19 de abril de 2021

SEBENTA – 40

VIVER SEM TENSÃO

A fé e a crença em Deus dentro de nós

A prova da nossa fé e confiança em Deus é o modo como reagimos na adversidade, catástrofe, tragédia ou a morte do ente amado.

Quando tudo vai mal, quando aparece a doença, como reagimos?

É este o momento em que devemos aplicar o conhecimento das leis de nossa mente, mantendo à vista a meta, sobre o que desejamos.

Cremos que é nosso agora porque o sentimos em nosso coração.

O nosso desejo é tão real quanto a nossa mão, aceitemo-lo, e o veremos aparecer na tela do espaço.

No campo do desporto, se cairmos, temos que nos levantar sorrindo porque sabemos que da próxima vez que jogarmos, a vitória será nossa.

Quando as coisas estão correndo bem e o homem está prosperando, tende a descontrair-se, a levar as coisas na flauta e deixar de rezar.

No entanto, quando aparece uma dificuldade, ele começa a fazer uma porção de perguntas, como “Por que isso foi acontecer comigo?”, “Fiz caridade”, “Vou sempre à Igreja”, etc.

O que o homem precisa é de uma compreensão clara da lei do seu próprio ser, que é conforme ele crê lhe será feito.

A crença é um pensamento da mente.

O homem pode ser frequentador e comungante assíduo em sua igreja, pode observar todos os regulamentos, ritos, rituais e cerimónias, e ainda assim sofrer de doenças, tragédias e todo o tipo de desgraças aparentes.

O que importa é a maneira do homem pensar, sentir e crer em seu íntimo; em outras palavras, o movimento íntimo do coração sempre se manifesta.

Assim, o homem pode ser um bom budista, muçulmano, cristão ou judeu, e obedecer aos princípios básicos dessas religiões, e ainda assim sofrer a miséria, dor e desgraça.

Assim como o homem pensa em seu coração, assim ele será.

O coração é uma palavra caldeia que significa a mente subconsciente – a sede de seus sentimentos e emoções.  

Nossa manifestação exterior de fé nessa e naquela igreja não é aquilo de que trata a Bíblia, que diz respeito à nossa verdadeira atitude interior, sentimentos íntimos e movimentos da mente.

O pensamento negativo gera emoções destruidoras, e essas emoções negativas emaranhadas no subconsciente devem ter um escapamento, de modo que as emoções destruidoras aparecem como doença.

A dedicação, fidelidade e lealdade a uma determinada igreja ou credo não adianta.

Conforme o que cremos, assim nos será feito – é essa lei mencionada na Bíblia.

A fé é um modo de pensar, uma atitude interior, um sentimento ou percepção interior.

O homem pode ter fé no fracasso, sucesso, desgraça e pobreza e exprimirá todos esses estados em sua vida.

Isto é a fé invertida.

A fé é o que vemos, concordamos e aceitamos em nossa mente; na verdade, é um pensamento em nossa mente, e, sendo os pensamentos criadores, criamos aquilo que pensamos, pois, o homem é a crença expressa.

Criamos aquilo em que realmente acreditamos em nossa mente e nosso coração.

O importante é o que realmente cremos, no fundo do nosso coração, e não aquilo a que damos apenas uma concordância formal ou intelectual.

No princípio determinadas pessoas mostram-se obstinados, recusando-se a crer num Deus de Amor, e é assombrador ver como determinadas mentes brilhantes podem mostrar-se tão obtusas.

Toda a sua atitude religiosa parece estar afectada por uma obliquidade moral.

Determinadas pessoas admitem que desejam uma cura, mas acham que Deus quer que elas sofram pelos seus pecados.

Compreendamos que os pensamentos são coisas e que se acreditamos que Deus desencadeia sua ira sobre nós, a Força Criadora reagirá de acordo com a natureza do nosso pensamento, e nós de facto estamos-mos castigando.

Interiorizemos em nossa mente que a lei da mente é simplesmente acção (pensamento) e reacção (resposta ao pensamento) pela mente subconsciente.

Nossas experiências boas e más são apenas movimentos de nossa própria mente, relativas ao princípio da vida, sempre perfeito e intacto.

Comecemos a compreender que Deus é tudo o que existe e é infinito, e que é matematicamente e cientificamente impossível haver dois infinitos.

Se existissem dois poderes, um anularia o outro, e não haveria nada senão o caos, a luta e fricção constantes.

Se houvesse algum poder que desafiasse a Deus, Deus não seria o Supremo nem o Omnipotente.

Ouve ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Deuteronómio 6:4.

Compreendamos que sem dúvida nossos estados mentais são projectados em nosso organismo e experiências externas.

Usemos a seguinte oração:A Inteligência Salutar que me criou está focalizada no ponto exacto em minha mente em que está o problema, e toda a distorção física e mental está removida. O Amor Divino dissolve tudo o que lhe é dissemelhante e eu estou descontraído e em paz. O Seu Rio de Paz satura e envolve todo o meu ser e estou descansado e em paz. O Seu Rio de Paz inunda a minha mente e o meu corpo e sinto-me maravilhoso. Perdoo a todos, plenamente e livremente, e derramo o Seu Amor e Bênçãos sobre todos os que me cercam; estou livre.”.

Afirmemos essas verdades devagar, sossegadamente, com reverência, com amor, várias vezes por dia.

Diz a Bíblia: “A não ser que vos arrependais, perecereis igualmente.”

Arrepender significa modificar os pensamentos de acordo com os padrões espirituais, pensar de um novo modo.

Se não enchermos a nossa mente com pensamentos e ideias inspiradoras, saudáveis, nutritivas, em outras palavras, se não fizermos o nosso pensamento construtivo, a mente racial ou o grande mar psíquico em que vivemos invadirá o nosso consciente e seremos governados pela mente racial e estaremos à mercê.

Estamos todos imersos na mente única, e se os únicos alimentos mentais que recebemos forem as sugestões negativas do radio, dos jornais e dos vizinhos, modificados ainda mais pelas limitações, temores e problemas da mente racial que impregnam a nossa mente, nós sucumbimos ao hipnotismo em massa da mente mundial que nos cerca, a não ser que assumamos o controlo e a direcção de nossas forças mentais e emocionais.

É por isto que as ditas boas pessoas sofrem tantas desgraças na vida.

Se formos indiferentes, descuidados, indolentes e preguiçosos, recusando-nos a encher a nossa mente com as verdades de Deus, os pensamentos, estados de espírito e crenças negativas que entram na mente que não é vigiada impregnam o subconsciente, e aquilo que semeamos, nós colhemos.

Quando ignoramos ou não tomamos conhecimento das leis mentais, podemos atribuir as nossas experiências desagradáveis à sorte, fatalidade, azar, carma ou destino, em vez de compreendermos que por trás de todo efeito existe uma causa.

Nós devemos compreender que a chuva cai sobre os justos e os injustos, e o sol brilha sobre os bons e os maus com um brilho igual.

Deus não diferencia as pessoas.

A diferença entre os homens deve-se ao seu estado de consciência que consiste no que eles pensam, sentem, crêem e consentem mentalmente.

É por isto que alguns são doentes, outros sadios, por que alguns são pobres e outros ricos, alguns tristes e outros cheios e borbulhando da alegria da vida.

A solução não é acreditar em certos rituais, liturgias, credos, dogmas, conceitos tradicionais, fórmulas e opiniões do homem, e sim acreditar num Deus de amor, bondade e integridade eternos.

Nós devemos crer que a vontade de Deus para nós é cada vez mais vida, amor, verdade, beleza, fartura e experiências maravilhosas que ultrapassam os nossos sonhos mais queridos.

Isso é uma crença real porque acreditamos na bondade e amor de Deus, que é a verdadeira fé na ventura, alegria, integridade, beleza e perfeição de Deus.

A nossa fé agora esta em Deus.

Nós agora somos da fé verdadeira porque acreditamos na Verdade sobre Deus, e vivemos na alegria da expectativa do melhor – só o melhor nos virá.

A mente do homem, quando indisciplinada, desgovernada e não regenerada, divide-se se desorganiza e fica completamente confusa sob o domínio dos chamados amigos cujos verdadeiros nomes são o medo, a ignorância e a superstição.

Estamos na verdade sendo afligidos por nossa própria personalidade dividida que reflecte a opinião do mundo em vez da verdade que nos liberta.

Devemos reintegrarmos-mos na fé e confiança na Presença de Deus dentro de nós, deixando que o espírito da integridade, beleza e perfeição nos envolvam num encanto transcendente, transformando a nossa mente e corpo no modelo perfeito de Deus na montanha.

Não se deve mais permitir que a mente crie novas doutrinas baseadas sobre falsas teorias e falsos deuses, tais como a dicotomia do espírito e da matéria, da carne e do espírito, Deus e um demónio, etc.

As invasões mentais e a intrusão do medo, propaganda, doença e os temores do mundo devem ser enfrentados e desarmados pela Presença de Deus em nós – a única Causa e o único Poder.

Nós recebemos nossas instruções e ordens da Divina Inteligência em vez de recebê-las do mundo e suas falsas crenças.

Comecemos agora a pensar, falar e agir do ponto de vista do Amor de Deus e da Sabedoria interior, em vez de partir do edifício superposto do medo, dúvida e preocupação.

Desse modo começaremos o nosso caminho de volta para o Deus no meio de nós, que é poderoso para curar.

É costume os homens exaltarem e cantarem os louvores de Deus por sua benevolência e bênçãos, quando estão prósperos e com saúde, mas quando aparecem os problemas, é o contrário, e murmuram e reclamam da injustiça; muitas vezes jorram de suas bocas imprecações e maldiçoes.

Satanás significa “afastar-se”.

Implica a noção de afastar ou desviar a nossa atenção; pensamentos de medo, se alimentados, tendem a desviar-nos de nossa fé duradoura em Deus e de todas as coisas boas.

Se formos visitar um amigo doente e nos vem à mente a ideia de apanhar essa doença, nós devemos imediatamente substituí-la pela crença na saúde perfeita, pois Deus não pode ser doente, e o que é verdade sobre Deus é a verdade real sobre nós.

Se permitirmos que a imagem da doença do outro permaneça em nossa mente, estamos sendo tentados a deixar que nossa mente se detenha numa imagem de moléstia.

Os pensamentos do coração do homem são inclinados para o mal desde a sua mocidade.

Os nossos pensamentos vêm aos pares, como saúde e doença, riqueza e pobreza, paz e dor; amor e ódio.

Todo desejo ou vontade que tivermos traz consigo um pensamento negativo ou oposto.

O desejo da riqueza de Deus é real e natural em nós, mas em nossa mente surge o factor negativo, lembrando-nos as nossas limitações e dificuldades.

Quando estamos num problema, perplexo e confuso, o pensamento negativo em nossa mente está junto com o nosso desejo positivo.

Na oração exibimos à Luz os nossos pensamentos temerosos e aflitos, sabendo que esses pensamentos negativos são um aglomerado de sombras sinistras e que uma sombra não tem poder.

Nós nos convencemos de que só existe Um Poder, e como é omnipotente, não pode ter quaisquer antagonistas, oposição ou desafiante.

A nossa mente então começa a mover-se como uma unidade, e atribuímos todo o poder a Deus; e Ele que nos deu o desejo também nos revelará como realizá-lo na Ordem Divina.

Os escritos sobre a ciência mental, mostram que o nosso desejo tem em si a própria matemática e mecânica, e, quando o sustentarmos com fé, o desejo se realizará no momento oportuno e do modo certo.

Nós trazemos o sofrimento sobre nós pelo nosso próprio pensamento errado, pela má aplicação e interpretação das leis universais.

Quando deixamos de rezar direito e damos atenção aos valores espirituais eternos da vida, a dor, a miséria e o sofrimento vêm lembrar-nos a nossa negligência, indiferença, apatia ou preguiça.

As nossas limitações, problemas e dificuldades nos levam a procurar respostas, e desse modo descobrimos a Divindade dentro de nós.

Se o quebra-cabeça de palavras cruzadas estivesse todo feito e nos bastasse copiar as respostas, logo nos enfastiaríamos cheios de tédio.

A emoção, a alegria, a satisfação vem de resolver o quebra-cabeça, assim como um engenheiro se regozija quando transpõe com sucesso o abismo, quando lhe diziam ser impossível.

Nossa alegria é termos vencido o problema.

 

Com amor e profunda gratidão,

 

Luís Barros