30 de agosto de 2021

O LIVRO DA LUZ - REVELAÇÕES (8)

- Sei que não tenho sabedoria o bastante, mas se não era para nos trazer a discórdia por que Akhenaton nos pediu uma aliança com Moshé?

- Aarão, Moshé é um líder e sabe convencer o povo.

Ele tem coragem e tirania o bastante dentro de si.

Você e Miriam serão o pêndulo da balança que tentará evitar que ele vá longe demais nas suas insanidades.

É por isso que ele foi escolhido.

Alguém tem que fazer a parte mais dura e fria, o que não é o teu caso e nem o de Miriam, que apesar de sábia tem um coração ainda muito levado pelas emoções.

A frieza de Moshé será uma boa maneira de refrear os impulsos do povo, mas a tua sabedoria aliada à justiça de Miriam conquistarão a multidão.

Vocês verão isso ao passar do tempo e aprenderão a colocar Moshé no seu devido lugar.

Passados alguns meses nas terras de Jetro o povo fez um bom acampamento e graças à esperteza de Miriam e Aarão o povo saiu do Egipto prevenido com animais, sementes, aves e vários utensílios, além da boa quantidade de ouro que Akhenaton distribuiu entre eles.

Moshé se interessava ainda mais por Zaira, mas seus interesses iam além da beleza da jovem.

Ele sabia que seu futuro sogro era um homem rico e muito sábio e também o guardião das relíquias.

Não demorou muito para Moshé buscar uma aliança com Jetro, que já conhecia as intenções de seu futuro genro. Aos poucos Jetro passou suavemente a dar corda para Moshé só para ver até onde iam as suas ambições.

Permitiu o casamento dele com sua filha, o que deixou Moshé mais à vontade para falar de suas intenções.

Miriam e Aarão tinham um filho chamado Jashá, um jovem sábio que havia sido criado dentro dos costumes de Akhenaton.

Esse jovem havia sido escondido dos olhos de Ramsés e Moshé, que só veio a conhecê-lo nas terras de Jetro, mas não sabia quem eram seus pais, pois ele disse ter sido criado por Jetro, que confirmou.

Era uma maneira que Miriam e Aarão encontraram de não levantar suspeita ou a ira de Moshé, que podia vir a se vingar no rapaz por qualquer briga que viesse a acontecer dentro do conselho que cuidava do povo.

Na hora certa eles saberiam usar esse trunfo a seu favor.

Jashá estava sempre presente nas reuniões.

Era uma ordem expressa de Jetro, que não podia aparecer, mas usava o rapaz para ser o observador.

Na verdade ele estava familiarizando o rapaz com aquilo que ele deveria ser no futuro.

O tempo foi passando e Miriam e Moshé passaram a ter discordâncias constantes.

Ela preferia o diálogo em primeiro lugar.

Só depois, quando já não houvesse jeito, era necessário o uso de outros métodos.

Moshé preferia criar guerras, matar e expulsar pessoas de seus territórios só para tomar-lhes as terras e seus animais.

Isso sem deixar de lembrar o facto de mandar matar homens, mulheres, crianças e até mesmo bebês de peito.

Suas medidas radicais já estavam indo longe demais.

Jashá passou a documentar a luta entre Miriam e Moshé (e mais tarde as pessoas lembraram dessa batalha com o nome de Os irmão Marah = amarga e Moshé = o tirano).

Não é verdade que Miriam tenha se tornado amarga.

Isso é porque a raiz de Marah é traduzido assim, mas a tradução de seu nome eu já expliquei anteriormente.

Na verdade Miriam se tornou uma guerreira, que passou a bater de frente com Moshé.

Para o povo ela era a piedosa, defensora e amada senhora, que eles tanto respeitavam.

As tribos de Judá e Dã não eram muito amigas de Moshé, mas aos poucos ele foi influenciando as outras tribos com o sonho de obter mais terras, mais animais.

Obviamente que para isso ele ia matar alguns seres que jamais lhe fizeram mal algum.

Ele passou a conquistar grande quantidade de terras e dessa maneira também passou a subir de importância para o povo, mas ao mesmo tempo era temido.

Para impor a lei ele usava de métodos cruéis, mandando para o sacrifício famílias inteiras bem diante do povo para que eles observassem o castigo que sentiriam na pele se passassem por cima de suas leis.

Houve uma época em que ele tentou tirar Miriam das reuniões visando afastá-la para sempre.

Ele a trancou dentro de um poço escondido e a deixou lá por uma semana, para desespero de Aarão, Jashá e do povo.

Aarão e Jashá sabiam que ele havia feito algo de errado, mas não podiam levantar a ira do povo contra Moshé, pois os defensores dele entrariam em atrito com os de Miriam e isso terminaria em sangue dos dois lados.

Jetro localizou Miriam e a recolheu.

Viu que ela havia sofrido na pele os conhecimentos de magia de Moshé e a questionou porque não havia se defendido.

Ela temia que Moshé se vingasse em seu povo e por isso permitiu que ele a ferisse.

Jetro a curou e avisou que ela tinha que retornar com urgência, pois o povo já estava realmente pronto para entrar em guerra por causa do seu sumiço.

Aarão e Jashá, membros do conselho, se recusavam a participar das reuniões e outros representantes também, o que deixava o povo curioso para saber o que estava acontecendo.

Moshé arrumou uma desculpa.

Disse que Miriam estava muito doente e que se afastara para repousar até estar totalmente curada.

Enquanto isso seria melhor esperar.

Isso acalmou um pouco a ira do povo, mas frustrou os planos de Moshé.

Miriam voltou e dessa vez trouxe com ela grandes revoluções.

A primeira foi separar o seu povo do povo de Moshé, deixando bem claro que nenhum homem, mulher ou jovem de seu povo o ajudaria em suas guerras sangrentas por terra.

Primeiro ela conversou com os líderes das tribos, expôs e ouviu opiniões.

Eles já estavam satisfeitos com o que tinham, pois agora já tinham a colheita das sementes que tinham trazido do Egito, o leite para fazer o pão e os ovos.

Miriam dizia:

- Não matem seus animais até que venham a ter mais de seis dúzias, nem os sacrifiquem, pois vamos precisar do que eles têm para nos oferecer.

Lembrem do que o Príncipe do Sol nos ensinou.

Para aquele que tem uma vaca sempre haverá leite, pão e queijo, mas se sacrificá-la um dia a carne acaba e não terás mais nada.

Era apenas uma questão de reeducar o povo e ela sempre tinha boas ideias.

Por isso seu povo aprendeu a respeitá-la.

Em concordância as tribos deram a palavra final a seus dirigentes e junto com Miriam eles foram falar com Moshé, que a princípio recebeu bem a proposta de Miriam, mas era puro fingimento, pois o pior ainda estava por vir.

Moshé roubou animais e frutas, alimentos de quase um mês das tribos de Miriam, mas dessa vez Miriam foi falar com ele sozinha.

Prometeu a seu povo que traria todo o alimento de volta até o anoitecer e pediu a todos que não fizessem nada até que ela voltasse da conversa com Moshé.

Logo na entrada da tenda de Moshé os guardas barraram a entrada dela.

Ela falou apenas duas palavras e eles caíram em sono profundo.

Ela entrou e sem medo algum sentou-se diante de Moshé, que sentiu uma presença muito forte e assustadora vindo com Miriam.

Ela disse a ele:

- Senta-te, cala-te e aprende a ouvir, pois essa será a primeira vez que tu verás quem realmente sou.

Petrificado com as palavras de Miriam Moshé não entendeu o que estava acontecendo.

Tentou balbuciar palavras mágicas, mas ela apenas mostrou a ele um símbolo na palma de sua mão.

Desse símbolo saía luz.

Moshé parecia conhecê-lo, mas temê-lo também.

Assim Miriam começou a falar tudo que desejava.

Disse:

- Meu povo é de seres livres, Moshé.

Mesmo que ainda não saibam andar com suas próprias pernas eles são livres, assim como teu povo também o é.



Assim também são os outros povos que viviam nessas terras que tu, sem dó nem piedade, massacraste apenas para furtar-lhes o chão que não pertence nem a ti nem a homem nenhum.

Nesse longo tempo que venho convivendo contigo percebi que muito pouco conheces da alma humana, mas como poderia eu exigir isso de um ser que não conhece nem a si mesmo.

Sei que não posso negar tuas grandes conquistas para com o povo.

Tu ofertaste mais terras para a lavoura e colocaste certas regras dentro dessa enorme comunidade, que obviamente precisava de tua mão para guiá-los, mas nos últimos tempos vens aproveitando do prestígio que alcançaste para derrubar pessoas que não tem a intenção de te destruir, pois entendem a necessidade da tua presença e o quanto ela é fundamental, apesar de não concordar com teus meios radicais e cruéis.

Eu não te desejo mal, nem vivo a te oferecê-lo como fazes incessantemente contra a minha pessoa.

Ao contrário do que tu pensas eu não sou o teu principal inimigo.

Na verdade, tu devias temer o único que não conheces.

Ele é tão poderoso quanto tu e não teme te destruir.

É uma pena que tu ainda não o tenhas percebido, mas hoje eu estou me sentindo caridosa e vou te dar uma pista gigantesca para que tu o encontres e tentes controlá-lo, antes que ele venha a te destruir.

Olha-te no espelho, Moshé, e verás o único ser que tu realmente deves temer.

Irado Moshé tentou erguer seu bastão contra Miriam, mas ela proferiu apenas essas palavras:

- Sabes qual é a diferença entre nós, meu irmão?

Tu acreditas naquilo que aprendeste, eu sinto e vivo.

Crédito é dado pelos olhos, razão é dada aos homens a troco de algo que um dia se espera de volta.

Ao sentir EU SOU, ao ser EU FAÇO.

O bastão de Moshé não obedecia seu comando.

- Entenda Moshé, eu não estou aqui para te humilhar perante os irmãos, pois se assim o fosse eu não teria vindo sozinha.

Tudo que quero é que me devolva tudo que foi tirado do meu povo e que isso seja feito em apenas uma hora, caso contrário vou fazer isso de outra forma, que acredito sim, virá a te deixar desacreditado perante aqueles que tu lideras.

Tu sabes que posso fazê-lo, mas acredito que não é teu desejo que eu o faça.

Saibas que não é o meu também, mas venho hoje deixar-te bem esclarecido.

Jamais ouse levantar tuas mãos contra mim novamente.

Como sabes não gosto de conflitos, mas posso afirmar-te que tu jamais desejarás ver-me como tua inimiga.

Após essa conversa Miriam saiu e foi a seu povo e já podia vê-los recebendo de volta tudo que fora roubado na noite anterior.

O povo proclamou Miriam como sua salvadora e a partir daquele dia todo o acampamento foi dividido, mas Miriam sabia que Moshé não deixaria isso assim.

Ele ia encontrar um jeito de ter o poder da maioria novamente para si só para tentar derrubá-la, mas Miriam foi a Jetro e explicou que seria melhor partir com seu povo para outro lugar antes que os dois lados agora divididos começassem a entrar em conflitos maiores do que aqueles que já possuíam anteriormente.

Jetro disse:

- Existe a montanha de Nimrod.

Eu mesmo estou indo para lá.

Se tu e teu povo desejarem, podem vir comigo.

Serão bem-vindos, mas devo antes avisar os que já vivem lá e ajudá-los a aumentar as lavouras.

As casas são cavernas, lugares agradáveis para se viver.

Mais uma vez Miriam reúne os dirigentes de seu povo e juntos chegam a uma conclusão.

Era melhor partir e deixar aquelas terras para Moshé antes que ele enterrasse todos nela.

Mas nem todo o povo queria deixar aquilo que havia construído e alguns resolveram ficar, aliando-se a Moshé.

Os que partiram encontraram moradia e terras e uma vida sem conflitos, mas os que ficaram tiveram que se unir às barbáries de Moshé, que queria ser dono de todas as terras ao seu redor.

Milhares de homens, mulheres e crianças morreram, muitas terras foram invadidas e o conquistador seguia seu caminho saqueando e matando o povo que encontrava.

O povo de Miriam viveu uma época de paz até que chegou o dia da fatalidade.

Durante anos Moshé havia aumentado seu exército de homens e se tornara um gigante.

Moshé também tinha um segredo, que só se revelou nessa ocasião.

Ele havia encantado a bela elfa Zaira e ela revelou onde era guardada a Arca das Relíquias Sagradas e não era só isso.

Ela havia roubado para Moshé a aliança que um dia um Elohim havia usado.

Era como um anel de poder, que só podia ser usado por seres puros, caso contrário traria ao seu usuário a fome incessante pelo poder.

Jetro preveniu Miriam e Aarão do que havia acontecido e das consequências também.

Aarão e Miriam sabiam que ninguém jamais havia dominado o poder do anel e que somente os Elohins podiam fazê-lo, mas agora o último havia sido Akhenaton, que já não estava mais entre eles.

Perguntaram a Jetro o que poderia ser feito para evitar a desgraça que estava por vir.

Jetro disse que tudo dependia exclusivamente deles, pois eram os únicos que tinham a mesma sabedoria de Akhenaton.

De certa forma isso deixou os dois bastante preocupados, mas não havia outro jeito.

Era preciso enfentar Moshé e sua loucura.

Miriam e Aarão prepararam um campo mágico ao redor da montanha visando proteger o povo.

Moshé chegou com um número muito grande de homens.

Chamou Miriam aos gritos.

Ela surgiu.

Saiu da montanha sozinha e caminhou em direção a Moshé.

Em determinado ponto ela parou e perguntou:

- O que queres de mim, Moshé?

Olhou para aquele ser tão cheio de ira e de aparência sombria.

Seus olhos pareciam desejar sangue.

Moshé nada disse, apenas avançou para cima de Miriam, que rapidamente puxou a espada de Nimrod, luminosa, flamejante, inquebrável.

- Ora, mas que surpresa.

Tu também sabes pegar em uma espada.

O que mais sabes fazer, Miriam?

Teu antigo senhor te ensinou segredos que não cabem a mulheres.

Por isso não era respeitado pelos grandes sacerdotes.

Ele era uma profanação à raça masculina, pois ignorava que as mulheres jamais chegariam a ser líderes, rainhas, pois são seres inferiores a nós.

Nós os homens, minha cara Miriam, somos o sagrado, pois somos os únicos que tem a semente da vida.

Vocês mulheres não possuem esse dom.

- É verdade, Moshé, mas de que te serve esse dom se tu não tens a terra para plantar tua semente?

Acaso tu és como as rãs do Egito, ou melhor, tu és a relíquia única que sobrou da era em que mulher e homem não eram distinguidos pelo sexo, pois eram como os anjos assexuados.

Eu não sabia que tu não precisavas mais de Zaira e das tuas outras esposas para ter filhos, a não ser que tu agora estejas usando a Lei de Piro, estás dando vida a corpos sem alma (piro também é conhecido por corpo vazio, sem alma, bruxaria muito comum que anima estátuas, bonecos de barro e até mesmo corpos de defuntos).

Moshé, cheio de raiva com as observações de Miriam, começou a invocar forças terríveis.

Uma grande escuridão no céu se fez.

Cobras começaram a surgir, brotar do chão como se fossem mato, porém, a confiança de Miriam estava inabalável.

Ela disse:

- Eu já conheço essas ilusões, Moshé.

Não tens nada de novo para me mostrar?

- Não sejas irônica, irmã.

Não te cabe bem este comportamento.

- Não é ironia, irmão.

Eu sempre fui bem-humorada, lembra-se?

Tu que nunca suportaste minha alegria, sempre me feriu com tuas censuras, nunca acreditaste que o poder possa andar lado a lado com a alegria, mas como se pode cobrar alegria de um ser que cria leis que incentivam a morte e o medo?

É claro que tu não sabes o que é ser feliz.

Se soubesse não teria criado tamanho horror.

Hoje eu sei qual é o teu lema: olho por olho e dente por dente, mão por mão, pena de morte àqueles que eu achar que erraram ou seria pena de morte àqueles que Moshé não deseja mais ver?

O que faz um homem sábio, Moshé, não são as leis que ele impõe a seu povo, mas a maneira como ele as delega.

Se tu não te lembras mais do significado dessa palavra eu posso acordá-la na tua mente.

Delegar, meu irmão, é compartilhar com os outros, palavra essa de que tu nunca gostaste.

Quando se trata de poder ele tem que ser só teu e hoje é mais um motivo para estares aqui.

- Estás melhorando nas palavras, irmãzinha.

Ficaste mais audaciosa.

Pena que seja tarde demais para ti.

Abrindo os braços ele fez a terra estremecer ao redor deles.

Miriam fincou a espada no chão e o tremor parou.

Ela gritou:

- Como ousas ferir a mão que te dá auxílio.

A natureza te provê de tudo.

É essa paga que tu ofereces?

- Não Miriam, eu não quero a natureza, eu quero você.

Você sempre foi uma pedra muito grande no meu caminho, mas que agora eu vou remover de uma vez por todas.

Você sempre teve tudo, sempre foi a amada, a respeitada, a grande senhora, a salvadora do povo e das tribos.

Eu, eu nunca tive o que você teve.

O povo nunca usou de sinceridade comigo.

Eu só alcancei tudo que tenho e sou hoje pelas leis que impus.

Eu fiz tudo para dar ao povo mais e mais terras, mas você, você nunca gostou das minhas ideias, dos meus métodos.

Você pôs o povo contra mim, Miriam, e eu terminei me tornando o bode expiatório do deserto.

Me tornei o bode errante.

Só um imbecil foge para o deserto com um povo limitado, sem cultura e acredita que vai ser líder.

Você me roubou o trono até mesmo no deserto e eu continuei sendo o bode expiatório, mas hoje tem um lado muito bom nisso tudo.

Eu tenho um ídolo em minha própria homenagem.

Eu já lhe falei sobre ele.

É o meu bode de Mênfis, que reina lado a lado com o grande senhor Seth.

E você, Miriam, vai ser lembrada como, no futuro?

Já mandaste esculpir alguma coisa em tua honra?

Não, é claro que não.

Teu senhor não respeitava os deuses das primeiras eras.

Ele não acreditava neles, não é mesmo, Miriam?

Mas e agora, onde está o teu senhor?

Cadê todo o poder do inabalável rei Aton, o Senhor dos Senhores?

Será que ele sabe que hoje você tem um encontro marcado com ele?

- Sim, Moshé, não só ele sabe disso como eu também.

Há muito espero por esse encontro.

A resposta de Miriam veio como uma ventania, que trouxe confusão à sua mente.

O que Miriam realmente estaria pensando para dar essa resposta?

Ela era o ser mais forte e sábio na arte da magia.

Por que estaria falando isso?

Além do mais sua face não mudou nada.

Nem mesmo uma fagulha de medo era possível encontrar em seus olhos.

Pelo contrário, brilhavam serena e calmamente, cheios de confiança como ele jamais havia visto.

Moshé então aproveitou e disse:

- Não vamos fazê-lo esperar tanto.

Vamos, Miriam, lute comigo e eu te ajudo a seguir o mesmo caminho que o teu senhor e logo estarão livres de mim.

- Não te preocupes, Moshé, eu já conheço esse caminho.

Mais uma vez o mistério envolto nas palavras de Miriam.

O que ela quis dizer quando afirmou que já conhecia o caminho?

Na verdade, este era um segredo que só Miriam e Jetro compartilhavam.

Mais ninguém sabia os segredos escondidos por trás dessas palavras.

Moshé investiu para cima de Miriam invocando encantamentos que dispersam a energia vital do ser atingido, mas nem uma gota de energia saía de Miriam, o que assustou Moshé, pois isso só aconteceria se o ser atingido tivesse atingido o último grau do conhecimento ou se já estivesse morto.

Entre as duas hipóteses ele ficou com a primeira.

Miriam agora era uma grã-sacerdotisa, tinha o domínio dos elementos, podia transmutá-los, mas como teria chegado tão alto em tão pouco tempo?

Mas isso agora não importava.

Ele tinha o Anel dos Senhores da Terra e isso o tornava invencível.

Miriam e Moshé passaram horas ali num combate mágico.

Moshé, já irritado, perdeu seu controle e começou a fazer a conjuração do Livro dos Mortos para trazer Seth de volta à vida.

Miriam fez um contra e o fez ficar mudo e petrificado.

Sem poder se mexer ou falar Moshé sentiu medo, porém ainda não sabia o que estaria por vir.

Miriam tirou facilmente o anel de seu dedo e o colocou em um pequeno saquinho amarrado à sua roupa.

Depois disso ela disse:

- Agora eu vou acabar contigo, Moshé.

Vou reduzir-te ao pó que sempre fostes.

Moshé, que podia apenas ver e ouvir, tornou seu olhar desesperado, tentando pedir algo que não conseguia.

Olhava atentamente para Miriam e tentava ver nela uma fagulha de esperança, mas ela estava impenetrável como jamais estivera.

O que tinha acontecido com a Miriam do passado, que jamais pensou em matar alguém?

Por que havia mudado tanto?

De repente as palavras do faraó Akhenaton voltaram à sua mente.

Após tantos anos tudo que Akhenaton havia dito agora realmente fazia sentido.

Moshé passou sua vida inteira brigando pelo poder e a glória, mas nunca os possuiu de verdade.

No entanto sua irmã, que não procurava isso, já o tinha alcançado, porém parecia não se importar com isso.

Era como se isso fosse algo muito comum em sua vida.

Mas por que ele não sentia como ela, porquê?

Por que ele tinha aquela sede tão desesperada pelo poder, por que isso o consumia e a ela nada fazia?

Miriam, que lia sua mente, rompeu o silêncio e disse:

- Eu lhe darei a resposta para esse teu enigma, Moshé.

Eu não aprendi a verdade ou a magia sagrada na intenção de possuí-la, de tê-la para mim como um objeto pessoal.

Eu aprendi com o Senhor Akhenaton que a verdade e a magia sagrada são formas de vida divinas, que por si são livres e em si libertam aqueles que as compreendem.

Libertam dos preconceitos, dos falsos dogmas, dos medos, mas acima de tudo nos libertam de nós mesmos, pois somos nós nossos piores inimigos.

Sendo assim como poderia eu aprisionar quem me liberta?

Logo que passei a agir e sentir dessa maneira compreendi que para ter a magia sagrada eu teria que me entregar primeiro a ela, permitir que ela me tomasse e adentrasse por todas as minhas entranhas.

Só depois disso ela me faria merecedora ou não de sua honrosa companhia.

E tu, meu irmão, fizeste o caminho contrário.

Tu tentaste fazer da magia divina tua prisioneira e ela te levou ao que tu és hoje.

Apesar de ver em teus olhos um pedido de compreensão, um pequeno véu que se descortina, eu não terei piedade de ti hoje, Moshé.

Eu terei que cumprir o destino para o qual fui incumbida e o farei sem dó nem piedade de ti.

Ao término de suas palavras Miriam pegou algo em um pequeno saquinho que tinha junto da sua cintura.

Era um óleo mágico.

Ela passou uma pequena gota na fronte de Moshé.

A partir daquele instante Moshé foi transportado para dentro de sua consciência e lá se defrontou com todas as pessoas que havia julgado, matado, etc.

Ele não apenas via suas vítimas, mas elas falavam com ele, o acusavam de suas dores, de seu sofrimento, o condenavam pela falta de compreensão, pela má vontade em ouvi-las, pelo julgamento injusto.

Crianças choravam pedindo ajuda, procuravam os pais mortos e vice-versa.

O desespero tomou conta de Moshé, que não sabia como se defender de tantos algozes.

Seus atos de crueldade foram tantos que pareciam intermináveis.

Enquanto isso Jetro, que tudo observava, disse para Aarão:

- Agora é a hora certa.

Eu devo agir, porém mais ninguém aqui deve fazer nada até que eu volte.

Jetro estava calmo o tempo todo.

Em nenhum momento seu semblante se alterou.

Ele saiu com o cajado de Elohim, fez o sono cair sobre o povo e os soldados de Moshé, menos sobre Miriam e Moshé.

Logo em seguida foi até Miriam e percebeu o que estava para acontecer.

Levou-a para dentro e a Moshé também, pois este estava completamente preso dentro de sua consciência, revendo suas ações.

Miriam havia passado em sua fronte ‘o óleo da verdade interior’ e o efeito dele só acabava em 24 horas.

Mas isso agora não era assim tão importante.

Zaira estava de volta ao normal e cuidava de Moshé, mas Miriam estava morrendo.

A verdade não era bem que estivesse morrendo, pois isso já havia acontecido semanas antes desse encontro.

Era chegada a hora de revelar a Aarão e a Jashá o que realmente estava acontecendo com Miriam.

Em desespero Aarão e Jashá vieram ao encontro de Jetro na câmara sagrada onde Miriam se encontrava semi-inconsciente.

Ao entrar Aarão assustou-se ao ver sua amada, que de um momento para o outro passou da vida para a morte.

Olhou para Jetro e perguntou o que estava acontecendo, porque ele não fazia nada.

Se era o rei élfico, tinha o dom da cura.

Jetro disse:

- Se tu me ouvires poderei te relatar o que aconteceu.

Aarão levou as mãos aos olhos cobrindo a face já com lágrimas enquanto Jashá ternamente acariciava os longos cabelos de sua mãe.

Ele disse:

- Conte, Senhor Jetro, conte a meu pai, pois eu já sei do que se trata.

Eu também carrego a marca da lança do destino e também sinto a dor que minha mãe sentia.

Também sei que aquele que carrega essa marca jamais encontrará a cura.

Aarão olhou para Jetro e perguntou:

- Do que ele está falando?

Jetro disse:

- Aarão, o teu filho está se referindo à maldição de Prometeu, aquele que trouxe para a humanidade o conhecimento que um dia o libertará.

Prometeu foi o anjo caído chamado Samiazy, que renunciou à sua condição divina para evoluir a humanidade, mas ao fazer isso terminou criando sua própria prisão.

Ele teria que viver aqui na Terra até que todo o trabalho fosse concluído, ou melhor, até que todos tivessem evoluído.

Para isso ele recebeu uma marca.

A lança do destino foi atirada em seu peito do lado direito, mais propriamente próximo do fígado.

Esse corte nunca fechou, mas essa não foi sua única marca.

Ele também recebeu um anel que tinha uma pedra com o peso de uma montanha, mesmo sendo pequena.

A pedra cada dia parecia mais pesada.

Era o peso das ações humanas diante do conhecimento que Prometeu trouxe.

Quanto maior o número de pessoas evoluídas mais leve a pedra se torna.

Quanto maior o número de seres ainda ignorantes de saber, mais pesada ela fica.

O primeiro filho de Samiazy chamava-se Shain = vida, mas ele já nasceu doente, pois nasceu com a marca do pai e ainda sofreu como o pai o toque da lança, história essa que você já conhece.

Shain também teve outros filhos que nasciam com a marca da maldição.

Na verdade, o que alguns acreditam ser uma maldição é apenas a marca daqueles que vêm para carregar o mundo nas costas ou para dar continuidade à sabedoria sem deixá-la desaparecer nem ser esquecida.

Não sei se tu te lembras, mas o Príncipe do Sol tinha essa marca, que dores insuportáveis chegaram a lhe causar.

Muitas vezes ela chegou até mesmo a sangrar por ele ter feito esforço em demasia para segurar a maldade de tantos sacerdotes do Egito.

Em determinado momento a dor avisa que chegou a hora e não é mais possível viver nesse mundo.

É preciso partir e esse momento chegou para Miriam há duas semanas atrás, mas ela teve uma visão com o Príncipe do Sol e ele disse que estaria com ela fazendo-a suportar as dores até que sua missão tivesse realmente acabado.

Na verdade, ele sempre esteve com ela o tempo todo.

Por isso Miriam era tão forte e a todos fortalecia com sua segurança.

Tu, meu amigo, deverias ter orgulho da esposa que tiveste e do filho escolhido, que vive ao teu lado, pois agora a parte que vem é missão de vocês dois e ambos terão que mostrar ter muita sabedoria e compreensão para dar continuidade a ela.

Após essa conversa nada mais podia ser feito.

Era preciso esperar que as próximas horas mostrassem o destino.

Três dias se passaram.

Antes de voltar a Moshé e Miriam Jetro chamou Jashá para uma conversa em particular e disse:

- Eu te chamei aqui para te revelar que eu também devo partir e por essa razão vou deixar a ti e teu pai incumbidos de guardar as relíquias sagradas.

Tu sabes que essas relíquias são importantes para a humanidade, pois são a única prova da aliança de um ser imortal com os mortais.

- Tu não precisas se preocupar com isso, Senhor Jetro.

Eu sei que os três se vão e voltam sempre, mas que precisam fazer isso sempre juntos.

Gostaria apenas de saber quem dos três o senhor é, se isso não for ofendê-lo.

- Não é nenhuma ofensa para mim, Jashá.

Eu, Krysnasvary, há pouco tempo fui Nimrod, mas preferi mudar de aparência, pois um deus errante e louco continua perseguindo seres como eu.

Não podemos matá-lo, pois ele faz parte do pêndulo da balança que equilibra esse mundo.

Akhenaton, como tu já sabes, era o Príncipe do Sol, e foi Melchizedek (Pandora), mas seu nome celestino era Agkrüpymallaya = Ayrimael.

Samiazy foi Prometeu, mas em um determinado momento ele trocava de aparência com Pandora.

Às vezes eles se faziam passar um pelo outro só para confundir o deus que nos persegue.

Na troca mais importante Prometeu, o Samiazy, tinha assumido o papel de Melchizedek, mas o abandonou dando-o a Ayrimael e se chamou Garivaram = Golaha.

Agora, meu sábio Jashá, chegou o momento de trocarmos novamente de aparência, forma e lugar, mas vou ter que confiar a ti e a teu pai aquilo que a mim foi confiado.

- Mas e quanto a Moshé?

- Não te preocupes com ele, pois ele não é mais a pessoa que tu conheceste.

Venha comigo e eu te mostrarei.

Jashá acompanhou Jetro até o local onde Moshé estava e lá viu que ele havia sofrido de facto uma grande transformação.

Sua aura emanava luz, calma, algo que não existia em Moshé.

Jashá sabia que agora Moshé realmente cumpriria a missão para a qual havia sido designado.

Mas agora ele se voltou mais uma vez para Jetro, pois precisava saber um pouco mais sobre sua missão e o mistério que envolvia seres como ele.

Chamou Jetro para uma outra sala e seriamente começou a falar:

- Senhor Jetro, eu sei que não és o Grande Criador.

Sei também que os outros dois também não o são, mas sei que todos que aqui vivem são vossos filhos, ou seja, filhos do arco-íris, filhos dos 7 raios, Elohins divinos.

Sei que por trás de vocês existe o Senhor de todos os Senhores, Aquele que tem todas as faces, que tudo vê, tudo habita.

Aprendi com minha mãe e meu pai a compreender os mistérios da criação.

Dentre tantas coisas gostaria apenas que, se fosse possível, o senhor me respondesse algumas perguntas.

- Pergunte então e eu responderei – disse Jetro.

- Quem são vocês e quem somos nós?

- Bem direta tua pergunta.

Por isso dar-te-ei uma resposta direta.

Nós somos seres interplanetários conscientes e vocês seres planetários inconscientes.

- Desculpe-me senhor, mas essa parte eu também já conheço.

Vou ser mais direto.

De que planeta o senhor vem?

- Jashá, todos que vivem na Terra são filhos de doze planetas diferentes, mas estão aqui para aprender, pois essa é a escola.

Mas eu e os outros somos originalmente filhos da Matrix divina, que não tem nome, mas que agora é conhecido como Planeta do Princípio Divino.

Eras e eras se passaram e alguns de nós foram descobrindo que haviam criado criaturas com suas emoções, tal qual o Pai.

Essa história você já conhece e por isso vou me adiantar.

Nossas emoções tinham um planeta natal, que correspondia à nossa personalidade.

Por exemplo o Sol corresponde à casa dos filhos de Miguel Arcanjo.

A Lua corresponde à casa dos filhos de Gabriel e assim por diante, mas o máximo de nossa semelhança com algum desses planetas é o facto de sermos os responsáveis por aqueles que nasceram neles.

Em suma, somos criaturas livres no universo por termos alcançado a consciência divina.

Não temos morada fixa.

Nosso dever é evoluir as criaturas que criamos, a quem demos na verdade apenas a personalidade, pois todo ser já existe mesmo que ainda não tenha acordado.

- Eu sei como é essa história, senhor Jetro, não se preocupe, mas me diga o que de facto são aqueles como minha mãe e eu, aqueles que nascem com a marca.

- Esses, meu bom rapaz, são aqueles que forjamos.

São seres que há muitas e muitas eras nós vínhamos evoluindo secretamente entre nossos próprios filhos.

Não que os outros não mereçam o mesmo, mas tudo é como foi com o Pai.

Vocês foram as nossas primeiras emoções, aquelas que despertaram quando nós nem sabíamos o significado da palavra emoção.

Resumindo, em um efeito dominó, evolução em cadeia, vocês são os primeiros a evoluírem e logo poderão desempenhar o papel de pai como nós estamos fazendo há milhares e milhares de eras.

Muitos dentre vós foram aqueles que outrora foram chamados de deuses e alguns até continuam a ser chamados e no futuro continuarão com esse título.

Depois que terminar o estágio na escola chamada Terra nós não seremos mais responsáveis por vocês.

Assim se tornarão filhos do mundo, que deverão descobrir suas próprias responsabilidades com seus filhos, mas isso não significa que vocês estarão abandonados, sem pai.

Apenas terão que fazer tudo como um dia foi connosco.

- Tudo bem, isso eu já compreendi e agradeço muito pela boa vontade em me responder, mas me diga: Por que o velocino sagrado, sendo o meio de transporte de vocês para os outros planetas, nem sempre é usado por vocês?

- O chariot ou velocino, como você diz, não pode ser usado a esmo.

Devemos ter cautela, pois ele é algo altamente cobiçado por seres mortais que, sem sabedoria alguma, desejam viajar até outros planetas, mas não sabem o que os espera lá.

Obviamente este não é o único veículo, como nunca foi.

Na época da grande inundação você bem sabe que muitos de nós voltaram para um curto exílio num planeta natal chamado Capela.

E isso só aconteceu graças às naves atlantes, shangrillês e lemurianas, que se mantinham muito bem guardadas, sem contar que Xanthus também ajudou muito com seus navios voadores.

- Salomão chamou os extraterrestres e foi abduzido.

Todo Messias vem em uma nave que parece uma estrela, mas não é uma.

Deus, que só tinha ideias e idealizou tudo, começo e fim, só depois criou o corpo (explodiu sua alma).

- Hoje não existem mais muitas naves como essas na Terra, pois nós fizemos a escolha de vez por outra reencarnar em um corpo previamente preparado, afinal você sabe que não podemos nascer naturalmente como vocês.

Por isso foi ensinado a você tudo que deve ser feito para possibilitar o nosso nascimento.

Sei que essa era mais uma de suas perguntas, mas não se preocupe.

Todas as informações necessárias para isso você já possui e todo material também.

Toda vez que um ser tiver que voltar à Terra uma nave vem com um mensageiro e deixa o material que não é possível encontrar aqui.

Depois essa mesma nave é vista apenas mais duas vezes: na hora do nascimento e na hora da morte.

Tu te lembras do que viu no dia em que Akhenaton morreu?

- Sim, eu me lembro.

- Não estou falando apenas da chuva de meteoros.

Estou falando que isso serviu apenas para disfarçar a nave que veio buscar o que não podia ficar na Terra.

O restante, como tu já sabes, eu fiz.

Eu trouxe a essência de Akhenaton para o Cálice da Vida, mas seu corpo jamais será achado.

Em seu lugar surgirão um dia muitos seres ou múmias, que pretenderão fazer passar por ele, mas nenhuma será verdadeira.

- Por que isso?

Por que não desejam ser encontrados?

- É muito simples, Jashá.

A humanidade tem hoje uma aparência semelhante e já tem muitos preconceitos.

Nas eras passadas a aparência também já foi motivo de medo e destruição.

No futuro o motivo continuará sendo o mesmo: ignorar o que não compreende, distorcer, profanar por medo, porém como aqui é uma escola deve ter de tudo um pouco e lá na Caverna das Antigas Civilizações existem inúmeros exemplares de seres bastante diferentes, mas posso lhe afirmar que todos são apenas exemplares daquilo que um dia foi a aparência humana.

Das primeiras eras de exemplares nossos deixamos apenas três, no tamanho sentinela, e em corpos que fizemos questão de alterar.

- Senhor Jetro, tudo isso só aconteceu porque o senhor e os outros resolveram construir a torre planetária?

- Quando eu estava disfarçado de Nimrod construí Babel, o palácio do Chariot.

Os sete estavam na Terra e cada um resolveu criar a biblioteca genealógica dos sete regentes planetários.

Era como uma escola profissionalizante, que dava o conhecimento daquilo que sabíamos aos nossos filhos. Chamamos os magos astarianos para serem os professores dessa escola, mas muitas guerras e confusões nos esperavam.

- Jetro, com todo respeito que lhe tenho, não me lembro da torre da escola de Salém ter mudado de nome – interrompeu Jashá.

- Calma, meu jovem.

Não estou querendo confundi-lo, mas a antiga escola de Salém foi fundada por Melchizedek e dentro dela havia a torre dos 7 círculos, construída especialmente para preservar registos e, é óbvio, ensinar, mas quando tudo começou a mudar e o perigo começou a reaparecer seu nome foi mudado várias vezes.

Não por nós, mesmo porque todos sabiam que torre de Salém, Silo, Jericó e Babel eram tudo a mesma coisa.

Essa distorção aconteceu com o passar do tempo e com a destruição da torre, porém tu bem sabes que essa não era a única torre que havia em Salém.

Mas é muito difícil manter uma escola como aquela por muito tempo em pé ou inteira.

Veja Akhenaton.

Ele a reergueu, mas o orgulho de Ramsés a destrói.

É certo que não fará uma destruição completa, pois é mais viável passar uma história por cima daquela e ter uma nova história para um enganoso futuro, mas não te preocupes, Jashá, a chama da verdade nunca se apagará.

Ela sempre se manterá acesa por todos os séculos, mas nem todos terão acesso a essa luz.

- E ainda o encontrarei, Jetro?

- Por que me perguntas isso?

Tu sabes que ainda me encontrarás e sabes também que te lembrarás disso tudo quando vier a me rever.

Mas agora preciso de ti para que Moshé e teu pai Aarão dêem continuidade à missão que aqui vieram cumprir.

Mas hoje, meu bom Jashá, para que o povo confie mais em ti eu te chamarei de Jashá ou Eleazar e tu serás pai de Finéias, o profeta.

Tu e tua família vão se separar de Aarão e Moshé, pois tu e teu filho serão líderes da nação de tua mãe.

Teu pai vai ajudar Moshé, mas a Arca não ficará inteira nas mãos do povo de Moshé.

Por isso hoje eu crio dois caminhos: um para a nação de Miriam e outro para a nação de Moshé.

Peço a ti que não faças mais sacrifícios a Azaziel, como o povo de Moshé ainda continuará a fazer.

Ele é o bode emissário lançado ao deserto para expiar os pecados que não são dele, mas de cada ser que os comete.

Ensine teu povo que a Lei da Ação e da Reação não se paga com sacrifícios de animais.

Procure sempre se lembrar dos ensinamentos do Príncipe do Sol, pois esse legado é muito precioso.

Não te preocupes com Moshé.

Ele agora será um bom líder para seu povo, pois Miriam deu a ele a consciência que faltava para a realização da Grande Obra.

Com amor e profunda gratidão,

Luís Barros

29 de agosto de 2021

O LIVRO DA LUZ - REVELAÇÕES (7)

Num futuro não muito distante Melchizedek voltaria na pele de um faraó, que entraria para a história.

Seu nome, Akhenaton, traduzido corretamente é Arquetatom ou Arketeton.

Esse também foi o nome que ele deu à cidade feita em homenagem a Deus.

Não podemos deixar de lembrar que o primeiro faraó do Egipto foi Melchizedek, mais conhecido pelo nome Miquerinos, Micherions, Michel.

Aí chegamos ao nome do anjo, pai desses filhos da Terra.

Hiperion ou Michel, Miguel arcanjo, o grande Herodes divino, que no Livro de Enoch tem piedade de seus irmãos caídos e mais tarde termina vindo à Terra para ajudá-los, mas Enoch não deixa isso muito claro.

É preciso observar o comportamento do anjo para compreender.

Voltando a Akhenaton, esse arquitecto divino veio em meio a um grande confronto.

Moisés havia nascido príncipe, afinal um dos filhos de José do Egipto era o faraó e a diferença é que os herdeiros do trono dele não tinham o mesmo carisma que seu pai.

Observe Manasses e Neftali.

Eram filhos de José e logo que Jacó lançou a profecia sobre seus filhos ele se dirigiu aos filhos de José, que seriam a herança do próprio Jacó.

Segundo o tracto que ele fez com Akhenaton ele abençoou um e amaldiçoou o outro a ser escravo e servir. Veja que da linhagem daquele que virou escravo nasceu justamente Manasses, o Moshé ou “homem das águas” e não “trazido das águas”.

Moisés, Moshé e Manasses significa também “homem de Seth” (homem que esquece), pois Seth também significava “água”, a grande serpente Tifon, “o homem branco”.

Neste período Moisés seria aquela coluna que estabelece e Akhenaton a que traz o poder.

Nossa história começa em um Egipto dividido ao meio pelo Alto e Baixo Egipto.

Uma parte era o reino de Ramsés e de Moisés o outro.

Era o reino do arquitecto divino que desejava ensinar ao povo os caminhos para a liberdade.

Seus primeiros aliados foram Miriam e Aarão, aqueles a quem Akhenaton confiou os segredos das relíquias de Capela (Melchizedek).

Esses dois na realidade tiveram mais importância na história do que se conta.

Miriam era sacerdotisa formada pela escola de Melchizedek, assim como Aarão e Moshé aprendeu tudo que sabia formado pela escola de Seth.

A antiga maldição dos filhos de Seth e dos filhos de Caim agora daria uma pequena trégua.

Era preciso unir forças para libertar o povo israelita da escravidão causada pela profecia de Jacó.

É preciso lembrar que o único povo judeu que existia naquela época eram os filhos da tribo de Judá, o segundo filho mais abençoado por Jacó, perdendo apenas para Levi Aton, que foi o abençoado entre o céu e a terra.

O povo de Israel era geral, pois todos os filhos de Jacó se tornaram israelitas quando seu pai recebeu este nome após ter brigado com um anjo, que na verdade nunca foi anjo.

Era nada mais nada menos que seu próprio irmão Esaú, onde na luta Jacó, para se livrar da maldição de seu pai Isaac, matou o próprio irmão, facto omitido pela história, porém o corte na coxa de Jacó o torna senhor dos senhores (obs.: leia a bênção que Jacó deu aos filhos em Gn 49).

Na época de Moshé os israelitas eram em grande número se reunissem todas as tribos, mas havia duas tribos totalmente rejeitadas pelas outras: os hebreus, que eram um povo nómade sem misturas com os filhos de Israel e os judeus da tribo de Judá, que só tinham como aliados os levitas, que estavam sendo exterminados pelas outras tribos.

Esses últimos, também conhecidos no passado como ‘leviatons’, os filhos de Aton, os profetas do Deus único.

levi = unido, Aton = Sol ou Deus = o Deus único de Akhenaton.

O fundador da tribo de Cohen Aarão = arca, irmão de (Deus) sublime.

Miriam = estrela do mar, luz das águas.

Aarão era mais que um simples sacerdote.

Era chamado por Akhenaton de irmão e por Miriam ele tinha também a mesma afeição.

Nessa época Akhenaton não concordava com as leis criadas pelos antigos, principalmente a respeito dos sacerdotes, que viviam enriquecendo às custas do povo, mas não era só isso.

Os filhos de Jacó não estavam mais contentes com o que possuíam e brigavam entre si pelo poder, o que trouxe muita confusão, pois havia dois governantes no Egipto.

Um que os protegia e o outro que os enganava.

Na verdade Ramsés instruía os homens de acordo com as leis e normas de seu pai Seth, seus sacerdotes e seus deuses.

Akhenaton não admirava os deuses, acreditava em um só Deus, pai de todo o universo.

Os filhos de Jacó agora eram mistos e viviam divididos entre esses dois governantes.

Os filhos de Seth eram Ramsés e Nefre.

Esse segundo não é citado na história.

A guerra foi declarada entre os sacerdotes de Aton e os de Amon.

As 12 tribos ficaram divididas em meio a esse confronto religioso.

Para o lado de Aton foram duas importantes tribos: a de Judá e de Levi.

Foi a partir daí que surgiu a guerra interna entre as tribos judias, afinal ninguém sabia ainda que a herança que um dia fora de Levi(aton) agora seria transferida para Aarão.

Leviaton transferiu as relíquias de Miquerinos ou Melchizedek para o templo de Aton, onde sabia que nasceria o Arketeton / Akhenaton e muito antes dele nascer tudo já estava pronto para ele.

Na verdade, Leviaton guardava um segredo apenas para si: o encontro que teria com Akhenaton.

Para quem não sabe Akhenaton era parente de sangue de Zafenate Panéia.

Akhenaton era o 13º dos filhos de Ismael, o filho rejeitado de Abraão, e Zafenate Panéia era o 13º filho de Jacó, filho de Isaac, irmão de Ismael.

Como todos sabem Isaac teve apenas dois filhos gémeos: Esaú e Jacó.

Ismael teve 12 príncipes, sendo que o 13º seria o rei Akhenaton.

Jacó teve 12 filhos e um 13º, que também reinaria como faraó.

No Livro dos Mortos do Egipto toda a história é muito bem relatada.

A Torah apenas copiou o início e depois passou a revelá-la como se fosse a história de autoria apenas dos israelitas (judeus).

Voltemos ao breve encontro entre os dois décimo-terceiros das tribos.

Na infância Akhenaton teve um professor chamado Imhotep, que lhe ofertou uma espada sagrada.

Essa espada estava junto com as relíquias de Melchizedek.

Era sua espada.

Ele havia pedido para Basilai forjá-la.

De acordo com o conhecimento de Basilai aquela seria a Espada do Invencível.

Melhor dizendo, aquele que a possuísse seria três vezes mais poderoso.

Basilai disse que o próprio Caim havia surgido do nada para ajudá-lo a forjá-la, assim assegurando seu poder.

Na luta dos 4 contra 5, a Guerra de Tróia, de Samael contra Melchizedek, havia um ser chamado Nimrod, que foi agraciado por Melchizedek com essa espada.

Nimrod era filho de Samiramis ou a Ísis dos egípcios.

Mais tarde, vendo que Nimrod cairia numa armadilha de seu parente (tio) Seth (egípcio) ou Samael (primeiro nome de Abraão) Melchizedek tentou guardar a espada do poder, mas não deu tempo.

Nimrod foi assassinado por Samael, teve seu corpo esquartejado em 14 pedaços, exactamente como na lenda de Osíris e que também marca as 14 gerações que levaria para o Cristo reencarnar como o último Salvador.

Nimrod = fogo de Deus ou mesmo Miguel, um dos anjos de Deus.

Após a terrível luta entre Melchizedek e Samael a espada foi recuperada e guardada para um futuro que logo chegaria.

Leviaton foi o filho mais abençoado por Jacó por pregar o Deus único e por ter o dom da profecia.

Nele o pai tinha confiança que sua fé não cairia por terra nem seria esquecida.

De facto, o filho tão amado de Jacó deu início a uma religião que ainda era muito pequena e pouco conhecida, pois os deuses estavam ainda muito em evidência.

Mesmo após a queda deles o povo ainda os temia e acreditava que voltariam a encarnar entre os homens.

O horror, temor e devoção a esses seres eram tão grandes que por todos os cantos se via templos erguidos em sua homenagem.

Quando o príncipe Leviaton morreu, deixou para aquele que chamou de irmão toda a responsabilidade de continuar a missão de dar sabedoria verdadeira ao povo.

Essa era a missão mais dura que alguém podia receber, pois acender uma fogueira do fogo eterno em meio a milhares de fogueiras ilusórias é de facto uma missão para poucos.

Akhenaton era demasiado jovem quando perdeu Leviaton, o Zafenate Panéia, e já demasiado cansado quando teve que se unir a Moshé, que aqui vamos chamar por seu verdadeiro nome, que consta do Livro dos Mortos egípcio: Manasses.

A sorte de Akhenaton foram os dois fiéis amigos, Aarão e Miriam, que fundaram a tribo dos Cohen para não serem totalmente dizimados pelas outras tribos, mas jamais deixaram de ser leviatons, jamais deixaram de ser unidos a Aton.

A tribo de Judá também não era uma tribo muito bem vista pelos outros, seus próprios irmãos.

Aos poucos foram também se unindo a eles os filhos da tribo de Dã, que era mal-vista por ter ganho o poder de julgar.

Seriam como os juízes daquela época.

Akhenaton agora tinha o rei das tribos (Judá), o juiz (Dã) e os sacerdotes (Levi/Cohen).

Assim o poder das outras tribos ficara reduzido, pois seus principais poderes agora os abandonavam.

Sem juízes perderam a lei, sem sacerdotes perderam os conselhos e as normas para os guiar e sem o líder ficaram como filhos sem pai, porém isso só veio a acontecer por vontade do próprio povo, que vivia se desentendendo entre si.

Do outro lado do Egipto o reino de Ramsés crescia, pois ele dava ao povo esperança, usando para isso seus deuses e tendo também como aliado Moshé ou Manasses.

Cabia agora a Miriam tentar trazer Moshé à razão, o que não foi muito fácil, mas Miriam ainda não sabia que já tinha uma forte aliada, Zaíra, filha de Jetro, o Senhor da Montanha, aquele a quem Ramsés jamais tentou, pois temia seu desconhecido poder.

Zaíra era amiga de Miriam e também simpatizante da doutrina de Akhenaton.

Quando Miriam ia conversar com Moshé Zaíra ia junto.

Sua beleza era evidente.

Era filha dos Elohins castanhos e Elfos morenos.

Tinha longos cabelos cheios de cachos, formas perfeitas, olhos azuis penetrantes, educação requintada, sabia mais de três idiomas, incluindo o élfico, falado apenas pela sua linhagem, já quase extinta.

Rica, nada queria de Moshé (Moisés) senão o seu amor, mesmo sabendo que ele era um ser muito fechado, de poucas palavras, mas que não deixou de perceber a bela que acompanhava sua irmã.

Aos poucos Moisés passou a ir ao encontro de Akhenaton e recebeu dele a revelação de sua missão.

Moisés tentou negá-la, pois era homem pacífico, não gostava de guerras.

Akhenaton argumentou que também era pacífico e jamais suportara guerras e justamente por isso pedia a ele para libertar seu povo antes que fosse feito escravo dos deuses mais uma vez, pois é o que já vinha acontecendo.

Disse: - Tudo bem, sabes que um confronto se aproxima entre Ramsés (Ramasses) e eu, porém me resta dizer-te que tu fostes escolhido para dar continuidade àquilo que comecei, pois meus dias se aproximam do fim e não terei herdeiros para levar adiante minha missão, pois será morto aquele que vier a se assentar no meu trono.

Ramsés me odeia e não é de hoje, digo, dessa vida.

Seu ódio por mim vem sendo alimentado há muitas eras.

Eu sou o filho do Prometeu divino e ele é filho das graças, que está aqui para aperfeiçoar todo o conhecimento que já possui e não sabe.

Eu sou aquele que idealiza e vocês aqueles que concluem a missão.

Eu já a tenho carregado há muito tempo.

Agora é a sua vez, mas você não estará sozinho.

Terás a companhia da tua irmã e de Aarão, a quem dei todas as instruções que tu precisas para cumprir a tua missão.

Com a ajuda dos Cohen, filhos dos Leviaton, de Judá e Dã você encontrará forças para mostrar ao povo o poder que eles precisam para enxergar o caminho certo.

Quanto a mim, devo permanecer aqui enquanto tu deves organizar tua retirada com o quarto de homens que desejar segui-lo.

Se eu for contigo a ira de Ramsés será grande e não poderá ser aplacada.

Você sabe que ele mandará destruir tudo que já construí, até mesmo Akhetaton, a Cidade do Senhor (Sol), que ele já não respeita.

Depois lembra-te, Moshé, tu já tens 40 anos, a idade que te dá autoridade de rabino, mas peço que sejas humilde, pois Aarão e Miriam chegaram a mim muito antes de ti e há muito já estão adiantados na Kabalah (Merkabah).

Por isso eu confio tanto neles.

Sei que conheço deles as almas transparentes e dedicadas ao Senhor.

Quanto a ti o trabalho é árduo, mas experimentarás na prática todo o conhecimento que já possuis.

Quando partires não deves te preocupar, pois teu povo encontrará auxílio nas terras de Jetro, o senhor da montanha de Gondor.

Ele é mais que um homem comum.

É um grande sacerdote de uma linhagem quase extinta.

Ele é filho remanescente de Atlântida e ainda carrega no sangue a herança dos Elohins.

Tu não deves permitir que teu povo o conheça, pois eles o adorariam como a um deus e Jetro não precisa disso.

Ele já vive aqui há eras, pois, a vida dos elfos é longa e nessas longas eras ele já sofreu muitas tentações.

Não sejas tu mais uma para ele.

Deves lembrar também que teu povo deve estar ciente de ter que trabalhar e de que nada nasce da noite para o dia, afinal tudo que Jetro tem não servirá por muito tempo.

Vocês terão que se organizar, pois um novo lar não pode ser construído sem a colaboração de seus moradores.

Após explicar tudo a Manassés Akhenaton observou um silêncio perturbador e cheio de desconfiança por parte do seu futuro sucessor.

- Sei o que estás a pensar, meu jovem Manasses.

Sei que para ti é muito difícil crer que tudo que te relatei venha a ser verdade, mas a causa maior do teu silêncio não é o que te contei, mas porque eu te contei.

Afinal tu és parte oposta dessa situação.

Estás preocupado em descobrir porquê te relatei meus planos, ciente de que és da casa de Ramsés.

A resposta é muito simples: eu não tenho nada a esconder, nem de ti e tampouco de Ramsés.

Obviamente sei que ele não concorda com os meus propósitos e seria pedir muito a Aton um milagre desses.

Quanto a ti Manasses eu apenas sei que és escolhido para ajudar o teu povo e mais do que isso eu não poderei te revelar, pois cabe à tua alma avaliar o caminho que há muito escolheste trilhar.

Rompendo o silêncio Manasses (Moisés, Moshé) disse:

- O que te faz crer que eu vá trair Ramsés?

E se eu vier a fazê-lo como me livrarei de sua ira.

Tu sabes que no Templo da Cabeça de Asno Dourada (Seth) nada passa desapercebido.

- Eu não estou pedindo a ti que traia Ramsés (Ramasses).

Estou apenas dizendo que tens escolhas.

Sei perfeitamente dos poderes dos adoradores de Seth, o deus, mas acima de tudo confio no meu único Deus, do qual Aton é tão somente uma fagulha.

- Eu sei do que estás falando.

Tu falas do Deus dos antigos, o Deus que ninguém vê ou pode tocar, mas que em tudo está.

Ora Senhor, eu não o compreendo.

Vós sois filho desses costumes, habitais a terra dos senhores da criação.

Por que os negais como filho que abandona a casa de seus pais?

- Isso aqui não é a casa dos meus pais, Manasses, tampouco sou filho desses costumes.

Meus pais há muito se uniram para ser um só e essa história tu já conheces.

Não participo dos costumes em que não creio, não compactuo com os crimes sacerdotais, pois posso falar com meu Deus sem essas cerimónias.

- Admiro tua fé, mas não participo da mesma.

Portanto não aceitarei tua proposta.

Procure outro louco para assumir o teu lugar.

Ramsés tem razão ao dizer que tu és um louco e que vens há muito prejudicando a mente do povo.

Na verdade, tu és a causa de toda essa desavença.

O povo está confuso e dividido e tudo por culpa de um senhor insano e insensato, que só pensa em alcançar fama ou glória.

- Estás enganado, tolo Manasses.

Tu ficarás com toda a fama e glória no futuro.

Toda minha história será apagada por ti e Ramsés e como duas estrelas rivais alcançarão o mais alto brilho, mas isso não me incomoda.

Eu não vim aqui com os mesmos propósitos que tu e Ramsés.

O poder e a glória não me corrompem mais.

Eu já os conheci.

Sei das dores e das falsas delícias desse manjar de vermes.

Por isso os deixo para vocês.

- O que te faz crer que eu desejo a fama?

- Olhe para você, Manasses.

És um alto sacerdote dos antigos segredos, possuis o conhecimento da magia, mas ainda não tens a sabedoria e a consciência do que realmente isso significa.

Um homem sábio não estaria aqui me ouvindo após eu ter pronunciado as palavras poder, fama e glória, pois esse homem, em sua sabedoria, ignoraria essas palavras ou as entenderia como uma ofensa à sua integridade e aos seus ouvidos sábios, que muito provavelmente guardaria a lembrança de já ter passado por essa experiência.

Sua reacção ainda é de um aprendiz sedento pelas conquistas, cheio de vontade de ser adorado, venerado e respeitado, mas pudera eu te dizer o que de facto é isso em simples palavras.

Não, eu não posso te dizer o que é isso, Manasses.

Tu terás que aprender essa parte sozinho, pois o rei que todo homem é já está dentro dele, só precisa ser acordado e o teu acordará para ser rei de milhares.

Obviamente que tu não serás um bom rei, mas também fica claro que não serás de todo mau.

O poder vai te subir à cabeça antes mesmo de serdes coroado.

Eu vejo tuas mãos sujas de sangue.

Um sangue que escorre como água de nascente e não se esgota.

Tua sede de justiça será mais forte que tua sabedoria.

Não irão te respeitar por amor, mas por imposição e medo, mas um dia, Manasses, tu irás te lembrar dessa conversa e nesse dia tu então irás compreender tudo que hoje te falo.

Te ficará tão claro como água cristalina.

Tu então enxergarás teu povo como hoje eu os enxergo e te enxergarás tão profundamente que verás em tua alma teu verdadeiro EU.

Nesse dia tu realmente serás um rei, um rei não mais dos homens, mas um rei de si mesmo.

Será que estás pronto para tudo que vais viver?

Não, tu não estás pronto, mas desejas vivê-lo, isso eu vejo nos teus olhos.

Manasses saiu enfurecido da presença do faraó Akhenaton.

Foi para longe, onde não pudesse ser encontrado.

Precisava meditar sobre o que ele tinha falado.

Precisava achar uma razão para as tolices daquele ser.

Na verdade, precisava compreender porque estava se preocupando tanto com as loucuras daquele tolo faraó.

Manasses não entendia o que teria a ganhar aceitando a proposta de Akhenaton.

Além disso trair Ramasses, seu irmão, seria uma atitude covarde, mas, Manasses lembrou-se que era neto de Jacó e lembrou também das previsões que seu avô havia feito deixando bem claro que Manasses seria um grande rei aclamado pelo povo, que os salvaria das sete pragas que estavam para chegar ao Egipto mais uma vez.

Na verdade, Manasses não se lembrava, mas ouvira falar que na época de Zafenate Panéia o Egipto foi tomado pela fome.

O povo e o gado adoeceram.

A miséria e a doença assolavam todas as terras menos as dos filhos de Jacó e o faraó, que pareciam estar protegidos por uma força maior, porém o que se falava era que José (Zafenate Panéia) tinha demasiados poderes ocultos, que tanto podiam destruir como salvar.

Entre alguns povos das tribos eram histórias e mais histórias sobre Zafenate Panéia.

Alguns o descreviam como um faraó maldoso, que fez cair a miséria sobre o povo só para tê-lo como escravo, tirando suas terras, seus bois, suas cabras, ovelhas e todo campo de alimento.

O povo vendeu tudo que possuía ao faraó, até mesmo a sua liberdade.

O Senhor do Egipto se tornou dono de todas as terras do Alto e Baixo Egipto, mas segundo os planos de Zafenate Panéia nasceria um rei ainda maior, que seria Arketeton (arquitecto) da Sabedoria em forma divina.

Esse rei seria Akhenaton e até mesmo no futuro sua sabedoria seria utilizada e falada por aquele que viria a ser Salomão.

Foi então que Manasses se interessou pela proposta de Akhenaton, mas se Akhenaton tinha mesmo o segredo Manasses tinha que saber e dar um jeito de possuí-lo também.

Mas como fazer isso?

Afinal, ninguém jamais tinha tocado no cajado de Akhenaton, ninguém jamais havia entrado no seu salão secreto, onde ele guardava as relíquias dos deuses.

Era uma época muito difícil no Egipto.

Estava havendo uma epidemia de lepra e muita gente já havia morrido por causa dessa doença.

As Casas da Cura viviam cheias e as dos Mortos também, mas havia uma diferença entre a parte egípcia governada por Akhenaton.

Esse faraó não jogava nem mandava para o exílio no deserto os seus doentes, como fazia Ramsés.

Ele ensinava a seus médicos unguentos feitos de ervas colocadas em ataduras com as quais se enfaixava os doentes, que além disso bebiam três vezes ao dia um cálice de um remédio amargo feito de raízes.

Assim em uma semana o paciente parecia recuperado, recebendo apenas pequenos cuidados de seus familiares.

Akhenaton não aceitava as provocações de Ramsés, pois não gostava de guerras nem de ver seu povo morrer, mas para viver na terra desse faraó tinha que se obedecer a lei de adorar apenas o Deus único.

Não era mais permitido adorar outras imagens de deuses.

Já no templo de Ramsés havia uma cabeça de asno (homenagem a Seth) toda feita de ouro.

Mais em baixo existiam ainda uns cultos secretos que se mantinham longe dos olhos dos faraós.

Manasses conta:

- Resolvi voltar e contar a Ramsés que iria seguir o meu caminho e que a partir daquele dia eu deixaria seu palácio, mas que eu não iria para o palácio de Akhenaton.

Para Ramsés isso foi muito mais que uma traição.

Foi a lança que daria início a uma guerra, pois ele tinha certeza que minha mudança era influência de Akhenaton.

Ele declarou guerra ao faraó do Deus único incitando sacerdotes e povo a destruir os vermes que desdenhavam dos primeiros deuses ousando destruir suas imagens e calando seus cultos.

A princípio Akhenaton não deu resposta a Ramsés ignorando-o como se ignora uma pedra de uma pedreira, o que deixou Ramsés ainda mais enfurecido, pois ele esperava uma resposta só para fazer um pouco de sangue rolar.

Prevendo as reacções de Ramsés Akhenaton pediu a Aarão e Miriam que preparassem o povo para subir a montanha.

Eles teriam que se preparar para atravessar o mar (na verdade um rio).

Foi quando me juntei de facto a Aarão e Miriam.

Como conhecia os truques que os sacerdotes usavam para demonstrar ao povo que falavam com os deuses passei a mostrar ao povo que tudo não passava de uma grande farsa, mas povo é povo.

Não adere a mudanças com facilidade e não é de uma hora para outra que os fazemos crer em algo.

Um dia o faraó Akhenaton disse ao povo:

- Guardem seus filhos dentro de casa e não os tirem da frente de vossos olhos, pois Ramsés quer beber o sangue dos inocentes para acordar o deus Seth, o vampiro da primeira geração (vampiro> vam ou vanus = vão + pirro ou piro = fogo : fogo sem rumo, fogo enlouquecedor, devastador).

Seth, como todos sabem, foi aquele que colaborou activamente para a era das trevas na Terra e se ele acordar mais uma vez tudo tornará a acontecer.

Miriam, que tudo ouvia, disse:

- Mas tu és o nosso Osíris, o Sol Celeste.

Ele não te matará uma segunda vez.

- Miriam, minha amada irmã.

Tu e Aarão devem partir com o povo que desejar te seguir.

Eu ficarei aqui para enfrentar o meu destino.

Se Seth acordar é a mim que ele quer e com certeza não medirá esforços para alcançar seu propósito.

Tu vais levar o Grande Mistério e o manterá sempre protegido.

Meu cajado dou agora a Aarão, pois muito o ajudará.

Esse meu encontro com Seth está escrito já há muitas eras.

Se não for hoje vai ser amanhã.

É algo que eu não posso evitar.

Sei que mais cedo ou mais tarde vai terminar acontecendo.

Eu já fiz tudo que podia.

Durante esses longos anos venho trabalhando para evoluir a humanidade, mas os poucos que compreenderam isso não podem mais viver aqui, pois já não é mais um lugar seguro.

Aarão, tu tens sabedoria o bastante para executar essa missão.

Além disso tens a protecção da tribo de Judá.

Manasses agora é um a mais para ajudar nessa trajectória.

Todo o ouro e a prata que tenho serão distribuídos entre as tribos e seus líderes para que tenham um recurso básico de sobrevivência quando se encontrarem fora das terras do Egipto.

Não acredito que Ramsés liberte seus escravos, tampouco que venha a lhes dar alguma providência.

Isso vai caber a Manasses, pois só ele deverá enfrentar o seu irmão.

Isso é tudo que tenho para vos falar.

Agora apressem-se.

Ele deu a Miriam e Aarão as relíquias que haviam sido de Melchizedek, pedindo a eles todo o cuidado necessário.

Após uma despedida triste Aarão e Miriam partiram com lágrimas nos olhos por deixar à própria sorte o mestre que tinham como um pai.

Graças às instruções de Akhenaton Aarão comandou o povo e logo que haviam atravessado o rio puderam ver o que aconteceu na sua antiga terra: uma chuva de meteoros cobria toda a terra do Egipto.

Todos ficaram observando, tentando compreender o que estaria acontecendo ali.

Miriam e Aarão subiram a montanha de Jetro, pois ele tinha o conhecimento superior e podia lhes informar o que de facto acontecia ali.

Zaira fez companhia a Manasses na ausência dos dois.

Jetro recebeu Aarão e Miriam juntamente com as relíquias sagradas e logo as guardou em lugar seguro.

Depois se dirigiu aos dois e disse:

- O nosso Príncipe da Luz sacrificou-se para evitar um mal maior.

Ele enviou todos os seus súbditos para a salvação e recebeu a ira de Ramsés sozinho, mas não se preocupem.

A ira do Pai Maior destruiu o muito que Ramsés acreditava ter.

A única cidade que ficou em pé foi Akhetaton, porém por maior que tenha sido o susto de Ramsés não foi o bastante.

Ele levantará novas paredes e cobrirá a história de Akhenaton.

Fará como se fosse sua própria cidade, mas isso não vem ao caso.

Eu preciso da ajuda de vocês para transportar o corpo de Akhenaton.

Ele está morto dentro do Templo do Sol, na câmara secreta, que eu sei muito bem que só vocês dois conhecem.

Eu não estou pedindo que voltem lá comigo, pelo contrário.

Isso não será preciso, pois através das relíquias sagradas isso é muito mais fácil.

Vou preparar o ritual.

Abrindo uma pequena arca Jetro tirou de dentro dela um jarro com um líquido amargo.

Depois a pérola referente à vida de Akhenaton, o talismã e o Livro das Eras.

Pediu a Miriam que segurasse o jarro e a Aarão o cajado.

Fez um círculo ao redor deles e de si.

Abriu o livro e começou a ler e falar numa língua desconhecida.

O cajado de Aarão subitamente saiu de suas mãos e ficou no ar de uma hora pra outra.

Ele começou a florescer e dar fruto.

Era apenas um fruto.

Jetro colheu esse fruto e o colocou dentro do jarro que Miriam segurava.

O fruto logo se dissolveu desaparecendo completamente e o líquido amargo transformou-se em um pó branco, que Jetro tratou de transferir para um outro jarro transparente, onde ele se transformou novamente em líquido.

Jetro fechou hermeticamente o jarro, não permitindo a entrada de ar e logo que fez isso o líquido virou pó mais uma vez.

Ele então explicou para Miriam e Aarão que aquele pó era a essência dos patriarcas divinos, aqueles que haviam concebido a humanidade: pai, mãe e o primeiro filho ou também os 7 sábios Elohins, Senhores da Criação da Arda.

- Sempre que isso for agitado voltará a ser esse líquido amargo cor de sangue, mas é por bem que não venha a ser mexido sempre, tampouco aberto, pois esse pó chama-se Sopro Vitae, aquele que é soprado no nariz e concebe a vida imortal.

Outrora também foi conhecido como Sopro dos Deuses ou da deusa Minerva, aquela que soprou a vida para os filhos de Prometeu.

Vocês já devem conhecer esta história, pois são os discípulos mais próximos do Príncipe do Sol.

- Sim – disse Miriam.

O irmão Akhenaton já havia nos contado um pouco sobre os mistérios e também nos ensinou os Caminhos Kabalísticos, a origem da Grande Árvore dos Mistérios da Vida e os 22 caminhos das eras planetárias dentro do planeta Terra, nos falou das 12 tribos interplanetárias que deram origem à Terra e as infinitas crises que vivemos até hoje.

Sinto tanto ter vivido apenas sete anos de sua sabedoria, quando sei que poderia ter aprendido ainda muito mais.

Lamento do fundo da minha alma saber que ele se foi, pois sei que agora toda verdade que ele queria para seu povo será apagada pela ganância dos sacerdotes e eu pouco poderei fazer para mudar isso.

- Não te condenes, Miriam.

Tu e Aarão vão levar adiante a sabedoria de Akhenaton.

Sei que não será fácil, mas veja por um ponto de vista optimista.

Tu tens como aliados os juízes da tribo de Dã e a tribo de Judá.

É a esperança de onde virá uma nova pérola, um novo Enviado das Estrelas.

Além desses teu amado Aarão não terá a tribo dizimada, pois criou uma nova tribo dentro dos levitas, os Cohens.

Não te esqueças que tens também os filhos dos Nefitilis.

Tu deves sempre te lembrar que não és irmã de Moshé (Manasses), pois ele se tornou filho de Jacó no dia em que este o reivindicou de Zafenate Panéia.

Tu não deves saber direito tua própria história, minha querida, mas tanto tu quanto Aarão não estão aqui à toa.

A visão que vocês têm é muito grande e deve trazer a sabedoria necessária à humanidade.

Não deves te envergonhar se não conseguires alcançar o teu intento.

O mais importante é alcançar o intento divino, aquele que não conhecemos.

Zafenate foi um sábio muito grande, pois já possuía sabedoria na alma.

Ele foi dado a Jacó e não concebido por Jacó.

Eis que vou te revelar como tudo isso aconteceu.

Jacó tinha um irmão chamado Esaú.

Esaú era muito querido por seu pai Isaac, pois era homem forte, cheio de alegria e vigor.

Jacó era melancólico, caseiro, pacífico, muito semelhante à sua mãe, mas em seu coração se escondia sua verdadeira face.

Jacó era um homem rancoroso, que guardava ressentimentos ou mágoas por longo tempo e a pior das mágoas era o facto de Isaac se agradar mais de Esaú.

Este casou-se e com o passar do tempo e seu trabalho enriqueceu.

Possuía grandes rebanhos de animais e grandes também eram suas lavouras, o que muito agradava a Isaac, que via no filho um homem honesto, trabalhador e merecedor de tudo que possuía, porém Jacó não sabia que seria merecedor de um bem muito precioso.

Ele seria o pai das 12 tribos.

Jacó se submeteu a trabalhar para seu irmão por um período visando as vantagens que teria, mas Esaú não foi assim tão generoso com Jacó.

Disse a ele:

- Eu sempre fui forçado à vida difícil desde minha infância.

Tu foste protegido por nossa mãe, que não te deixava lavorar pesado, mas agora se queres algo na tua vida terás que dar o suor de teu rosto e assim eu te serei justo e recto na hora de teu pagamento.

Jacó não tinha muita opção e aceitou a proposta de Esaú.

Anos mais tarde, já bastante estruturado, ele inventou uma briga para fugir, levando consigo aquilo que não lhe pertencia.

Pegou um número maior de animais roubando o irmão e não foi só isso.

A culpa caiu sobre as costas de seus escravos.

Mas Esaú não era tolo e não acreditou nas palavras de Jacó e jurou persegui-lo por todas as terras.

Dois anos se passaram e eles não voltaram a se falar, porém quando fez cinco anos Esaú resolveu que estava na hora de dar um basta naquela intriga, afinal ele tinha rebanhos incontáveis pastando em campos cada vez maiores, suas lavouras eram bem-aventuradas e sua casa cheia de filhos saudáveis que seguiam o mesmo caminho do pai.

Suas filhas eram belíssimas, chamavam a atenção dos senhores mais nobres e ricos, que muitos dotes ofereciam para desposá-las.

Enfim Esaú tinha tudo.

Entre seu povo era um homem respeitado e honrado, porém havia algo que ainda o incomodava.

Ele tinha que devolver a Jacó algo que lhe pertencia e infelizmente Jacó não sabia que possuía.

Golaha, o sentinela celestial das eras agora havia encarnado em um corpo humano, mas ainda era um Elohim, só não podia revelar isso a ninguém.

Por isso tinha que agir como um ser humano normal.

Seu nome era Esaú, o irmão de Jacó, e ele tinha que dar a Jacó o filho que teve, mas não soube, pois na sua fuga terminou deixando para trás a mulher que ele tanto dizia amar, mas que jamais pôde lhe dar um filho.

Esaú tinha conhecimento das coisas ocultas do universo e prometeu a Jacó ajudá-lo a ter um filho com sua amada, que por sinal era filha de Esaú.

Agora era hora de Jacó saber dessa verdade.

Zafenate Panéia (Zafenate = o Salvador + Penéia = todos: o Salvador de todos) era o nome do pequeno menino que traria um dos seres celestiais para viver entre os homens [Obs.: como já disse antes os três sempre nascem juntos, mas não exactamente na mesma época, ou melhor dizendo, no mesmo ano. Às vezes um está partindo e o outro está chegando, pois tudo é apenas uma questão de troca de corpo. Às vezes não precisa nem mesmo nascer. Basta encontrar uma alma que deseje ceder o corpo. É o que na maioria das vezes acontece. “As filhas de seres celestiais não podem ter filhos de homens comuns. Isso só é possível com o uso da sagrada magia.”]

Todos acreditavam que Zafenate Panéia trouxe Moshé / Manasses, o seu filho, mas na verdade, minha querida Miriam, ele trouxe você à vida.

Por isso você tinha tanta facilidade em compreender o Arketeton Akhenaton.

Ao ouvir isso Miriam, que já estava silenciada ouvindo a história que Jetro contava, mais perplexa e assustada ficou.

Percebendo o susto Jetro disse:

- Não te perturbes.

Ouça tudo até o final e só então compreenderás tua missão.

Na vida, nas eras, poucos são aqueles que sabem da existência de um ser celestial vivendo na Terra.

Teu pai te manteve distante de Manasses e Jacó, teu avô, para te preservar da influência deles.

Manasses, como tu sabes, recebeu este nome porque Jacó disse a Zafenate Panéia: “Teu filho será meu para que tu te lembres da época em que já tinhas vida boa e de mim se esqueceu. Portanto seu nome será ‘esquecimento’ (Manasses = homem do mar, homem esquecido, Seth, o tirano. Moshé = Moisés = tirano).”

Ele já era um jovem ambicioso de alma e podia vir a prejudicar tua evolução.

Quando tu nasceste foste levada para o outro lado do Egipto para crescer dentro da verdade que Zafenate conhecia e para não ter o mesmo destino que ele teve quando ainda era garoto.

Esaú foi devolver Zafenate a Jacó em um encontro secreto, pois não desejava causar confusão em sua casa, mas Jacó armou-lhes uma armadilha para dar cabo da vida de Esaú, que na verdade precisava trocar de aparência urgentemente, pois tinha que voltar para a terra, mas seu corpo actual já estava velho e não lhe serviria mais.

Foi nesse encontro que Jacó disse que lutou com um anjo e que o aprisionou ali até que este falasse seu nome.

Na verdade, o nome que o tal anjo deu foi ‘Esaú’, que, é claro, Jacó conhecia muito bem, mas durante a luta injusta Esaú chamou Jacó de Jarel ou Jael = cabra ou bode selvagem.

A luta foi injusta porque Jacó levou outros seis homens, que tentaram matar Esaú.

Esse, porém, era forte e mais alto que os homens de Jacó.

Não os matou com seus golpes, apenas os adormeceu.

Em sua ira Jacó partiu para cima de Esaú, que sem titubear cortou-lhe sem gravidade maior a virilha, porém isso tornou Jacó estéril, não podia mais ter filhos, mas já tinha o suficiente.

Daí Jacó saiu mancando, recebendo o apelido de ‘côxo.’ Após ser ferido e amedrontado Jacó tentou fugir, mas Esaú o alcançou e lhe deu nos braços o menino Zafenate Panéia.

Ele parou e enfim ouviu tudo que Esaú tinha para falar.

Envergonhado e ao mesmo tempo cheio de alegria Jacó não sabia o que fazer, mas Esaú disse:

- Isso não é tudo.

A mãe dele ainda vive e se tu ainda a desejas vai à procura dela, que te espera amanhã para meu velório, pois hoje eu morrerei pelas mãos dos comparsas de meu irmão.

Jacó disse:

- Não, eu não desejo mais tua morte.

Perdoa-me.

- Eu te perdoo, Jacó, mas lembra-te: da minha casa tu só vais tirar aquele que deseja sair e nada mais.

Tudo que a ela pertencer ela poderá retirar, pois a herança dela já está prescrita, assim como a de todos os meus filhos.

Jacó só teve tempo de ver seus homens se aproximarem de súbito e, a pauladas, derrubarem Esaú.

Estarrecido e sem palavras Jacó caiu sem forças, pois já havia perdido muito sangue.

Quando voltou a si perguntou a um de seus homens onde estava o menino.

Ele estava dormindo ali perto para não ver o que haviam feito com Esaú.

Esaú foi jogado dentro de uma caverna e lacrado com uma pedra.

Assim ninguém jamais saberia o que tinha acontecido, porém Jacó lembrou-se das palavras do irmão e preferiu levar seu corpo para ser velado entre os seus.

O ferimento em sua perna o ajudaria a sair limpo dessa história.

Na casa de Esaú Jacó foi aparentemente sozinho, pois havia dado ordens a um verdadeiro exército para observar tudo de lugares estratégicos.

Jacó entrou na casa de Esaú levando seu corpo e também se fingindo de vítima de um espancamento.

Além do corte na coxa ele criou mais ferimentos e arranhões, o que de facto causou grande impacto em todos que foram socorrê-lo e ainda simulou uma perda de consciência.

Quando acordou do falso desmaio perguntou por Esaú, como ele estava, mas logo recebeu a notícia de que ele estaria morto, como já era sabido por Jacó.

Ele contou que fora ao encontro de seu irmão, mas ao chegar no lugar marcado havia um anjo do Senhor.

O anjo estava irado com Esaú e Jacó por eles terem envergonhado a casa de seu pai Isaac e por isso ele iria limpar a honra de Isaac lutando contra seus filhos até vencê-los.

Isso causou grande medo no povo, que temia a fúria dos deuses, que costumavam adorar.

O anjo só poupou a criança, pois era um ser inocente e Jacó já o havia enviado à sua casa sob a custódia de seus homens.

Com essa estória conseguiu o que queria, mas num futuro não muito distante o preço lhe foi cobrado.

Aarão pede desculpas e interrompe Jetro por um minuto.

Ele precisa compreender algo que não estava batendo na história.

- Senhor, nossos parentes contam que Jacó se casou com as mulheres da casa de Labão e não da casa de seu próprio irmão.

- Sim Aarão, isso também é verdade.

As duas primeiras esposas de Jacó eram da família de Labão, mas a mãe de Zafenate não.

Ela era filha de Esaú.

Esse também foi um dos motivos da guerra entre eles, pois Esaú não permitia isso que para ele era uma ofensa: misturar sangues que jamais deviam se misturar.

Porém Labão não usou de honestidade com Jacó e este fez o mesmo, tendo ele já uma grande nação.

Não podia ficar sem terras para seu povo e seus animais.

Ao contrário daquilo que se comenta Esaú não era um ser rancoroso e cheio de ódio como Jacó, que fez o mesmo que seu pai.

Lançou sobre seus filhos profecias cruéis condenando-os a viver separados, assim como Abraão fez com Ismael dizendo que ele seria como um jumento, que seria contra todos e todos contra ele (nessa passagem bíblica Hagar diz: deus ao vivo, El Roi. Na verdade não é o Deus, mas apenas Abraão. Vem daí também a adoração à cabeça de asno dourada).

Esaú deu alguns anos de trabalho a Jacó pagando-lhe muito bem, mas isso eu já contei.

Vamos terminar a parte de Zafenate Panéia.

Este, aos sete anos de idade, disse a seu pai que havia sonhado com uma coroa de doze estrelas sobre sua cabeça, mas que também via essas estrelas se transformarem em escorpiões e serpentes, que mais tarde passariam a comer umas às outras.

Jacó percebeu que os sonhos de Zafenate passaram a se tornar realidade, pois viu a morte de uma das esposas de Jacó e a chamou antes que ela partisse dessa vida.

Ele pressentia as besteiras que seus irmãos mais velhos iam fazer.

Algumas vezes contava para o pai, outras preferia se calar, pois, percebeu que já não estava sendo bem visto pelos irmãos.

Aos doze anos Zafenate teve um sonho que muito o impressionou.

Sonhou que se via no futuro, vendido como escravo, virava rei de 12 estrelas, mas que essas 12 estrelas viravam víboras e tentavam atacá-lo.

Ele ia cortando as víboras em vários pedaços até que elas não se mexessem mais.

Era a segunda vez que ele tinha esse sonho, só que dessa vez era bem mais completo.

Ele, com sua pouca idade, compreendeu o que pôde e no passar dos anos o resto se revelou.

Tudo aconteceu como em seus sonhos.

As víboras cortadas significava que seus irmãos terminariam vendendo tudo que possuíam para o faraó, ficando à mercê de sua vontade para sobreviver.

A ideia de Zafenate era esperar uma estrela nascer, pois em um de seus sonhos ele já havia visto Akhenaton e este trazia uma pequena estrela e dava de presente a Zafenate.

Esta pequena estrela é você, Miriam.

Bem, tudo que Zafenate fez foi para proteger o povo das víboras de seus sonhos e o restante dessa história vocês já viveram e por isso a conhecem muito bem.

Mas agora temos que dar um jeito em Moshé, que acaba de criar um ídolo em sua honra e até já deu um nome a ele.

Ele está dizendo ao povo que são o rejeito dos deuses, são o bode expiatório de Mênfis.

Isso já não é um trabalho para mim, mas para tu Aarão e para tu Miriam, que apesar de estar assustada com tudo que te foi relatado deves te manter firme diante dos confrontos que ainda virão.

Então Aarão pergunta:

O LIVRO DA LUZ

Com amor e profunda gratidão,

Luís Barros