VIVER SEM TENSÃO
Nós somos Jó
O Livro de
Jó é na verdade um clássico aclamado universalmente, porque retracta (como o
Bhagavad-Gita Hindu) a luta travada continuamente no campo do seu consciente
(visível e invisível).
É na verdade
a sua história, que lhe ajuda a ter uma visão objectiva de si mesmo.
Jó perdeu a
orientação de Deus e da Sabedoria Divina, que o protegia automaticamente em sua
juventude.
Os amigos de
Jó são: a tradição, o dogma, a doutrina (costumes, religião e opiniões) e em
sua mente eles concordam que ele seja um pecador porque está quase morto e
pronto para ser sepultado.
Jó na
verdade é atormentado e perseguido por seus próprios temores, dúvidas,
autocrítica e autocondenarão, que reflectem as opiniões do mundo em vez da
percepção da Verdade que o libertaria.
Aqui Jó está
adormecido para a sabedoria e clama por uma explicação.
O credo e
dogma de nada adiantam a Jó em seu sofrimento; ele não tem resposta.
Os que
semeiam o mal colhem o mesmo.
Essas
palavras não são consolo para um homem cujo corpo está martirizado de dor.
Os preceitos
morais não bastam.
O enredo de
Jó é uma prova para ver se o homem realmente conhece a Deus, ou se
quando a adversidade e a tragédia o atingirem ele denunciará e rejeitará o
conceito de Deus.
Na verdade,
é disso que trata a história.
O homem pode
ser muito religioso, do ponto de vista mundano; pode ser
um bom católico, protestante, judeu ou budista, ou de qualquer outra crença
religiosa, pode cumprir todos os rituais, ritos, cerimónias e ser frequentador
assíduo ou comungante em determinada igreja, e, no entanto, pode sofrer as
torturas dos condenados.
Tal como Jó
nós fazemos as mesmas perguntas.
Estamos
distorcidos por uma emoção vingativa e maldosa, e obstinados em nossa recusa do
perdão; invocamos imprecações e maldiçoes sobre aquele que queremos atingir.
Esse estado
de consciência é a nossa verdadeira religião; os nossos pensamentos,
sentimentos e crenças íntimas representam a nossa religião ou relacionamento
com a vida, que é sempre perfeita e íntegra.
É-nos feito
conforme a nossa crença.
A lei da
vida é a lei da crença, e a crença é um pensamento em nossa mente.
Os
pensamentos que nós temos sobre o outro se são de ódio, despeito e vingança,
geram uma emoção destruidora em nossa mente subconsciente, onde essa emoção se
emaranha, e, como essas emoções de ódio, ciúmes e vingança têm de ter uma
saída, aparecem-nos como uma doença do corpo.
O motivo por
que algumas pessoas são doentes e outras têm saúde é a diferença na crença
delas.
As nossas
verdadeiras crenças íntimas e subjectivas é que se manifestam.
A nossa verdadeira
religião foi explicada há milhares de anos.
Como o homem
pensa em seu coração, assim ele é.
Como se pode
por uma etiqueta sectária à paz, amor, alegria, sabedoria, compreensão,
paciência, bondade, boa vontade, justiça, esclarecimento, sabedoria divina e
compaixão?
São
qualidades, atributos e potencialidades de Deus e pertencem a todos os homens.
Quando
começamos a exprimir
essas qualidades de Deus, estamos começando a construir o
Reino de Deus na terra.
A nossa
ligação extrema a uma determinada igreja, grupo ou organização religiosa é o
modo como nos sentimos em nosso coração.
Se somos
amigos de Deus, se amamos a verdade, se somos leais para com Deus, se irradiamos
o amor e boa vontade para com os outros, se somos felizes, alegres e livres, e
vivemos na expectativa alegre do melhor, temos uma religião maravilhosa,
independentemente do facto de pertencer ou não a alguma igreja.
Seguimos o nosso
caminho, e como temos acreditado assim nos será feito.
Em que
acreditaríamos?
Dizem-nos
para crer que Deus é Maravilhoso, o Deus Poderoso, o Pai Eterno, o Conselheiro,
o Príncipe da Paz; e, portanto, devemos começar agora a acreditar que Deus é
o nosso Pai extremoso, que nos vigia, nos orienta e dirige, nos sustem e
fortalece, e que o Seu Amor nos enche a alma.
Acreditemos
que Deus é uma lâmpada para os nossos pés e uma Luz em nosso caminho.
Acreditemos
na vida abundante e que a vontade de Deus para nós é uma coisa que transcende
os nossos mais caros sonhos.
A Bíblia não
manda que acreditemos em credos, dogmas, tradições, igrejas ou uma determinada
teologia;
ao contrário, as verdades da Bíblia existiam antes de existir qualquer
igreja, ou antes, que qualquer homem caminhasse pela terra.
Os
princípios básicos
do radio, televisão e radar sempre existiram.
Moisés e
Jesus poderiam ter usado alto-falantes e aviões a jacto em suas viagens.
As verdades
eternas, as qualidades de Deus e Sua Lei são as mesmas ontem, hoje e para
sempre.
Deus e Sua
Lei não mudam, o homem é variável e inconstante.
Deus e Sua
Verdade são imutáveis, eternos e sem idade.
O Amor, a
Sabedoria são imutáveis, eternos e sem idade.
O Amor, a
Sabedoria, a Alegria, a Beleza, a Inteligência, a Harmonia, a Ordem Divina,
nunca nasceram e nunca morrerão.
A única
verdadeira religião no mundo é exprimir a verdade sobre Deus.
O que é
verdade de Deus é verdade do homem pois o homem e Deus são um só.
Só existe Um
Ser e o homem é esse Ser expresso; as qualidades e poderes do Pai
devem estar no filho, e, portanto, devemos reivindicar a nossa filiação
agora e libertar o esplendor aprisionado que está no interior.
Quando
alguém nos perguntar qual é a nossa crença, devemos responder que temos fé
na bondade infinita de Deus, em Seu Amor envolvente, na Vida Eterna, na
saúde perfeita, na fartura e suprimento infalível de Deus.
Declaremos
que temos uma fé implícita na lei de Deus que sempre reage à natureza
do nosso pensamento (o nosso pedido).
Nós temos fé
de que quando pedimos pão, Deus, o nosso Pai amantíssimo, não nos dará uma
pedra; nós sabemos em nosso íntimo que quando pedimos um peixe, Ele, o nosso
Pai dedicado e bondoso, não nos dará uma serpente.
Nós temos fé
no bem, pois Deus é infinitamente bom e perfeito.
Que essa
resposta baste.
Adoptemos o
espírito do perdão e invoquemos as bênçãos do Todo-Poderoso para os outros e
para nós próprios.
Durante uns
minutos falemos, em voz alta: “O
Amor de Deus enche minha mente e o meu corpo.”
Realiza-se
uma notável modificação mental e física e estamos certos de que
experimentaremos a graça de Deus e uma cura perfeita.
O amor no
coração leva o amor para todas as células do corpo, então só Deus mora ali, e
Deus é o Amor.
O
Amor dentro, o Amor fora, a Paz dentro, a Paz fora.
Compreendamos
que todo o sofrimento se deve a uma reacção da mente subconsciente, ao
nosso pensamento negativo ou o nosso fracasso em pensar construtivamente,
pois se não conseguimos dar padrões harmoniosos e construtivos à nossa mente
profunda, e se deixamos de alimentar a nossa mente com premissas que sejam
verdadeiras, detendo-nos em tudo o que for belo e de bom nome, teremos de
sofrer por isso.
Se não
escolhermos e seleccionamos os nossos pensamentos, ideias e
imagens mentais, a mente racial, os jornais ou as outras pessoas controlarão o
nosso pensamento e o nosso estado de espírito.
Escolhamos as
nossas próprias emoções e pensamentos, do contrário o mundo, com sua
vanglória, temores, dúvidas, ódios e invejas, intrigas e confusão, nos empurrará
e seremos escravos e não senhores.
A ignorância
domina quando a Sabedoria se ausenta, e a ignorância é Satanás, que é o
desolador de nossa alma.
Vã e inútil
é a voz do medo quando clama pela paz.
O amor reage
ao chamado do amor, pois o profundo chama o profundo.
Aqui Jó
acende um fogo espiritual ao dizer: “Não encontro socorro em mim, a
esperança de salvação me foi tirada.”
Começa a lhe
surgir o pensamento de que Deus está dentro dele.
O conceito
tradicional de um ser antropomórfico, acredita num Deus no céu ou em algum
lugar fora.
Naturalmente,
Deus está em a toda parte, dentro e fora, pois a Vida é Deus omnipresente.
Quando eramos
pequenos, estudando o catecismo, diziam-nos que um ateu era um homem que não
acreditava em Deus, mas quando perguntamos onde ficava Deus, disseram-nos que
Ele estava num trono no céu e que se fossemos bonzinhos e não cometêssemos
pecados mortais um dia poderíamos ir lá e vê-lo tocando harpa.
Alguns de
nós deveríamos ser ateus, quando eramos meninos, pois não acreditamos na
resposta, mas sabíamos que um dia teríamos as respostas.
Descobrimos
que o professor de catecismo não parecia saber de nada que valesse a pena, e
que ninguém sabia de nada.
Tinham
palavras sem significado, orações sem compreensão, religião sem ciência,
crenças sem conhecimento, fé sem sentimentos, Deus com um demónio, e céu com o
inferno.
Dizem-nos
que o motivo por que estamos doentes é que somos um pobre pecador, ou Deus nos
está castigando, ou nos está pondo à prova, e essa explicação nos faz sentir
pior do que antes.
Perguntamos
a alguém por que o seu filho morreu e ele lhe diz: “É a vontade de Deus”.
Isso achamos
difícil de entender e talvez tenhamos amaldiçoado a Deus, abandonado a igreja e
nos tornado ateus.
A Vida não
pode desejar a morte.
Deus é a
Vida e a Vida gosta de manifestar como ventura, harmonia, alegria, beleza,
amor, paz, ordem e simetria.
A vontade de
Deus é a natureza de Deus, e a Sua vontade para nós deve necessariamente
ser algo de maravilhoso, milagroso, glorioso e extático.
Jó diz:
“ensinai-me”, o que significa que é uma discussão entre o seu ser inferior e o
superior, ou entre nós e o nosso desejo.
Nós somos Jó
querendo resolver o problema do sofrimento, doença e realizar o desejo do nosso
coração.
Nós devemos
raciocinar com clareza de percepção e com a espada da percepção espiritual, expulsando
todas as falsas teorias, crenças e doutrinas nos mantendo firmes sobre o
rochedo do Poder Espiritual Único – o nosso próprio consciente, que é
senhor e dono do nosso mundo.
Queimemos,
crememos e consumamos decisivamente todos os pensamentos, temores e dúvidas
negativas,
qualquer coisa e tudo que desafie a realização do nosso desejo.
Compreendamos
que a omnipotência se move a nosso favor e nada poderá deter o seu poder, e,
portanto, esperamos com alegria, paciência e entusiasmo para a oração ser
atendida.
Jó chega às
profundezas.
É o momento
de levantar os olhos para Deus e as coisas que são de Deus, isto é, dedicar
os nossos pensamentos, desejos, planos a Deus e declarar que a ordem
divina, a harmonia e o amor fluem em nós.
Ao fazer
isso, o Espírito nos leva avante para a vitória, liberdade e a
realização.
Recusemos o
tipo de mente que crê que estamos sendo castigados por Deus pelos nossos
pecados, conforme explanado em muitas teorias ortodoxas eclesiásticas.
Nós não somos
castigados por nossos pecados, e sim os nossos pecados nos castigam, o que é
uma reacção automática do nosso subconsciente ao nosso pensamento costumeiro.
A palavra
pecado significa errar o alvo ou o fracasso em conseguir que nossa oração seja
atendida.
O nosso
pecado é o nosso fracasso em levar uma vida plena e feliz.
Quando erramos
o alvo mental ou a meta que se impôs na vida, pecamos, ou erramos o alvo.
Identifiquemos-mos
mentalmente e emocionalmente com o nosso ideal, enalteçamo-lo
em nossa mente, cortejemo-lo e exijamo-lo com coragem e o Poder Omnipotente em nós
reagirá e fará com que se realize.
Todo o
castigo e sofrimento são auto-infligidos consciente ou inconscientemente.
Havia um
rapaz de dezasseis anos que nunca conseguia arranjar um emprego - sempre havia
alguém antes dele.
Ele errou o
alvo (emprego) umas oito ou nove vezes.
Resolveu
rezar por isso, e na entrevista seguinte, viu que havia mais 15 rapazes
presentes.
Uma ideia
surgiu espontaneamente das profundezas de seu subconsciente e ele a escreveu
num papel entregando à secretária, que por sua vez o entregou ao gerente.
Este leu o
recado, que dizia: “Sou o décimo quinto rapaz na fila, não vá contratar ninguém
antes de falar comigo.”
Ele
conseguiu o emprego.
Conversamos
com pessoas doentes, e que nos dizem: “Ah, é o meu carma. Está acelerado porque
estou desenvolvendo-me espiritualmente.”
Alguns se
mostram bastante obstinados e agressivos nessas determinadas crenças.
Esse tipo de
raciocínio capcioso destina-se a tapear-nos e enganar-nos.
Muitas
dessas pessoas têm complexo de mártir e acreditam que Deus os tenha destacado
para algum castigo ou por algum motivo inescrutável.
Esse tipo de
raciocínio é realmente pouco consolador, e, não obstante é muito comum.
Tudo o que
experimentamos é uma reacção do nosso pensamento e crenças habituais,
conscientes ou inconscientes.
Não podemos
experimentar nada que não seja parte de nosso consciente.
O nosso
estado de consciência é o nosso modo de pensar, sentir, crer e aquilo a que
dermos o nosso consentimento mental.
Nós estamos
submersos na mente inconsciente colectiva, na qual todas as pessoas do
mundo despejam os seus pensamentos, crenças, temores, ódios, esperanças e
irritações.
Todas as
intrigas, ciúmes, e planos injustos e perversos tramados no cérebro fétido do
homem também estão sendo enviados para essa mente da massa; nós somos uma
estação receptora e transmissora, e, estando na mente racial, devemos
mantermos-mos sempre rezando, se não os temores, dúvidas e ansiedades da
mente racial encherão a nossa mente e alcançarão um ponto de precipitação,
aparecendo como doença, desapontamento e problemas de todo o tipo.
É tão
essencial limpar a mente quanto o corpo, do contrário a mente se encherá dos
detritos mentais do mundo.
Jó lamenta a
sua sorte e não encontra consolo nem luz nas expressões ortodoxas dos
credos formais que a ele não parecem mais que um soporífico adormecendo
as pessoas para a verdade, que Deus vive nele e toda a Sua Sabedoria,
Poder e Amor podem ser do homem por meio de Seu pensamento e sentimento.
Se reclamamos
poderes fora do Poder Único, não somos mais leais para com Deus, não amamos
mais a Deus.
Amar é ser
fiel, leal, dando a nossa obediência à única Presença e depois o Espírito Santo
se moverá em nós como saúde, harmonia, paz, abundância e segurança.
Nós estamos
aqui para cantar o cântico do triunfo.
Com amor e profunda gratidão,
Luís Barros