

Eu odeio Melchizedek e sua filosofia.

Por que não aprendeu a se defender?

Por que me deixou te matar?

Por que?

Por que?

Ele fez isso para você descobrir o bem que existe dentro de você – respondeu Golaha.

Mas que bem é esse?

Não existe bem nenhum dentro de mim.

Todo aquele que conhece a Verdade e não se liberta precisa perder o livro sagrado dela para descobrir como compreender tamanha sabedoria.

Você perdeu o seu livro sagrado.

Matando Melchizedek você acaba de receber a verdadeira consciência de tudo que ele te ensinou.

O bem não se destrói com a morte de um corpo.

Você, Samael, está acostumado às guerras cheias de sangue e morte.

Vive de conquistas e vitórias temporárias, porém agora fostes derrotado para sempre, pois ao destruir Melchizedek destruístes tua fonte de ira.

Tu odiavas o bem, esse agora não existe mais.

Tu não tens mais oponentes.

Vais lutar agora contra ti mesmo, ou melhor, contra tua consciência pesada, que jamais será aliviada, pois o tempo irá aumentar os grãos de areia na balança do teu destino e sabes porquê?

Porque Melchizedek está de coração limpo.

Ele jamais te ofendeu ou te feriu, jamais te negou como irmão, nem mesmo te condenou quando descobriu que tu desejavas a Sara e, sem que tu soubesses, ele sofria pela tua dor e o teu ódio.

Ele orava por ti todos os dias e jamais te desejou mal algum.

Eu não preciso ficar a lembrar-te quem era Melchizedek, pois tu sabes que ele morreu para te dar aquilo que tu não tinhas.

Ele morreu para te dar um coração e a consciência de que ele existe.

Tu podes achar que és o Senhor das Sombras, mas tu recebestes o privilégio de conhecer a Verdade e hoje ela te libertou.

O tumulto foi grande quando o povo soube do ocorrido.

Melchizedek não estava morto ainda, mas gravemente ferido.

Samael estava louco, completamente fora de si.

Golaha permitiu sua fuga, pois fazia parte dos propósitos divinos.

Golaha, com a autoridade de rei por ser pai de Melchizedek, nomeou Isaac o novo rei de Salem.

Salem não fez festa nem comemorou o novo rei, pois Isaac preferiu o silêncio em respeito ao seu pai Melchizedek.

Samael passou três dias e três noites delirando.

Ninguém mais o compreendia.

Ele enlouquecera, chorava e ria ao mesmo tempo.

Obviamente que seus imperadores sofreram toda a influência da energia emanada por ele, porém eles matavam uns aos outros sem saber exactamente o que estavam fazendo.

Era Samael que desejava matar a si mesmo tentando apagar sua consciência.

Ele se questionava o que era bem e mal, pois não sabia mais quem era quem, tampouco quem ele era.

Golaha cuidou de Melchizedek, porém três dias mais tarde ele veio a falecer e deixou um recado para Samael:

“Eu o perdoo por tudo.”

No dia em que Melchizedek morreu a Terra foi coberta por uma escuridão sem fim.

Uma chuva de meteoros destruiu completamente Sodoma e Gomorra e, para piorar a dor de Samael, ele passou a ouvir uma voz que lhe contava como todos estavam morrendo.

A voz dizia: “Hoje é seu dia, Samael. Hoje é o dia do seu julgamento, ó Alva. Hoje é o dia do teu martírio, minha mais bela estrela caída. Eu vim para te fazer e trazer a justiça. De ti tirarei o reino do bem e do mal e tu servirás tão-somente a mim.”

Delirando com visões de horror e dores intermináveis, Samael rolava seu corpo pelo fogo, porém de nada tinha consciência e assim um dia e uma noite se passaram.

O rei de Salem, Melchizedek, seria enterrado em lugar sagrado conhecido apenas por Golaha (Adonias).

O povo chorava a morte de um rei e o desalento dos seres que também haviam morrido com a grande catástrofe que atingira a Terra.

Somente Salem havia permanecido intacta, graças ao Ceptro Sagrado pelo qual Melchizedek dera a vida.

O ceptro estava no seu devido lugar quando a chuva de meteoros caiu sobre a Terra e graças a ele e à cúpula de cristal adamantino toda Salem foi protegida por um forte escudo de poder.

Salem parecia um paraíso em meio a um inferno em chamas.

Melchizedek foi enterrado em um antigo templo que pertencia às três grandes civilizações.

Passou-se um mês e Golaha chamou Sara e Isaac e deu a eles umas pérolas para que a partir daquele dia eles soubessem que a Terra seria dividida em tribos.

Chamou também Hagar e Ismael e fez o mesmo, porém a parte mais difícil de sua missão ainda estava por vir.

Ele agora tinha que achar Samael e ajudá-lo a voltar à normalidade.

Não foi muito difícil achá-lo.

Em meio a tanta destruição ele era o único que não estava morto.

Ele estava jogado em baixo de uma estátua feita em sua homenagem, a estátua da estrela com face de asno.

Na verdade, Samael não sabia o que de facto aquela estátua ainda iria representar em sua vida.

O reino do carnaval não existia mais.

Da “carne livre” só haviam sobrado alguns ossos.

Samael estava irreconhecível quando Golaha o encontrou e o levou para Salem em segredo.

Somente Sara e Hagar sabiam que ele estava ali.

Golaha passou noites e dias tratando de Samael, que não o reconhecia, mas isso não fazia diferença.

Ele não reconhecia ninguém, não falava, não andava muito, pouco comia e bebia e apenas dormia.

Dormia muito, como se estivesse possuído por um sono infindável.

Enquanto ele dormia Sara, Hagar e Golaha liam o pergaminho sagrado para ele em forma de oração para ajudá-lo a recuperar sua consciência.

Um ano mais tarde Samael estava completamente recuperado.

Sua aparência era saudável e serena.

Não parecia com a sedutora aparência que tinha quando chegou a Salem, tampouco com a aparência do dia de seu julgamento.

Era diferente.

Ele parecia ter paz após tanta loucura.

Golaha disse a ele que havia chegado o momento dele saber o propósito pelo qual Deus o havia deixado vivo.

Deus te deixou conhecer a Verdade, Samael, para que tu possas ensiná-la à humanidade, porém tu deves ensinar a Verdade da mesma forma que aprendeu.

Mas por que eu?

Por que Deus escolheria a mim, um ser profano, que destruiu a Terra com a minha luxúria e o meu mal?

Por que justo eu, que matei o bem que poderia ter salvo a humanidade, e o que tenho eu para ensinar à humanidade?

Sou hoje um ser tão vazio.

Como posso oferecer aquilo que eu mesmo não tenho?

Exactamente por todos esses motivos e outros mais que Deus te escolheu.

Tu agora és completo, Samael.

Tu conhecestes o mal em sua totalidade e o bem em sua verdade.

És hoje como um Renato, como um renascido, que viveu os dois lados de Deus.

Se estás vazio é porque zerastes todo bem e todo mal para agora ser preenchido pela verdadeira consciência infinita.

Tu fostes como o louco que deixa para trás tudo que sabe, como na lâmina nº 22 ou 0 dos 22 caminhos.

O sujeito coloca numa mochila tudo que sabe e, ignorando o saber, prefere carregá-lo nas costas para não precisar se lembrar que já o conhece.

Esse ser anda como um cego por lagos cheios de crocodilos.

Isso quer dizer que sua cegueira ainda não permite que ele se liberte da pele grotesca de sua ignorância e dos desejos carnais.

Ele se dirige para um abismo, porém um cão tenta inutilmente puxá-lo para evitar a queda.

No teu caso o cão era Melchizedek, aquele a quem tu chamarás de Abimelek nas histórias que contares a seu respeito.

Tu te precipitastes e caístes no abismo.

Conheceste tua infinita loucura, provaste de todo o fel e do mel.

Portanto tu estás apto a ajudar a humanidade a conhecer esses dois lados.

Deves ensinar o que é bem e mal e para isso tu não mais te chamarás Samael, pois teu reino como o génio das sombras acabou e outros farão esse papel em teu lugar.

Para isso Deus me deu autoridade para trocar teu nome. A partir de hoje tu te chamarás Abraão e é por esse nome que o povo te conhecerá, porém tu deverás ter a coragem de contar e ensinar a Verdade tirando de tua história o próprio exemplo.

Isso fará com que algumas pessoas descreiam de ti, porém muitos te seguirão por teres revelado a elas a Verdade.

Tu viverás em Salem com Sara e seu filho Isaac, o rei, com Hagar e Ismael, teu filho verdadeiro.

Mais tarde, quando teus netos estiverem crescidos, tu enviarás Ismael e os filhos para serem os conquistadores das novas terras.

O mesmo acontecerá com os filhos de Isaac, que serão apenas dois gémeos, mas desses dois nascerão mais doze tribos, que vão conquistar terras ainda desconhecidas.

A Ismael e Isaac eu já entreguei as pequenas esferas, pérolas que serão como marcas para cada escolhido.

Entreguei também os talismãs de Salem.

Aqueles que conheces tão bem, mas não sabes o significado.

Tu tens a metade do olho de Horus, assim como Melchizedek tinha a outra metade.

Se unidas formam uma pirâmide.

São relíquias sagradas, que sabes que jamais deverás deixar cair em mãos erradas, e só para que tu tenhas prudência advirto-te que os senhores das sombras ou imperadores das sombras não foram todos mortos.

Existem ainda sobre a face da Terra alguns de seus seguidores e esses são os seres que mais irão lhe impor prudência e paciência.

E assim, a estrela caída com face de asno ganhou um grande sentido na vida de Abraão Renato.

Ele agora seria o ser que carregaria sobre seu lombo a responsabilidade de ajudar e ensinar a humanidade.

O asno é um animal muito forte, que parece pequeno, porém em silêncio e com calma carrega grandes cargas.

O ídolo que havia sido feito para Samael agora tinha um sentido ainda maior.

Ele representava a estrela de 5 pontas de ponta cabeça, era a bela estrela caída e o desequilíbrio dos 5 sentidos sendo doado à humanidade.

Uma tocha no centro da cabeça representa a consciência que Samael tinha, porém não a usava.

As orelhas pontudas representam o domínio na Terra como duas pilastras.

Seu corpo masculino e feminino era a representação do ser hermafrodita que liberta a carne para viver livre como deseja.

Esse é também o significado da imagem do bode de Mendes, que na verdade tem muita semelhança com a estrela invertida com face de asno.

Essa é também a história de Caim e Abel contada de maneira diferente pelos 72 judeus que escreveram a Bíblia.

Dentre os 72 cada um contou a história à sua maneira, só para confundir a verdade.

Por isso nomes tão diferentes para histórias tão iguais.

As 12 tribos por milhares de anos reverenciaram essa imagem como o Pai da Humanidade e a guardavam na intenção de lembrarem do motivo pelo qual a Terra havia sido destruída.

Era uma maneira de manter a memória do passado sempre acordada, a fim de evitar novos erros, porém isso não adiantou muito.

Alguns seres tornaram essa imagem um símbolo de rituais malignos e sanguinários.

Como tudo tem sua dualidade a razão estava dos dois lados.

Aquela imagem foi de facto símbolo de crueldade e sangue, mas também representava a primeira parte da história do homem, que levaria a humanidade aos primeiros passos da evolução e assim a primeira parte da

história da humanidade foi escrita, mas não nos livros que os homens podem aceder.

Está escrita apenas na história de Melchizedek, um ser que praticamente não aparece nos textos bíblicos ou de livros sagrados, pois não interessa à humanidade saber a Verdade.

Essa é a opinião de alguns de seus líderes, pois teriam que explicar como a humanidade é descendente apenas do mal, afinal, se a Terra é toda filha de Eva e Adão por que somos tão diferentes em nossa aparência física?

Como teríamos nos tornado negros e brancos?

Por que temos olhos de cores e formatos tão diferentes?

Se a nossa origem é de um único casal nossa genética não poderia ter mudado tanto com o passar dos anos.

Isso geneticamente é impossível e se toda a história do princípio de facto tivesse fundo real para a Terra isso implicaria em um mal ainda maior.

Toda a humanidade seria não apenas descendente de uma Eva e um Adão, mas também de seu filho Caim, o assassino de Abel.

Isso faz dos seres humanos filhos de Samael e não de Melchizedek.

Mas essa história agora está explicada.

Eva e Adão são os princípios de Deus e todo o princípio da raça humana universal já contamos.

Com amor e profunda gratidão,

Luís Barros