- Sei que não tenho sabedoria o bastante, mas se não era para nos trazer a discórdia por que Akhenaton nos pediu uma aliança com Moshé?
- Aarão, Moshé é um líder e sabe convencer o povo.
Ele tem coragem e tirania o bastante dentro de si.
Você e Miriam serão o pêndulo da balança que tentará evitar que ele vá longe demais nas suas insanidades.
É por isso que ele foi escolhido.
Alguém tem que fazer a parte mais dura e fria, o que não é o teu caso e nem o de Miriam, que apesar de sábia tem um coração ainda muito levado pelas emoções.
A frieza de Moshé será uma boa maneira de refrear os impulsos do povo, mas a tua sabedoria aliada à justiça de Miriam conquistarão a multidão.
Vocês verão isso ao passar do tempo e aprenderão a colocar Moshé no seu devido lugar.
Passados alguns meses nas terras de Jetro o povo fez um bom acampamento e graças à esperteza de Miriam e Aarão o povo saiu do Egipto prevenido com animais, sementes, aves e vários utensílios, além da boa quantidade de ouro que Akhenaton distribuiu entre eles.
Moshé se interessava ainda mais por Zaira, mas seus interesses iam além da beleza da jovem.
Ele sabia que seu futuro sogro era um homem rico e muito sábio e também o guardião das relíquias.
Não demorou muito para Moshé buscar uma aliança com Jetro, que já conhecia as intenções de seu futuro genro. Aos poucos Jetro passou suavemente a dar corda para Moshé só para ver até onde iam as suas ambições.
Permitiu o casamento dele com sua filha, o que deixou Moshé mais à vontade para falar de suas intenções.
Miriam e Aarão tinham um filho chamado Jashá, um jovem sábio que havia sido criado dentro dos costumes de Akhenaton.
Esse jovem havia sido escondido dos olhos de Ramsés e Moshé, que só veio a conhecê-lo nas terras de Jetro, mas não sabia quem eram seus pais, pois ele disse ter sido criado por Jetro, que confirmou.
Era uma maneira que Miriam e Aarão encontraram de não levantar suspeita ou a ira de Moshé, que podia vir a se vingar no rapaz por qualquer briga que viesse a acontecer dentro do conselho que cuidava do povo.
Na hora certa eles saberiam usar esse trunfo a seu favor.
Jashá estava sempre presente nas reuniões.
Era uma ordem expressa de Jetro, que não podia aparecer, mas usava o rapaz para ser o observador.
Na verdade ele estava familiarizando o rapaz com aquilo que ele deveria ser no futuro.
O tempo foi passando e Miriam e Moshé passaram a ter discordâncias constantes.
Ela preferia o diálogo em primeiro lugar.
Só depois, quando já não houvesse jeito, era necessário o uso de outros métodos.
Moshé preferia criar guerras, matar e expulsar pessoas de seus territórios só para tomar-lhes as terras e seus animais.
Isso sem deixar de lembrar o facto de mandar matar homens, mulheres, crianças e até mesmo bebês de peito.
Suas medidas radicais já estavam indo longe demais.
Jashá passou a documentar a luta entre Miriam e Moshé (e mais tarde as pessoas lembraram dessa batalha com o nome de Os irmão Marah = amarga e Moshé = o tirano).
Não é verdade que Miriam tenha se tornado amarga.
Isso é porque a raiz de Marah é traduzido assim, mas a tradução de seu nome eu já expliquei anteriormente.
Na verdade Miriam se tornou uma guerreira, que passou a bater de frente com Moshé.
Para o povo ela era a piedosa, defensora e amada senhora, que eles tanto respeitavam.
As tribos de Judá e Dã não eram muito amigas de Moshé, mas aos poucos ele foi influenciando as outras tribos com o sonho de obter mais terras, mais animais.
Obviamente que para isso ele ia matar alguns seres que jamais lhe fizeram mal algum.
Ele passou a conquistar grande quantidade de terras e dessa maneira também passou a subir de importância para o povo, mas ao mesmo tempo era temido.
Para impor a lei ele usava de métodos cruéis, mandando para o sacrifício famílias inteiras bem diante do povo para que eles observassem o castigo que sentiriam na pele se passassem por cima de suas leis.
Houve uma época em que ele tentou tirar Miriam das reuniões visando afastá-la para sempre.
Ele a trancou dentro de um poço escondido e a deixou lá por uma semana, para desespero de Aarão, Jashá e do povo.
Aarão e Jashá sabiam que ele havia feito algo de errado, mas não podiam levantar a ira do povo contra Moshé, pois os defensores dele entrariam em atrito com os de Miriam e isso terminaria em sangue dos dois lados.
Jetro localizou Miriam e a recolheu.
Viu que ela havia sofrido na pele os conhecimentos de magia de Moshé e a questionou porque não havia se defendido.
Ela temia que Moshé se vingasse em seu povo e por isso permitiu que ele a ferisse.
Jetro a curou e avisou que ela tinha que retornar com urgência, pois o povo já estava realmente pronto para entrar em guerra por causa do seu sumiço.
Aarão e Jashá, membros do conselho, se recusavam a participar das reuniões e outros representantes também, o que deixava o povo curioso para saber o que estava acontecendo.
Moshé arrumou uma desculpa.
Disse que Miriam estava muito doente e que se afastara para repousar até estar totalmente curada.
Enquanto isso seria melhor esperar.
Isso acalmou um pouco a ira do povo, mas frustrou os planos de Moshé.
Miriam voltou e dessa vez trouxe com ela grandes revoluções.
A primeira foi separar o seu povo do povo de Moshé, deixando bem claro que nenhum homem, mulher ou jovem de seu povo o ajudaria em suas guerras sangrentas por terra.
Primeiro ela conversou com os líderes das tribos, expôs e ouviu opiniões.
Eles já estavam satisfeitos com o que tinham, pois agora já tinham a colheita das sementes que tinham trazido do Egito, o leite para fazer o pão e os ovos.
Miriam dizia:
- Não matem seus animais até que venham a ter mais de seis dúzias, nem os sacrifiquem, pois vamos precisar do que eles têm para nos oferecer.
Lembrem do que o Príncipe do Sol nos ensinou.
Para aquele que tem uma vaca sempre haverá leite, pão e queijo, mas se sacrificá-la um dia a carne acaba e não terás mais nada.
Era apenas uma questão de reeducar o povo e ela sempre tinha boas ideias.
Por isso seu povo aprendeu a respeitá-la.
Em concordância as tribos deram a palavra final a seus dirigentes e junto com Miriam eles foram falar com Moshé, que a princípio recebeu bem a proposta de Miriam, mas era puro fingimento, pois o pior ainda estava por vir.
Moshé roubou animais e frutas, alimentos de quase um mês das tribos de Miriam, mas dessa vez Miriam foi falar com ele sozinha.
Prometeu a seu povo que traria todo o alimento de volta até o anoitecer e pediu a todos que não fizessem nada até que ela voltasse da conversa com Moshé.
Logo na entrada da tenda de Moshé os guardas barraram a entrada dela.
Ela falou apenas duas palavras e eles caíram em sono profundo.
Ela entrou e sem medo algum sentou-se diante de Moshé, que sentiu uma presença muito forte e assustadora vindo com Miriam.
Ela disse a ele:
- Senta-te, cala-te e aprende a ouvir, pois essa será a primeira vez que tu verás quem realmente sou.
Petrificado com as palavras de Miriam Moshé não entendeu o que estava acontecendo.
Tentou balbuciar palavras mágicas, mas ela apenas mostrou a ele um símbolo na palma de sua mão.
Desse símbolo saía luz.
Moshé parecia conhecê-lo, mas temê-lo também.
Assim Miriam começou a falar tudo que desejava.
Disse:
- Meu povo é de seres livres, Moshé.
Mesmo que ainda não saibam andar com suas próprias pernas eles são livres, assim como teu povo também o é.
Assim também são os outros povos que viviam nessas terras que tu, sem dó nem piedade, massacraste apenas para furtar-lhes o chão que não pertence nem a ti nem a homem nenhum.
Nesse longo tempo que venho convivendo contigo percebi que muito pouco conheces da alma humana, mas como poderia eu exigir isso de um ser que não conhece nem a si mesmo.
Sei que não posso negar tuas grandes conquistas para com o povo.
Tu ofertaste mais terras para a lavoura e colocaste certas regras dentro dessa enorme comunidade, que obviamente precisava de tua mão para guiá-los, mas nos últimos tempos vens aproveitando do prestígio que alcançaste para derrubar pessoas que não tem a intenção de te destruir, pois entendem a necessidade da tua presença e o quanto ela é fundamental, apesar de não concordar com teus meios radicais e cruéis.
Eu não te desejo mal, nem vivo a te oferecê-lo como fazes incessantemente contra a minha pessoa.
Ao contrário do que tu pensas eu não sou o teu principal inimigo.
Na verdade, tu devias temer o único que não conheces.
Ele é tão poderoso quanto tu e não teme te destruir.
É uma pena que tu ainda não o tenhas percebido, mas hoje eu estou me sentindo caridosa e vou te dar uma pista gigantesca para que tu o encontres e tentes controlá-lo, antes que ele venha a te destruir.
Olha-te no espelho, Moshé, e verás o único ser que tu realmente deves temer.
Irado Moshé tentou erguer seu bastão contra Miriam, mas ela proferiu apenas essas palavras:
- Sabes qual é a diferença entre nós, meu irmão?
Tu acreditas naquilo que aprendeste, eu sinto e vivo.
Crédito é dado pelos olhos, razão é dada aos homens a troco de algo que um dia se espera de volta.
Ao sentir EU SOU, ao ser EU FAÇO.
O bastão de Moshé não obedecia seu comando.
- Entenda Moshé, eu não estou aqui para te humilhar perante os irmãos, pois se assim o fosse eu não teria vindo sozinha.
Tudo que quero é que me devolva tudo que foi tirado do meu povo e que isso seja feito em apenas uma hora, caso contrário vou fazer isso de outra forma, que acredito sim, virá a te deixar desacreditado perante aqueles que tu lideras.
Tu sabes que posso fazê-lo, mas acredito que não é teu desejo que eu o faça.
Saibas que não é o meu também, mas venho hoje deixar-te bem esclarecido.
Jamais ouse levantar tuas mãos contra mim novamente.
Como sabes não gosto de conflitos, mas posso afirmar-te que tu jamais desejarás ver-me como tua inimiga.
Após essa conversa Miriam saiu e foi a seu povo e já podia vê-los recebendo de volta tudo que fora roubado na noite anterior.
O povo proclamou Miriam como sua salvadora e a partir daquele dia todo o acampamento foi dividido, mas Miriam sabia que Moshé não deixaria isso assim.
Ele ia encontrar um jeito de ter o poder da maioria novamente para si só para tentar derrubá-la, mas Miriam foi a Jetro e explicou que seria melhor partir com seu povo para outro lugar antes que os dois lados agora divididos começassem a entrar em conflitos maiores do que aqueles que já possuíam anteriormente.
Jetro disse:
- Existe a montanha de Nimrod.
Eu mesmo estou indo para lá.
Se tu e teu povo desejarem, podem vir comigo.
Serão bem-vindos, mas devo antes avisar os que já vivem lá e ajudá-los a aumentar as lavouras.
As casas são cavernas, lugares agradáveis para se viver.
Mais uma vez Miriam reúne os dirigentes de seu povo e juntos chegam a uma conclusão.
Era melhor partir e deixar aquelas terras para Moshé antes que ele enterrasse todos nela.
Mas nem todo o povo queria deixar aquilo que havia construído e alguns resolveram ficar, aliando-se a Moshé.
Os que partiram encontraram moradia e terras e uma vida sem conflitos, mas os que ficaram tiveram que se unir às barbáries de Moshé, que queria ser dono de todas as terras ao seu redor.
Milhares de homens, mulheres e crianças morreram, muitas terras foram invadidas e o conquistador seguia seu caminho saqueando e matando o povo que encontrava.
O povo de Miriam viveu uma época de paz até que chegou o dia da fatalidade.
Durante anos Moshé havia aumentado seu exército de homens e se tornara um gigante.
Moshé também tinha um segredo, que só se revelou nessa ocasião.
Ele havia encantado a bela elfa Zaira e ela revelou onde era guardada a Arca das Relíquias Sagradas e não era só isso.
Ela havia roubado para Moshé a aliança que um dia um Elohim havia usado.
Era como um anel de poder, que só podia ser usado por seres puros, caso contrário traria ao seu usuário a fome incessante pelo poder.
Jetro preveniu Miriam e Aarão do que havia acontecido e das consequências também.
Aarão e Miriam sabiam que ninguém jamais havia dominado o poder do anel e que somente os Elohins podiam fazê-lo, mas agora o último havia sido Akhenaton, que já não estava mais entre eles.
Perguntaram a Jetro o que poderia ser feito para evitar a desgraça que estava por vir.
Jetro disse que tudo dependia exclusivamente deles, pois eram os únicos que tinham a mesma sabedoria de Akhenaton.
De certa forma isso deixou os dois bastante preocupados, mas não havia outro jeito.
Era preciso enfentar Moshé e sua loucura.
Miriam e Aarão prepararam um campo mágico ao redor da montanha visando proteger o povo.
Moshé chegou com um número muito grande de homens.
Chamou Miriam aos gritos.
Ela surgiu.
Saiu da montanha sozinha e caminhou em direção a Moshé.
Em determinado ponto ela parou e perguntou:
- O que queres de mim, Moshé?
Olhou para aquele ser tão cheio de ira e de aparência sombria.
Seus olhos pareciam desejar sangue.
Moshé nada disse, apenas avançou para cima de Miriam, que rapidamente puxou a espada de Nimrod, luminosa, flamejante, inquebrável.
- Ora, mas que surpresa.
Tu também sabes pegar em uma espada.
O que mais sabes fazer, Miriam?
Teu antigo senhor te ensinou segredos que não cabem a mulheres.
Por isso não era respeitado pelos grandes sacerdotes.
Ele era uma profanação à raça masculina, pois ignorava que as mulheres jamais chegariam a ser líderes, rainhas, pois são seres inferiores a nós.
Nós os homens, minha cara Miriam, somos o sagrado, pois somos os únicos que tem a semente da vida.
Vocês mulheres não possuem esse dom.
- É verdade, Moshé, mas de que te serve esse dom se tu não tens a terra para plantar tua semente?
Acaso tu és como as rãs do Egito, ou melhor, tu és a relíquia única que sobrou da era em que mulher e homem não eram distinguidos pelo sexo, pois eram como os anjos assexuados.
Eu não sabia que tu não precisavas mais de Zaira e das tuas outras esposas para ter filhos, a não ser que tu agora estejas usando a Lei de Piro, estás dando vida a corpos sem alma (piro também é conhecido por corpo vazio, sem alma, bruxaria muito comum que anima estátuas, bonecos de barro e até mesmo corpos de defuntos).
Moshé, cheio de raiva com as observações de Miriam, começou a invocar forças terríveis.
Uma grande escuridão no céu se fez.
Cobras começaram a surgir, brotar do chão como se fossem mato, porém, a confiança de Miriam estava inabalável.
Ela disse:
- Eu já conheço essas ilusões, Moshé.
Não tens nada de novo para me mostrar?
- Não sejas irônica, irmã.
Não te cabe bem este comportamento.
- Não é ironia, irmão.
Eu sempre fui bem-humorada, lembra-se?
Tu que nunca suportaste minha alegria, sempre me feriu com tuas censuras, nunca acreditaste que o poder possa andar lado a lado com a alegria, mas como se pode cobrar alegria de um ser que cria leis que incentivam a morte e o medo?
É claro que tu não sabes o que é ser feliz.
Se soubesse não teria criado tamanho horror.
Hoje eu sei qual é o teu lema: olho por olho e dente por dente, mão por mão, pena de morte àqueles que eu achar que erraram ou seria pena de morte àqueles que Moshé não deseja mais ver?
O que faz um homem sábio, Moshé, não são as leis que ele impõe a seu povo, mas a maneira como ele as delega.
Se tu não te lembras mais do significado dessa palavra eu posso acordá-la na tua mente.
Delegar, meu irmão, é compartilhar com os outros, palavra essa de que tu nunca gostaste.
Quando se trata de poder ele tem que ser só teu e hoje é mais um motivo para estares aqui.
- Estás melhorando nas palavras, irmãzinha.
Ficaste mais audaciosa.
Pena que seja tarde demais para ti.
Abrindo os braços ele fez a terra estremecer ao redor deles.
Miriam fincou a espada no chão e o tremor parou.
Ela gritou:
- Como ousas ferir a mão que te dá auxílio.
A natureza te provê de tudo.
É essa paga que tu ofereces?
- Não Miriam, eu não quero a natureza, eu quero você.
Você sempre foi uma pedra muito grande no meu caminho, mas que agora eu vou remover de uma vez por todas.
Você sempre teve tudo, sempre foi a amada, a respeitada, a grande senhora, a salvadora do povo e das tribos.
Eu, eu nunca tive o que você teve.
O povo nunca usou de sinceridade comigo.
Eu só alcancei tudo que tenho e sou hoje pelas leis que impus.
Eu fiz tudo para dar ao povo mais e mais terras, mas você, você nunca gostou das minhas ideias, dos meus métodos.
Você pôs o povo contra mim, Miriam, e eu terminei me tornando o bode expiatório do deserto.
Me tornei o bode errante.
Só um imbecil foge para o deserto com um povo limitado, sem cultura e acredita que vai ser líder.
Você me roubou o trono até mesmo no deserto e eu continuei sendo o bode expiatório, mas hoje tem um lado muito bom nisso tudo.
Eu tenho um ídolo em minha própria homenagem.
Eu já lhe falei sobre ele.
É o meu bode de Mênfis, que reina lado a lado com o grande senhor Seth.
E você, Miriam, vai ser lembrada como, no futuro?
Já mandaste esculpir alguma coisa em tua honra?
Não, é claro que não.
Teu senhor não respeitava os deuses das primeiras eras.
Ele não acreditava neles, não é mesmo, Miriam?
Mas e agora, onde está o teu senhor?
Cadê todo o poder do inabalável rei Aton, o Senhor dos Senhores?
Será que ele sabe que hoje você tem um encontro marcado com ele?
- Sim, Moshé, não só ele sabe disso como eu também.
Há muito espero por esse encontro.
A resposta de Miriam veio como uma ventania, que trouxe confusão à sua mente.
O que Miriam realmente estaria pensando para dar essa resposta?
Ela era o ser mais forte e sábio na arte da magia.
Por que estaria falando isso?
Além do mais sua face não mudou nada.
Nem mesmo uma fagulha de medo era possível encontrar em seus olhos.
Pelo contrário, brilhavam serena e calmamente, cheios de confiança como ele jamais havia visto.
Moshé então aproveitou e disse:
- Não vamos fazê-lo esperar tanto.
Vamos, Miriam, lute comigo e eu te ajudo a seguir o mesmo caminho que o teu senhor e logo estarão livres de mim.
- Não te preocupes, Moshé, eu já conheço esse caminho.
Mais uma vez o mistério envolto nas palavras de Miriam.
O que ela quis dizer quando afirmou que já conhecia o caminho?
Na verdade, este era um segredo que só Miriam e Jetro compartilhavam.
Mais ninguém sabia os segredos escondidos por trás dessas palavras.
Moshé investiu para cima de Miriam invocando encantamentos que dispersam a energia vital do ser atingido, mas nem uma gota de energia saía de Miriam, o que assustou Moshé, pois isso só aconteceria se o ser atingido tivesse atingido o último grau do conhecimento ou se já estivesse morto.
Entre as duas hipóteses ele ficou com a primeira.
Miriam agora era uma grã-sacerdotisa, tinha o domínio dos elementos, podia transmutá-los, mas como teria chegado tão alto em tão pouco tempo?
Mas isso agora não importava.
Ele tinha o Anel dos Senhores da Terra e isso o tornava invencível.
Miriam e Moshé passaram horas ali num combate mágico.
Moshé, já irritado, perdeu seu controle e começou a fazer a conjuração do Livro dos Mortos para trazer Seth de volta à vida.
Miriam fez um contra e o fez ficar mudo e petrificado.
Sem poder se mexer ou falar Moshé sentiu medo, porém ainda não sabia o que estaria por vir.
Miriam tirou facilmente o anel de seu dedo e o colocou em um pequeno saquinho amarrado à sua roupa.
Depois disso ela disse:
- Agora eu vou acabar contigo, Moshé.
Vou reduzir-te ao pó que sempre fostes.
Moshé, que podia apenas ver e ouvir, tornou seu olhar desesperado, tentando pedir algo que não conseguia.
Olhava atentamente para Miriam e tentava ver nela uma fagulha de esperança, mas ela estava impenetrável como jamais estivera.
O que tinha acontecido com a Miriam do passado, que jamais pensou em matar alguém?
Por que havia mudado tanto?
De repente as palavras do faraó Akhenaton voltaram à sua mente.
Após tantos anos tudo que Akhenaton havia dito agora realmente fazia sentido.
Moshé passou sua vida inteira brigando pelo poder e a glória, mas nunca os possuiu de verdade.
No entanto sua irmã, que não procurava isso, já o tinha alcançado, porém parecia não se importar com isso.
Era como se isso fosse algo muito comum em sua vida.
Mas por que ele não sentia como ela, porquê?
Por que ele tinha aquela sede tão desesperada pelo poder, por que isso o consumia e a ela nada fazia?
Miriam, que lia sua mente, rompeu o silêncio e disse:
- Eu lhe darei a resposta para esse teu enigma, Moshé.
Eu não aprendi a verdade ou a magia sagrada na intenção de possuí-la, de tê-la para mim como um objeto pessoal.
Eu aprendi com o Senhor Akhenaton que a verdade e a magia sagrada são formas de vida divinas, que por si são livres e em si libertam aqueles que as compreendem.
Libertam dos preconceitos, dos falsos dogmas, dos medos, mas acima de tudo nos libertam de nós mesmos, pois somos nós nossos piores inimigos.
Sendo assim como poderia eu aprisionar quem me liberta?
Logo que passei a agir e sentir dessa maneira compreendi que para ter a magia sagrada eu teria que me entregar primeiro a ela, permitir que ela me tomasse e adentrasse por todas as minhas entranhas.
Só depois disso ela me faria merecedora ou não de sua honrosa companhia.
E tu, meu irmão, fizeste o caminho contrário.
Tu tentaste fazer da magia divina tua prisioneira e ela te levou ao que tu és hoje.
Apesar de ver em teus olhos um pedido de compreensão, um pequeno véu que se descortina, eu não terei piedade de ti hoje, Moshé.
Eu terei que cumprir o destino para o qual fui incumbida e o farei sem dó nem piedade de ti.
Ao término de suas palavras Miriam pegou algo em um pequeno saquinho que tinha junto da sua cintura.
Era um óleo mágico.
Ela passou uma pequena gota na fronte de Moshé.
A partir daquele instante Moshé foi transportado para dentro de sua consciência e lá se defrontou com todas as pessoas que havia julgado, matado, etc.
Ele não apenas via suas vítimas, mas elas falavam com ele, o acusavam de suas dores, de seu sofrimento, o condenavam pela falta de compreensão, pela má vontade em ouvi-las, pelo julgamento injusto.
Crianças choravam pedindo ajuda, procuravam os pais mortos e vice-versa.
O desespero tomou conta de Moshé, que não sabia como se defender de tantos algozes.
Seus atos de crueldade foram tantos que pareciam intermináveis.
Enquanto isso Jetro, que tudo observava, disse para Aarão:
- Agora é a hora certa.
Eu devo agir, porém mais ninguém aqui deve fazer nada até que eu volte.
Jetro estava calmo o tempo todo.
Em nenhum momento seu semblante se alterou.
Ele saiu com o cajado de Elohim, fez o sono cair sobre o povo e os soldados de Moshé, menos sobre Miriam e Moshé.
Logo em seguida foi até Miriam e percebeu o que estava para acontecer.
Levou-a para dentro e a Moshé também, pois este estava completamente preso dentro de sua consciência, revendo suas ações.
Miriam havia passado em sua fronte ‘o óleo da verdade interior’ e o efeito dele só acabava em 24 horas.
Mas isso agora não era assim tão importante.
Zaira estava de volta ao normal e cuidava de Moshé, mas Miriam estava morrendo.
A verdade não era bem que estivesse morrendo, pois isso já havia acontecido semanas antes desse encontro.
Era chegada a hora de revelar a Aarão e a Jashá o que realmente estava acontecendo com Miriam.
Em desespero Aarão e Jashá vieram ao encontro de Jetro na câmara sagrada onde Miriam se encontrava semi-inconsciente.
Ao entrar Aarão assustou-se ao ver sua amada, que de um momento para o outro passou da vida para a morte.
Olhou para Jetro e perguntou o que estava acontecendo, porque ele não fazia nada.
Se era o rei élfico, tinha o dom da cura.
Jetro disse:
- Se tu me ouvires poderei te relatar o que aconteceu.
Aarão levou as mãos aos olhos cobrindo a face já com lágrimas enquanto Jashá ternamente acariciava os longos cabelos de sua mãe.
Ele disse:
- Conte, Senhor Jetro, conte a meu pai, pois eu já sei do que se trata.
Eu também carrego a marca da lança do destino e também sinto a dor que minha mãe sentia.
Também sei que aquele que carrega essa marca jamais encontrará a cura.
Aarão olhou para Jetro e perguntou:
- Do que ele está falando?
Jetro disse:
- Aarão, o teu filho está se referindo à maldição de Prometeu, aquele que trouxe para a humanidade o conhecimento que um dia o libertará.
Prometeu foi o anjo caído chamado Samiazy, que renunciou à sua condição divina para evoluir a humanidade, mas ao fazer isso terminou criando sua própria prisão.
Ele teria que viver aqui na Terra até que todo o trabalho fosse concluído, ou melhor, até que todos tivessem evoluído.
Para isso ele recebeu uma marca.
A lança do destino foi atirada em seu peito do lado direito, mais propriamente próximo do fígado.
Esse corte nunca fechou, mas essa não foi sua única marca.
Ele também recebeu um anel que tinha uma pedra com o peso de uma montanha, mesmo sendo pequena.
A pedra cada dia parecia mais pesada.
Era o peso das ações humanas diante do conhecimento que Prometeu trouxe.
Quanto maior o número de pessoas evoluídas mais leve a pedra se torna.
Quanto maior o número de seres ainda ignorantes de saber, mais pesada ela fica.
O primeiro filho de Samiazy chamava-se Shain = vida, mas ele já nasceu doente, pois nasceu com a marca do pai e ainda sofreu como o pai o toque da lança, história essa que você já conhece.
Shain também teve outros filhos que nasciam com a marca da maldição.
Na verdade, o que alguns acreditam ser uma maldição é apenas a marca daqueles que vêm para carregar o mundo nas costas ou para dar continuidade à sabedoria sem deixá-la desaparecer nem ser esquecida.
Não sei se tu te lembras, mas o Príncipe do Sol tinha essa marca, que dores insuportáveis chegaram a lhe causar.
Muitas vezes ela chegou até mesmo a sangrar por ele ter feito esforço em demasia para segurar a maldade de tantos sacerdotes do Egito.
Em determinado momento a dor avisa que chegou a hora e não é mais possível viver nesse mundo.
É preciso partir e esse momento chegou para Miriam há duas semanas atrás, mas ela teve uma visão com o Príncipe do Sol e ele disse que estaria com ela fazendo-a suportar as dores até que sua missão tivesse realmente acabado.
Na verdade, ele sempre esteve com ela o tempo todo.
Por isso Miriam era tão forte e a todos fortalecia com sua segurança.
Tu, meu amigo, deverias ter orgulho da esposa que tiveste e do filho escolhido, que vive ao teu lado, pois agora a parte que vem é missão de vocês dois e ambos terão que mostrar ter muita sabedoria e compreensão para dar continuidade a ela.
Após essa conversa nada mais podia ser feito.
Era preciso esperar que as próximas horas mostrassem o destino.
Três dias se passaram.
Antes de voltar a Moshé e Miriam Jetro chamou Jashá para uma conversa em particular e disse:
- Eu te chamei aqui para te revelar que eu também devo partir e por essa razão vou deixar a ti e teu pai incumbidos de guardar as relíquias sagradas.
Tu sabes que essas relíquias são importantes para a humanidade, pois são a única prova da aliança de um ser imortal com os mortais.
- Tu não precisas se preocupar com isso, Senhor Jetro.
Eu sei que os três se vão e voltam sempre, mas que precisam fazer isso sempre juntos.
Gostaria apenas de saber quem dos três o senhor é, se isso não for ofendê-lo.
- Não é nenhuma ofensa para mim, Jashá.
Eu, Krysnasvary, há pouco tempo fui Nimrod, mas preferi mudar de aparência, pois um deus errante e louco continua perseguindo seres como eu.
Não podemos matá-lo, pois ele faz parte do pêndulo da balança que equilibra esse mundo.
Akhenaton, como tu já sabes, era o Príncipe do Sol, e foi Melchizedek (Pandora), mas seu nome celestino era Agkrüpymallaya = Ayrimael.
Samiazy foi Prometeu, mas em um determinado momento ele trocava de aparência com Pandora.
Às vezes eles se faziam passar um pelo outro só para confundir o deus que nos persegue.
Na troca mais importante Prometeu, o Samiazy, tinha assumido o papel de Melchizedek, mas o abandonou dando-o a Ayrimael e se chamou Garivaram = Golaha.
Agora, meu sábio Jashá, chegou o momento de trocarmos novamente de aparência, forma e lugar, mas vou ter que confiar a ti e a teu pai aquilo que a mim foi confiado.
- Mas e quanto a Moshé?
- Não te preocupes com ele, pois ele não é mais a pessoa que tu conheceste.
Venha comigo e eu te mostrarei.
Jashá acompanhou Jetro até o local onde Moshé estava e lá viu que ele havia sofrido de facto uma grande transformação.
Sua aura emanava luz, calma, algo que não existia em Moshé.
Jashá sabia que agora Moshé realmente cumpriria a missão para a qual havia sido designado.
Mas agora ele se voltou mais uma vez para Jetro, pois precisava saber um pouco mais sobre sua missão e o mistério que envolvia seres como ele.
Chamou Jetro para uma outra sala e seriamente começou a falar:
- Senhor Jetro, eu sei que não és o Grande Criador.
Sei também que os outros dois também não o são, mas sei que todos que aqui vivem são vossos filhos, ou seja, filhos do arco-íris, filhos dos 7 raios, Elohins divinos.
Sei que por trás de vocês existe o Senhor de todos os Senhores, Aquele que tem todas as faces, que tudo vê, tudo habita.
Aprendi com minha mãe e meu pai a compreender os mistérios da criação.
Dentre tantas coisas gostaria apenas que, se fosse possível, o senhor me respondesse algumas perguntas.
- Pergunte então e eu responderei – disse Jetro.
- Quem são vocês e quem somos nós?
- Bem direta tua pergunta.
Por isso dar-te-ei uma resposta direta.
Nós somos seres interplanetários conscientes e vocês seres planetários inconscientes.
- Desculpe-me senhor, mas essa parte eu também já conheço.
Vou ser mais direto.
De que planeta o senhor vem?
- Jashá, todos que vivem na Terra são filhos de doze planetas diferentes, mas estão aqui para aprender, pois essa é a escola.
Mas eu e os outros somos originalmente filhos da Matrix divina, que não tem nome, mas que agora é conhecido como Planeta do Princípio Divino.
Eras e eras se passaram e alguns de nós foram descobrindo que haviam criado criaturas com suas emoções, tal qual o Pai.
Essa história você já conhece e por isso vou me adiantar.
Nossas emoções tinham um planeta natal, que correspondia à nossa personalidade.
Por exemplo o Sol corresponde à casa dos filhos de Miguel Arcanjo.
A Lua corresponde à casa dos filhos de Gabriel e assim por diante, mas o máximo de nossa semelhança com algum desses planetas é o facto de sermos os responsáveis por aqueles que nasceram neles.
Em suma, somos criaturas livres no universo por termos alcançado a consciência divina.
Não temos morada fixa.
Nosso dever é evoluir as criaturas que criamos, a quem demos na verdade apenas a personalidade, pois todo ser já existe mesmo que ainda não tenha acordado.
- Eu sei como é essa história, senhor Jetro, não se preocupe, mas me diga o que de facto são aqueles como minha mãe e eu, aqueles que nascem com a marca.
- Esses, meu bom rapaz, são aqueles que forjamos.
São seres que há muitas e muitas eras nós vínhamos evoluindo secretamente entre nossos próprios filhos.
Não que os outros não mereçam o mesmo, mas tudo é como foi com o Pai.
Vocês foram as nossas primeiras emoções, aquelas que despertaram quando nós nem sabíamos o significado da palavra emoção.
Resumindo, em um efeito dominó, evolução em cadeia, vocês são os primeiros a evoluírem e logo poderão desempenhar o papel de pai como nós estamos fazendo há milhares e milhares de eras.
Muitos dentre vós foram aqueles que outrora foram chamados de deuses e alguns até continuam a ser chamados e no futuro continuarão com esse título.
Depois que terminar o estágio na escola chamada Terra nós não seremos mais responsáveis por vocês.
Assim se tornarão filhos do mundo, que deverão descobrir suas próprias responsabilidades com seus filhos, mas isso não significa que vocês estarão abandonados, sem pai.
Apenas terão que fazer tudo como um dia foi connosco.
- Tudo bem, isso eu já compreendi e agradeço muito pela boa vontade em me responder, mas me diga: Por que o velocino sagrado, sendo o meio de transporte de vocês para os outros planetas, nem sempre é usado por vocês?
- O chariot ou velocino, como você diz, não pode ser usado a esmo.
Devemos ter cautela, pois ele é algo altamente cobiçado por seres mortais que, sem sabedoria alguma, desejam viajar até outros planetas, mas não sabem o que os espera lá.
Obviamente este não é o único veículo, como nunca foi.
Na época da grande inundação você bem sabe que muitos de nós voltaram para um curto exílio num planeta natal chamado Capela.
E isso só aconteceu graças às naves atlantes, shangrillês e lemurianas, que se mantinham muito bem guardadas, sem contar que Xanthus também ajudou muito com seus navios voadores.
- Salomão chamou os extraterrestres e foi abduzido.
Todo Messias vem em uma nave que parece uma estrela, mas não é uma.
Deus, que só tinha ideias e idealizou tudo, começo e fim, só depois criou o corpo (explodiu sua alma).
- Hoje não existem mais muitas naves como essas na Terra, pois nós fizemos a escolha de vez por outra reencarnar em um corpo previamente preparado, afinal você sabe que não podemos nascer naturalmente como vocês.
Por isso foi ensinado a você tudo que deve ser feito para possibilitar o nosso nascimento.
Sei que essa era mais uma de suas perguntas, mas não se preocupe.
Todas as informações necessárias para isso você já possui e todo material também.
Toda vez que um ser tiver que voltar à Terra uma nave vem com um mensageiro e deixa o material que não é possível encontrar aqui.
Depois essa mesma nave é vista apenas mais duas vezes: na hora do nascimento e na hora da morte.
Tu te lembras do que viu no dia em que Akhenaton morreu?
- Sim, eu me lembro.
- Não estou falando apenas da chuva de meteoros.
Estou falando que isso serviu apenas para disfarçar a nave que veio buscar o que não podia ficar na Terra.
O restante, como tu já sabes, eu fiz.
Eu trouxe a essência de Akhenaton para o Cálice da Vida, mas seu corpo jamais será achado.
Em seu lugar surgirão um dia muitos seres ou múmias, que pretenderão fazer passar por ele, mas nenhuma será verdadeira.
- Por que isso?
Por que não desejam ser encontrados?
- É muito simples, Jashá.
A humanidade tem hoje uma aparência semelhante e já tem muitos preconceitos.
Nas eras passadas a aparência também já foi motivo de medo e destruição.
No futuro o motivo continuará sendo o mesmo: ignorar o que não compreende, distorcer, profanar por medo, porém como aqui é uma escola deve ter de tudo um pouco e lá na Caverna das Antigas Civilizações existem inúmeros exemplares de seres bastante diferentes, mas posso lhe afirmar que todos são apenas exemplares daquilo que um dia foi a aparência humana.
Das primeiras eras de exemplares nossos deixamos apenas três, no tamanho sentinela, e em corpos que fizemos questão de alterar.
- Senhor Jetro, tudo isso só aconteceu porque o senhor e os outros resolveram construir a torre planetária?
- Quando eu estava disfarçado de Nimrod construí Babel, o palácio do Chariot.
Os sete estavam na Terra e cada um resolveu criar a biblioteca genealógica dos sete regentes planetários.
Era como uma escola profissionalizante, que dava o conhecimento daquilo que sabíamos aos nossos filhos. Chamamos os magos astarianos para serem os professores dessa escola, mas muitas guerras e confusões nos esperavam.
- Jetro, com todo respeito que lhe tenho, não me lembro da torre da escola de Salém ter mudado de nome – interrompeu Jashá.
- Calma, meu jovem.
Não estou querendo confundi-lo, mas a antiga escola de Salém foi fundada por Melchizedek e dentro dela havia a torre dos 7 círculos, construída especialmente para preservar registos e, é óbvio, ensinar, mas quando tudo começou a mudar e o perigo começou a reaparecer seu nome foi mudado várias vezes.
Não por nós, mesmo porque todos sabiam que torre de Salém, Silo, Jericó e Babel eram tudo a mesma coisa.
Essa distorção aconteceu com o passar do tempo e com a destruição da torre, porém tu bem sabes que essa não era a única torre que havia em Salém.
Mas é muito difícil manter uma escola como aquela por muito tempo em pé ou inteira.
Veja Akhenaton.
Ele a reergueu, mas o orgulho de Ramsés a destrói.
É certo que não fará uma destruição completa, pois é mais viável passar uma história por cima daquela e ter uma nova história para um enganoso futuro, mas não te preocupes, Jashá, a chama da verdade nunca se apagará.
Ela sempre se manterá acesa por todos os séculos, mas nem todos terão acesso a essa luz.
- E ainda o encontrarei, Jetro?
- Por que me perguntas isso?
Tu sabes que ainda me encontrarás e sabes também que te lembrarás disso tudo quando vier a me rever.
Mas agora preciso de ti para que Moshé e teu pai Aarão dêem continuidade à missão que aqui vieram cumprir.
Mas hoje, meu bom Jashá, para que o povo confie mais em ti eu te chamarei de Jashá ou Eleazar e tu serás pai de Finéias, o profeta.
Tu e tua família vão se separar de Aarão e Moshé, pois tu e teu filho serão líderes da nação de tua mãe.
Teu pai vai ajudar Moshé, mas a Arca não ficará inteira nas mãos do povo de Moshé.
Por isso hoje eu crio dois caminhos: um para a nação de Miriam e outro para a nação de Moshé.
Peço a ti que não faças mais sacrifícios a Azaziel, como o povo de Moshé ainda continuará a fazer.
Ele é o bode emissário lançado ao deserto para expiar os pecados que não são dele, mas de cada ser que os comete.
Ensine teu povo que a Lei da Ação e da Reação não se paga com sacrifícios de animais.
Procure sempre se lembrar dos ensinamentos do Príncipe do Sol, pois esse legado é muito precioso.
Não te preocupes com Moshé.
Ele agora será um bom líder para seu povo, pois Miriam deu a ele a consciência que faltava para a realização da Grande Obra.
Com amor e profunda gratidão,
Luís Barros