29 de março de 2020

O despertar – Uma narrativa pessoal!

Introdução

Segunda-feira, dia 13 de Novembro de 1989.
Foi nesse dia que aconteceu a grande “mudança” na minha vida.
Foi a partir desse dia que entrei na “luz” - que começou o processo de expansão da minha consciência!
Quando dei por mim, estava suspenso no interior de um poço de elevador, num prédio em construção.
Fiquei suspenso apenas pelas mãos que instintivamente fixei contra as paredes laterais, ao nível do 4.ª andar.
Não demorou sequer uma fracção de segundo para perceber que não havia nada sólido debaixo dos meus pés.
A queda iminente foi inevitável e cega.
A partir desse momento tudo começou a acontecer a partir de dentro de mim.
A minha consciência afirmou-se dentro do corpo físico em queda gravitacional.
Foi quando as imagens começaram a aparecer – uma sopa de imagens desordenadas, mas com sentido energético – como num filme sem nexo aparente, mas onde as pessoas que eu amava estavam presentes.
Senti momentos de intensa alegria e uma presença amorosa que me fez desejar estar com eles.
Foi quando a luz branca e serena (contudo deslumbrante) invadiu o meu ser.
Foi como perder também os sentidos da minha própria consciência.
Não me lembro do que aconteceu (o que vi) dentro dessa luz.
Mas lembro-me do que senti.
Sim, uma paz, uma tranquilidade, e uma atracção de me deixar ir para essa dimensão.
Uma decisão livre deveria ser tomada.                                                                      
Mas havia algo, algo que me dizia que não era este o tempo certo.
Segui a minha intuição e as imagens da minha família terrena voltaram de novo.
O desejo de estar com eles e a preocupação de lhes dizer, eu estou bem, eu estou aqui, está tudo bem comigo, voltou a ser a razão aparente que me fez acordar.
Eu só posso compreender que aquela tomada de decisão para ficar, foi definitivamente, a decisão.
Isto é, a vontade de voltar para junto da minha família.
Sim, a família Terrena, pois naquela energia devia estar a outra (A FAMÍLIA)!?
É verdade, senti-me dividido, mas talvez o propósito fosse mesmo esse, o de ir visitar a FAMÍLIA,
Ali senti Amor.
Foi como entrar na “luz” (passar o véu) e depois regressar.
Senti a minha alma a reentrar de novo para animar este corpo físico conhecido por Luís.
Esta foi a ideia que retive desta experiência única e inesperada.
Mas voltaria a ser o mesmo Luís?
A expressão de vida parecia ser a mesma, mas teria havida uma nova reprogramação, algo mais surpreendente me esperava!?
Tentarei explicar o significado espiritual desta experiência, um pouco mais à frente.
Entretanto, a recuperação física foi rápida, e em Dezembro já estava em casa a recuperar da “queda”.
Dois anos depois, estava a fazer a minha recruta militar e nunca me deixei vencer pelas fortes dores no pulso direito, particularmente nas semanas de campo em que tínhamos que suportar o frio durante os exercícios mais severos.


O frio era o meu pior inimigo.

O meu principal desafio na tropa era mesmo esse, o de superar o que era evidente.
Os médicos haviam predito de que tal haveria de acontecer.
Mas nunca fiz caso disso.
Simplesmente ignorei as instruções médicas.
Fui militar por um período de 10 anos da minha vida (dos 21 aos 31), e superei todas as provas e desafios com sucesso.
Força mental e emocional, sim – fui precisa muita.
Preocupação e medo, não!
Mas voltando ao local da queda.
O cenário é num prédio novo que estava em construção, e onde me encontrava a trabalhar, com pouco mais de 19 anos de idade, antes do dia do acidente.
Na altura estudava à noite e trabalhava de dia, aliás, como sempre fiz, mesmo antes de ter 16 anos de idade.
Estava então a trabalhar “nas obras” onde também o meu próprio pai era o encarregado de construção desse mesmo prédio.
Aliás, foi ele, que ao subir as escadas que rodeiam o poço do elevador ouviu o meu grito de desespero e foi instintivamente dar comigo desmaiado, ao deparar-se com o meu corpo estendido sobre um monte de entulho que havia sido atirado através daquele fosso para a cave do prédio.
Recordo-me, principalmente dos poucos dias em que fiquei internado no hospital da seguradora de acidentes de trabalho, e no qual tive contacto com outros infelizes - vitimas de acidentes de trabalhos - que por pouco menos de ¼ da minha queda de 15m de altura, ficaram inutilizados (paralisados) para o resto das suas vidas.
Recuso-me a descrever essas situações dramáticas e as angustias que vi nas suas caras.
Mas o que importa é que nunca aceitei as recomendações dos médicos.
Queriam obrigar-me a andar numa cadeira de rodas, mas só aceitei umas simples muletas, que simplesmente as abandonei ao fundo da minha cama, deslocando-me sempre ao pé-coxinho e de braço ao peito.
Na minha ideia eu estava bom e logo voltaria à normalidade da minha vida.
Simplesmente não aceitei a minha condição de “paciente”.
Eu era “impaciente”!
Aliás, o meu signo de Touro revela bem a minha teimosia.
Por isso adoptei este lema: Força, Coragem e Persistência!
Esse era o meu pensamento e a minha luta era só contra o tempo.
Eu exigia uma data certa e não aceitava a resposta previsível do “calma, vamos ver como vai correr”! 
Mal havia chegado e já queria sair dali.
Mas tive mesmo que permanecer internado, pelo menos por alguns dias!
Só dependia de mim, por isso sempre repetia no meu pensamento, “isto não é nada, eu depressa vou ficar bom”.
Na verdade os médicos ficaram impressionados com a rapidez da minha recuperação, mas só disseram “Ah, você é novo e por isso a cura foi rápida”!
Ok, tanto se me fazia.
O que importava é que a esperança de sair dali era eminente.
Poucos meses mais tarde, tão logo tive condições, regressei ao local do acidente.
Agora encontrei protecção em todas as entradas do poço do elevador e medidas de segurança por todo o lado.
Foi então que avistei alguns vestígios das minhas mãos marcadas com sangue nas paredes laterais do poço do elevador e ao longo de dois andares.
Ainda hoje me pergunto, como é que, tendo perdido os sentidos no mesmo instante em que me apercebi que estava dentro do poço, como é que o meu inconsciente manteve as minhas mãos pressionadas contra aquelas paredes!?
Terei mesmo sido eu a fazer tudo isso!?
Haveria algum tipo de inteligência inata desconhecida em mim que ordenava aos meus braços para fazer aquela força incrível!
Ou, terão sido só os Anjos a aparar a minha queda.
Quem, e o que me salvou!?
Na minha mente linear eu não encontrava uma explicação lógica para o sucedido.
Só podia ser milagre!
Então, nas profundezas das minhas crenças, passei a acreditar que tinha sido o meu Anjo da Guarda, ou talvez tivesse sido a nossa Senhora de Fátima que estivesse a olhar (especialmente) por mim naquele dia.
Bem, fosse como fosse, no dia 13 de Maio de 1990, lá estava eu no santuário de Fátima a cumprir a minha promessa e a percorrer a distância de 170 metros de joelhos até chegar à Capelinha das Aparições.


Sim, consegui chegar ao fim, e sem qualquer protecção nos joelhos fiquei com eles em carne viva, dado que estavam resguardos apenas pelo fino tecido das minhas calças agora rompidas e manchadas de sangue.

Durante o percurso agradeci vivamente à Nossa Senhora pela minha vida e por me ter concedido mais uma oportunidade.
Em determinado ponto do trajecto já não sentia as dores (físicas) propriamente ditas, mas sentia a agonia de querer chegar ao fim do percurso e de conseguir cumprir a minha promessa.
Era uma questão de honra (ou de teimosia), mas tinha de chegar ao fim.
Curiosamente, a minha altura é igual a 170 cm!
Recordo-me agora de um facto que me causou muita estranheza até hoje.
Exactamente no dia anterior ao acidente, no Domingo de manhã fui à missa!
Mas foi mesmo estranho!
Isto aliado ao facto de que já fazia algum tempo que não entrava numa igreja.
Foi uma daquelas coisas que por vezes nos acontecem só no “modo automático”.
Quando nos damos por conta já estamos lá dentro!

As fases da mudança

De regresso à normalidade da minha vida, pouco tempo depois do sucedido, começaram as fases da mudança!
Nessa altura eu não entendia nada do que se estava a passar comigo.
Apenas me sentia mais “Eu”!
Sentia que eu era alguém distinto e que também merecia dar-me atenção.
Conceder-me tempo a mim mesmo.
Até então eu colocava os “outros” em primeiro lugar, sempre antes de mim.
O sacrifício e a abnegação pessoal justificava-se assim pelo bem-estar que proporcionava aos outros, família, namorada, colegas, etc.
Reflectindo agora nisso, metaforicamente parecia mesmo que me tinham arrancado o meu próprio sorriso e sugado o meu brilho para seu uso pessoal.
Aproveitavam-se da minha pureza e eu negligentemente dava-lhes permissão para isso.
Só que, e felizmente, tudo mudou em mim, e começou a partir daquele iluminado dia 13 de Novembro de 1989.
Pois não, não foi! Não foi mesmo um dia das “trevas”.
Posso dizer que foi doloroso, sim, fisicamente! Mas na verdade foi o sair da escuridão, foi o acender do primeiro “fósforo”.
Tudo se passou ao nível da consciência.
Um despertar de consciência, diríamos assim.
Tomei verdadeiramente consciência de mim próprio.
Esse foi o verdadeiro acontecimento.
Então, os queixumes começaram e frases como “eu quero o meu velho Luís de volta”, eram cada vez mais frequentes.
Porque me diziam isso, questionava-me!?
Esse velho Luís já não existia dentro de mim.
E o “novo” Luís ficava mais tempo pensativo.
Isolava-me um pouco para me querer entender e ver onde este silêncio me iria levar.
Só agora entendi a razão do meu comportamento e da minha forma de agir: - porque se tratava de me encontrar interiormente, de me lembrar quem verdadeiramente eu era – mas por mim e só através de mim próprio.
Devemos desenvolver a nossa própria habilidade como professores de nós mesmos.
Compreender-nos interiormente antes dos demais.

O despertar

Bom, entretanto, o que aconteceu desde 1989 até então, quando nos referimos ao significado espiritual de tudo o que acabamos de descrever.
O que me levou a tomar a decisão de relatar pormenores da minha vida pessoal para estás páginas e torná-las públicas!?
O que despoletou em mim o desejo de partilhar convosco o conteúdo das próximas páginas que são palavras de ouro para mim!?
Haverá algo aqui que vos faça intuitivamente despertar o interesse e que vos cause uma epifania inesperada.
Esperemos que sim.
Pois esse é verdadeiramente o motivo maior porque o desejo fazer.
É claro que algo aconteceu comigo e que me levou a questionar e a procurar a verdade.
Já lá vão mais de 30 anos de pesquisa e de leitura ávida de livros e mais livros sobre espiritualidade, esoterismo e metafísica.
Já lhes perdi a conta e já os resumi vezes sem conta.
Mas finalmente compreendi.
Sim, tenho que compartilhar convosco.
Devo compartilhar.
Também é o vosso direito conhecer esta verdade que nos é comum a todos nós.
Então leiam livremente até onde conseguirem e tomem também a vossa decisão.
Ou podem parar já de ler!
O livre arbítrio é vosso e é inalienável.
Vou procurar responder aqui por escrito a todas as questões que me inquietaram durante entes últimos 30 anos.
Na verdade, foram os meus primeiros trinta anos na “Luz”!
Os primeiros 19 anos da minha vida simplesmente foram vividos até me esbarrar contra aquele “interruptor” que acendeu a primeira faísca espiritual dentro de mim.
Foi quando consegui iluminar pela primeira vez o MEU rosto no escuro, o meu verdadeiro EU.

Experiência de quase morte

Em primeiro lugar, mas que raio aconteceu comigo depois de escapar daquele acidente!
E porque teve de ser assim, daquela forma imprevista e tão brusca!?
É comum o Ser Humano, em algum momento da sua vida, viver uma situação de emergência – seja um acidente, uma doença que requeira internamento hospitalar ou algo parecido, onde ocorre uma situação a que se dá o nome de “experiência de quase morte”!?
Para alguns de nós, sim, é!
Comigo aconteceu assim.
E o que pode acontecer numa experiencial de quase morte?
Bem, o que li e aprendi sobre esta questão é no mínimo surpreendente e muito revelador.
Ora ouçam.
Quando há um qualquer indício de que a morte está próxima, a nossa consciência envia um sinal para o cérebro a dizer que a morte está a chegar.
Assim, o cérebro activa um determinado programa para fazer face a esta situação.
Uma vez que o cérebro perceba que a morte é eminente, acciona um mecanismo de segurança.
Então existe uma consciência de benevolência que aparece em nós com o intuito de nos proteger dos horrores da morte.
Ela cria dentro de nós sentimentos lindos de benevolência e de Luz, que nunca iremos jamais esquecer.
Desta forma sentimos muita paz e ao vivenciarmos este programa geralmente nos vemos dentro de um túnel de luz extraordinária e maravilhosa, que nos permite sentir o amor de Deus.
Essencialmente, não sentimos medo.
Recordam-se quando referi que senti momentos de intensa alegria e uma presença amorosa e foi quando a luz branca e serena invadiu o meu ser!
Então era isto que estava a acontecer!
Mas prosseguindo...
Este programa é muito eficaz e muito preciso, pois o nosso cérebro é programado para a verdade e no momento em que a morte é evidente ou parece ser eminente, ainda que o corpo não saiba distinguir a diferença – ele não sabe se vai morrer ou não –, executa o programa do amor benevolente, para que possamos sentir a verdade sobre a morte.
Portanto, ele começa a nos mostrar o outro lado (do véu).
(Não me lembro o que aconteceu (o que vi) dentro dessa luz. Mas lembro-me do que senti. Sim, a paz, a tranquilidade, a atracção de me deixar ir para essa dimensão.)
Para os que fazem a passagem nestas circunstâncias, eles geralmente vão em paz.
Isto é uma dádiva, que faz parte da química da consciência, essencialmente para permitir que todo o Ser Humano tenha a oportunidade de passar desta vida para outra em paz.
A verdade é que nós – a nossa consciência – continuará.
Não há nenhum encerramento!
Esta é uma verdade essencial que está gravada nas nossas células, em nosso coração e em nosso cérebro.
É de facto um programa de “morte”, mas o que geralmente acontece, é que nós sobrevivemos e saímos dessa experiência mudados para sempre.
Então, como este programa de morte começou a ser executado, mas não chegamos a morrer, tivemos um vislumbre de uma verdade espiritual essencial.
Pois saímos da experiência de quase morte e, de repente, tudo parece diferente na nossa vida!
E como está diferente!
Pode estar tão diferente, a ponto de termos aprimorado a experiência da nossa alma para o próximo nível de evolução.
Pode acontecer que sejamos tão afectados e ir tão além do que éramos antes, que alguns nos perguntem o que aconteceu com a outra pessoa que éramos antes.
Percebem o que estou a dizer!?
Não importa qual seja o nosso sistema de crenças, pois geralmente chega um momento no qual – de repente – passamos por uma incrível mudança de consciência, não obstante termos estado, por anos a fio, mergulhados numa velha energia.
Esta é de facto a melhor explicação para o que se passou no dia anterior ao do acidente.
Recordam-se do que aconteceu naquele Domingo.
Pois é, entrei numa igreja, e “foi muito estranho”!
Cá está a velha energia no seu melhor.
Então, quando isso acontece, dizemos: “ontem eu era uma pessoa, e hoje sou outra. Eu não poderei voltar a fazer o que fazia antes, porque agora eu sei quem eu sou”.
Na verdade eu já era outra pessoa mesmo antes de o saber e de passar por aquela experiência que me esperava no dia seguinte!
Por isso a estranheza no interior da Igreja.
Penso que querem saber se voltaria a cumprir uma promessa daquele género, como a de Fátima!?
A resposta é, ainda não sei.
Apenas sei que naquela altura ela foi adequada porque correspondia ao meu sistema de crenças (quer por tradição quer por legado).
Sim, agora eu sei quem eu sou.

Crença e Fé

É sabido que a fé cega é uma coisa.
Mas outra coisa é acreditar que numa outra dimensão para além desta em que vivemos com os nossos corpos terrenos existem outras energias que nos acompanham a todo o momento ainda que não sejam perceptíveis aos nossos sentidos.
Também teremos que fazer uma destrinça entre crença e fé.
Não basta crer e acreditar.
Na verdade tal por si só não pressupõe conhecer.
Podemos sempre dizer que acreditamos e cremos em Deus, mas tal não pressupõe que tenhamos conhecimento desse Deus.
Então não basta acreditar e viver na crença.
O que nos importa é experimentar Deus.
Para tal precisamos do conhecimento e da apreensão directa e intuitiva da verdade.
Pois esse é que deve ser o sentido real da palavra Fé.
Por isso é que nos devemos preparar.
Criar as condições necessárias no nosso coração para o advento do conhecimento.
Porque esse conhecimento chega até nós por meio da revelação.

O momento catalítico

Este tipo de experiência é aquele em que passamos por uma auto-descoberta e começamos uma evolução espiritual interior.
Este é o momento catalítico e, com muita frequência, é o momento em que a nossa alma pergunta: “Estás pronto para o próximo passo? Tu não estás a fazer o que te propuseste fazer aqui.”
E, em algum nível devo ter respondido que estava pronto e aceitei dar o próximo passo.
Foi então que saí diferente de quando entrei.
Mas precisava de uma situação de emergência para me empurrar a tomar a decisão… ou de uma experiência de quase morte.
Na verdade eu não recebi outra alma.
Não.
Eu recebi a minha própria alma (Eu mesmo) aprimorada.
Ou melhor, o que mudou foi a minha própria alma que evoluiu.

Questões como:
- Porquê precisamente no ano de 1989!?
… Serão respondidas a seguir.

Ainda está interessado!?

Prometo que serão recompensados por cada minuto de vossa leitura.

Luís Barros