24 de julho de 2021

O LIVRO DA LUZ - CINCO

Nenhum bem é bem sem consciência e nenhum mal é mal com consciência, pois o bem, para ser verdadeiro, precisa ter a certeza de que não vai prejudicar ninguém.

Quando fazemos um bem a alguém acreditamos estar ajudando uma pessoa, quando nosso bem pode estar escondendo uma cortina de maldades.

Ao fazer um mal a alguém estamos fazendo mal a nós mesmos, mas quanto à pessoa estamos, sem saber, fazendo um bem involuntário.

Agora sabemos que estamos confusos.

Como pode Deus ter dito isso?

Vamos agora explicar direito a ideia de bem e mal.

Vamos contar a verdade sobre o que de facto é certo ou errado, bem e mal consciente ou não.

Na verdade, bem e mal não existem.

O que de facto existe são acções e reacções e, de acordo com elas, os anjos do bem e do mal aplicam o aprendizado.

Anjo do bem e do mal para Deus não têm diferença, pois bem e mal para Ele significam aprendizado e evolução, porém para a humanidade universal a conotação de bem e mal é ainda bastante incompreendida.

Vamos agora aos exemplos práticos.

Julgar uma pessoa e achar que ela não merece mais nenhuma chance; ou ter pena dessa pessoa e aceitá-la acreditando que ela não vai fazer mais nada de errado.

Essas duas maneiras de pensar estão erradas, pois as duas nos levam à conclusão de que estamos sempre esperando algo de alguém.

Na verdade, nós devemos esperar tudo e nada das pessoas.

Devemos acreditar que um dia aquela pessoa vai evoluir, não importa quando.

Que todos temos defeitos é coisa sabida, porém devemos tentar encontrar as qualidades escondidas pelos defeitos.

Se aceitarmos a pessoa agindo somente com nosso coração vamos fazer um bem consciente e esse bem não se importa com os defeitos ou erros, porém não nega sua existência.

Já o bem inconsciente é o bem piedoso, que só se importa com o que vê e julga unilateralmente.

É aquele bem que não sabe, mas está pronto para se decepcionar, pois, costuma investir alto e no fundo sempre espera algum tipo de retorno.

Na maioria das vezes esse retorno é a certeza de que estava certa e é justamente aí que esse bem se torna mal ou a pessoa erra, pois, já começa esperando provar para si e para os outros que estava certo.

O verdadeiro bem ou bem consciente não se importa de estar certo ou errado diante dos outros e nem de si mesmo.

Ele age como o destino, misterioso, porém sempre presente.

Por vezes passamos nossa vida inteira desejando ter a vida de outros e esquecemos de construir a nossa.

Vamos explicar porque Deus disse que nenhum mal é mal consciente e porque nenhum bem é bem sem consciência.

Em primeiro lugar vamos dar o próprio exemplo de Jesus.

Ele, muito antes de conhecer todas essas verdades que hoje contamos era um ser ignorante, não por falta de estudo ou educação paternal.

Ele não conhecia a verdade que conhece hoje.

Por isso cometia seus erros, como grande parte das pessoas faz, sem ter consciência.

Ele lutava para impor sua vontade e se julgava certo quase sempre.

Seu poder de liderança o fazia um ser grande, orgulhoso de cada conquista sua.

Ele se julgava sabedor de tudo, pois acreditava que a imposição era a melhor maneira de ter tudo, porém um dia Ele encontrou um jovem que passou a lhe ensinar a verdade do Talmud.

Foi aí então que Ele descobriu o quanto era insignificante, quanto mal fazia aos outros com a sua arrogância e o quanto fez mal a si mesmo.

Quanto aos outros o mal que neles aplicou hoje sabe que foi uma troca de aprendizado, pois Ele os ensinava sem saber que estava ensinando.

Quando dizemos ensinar referimo-nos ao aprendizado da vida.

Para que se entenda melhor vamos explicar como isso funciona.

Todo mal que Ele fazia àquelas pessoas ajudava elas a pagar suas dívidas com o seu passado, porém para Ele aquele mal voltou como sol reflectido num espelho.

O cegava pela ignorância e pela incompreensão.

Quando aprendeu os ensinamentos da Verdade descobriu que aquele mal que lhe feria os olhos havia sido criado por si mesmo e que no fundo havia sido seu melhor professor, pois jamais alguém teria coragem de ensinar o que ele lhe ensinou.

Em suma, Ele mesmo desejou esse aprendizado antes de vir para a Terra.

Hoje, Jesus é um ser consciente da Verdade e por ter esta consciência não deseja fazer mal a nenhum ser vivo, simplesmente porque sabe que cada um de nós tem seu próprio mal dentro de si e este não precisa de ajuda para ser acordado.

As acções e reacções do tempo se encarregam disso.

Portanto, não fazemos mal simplesmente porque não queremos, mas porque sabemos que não precisamos fazê-lo.

O simples facto de ter consciência da Verdade Lhe causaria uma enorme dor na consciência se contasse hoje uma mentira, pois Ele iria passar horas ou até dias se punindo e se não fosse se retractar com quem mentiu a Verdade o puniria de maneira dura e eficaz.

Provavelmente o faria perder algo que lhe fosse muito caro ou lhe fazendo ver que a mentira que contou e causou um dano fatal, que obviamente voltará para si.

O mal único e real só pode existir sem a consciência da Verdade, pois somente na ignorância dela os seres humanos são usados para fazerem outros evoluírem.

Algumas pessoas acreditam que outros fazem o mal porque realmente desejam.

Isso de facto não é mentira, mas também não é totalmente verdade.

Como já se disse, todos temos que evoluir e a evolução não se alcança sem dor.

Portanto todos temos que fazer o papel de monstro uma vez ou outra na vida.

É preciso ser o monstro para aprender o tamanho de seu poder e como controlá-lo.

É preciso conhecer a ira para saber seus limites, sua insanidade e seu ponto fraco.

É preciso conhecê-la na própria pele para vir a compreendê-la e possivelmente curá-la primeiramente em si e mais tarde curá-la também nos outros.

Todas as emoções que o mal causa são passageiras, mas são um grande aprendizado eterno, tal qual o bem.

Dizem que há tempos atrás andou pela Terra um homem chamado Jesus e que este homem era muito bom, mas tanta bondade atraía o mal de algumas pessoas.

Dizem também que ele era como Deus andando na Terra. 

Isso é verdade?

Tantas foram as histórias sobre o Filho da Lei que muitas mentiras se criaram, porém, a verdade sobre Jesus já estava escrita milhares de anos antes dele nascer.

O Talmud a preservou escondida da grande maioria, pois essa jamais compreenderia a missão desse ser grandioso que desceu à Terra.

A humanidade jamais acreditaria que Deus viria à Terra de maneira tão simples e Ele mesmo pediu que essa Verdade fosse preservada para o bem de seus próprios filhos que ainda não estavam prontos para tão grande revelação, porém Deus permitiu que muitos profetas anunciassem a chegada de um messias e dois mil anos antes da chegada do Cristo à Terra muitos profetas já a anunciavam para manter a chama da esperança acesa no peito das pessoas.

O que Jesus Cristo tinha de tão especial e como ele ganhou o direito de falar que era Deus?

Esta é uma história muito longa e também cheia de mistérios, que se mantiveram secretos após a sua morte, porém havia muitos seres que sabiam estes segredos e que tinham que revelá-los por parábolas ou contos, pois essa era a única maneira de ensinar a Verdade à humanidade sem chocá-la.

Mas agora, vamos contar a vida de Cristo e o motivo d’Ele ser tão especial.

Acaso nos lembramos da história que contamos sobre o nascimento de Deus, de como Ele se criou e como criou os Amorazins?

No primeiro acto de Deus Ele criou todos os Amorazins, inclusive Jesus Cristo, que foi o primeiro a nascer.

Mas não dissemos que todos nasceram juntos!?!

E nasceram, porém, prestemos bem atenção no que vamos explicar.

Ao dar seu primeiro grito Deus soltou primeiro um sopro, seguido por um som que para nós humanos durou segundos e, de acordo com esses segundos uma sequência de vidas gerava-se e a primeira vida foi a de Jesus Cristo.

Entretanto não só isso o tornava especial.

Todos aqueles seres eram as emoções de Deus e Jesus Cristo e outros grandes Amorazins tiveram um papel muito importante no aprendizado do Divino.

Deus provou de todas as emoções que se possa imaginar e, é claro, não podemos esquecer da maior de todas as emoções, a dor da perda, a dor da morte.

Esta foi a emoção mais dura para Deus.

O primeiro ser que Deus matou foi também o primeiro que saiu de dentro d’Ele: Jesus Cristo.

Depois de Jesus Cristo Ele matou vários outros Amorazins e toda vez que Ele fazia isso, sentia um pedaço de si desaparecer, porém que outra maneira Deus teria de sentir saudades e como Ele aprenderia o que era morte ou vida se não as criasse?

Foi também ao descobrir a morte que Deus descobriu os valores de manter a vida, afinal os Amorazins eram seu instrumento de aprendizado e Ele não podia destruí-los justamente para não destruir o que havia aprendido.

Até a morte de alguns o havia ensinado.

Por isso Ele desejou absorvê-los para dentro de si.

Essa foi uma maneira de compreendê-los e compreender a si mesmo, mas também era uma maneira de protegê-los da morte, uma das emoções mais dolorosas para Deus.

A partir daí já sabemos.

Deus meditou e recriou seus filhos, porém criou um número muito superior aos seus primogénitos.

Compreendemos direito a história de Deus ter nascido do vazio?

Vamos entender como isso é possível.

Existem 3 trindades divinas.

As três fazem parte do processo de evolução de Deus e justamente a primeira trindade é o nascimento de Deus como corpo físico.

A segunda é a alma de Deus e a terceira é o espírito.

Vamos explicar essas 3 trindades.

No momento nos basta saber que Deus nasceu de uma energia imensa que nada sabia ou criava.

Essa energia já era o espírito de Deus, mas ao mesmo tempo era o nada, pois de nada tinha consciência e por isso era chamado de vazio.

Agora vamos voltar à história de Cristo.

Este, por ter sido a dor mais profunda do Pai, foi escolhido para representá-lo na íntegra aqui na Terra.

Assim também aconteceu com os outros Amorazins, que passaram semelhante processo de evolução servindo de emoção da morte ou da perda para o Pai.

Aqui na Terra os Amorazins que sabiam da vinda de Cristo o tinham como um Tenaim, que quer dizer Mestre dos Amorazins, Primeiro dos Primogénitos ou até mesmo Rei dos Primogénitos.

Isso para os grupos de judeus amorazins essénios.

A palavra “amorazim” (ou amoraim) é conhecida dos judeus, porém nem todos os judeus admitem Jesus Cristo como um Messias ou como o Filho da Lei, mas alguns grupos de judeus conhecidos como essénios estudaram a fundo o verdadeiro Evangelho de Cristo e o preservaram e preservam até hoje muito bem guardado para que no futuro essa verdade não seja destruída, mas reabilitada, pois, na nossa época o sagrado Evangelho de Cristo já foi muitas vezes adulterado.

Isso quer dizer que ele não agrada aos nossos governantes, que vêem nessa preciosa verdade uma ameaça aos seus planos.

Vamos agora explicar porque trouxe o bem e o mal consigo e porque a maldade não pode ser vista com olhos maus.

Vamos dar agora os mesmos ensinamentos que o Cristo deixou na Terra.

Muitos foram os ensinamentos de Jesus Cristo, porém o maior de todos também foi o que mais incomodou a todos.

Um dia, Jesus estava a ensinar seus discípulos sobre a questão do bem e do mal quando um dos discípulos perguntou:

- Senhor, tu és plena luz.

Como podes conhecer tão bem o mal.

E Cristo respondeu:

- Acaso acreditas que não faço mal algum, meu irmão? Se credes nisso és realmente muito ingénuo.

O simples facto de trazer a Verdade comigo por onde quer que eu vá já é um grande mal.

- Senhor, eu agora não vos conheço.

Por que estais a dizer tais coisas?

- Meu amado irmão, o mal não consiste apenas na intenção de fazê-lo.

Quando eu vim à Terra eu já sabia que andaria pelas minhas costas o mal da ignorância e da incompreensão da Verdade, pois a Verdade revelada seria como expor um crime e o criminoso à multidão.

Essa Verdade, ao ser dita, revela todas as mentiras que enganam a multidão.

Revela os segredos secretos que jamais precisaram ser secretos.

- Mas senhor, isso tudo por acaso não é um bem?

- Será um bem no futuro, pois no presente e no futuro próximo será o maior de todos os males, pois muito sangue e dor há-de correr por causa desta Verdade.

Porém a verdade que te condena também te redime.

Minha missão aqui na Terra é derrubar muitas muralhas que muitos julgam intransponíveis e para isso não posso ter piedade daqueles que as construíram, pois muitos deles conhecem a Verdade e não a dividem com mais ninguém.

Além disso cometem o maior de seus crimes, acreditando-se em donos supremos dessa Verdade.

- Mas que verdade tão perigosa é essa, senhor?

- O mais simples de todas, meus irmãos, aquela que venho ensinar a vocês no dia-a-dia, porém vocês não perceberam o quanto ela é perigosa.

Agora vou-lhes descortinar essa Verdade para que possam ver.

- A Verdade que vou-lhes revelar quando falo sobre o nosso Pai é uma verdade ainda incompreendida, pois Deus não faz mistérios, mas os homens os criam para serem deuses na Terra.

- Senhor Jesus, se é verdade que és o Filho de Deus e sabes todas as coisas por que também não nos faz saber?

- Deus, meus irmãos, nos criou livres para desejarmos a hora de aprender e ninguém pode passar por cima da liberdade do outro, porém é esta palavra, liberdade, que muita coisa explica sobre a Verdade.

Minha missão foi a de descer à Terra e libertar os meus irmãos, mas não como Moisés fez.

Moisés os libertou da escravidão de um faraó e em nome de um Deus único os conduziu a uma nova morada.

Agora eu vim para libertar o povo de sua própria escravidão, seus medos e sua ignorância.

Vim tirar o véu de seus olhos, porém talvez isso lhes custe mais caro e assim é muito provável que eles prefiram a cegueira e a ignorância.

- Minha missão aqui na Terra não é nada fácil, pois somente aqueles que me conhecerem e me compreenderem saberão quem de facto eu sou.

O restante se ocupa em me julgar.

Antes mesmo de ver a cor da minha veste eles dirão que ela é como a de um rei ou de um ladrão; antes de ver a poeira de minhas sandálias eles dirão ser de ouro ou simplesmente que não as tenho.

De mim eles nada sabem senão pela boca de muitas bocas.

Então como podem julgar um ser imaginado.

Um ser pintado ou desenhado não passa de uma obra que um artista criou, e infelizmente é isso que eu sou para aqueles que me julgam sem jamais ter-me ouvido.

Eu cometerei muitos crimes nas mentes insanas dos meus juízes terrenos, pois seus olhos só enxergam o que eles desejam ver.

O Anjo que aplica a Lei da Acção e Reacção é tão-somente o destino que se encarrega de fazer a colheita daquilo que plantamos.

- Na vida, meus irmãos, não importa onde tu lances as sementes.

Se elas brotarem tu irás colhê-las onde quer que estejas.

Nem mesmo a morte é capaz de te livrar de colher os frutos de tuas acções.

Na verdade, a morte é a porta que te obriga a fazer esta colheita, pois ela te dá o privilégio de renascer diante da tua horta.

- Jesus, explica-nos melhor essa história de renascer.

- Meus queridos, olhem para a natureza.

Observem tudo que nela existe.

Agora observem o quanto ela se parece com vocês.

Tudo que está ao redor de vocês um dia se acaba, seja pela mão do homem, seja pela mão do tempo.

Igual a vossas vidas, que também são destruídas, seja pela mão do homem ou pela mão do tempo e o destino, porém a natureza e o homem perdem a semelhança justamente na morte.

A natureza nada tem a dever a Deus ou ao homem.

Já o homem muito deve a Deus, aos seus irmãos, à natureza e a si próprio.

A natureza gentilmente renasce para que o homem possa usufruir de seus benefícios, pois ela é instrumento de primeira necessidade para a vida dos homens.

O homem renasce mascarado, usando uma nova aparência, porém sua alma e seu espírito não precisam de máscaras.

O homem, já com uma nova carne, não reconhecerá seus inimigos, suas vítimas ou seus réus, pois todos estão mascarados, porém suas almas guardam a visão da verdade dentro de si e os conduzem ao reencontro onde deixam os corpos mascarados acertarem seus assuntos pendentes.

As almas revelam que se conhecem pelo instinto e pela intuição.

Dessa maneira o réu e a vítima voltam a se encontrar para um possível entendimento ou um ajuste de contas algumas vezes um tanto drástico.

- A morte, meus queridos irmãos, é só o começo da imortalidade, pois só morre de facto aquele que não tem alma ou espírito.

- Jesus, existe alguém que não tenha alma ou espírito?

- Sim, meus queridos, existem vários, porém esses muitas vezes são ignorados e passam suas vidas quase desapercebidos.

Quando muito eles têm a ensinar a quem se propuser a aprender.

Esses são parte da Grande Mãe Natureza.

Vejam as árvores.

Como tu elas nascem, crescem e morrem, porém, essas árvores não voltarão a nascer.

O que delas terá vida são suas sementes.

Como a árvore tu também geras sementes, porém as sementes da árvore não levantam as mãos umas contra as outras nem destroem aquelas que ao seu redor habitam.

As sementes do homem levantam as mãos umas contra as outras e destroem aquilo que habita ao seu redor.

As árvores não criam assuntos pendentes para outras vidas como os homens.

Por isso não precisam renascer, mas em toda sua mortalidade têm muito a ensinar ao homem, com toda sua imortalidade.

Um carvalho vive mil anos e ensina tanto a homens quanto a mil.

Um homem que nasce e renasce no período de mil anos pode ensinar tanto a 10 homens como a 20.

O carvalho não tem necessidade do homem, mas o homem tem necessidade dele, só que na maioria das vezes só descobre isso quando precisa.

- O homem nasce e renasce na maioria das vezes para resolver seus assuntos pendentes e isso o coloca diante daqueles que devem ser reencontrados.

Dependendo do assunto pendente o homem não tem muitas oportunidades de encontrar outras pessoas justamente para que não se desvie daquele assunto e termine assim arrumando outro sem resolver totalmente o que se encontra em seu momento presente.

Por essa simples razão o carvalho, que não tem assuntos pendentes a resolver, sai à frente do homem na comparação que fiz.

- Jesus, tu és o Filho de Deus, que tão grande e bondoso Pai é para todos nós.

Por que Ele permite que venhas a essa Terra para sofrer tamanha injustiça?

- Eu agora vos digo, meus irmãos.

Eu aqui não sou apenas eu.

Eu sou o Pai e o Pai sou eu.

Por isso meu dever é revelar a Verdade e assim o farei.

- Senhor, perdoe-me a ignorância, mas não seria uma blasfémia dizer que és Deus.

Sabedoria eu sei que tu tens, mas os sábios dos tabernáculos também a tem.

- Olho para ti, senhor, e não vejo trajes de um rei como Deus é e teus poderes também são semelhantes aos de alguns sábios.

Nós acreditamos no Deus de Davi e Moisés, um Deus forte que se fazia ouvir no rugir de um trovão.

Como tu, senhor, vais-te fazer crer ser Deus se não te assemelhas a Ele?

- Tens um conceito muito errado de meu Pai.

Tu, como a maioria, acreditas que Deus tem a imagem que tu pintaste para identificá-lo.

Na verdade, tu não sabes nem o que é Deus.

Como posso exigir que saibas o que eu sou?

Para que tu conheças a Deus eu vou-te apresentar a Ele e se estiveres pronto para conhecê-Lo descobrirás um Deus que jamais imaginaste.

Em primeiro lugar Deus é o Rei dos Reis, Criador de todas as criaturas, Senhor Absoluto do Tudo.

Nada existirá sem ele, porém Ele pode existir sem o nada e o tudo.

Sua sabedoria não pode ser medida, não tem fim, simplesmente é infinita.

Seus poderes em nada se assemelham ao que tu conheces.

Sua aparência tua mente jamais alcançaria, pois Ele é o Senhor de Todas as Faces.

Nem vestes, nem trono ou reino Ele precisa se dono de tudo é.

Para que reino ou trono quando tanto há para fazer?

Limita-te a vestes e a um trono e serás rei tão-somente de ti mesmo quando vires tua imagem reflectida num espelho.

Tu acreditas que ser rei é dominar a vontade dos outros, porém aquele que domina a vontade dos outros não domina nem a própria, tão-pouco a dos outros, pois aquele que domina teme ser dominado.

Deus liberta, pois não deseja dominar.

Sabedor de que jamais será dominado deu ao homem o direito de ser libertado e é para isso que eu vim.

- Eu não estou aqui para libertar o povo de seus imperadores ou reis.

- Estou aqui para libertar o povo de seus próprios preconceitos, medos, isto é, da sua própria ignorância.

- Eu vim à Terra para descortinar o véu da Verdade que separa o homem de Deus e essa Verdade é o grande inimigo daqueles que a conhecem, mas não a admitem.

- Quando eu digo que meu Pai e eu somos um só não profano o santo nome de meu Pai, pois estou a dizer a Verdade de que muitos já são sabedores, mas eles preferem preservar esse conhecimento do grande povo por julgar ser ainda muito cedo para o povo compreender a sabedoria.

Há, porém, um segundo motivo para não a revelarem.

Essa Verdade acabaria por tirar o poder das mãos dos homens poderosos.

- Jesus, essa Verdade pode destruir o poder dos sacerdotes que realizam milagres com seus conhecimentos?

- Eu vos digo que qualquer homem conhecedor e entendedor dessa Verdade pode realizar milagres verdadeiramente surpreendentes aos olhos dos homens comuns, mas há um porém.

Essa Verdade não pode ser profana, ou seja, utilizada sem que de facto seja necessária.

Assim sendo não pode ser utilizada sem consciência, pois eis aí a regra que ela dá ao seu portador.

Com amor e profunda gratidão,

Luís Barros