18 de maio de 2021

SEBENTA – 69

UM MANUAL PARA A ASCENSÃO

PRIMEIRA PARTE

CAPÍTULO V

A EXPRESSÃO DIVINA

V.1 - O CAMPO DO ESPÍRITO

No capítulo anterior falámos da forma como todos nós chegamos onde estamos; agora, examinaremos este assunto com mais detalhe.

Tudo é energia organizada; o ESPÍRITO não é uma excepção.

A Fonte é energia organizada e consciente, numa escala inimaginável.

No seu contínuo empenho de se autoconhecer, fragmentou-se.

Acerca destas partículas em que se fragmentou diremos que são pensamentos imensos (ou planos de realidade) que interagem entre si; não têm nomes, nem formas que possamos reconhecer; no entanto, estão conscientes quer de si mesmas, quer de que fazem parte da Fonte.

Imaginemos muitos baldes de água suspensos sobre a água, sendo que toda essa água é auto-consciente.

A água de um dos baldes sabe que interage continuamente com a água externa ao balde que a contém e que essa não é diferente de si mesma; todavia, por estar contida, a sua autoconsciência também lhe diz que é diferente da água que está fora.

Neste exemplo, os baldes, embora imaginários evidentemente, são análogos aos campos que suportam a energia e a água é análoga a essa energia que os enche.

Alguns campos são gigantescos, como os campos planetários ou solares; outros, comparativamente, são diminutos, como o campo de um átomo.

Mas todos eles contêm, e se alimentam, da energia da Fonte.

Para além da sua interacção com os campos, esta energia consciente também se fracciona de acordo com a característica da frequência.

Imaginemos o teclado de um piano: nele, todas as notas, individualmente, são feitas da mesma coisa básica: as vibrações das cordas.

Mas cada nota, por sua vez, contém todas as harmónicas e sub-harmónicas, quer dizer, as notas na mesma posição relativa nas outras oitavas, superiores e inferiores.

A Fonte fracciona-se a si mesma através de formas impossíveis de descrever, subdivide-se em estados de energia que reconhecem a sua singularidade e que, ao mesmo tempo, são conscientes dos outros estados da energia que conformam o Todo.

Cada estado de energia cria sub-harmónicas de si mesmo, cada uma das quais, por sua vez, está consciente das sub-harmónicas dos outros estados de energia.

Assim, pois, o ESPÍRITO de todas as frequências autoconhece-se como energia da Fonte pura, brincalhona e criadora!

Em virtude de ser o que é, o ESPÍRITO expressa a natureza da Fonte em todos os campos que gera e através da energia que irradia para dentro deles.

Tomemos, como exemplo, o caso de Ariel, uma energia que alguns de nós conhecemos como arcanjo: Ariel é o responsável pela projecção do campo necessário à sustentação do plano físico, ou seja, o campo que conduz a energia necessária para apoiar aquela que, através dele, penetra para o interior do plano físico.

Em certos pontos deste campo, quando a condutividade se amplifica, o processo torna-se mais eficiente proporcionando o surgimento da matéria física, ou seja, daquelas unidades de energia que se agregam e coagulam; nas partes onde a condutividade é mais baixa, isto, simplesmente, não ocorre.

E tudo se passa assim, mediante um acordo consciente.

É como se o espaço (plano físico) fosse uma forma de pensamento colectivo que todos nós mantemos; todavia, tal manutenção é somente uma das nossas múltiplas funções.

Além disso, em qualquer momento do tempo, a energia que realiza esta função é diferente da que existia no momento anterior.

Sim, a energia mudou enquanto lemos este parágrafo!

Por consequência, o ESPÍRITO pode ser visto de duas maneiras distintas:

1ª: Energia pura e organizada, consciente de si mesma e da sua unicidade.

De acordo com esta capacidade, não faz nada; simplesmente é.

2ª: Energia que realiza certas funções.

De acordo com esta capacidade, está em constante mudança.

Diferentes níveis do ESPÍRITO realizam os vários níveis desta função no quadro de uma operação muito bem coordenada.

Diga-se de passagem, que não existe um director de orquestra para esta coordenação de níveis.

As unidades de consciência que estão ao serviço do ESPÍRITO sabem o que está a passar-se e misturam-se com o nível apropriado para, literalmente, emprestar a sua energia.

Agora: porque é que isto se passa assim?

A resposta faz-nos regressar ao título deste capítulo – A Expressão Divina.

O ESPÍRITO possui um inexorável impulso para criar, manter, destruir e voltar a criar; e não perde nenhuma oportunidade para o fazer.

Alguns níveis do ESPÍRITO têm a tendência para, digamos, a criatividade intelectual, enquanto outros preferem limpar velhos sistemas de crenças a fim de abrir campo para o novo.

A destruição, sob todos os aspectos, é tão criativa como a própria criatividade; trata-se, somente, de uma questão de ponto de vista.

O ESPÍRITO procura expressar-se, a Fonte conhece-se a si mesma através da sua criatividade e o nosso eu-espírito interior procura expressar-se através do eu-ego exterior.

Nós criamos os três campos de energia mais densa dos corpos e da personalidade para dispormos dos meios para podermos expressar-nos.

Injectamos energia nestes campos e continuamos a injectar, permanentemente!

Colocamos o nosso eu-ego em situações cuidadosamente concebidas, que envolvem pais, escola, amigos, etc., os quais, desde muito cedo, o foram formatando com os seus sistemas de crenças.

Ou seja, seleccionamos o complexo energético que percorre os nossos campos e permitimos, até certo ponto, que o nosso eu-ego interaja com ele.

Tudo isto, no entanto, não quer dizer que o eu-ego e o eu-espírito estejam separados.

Nós somos o nosso eu-espírito tal como somos qualquer outra coisa; expressamos isto através de cada pensamento, palavra ou acção: quando actuamos a partir do amor (demonstrando atenção, amabilidade, doçura, etc.), somos o nosso eu-espírito fluindo através de nós sem qualquer impedimento; quando actuamos a partir do medo (demonstrando ódio, ciúmes, avareza, etc.), estamos a bloquear o fluxo do amor proveniente do ESPÍRITO.

A única barreira entre o eu-ego e o ESPÍRITO é o medo.

O medo separa-os, mas, à medida em que o eu-ego for aprendendo, cada vez mais, sobre a sua verdadeira natureza, esse conhecimento começará a corroer o medo; e ao passo que esse medo for desaparecendo tornar-nos-emos mais conscientes, emocional e intelectualmente, o que favorece a entrada do amor.

Neste universo, a divisa máxima é a emoção do amor.

Ele encontrará forma de entrar, seja lá como for; e, quanto mais amor fluir para dentro, mais medo se desfaz, o que vai permitir que ainda mais amor flua para dentro e assim sucessivamente.

Portanto, o eu-espírito pessoal expressa, através do eu-ego, o «eu» que, conscientemente, se conhece a si mesmo.

O nosso eu-ego é a ponta da lança do campo físico do nosso imenso eu-espírito; é os nossos olhos, os nossos ouvidos, as nossas mãos.

O eu-ego tem a ver com os acontecimentos que nos rodeiam, decifrando o que deve ser feito com respeito a cada um deles; mas é enquanto eu-ego e eu-espírito, simultaneamente, que decidimos que acontecimentos iremos enfrentar no futuro.

Mas, perguntamos nós: como saber o que podemos esperar?

O que nos trará a próxima hora?

Aquele que for capaz de conhecer as respostas a estas perguntas, terá os seus focos tão abertos que incluirão o próprio eu-espírito!

Não defendemos que removamos completamente a nossa focagem no plano físico porque, com isso, negaríamos a razão pela qual encarnamos na Terra; o que propomos é que fiquemos plenamente conscientes dos conteúdos de cada um dos três corpos mais densos.

Isto é o prelúdio para podermos vir a nos identificarmos com o ESPÍRITO e para O incorporarmos nos nossos campos mais densos.

Por conseguinte, o campo do ESPÍRITO é mais um campo que está sobre, e acima, dos três campos de que já falámos.

Nós vivemos dentro dele, mas, devido ao facto de o ESPÍRITO não estar limitado nem pelo tempo, nem pelo espaço, está «à nossa volta» (tal como os campos mais densos), mas também «em toda a parte».

O ESPÍRITO atribui poder a todos os outros campos e expressa-se através deles.

Nós, portanto, não somos somente a nossa personalidade, nem o estado de consciência do nosso eu-ego externo.

Nós somos mais, muito mais!

 

Com amor e profunda gratidão,

Luís Barros